Pouco
sabemos sobre a vida do patriarca Jó. Ele morava em Uz, era casado, pai de dez
filhos que gostavam de festas, tinha por estima seus amigos e seu rebanho era
superior a 10.000 animais. Porém, a mais importante informação sobre Jó está
inserida logo no primeiro verso de sua história: Ele era íntegro,
justo, temia a Deus e se desviava do mal (Jó 1:1). O patriarca não
frequentava uma igreja, e até onde sabemos, não tinha um mentor espiritual.
Mesmo assim, ele decidiu ser fiel ao seu Deus e vivia sua vida cerceada de
cuidados para que ela não fosse minada pelo pecado. E isso atraiu sobre Jó o
olhar invejoso do próprio Satanás. O escritor americano Philip Yancey descreve
o livro de Jó como uma grande peça de teatro, onde nós, espectadores conhecemos
o enredo e as motivações de cada personagem, e exatamente por isso compreendemos
cada reação as diversas ações desencadeadas. Mas Jó, personagem central desta
peça, está completamente no escuro, sem saber o que acontece nos bastidores e
portanto, não conseguindo compreender os muitos porquês” das páginas seguintes.
E
foi exatamente sobre escolhas tomadas por Jó diante de seus muitos flagelos que
o Pb. Miquéias Daniel Gomes
ministrou uma poderosa palavra na Quarta Forte deste dia 26/08/2015.
O ponto
chave desta história é a fidelidade de Jó. Satanás, astuto e ardiloso,
argumenta com Deus que é muito fácil ser fiel quando se vive em conforto e
abastança, e insinua que a fidelidade de Jó se deve única e exclusivamente ao
fato que Deus o cobria de bênçãos. Ali é estabelecido um embate épico, um duelo
de escala cósmica, cujo epicentro é a vida de um simples mortal. O inimigo
sugere que Deus tire de Jó tudo o que ele tem, e que depois seja reavaliado o
nível de sua fidelidade. Deus aceita o desafio e Satanás é autorizado a retirar
de Jó seus bens mais preciosos. Em poucas horas, seus bois, jumentos e camelos
são roubados por saqueadores, seus funcionários mais leais são cruelmente
assassinados por uma horda bárbara e suas ovelhas são dizimadas por uma
saraivada. No mesmo dia, enquanto seus filhos almoçavam juntos na casa do mais
velho, um furacão derrubou o edifício matando todos eles. Jó agora era um homem
pobre, imerso em dor e sofrimento, com um pesar indescritível lacerando seu
coração. Porém, mesmo na mais cruel adversidade, ele esbofeteia Satanás e se
mantem fiel ao seu Senhor, não imputando a Deus falha alguma: Nu saí do
ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou;
bendito seja o nome do Senhor (Jó 1:21).
Satanás
não se deu por vencido e alegou que a fidelidade havia se mantido pois o mais
precioso dos bens ainda estava intocável, e insinua que se a saúde de Jó for
afetada, sua fé também será. Mais uma vez, Deus coloca sua própria honra nas
mãos de Jó, e permite que o inimigo atinja o patriarca com força total,
ferindo-o com úlceras purulentas da cabeça aos pés. Apodrecendo em vida, e
sofrendo com a intolerância das pessoas mais próximas, Jó se depara com o
inevitável questionamento: Pra que se manter fiel a um Deus que só lhe
causa dor e sofrimento, sem que ao mesmo uma única ofensa justifique tamanho
infortúnio? Porém, com a cabeça raspada e coberta de cinzas para
externando toda sua dor, a atitude surpreendente tomada por Jó é se lançar
sobre o pó e “ADORAR” ao Senhor. E o golpe final, que derruba por terra as
perniciosas ambições de Satanás está registrado nas palavras de Jó 13:15 - Ainda
que ele me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante
dele.
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