Texto
Áureo
I Coríntios 10:11
Ora, tudo isso
lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.
Verdade
Aplicada
Existem pessoas
que começam bem, mas terminam mal. O importante não é como começamos, mas como
iremos terminar a nossa trajetória nesta vida.
Textos
de Referência
Atos 1:16-19
Homens irmãos,
convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca
de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus; porque
foi contado conosco e alcançou sorte neste ministério.
Ora, este adquiriu
um campo com o galardão da iniquidade; e, precipitando-se, rebentou pelo meio,
e todas as suas entranhas se derramaram.
E foi notório a
todos os que habitam em Jerusalém; de maneira que na sua própria língua esse
campo se chama Aceldama, isto é, Campo de Sangue.
Quem
era Judas Iscariotes?
Judas Iscariotes é, sem dúvidas, um
dos mais enigmáticos personagens de todo cânon sagrado. Citado sempre por
último na listagem dos doze discípulos, nada sabemos sobre sua vocação e muito
pouco de sua vida foi revelado pelos evangelistas. O nome, “Judas” significa
“abençoado”, e é um dos mais comuns no Novo Testamento onde encontramos pelo
menos “sete” homônimos. O fato de Judas ser identificado como “Iscariotes” pode
significar sua posição política na sociedade judaica como membro do partido dos
sicários, uma ramificação dos zelotes. A grande maioria dos estudiosos acredita
que este termo na verdade nos revele a naturalidade de Judas, que seria oriundo
de Cariotes ou Kerioth, um lugarejo perto de Hebrom e muito próximo da Judéia,
local mais provável de seu primeiro encontro com Jesus. Porém, tudo o que se
falar sobre as origens de Judas Iscariotes tramitará no âmbito das
especulações, pois todas as citações referentes a ele nos quatro evangelhos
apontam apenas seu declínio espiritual, que culminou no famoso ato da traição.
Os Evangelhos de Mateus e Marcos fazem menção da ganância de Judas e sua forma
materialista de enxergar o ministério do Cristo. Lucas, por sua vez, relata que
as ações extremadas de Judas foram motivadas por Satanás, que literalmente,
“entrou nele” (Lucas 22:3). João vai ainda além, pois não só ratifica a
influência satânica sobre o discípulo renegado, como também aponta seu desvio
de caráter ao identifica-lo como um ladrão (João 12:6).
Com este histórico, Judas se tornou
um “ícone da maldade”, uma personificação pulsante da falsidade e da traição.
No folclore brasileiro, o chamado “sábado de aleluia” (pós “sexta-feira da
paixão”) é marcado pela “Malhação de Judas”, onde um boneco é amarrado pelo
“pescoço”, surrado e queimado numa demonstração de aversão aos atos do
discípulo traidor. Esta tradição, remonta a portugueses e espanhóis, e se
espalha ainda hoje pela América Latina. Entre muitas comunidades cristãs da
Alemanha, é expressamente proibido citar o seu nome, e em alguns dicionários, o
verbete “Judas” tem entre seus significados expressões como “falso amigo” ou
“traidor”. Porém, apesar de todo o ódio popular demostrado por ele, Judas
Iscariotes tem sim uma legião de simpatizantes. No século II, uma comunidade
gnóstica redigiu o controverso “Evangelho de Judas”, que foi encontrado
recentemente no Egito. Escrito em copta
e datado com mais de 1700 anos, o manuscrito aponta Judas como um herói,
pervertendo a narrativa dos evangelhos canônicos. Ali, Judas é apresentado como
o mais próximo discípulo de Jesus e o único a compreender a verdade sobre ele.
Cristo então teria revelado para Judas que estava “preso” em um corpo carnal, e
informa ao seu discípulo que o mesmo estava destinado a ser superior aos demais
homens, pois seria o responsável por “sacrificar o corpo que o vestia”. Assim, todo
o plano tramado por Judas, na verdade era uma ordenança do próprio Cristo, que
culminaria em sua morte e “libertação”. Assim, a atitude de Judas não teria
sido uma traição, mas sim um ato de devoção e fé.
Este argumento não só contradiz os
evangelhos canônicos, como vai na contramão de tudo que a Bíblia diz sobre Deus
e Jesus, devendo ser refutado com veemência. Outros escritos apócrifos
justificam o ato de Judas como sendo uma tentativa de iniciar a revolução política
tão desejada pelos judeus. Segundo esta
teoria, Judas acreditava que quando Jesus estivesse cercado pelos soldados romanos,
finalmente se revelaria como o grande Messias, que livraria Israel da opressão
estrangeira. Se de fato esta fosse a intenção de Judas, demostraria o quão
distante ele estava de compreender os ensinamentos de Jesus, que apontavam para
o Reino de Deus, e não se detinha em questões materiais. Neste emaranhado de
suposições, o que sabemos com certeza sobre Judas, é que este homem foi escolhido
por Jesus para ser um de seus discípulos de confiança (sendo o tesoureiro do
grupo), e que ao invés de adentrar na dimensão espiritual proposta por Cristo,
se ateve a questões mesquinhas e efêmeras, dando com isso, lugar a
Satanás. Entrou para a história como um
traidor que não podendo suportar as consequências de seus atos, se esqueceu do
quanto era amado e tirou a própria vida. Seu remorso desesperançado e seu
coração tomado pelas trevas, se quer cogitaram a possibilidade de encontrar o
perdão absoluto que emanaria da cruz. Judas se deixou dominar pela carne, dando
ouvidos a voz do maligno. E estas vozes soavam tão alto, que ele mal conseguiu
ouvir as últimas palavras ditas por Jesus a ele no momento em que deu o famoso
beijo da traição: - Meu amigo! (Mateus
26:50).
A
enigmática vocação de Judas
Judas foi o
escolhido por Jesus para ser um dos doze. Desfrutava da comunhão, expulsava
demônios e curava os enfermos (Marcos 6:7). Mas, seu coração foi vencido por
Satanás, passando da condição de herói à de vilão (Lucas 22:3). Judas foi um
privilegiado. Ele fez parte do seleto grupo escolhido por Jesus. Mas durante a
sua caminhada algo terrível aconteceu. Judas passou a roubar, tornou-se
ganancioso e foi contado como o maior traidor da história. Um fator nos é
obscuro no Novo Testamento é o momento da vocação de Judas como discípulo de
Jesus, visto que seu nome figura sempre o último nas listas apostólicas, como
que em repúdio à sua vergonhosa carreira (Mateus 10:4). Acredita-se que o
traidor tenha conhecido Jesus quando este anunciava o Evangelho pela Judeia.
Talvez ele estivesse nas proximidades do Jordão na ocasião do batismo de Jesus.
É possível também que Judas tenha sido despertado e atraído pela fama de Jesus.
Ou até mesmo, que tenha conhecido o Mestre ao buscar um de seus milagres. Todas
essas suposições são plausíveis. Porém, as Escrituras não nos fornecem o
registro do momento em que Judas foi vocacionado como discípulo, apenas que era
um dos doze (Mateus 10:4 / João 6:70).
Não é fácil entender como pessoas boas e com um futuro tão promissor, de
repente, se tornaram tão contrárias e tão negativas a seus próprios credos.
Judas ainda é para nós um enigma.
Como explicar o
desequilíbrio pessoal de Judas, se ele durante três longos anos testemunhara
tanto as riquezas dos ensinamentos quanto a sublimidade dos milagres realizados
por Jesus? Judas possuía profundas convicções de que Jesus não era um
mentiroso, nem tampouco um impostor (Mateus 26:1-2). Alguns expositores afirmam
que Judas se decepcionou e, por esse motivo, traiu o Mestre. Esperava um
Messias de acordo com a ideologia de seu povo e, no princípio, até se admirou
dele. Porém, essa admiração passou com o tempo e assim, o vendeu para os
judeus. Mesmo que esses fatos sejam apreciados, a Bíblia nos diz que Satanás
entrou em Judas e isso encerra toda e qualquer especulação. Onde Satanás
penetra até as maiores convicções da verdade se deterioram (João 10:10 / Lucas
22:3). Merece ser destacado, que por alguma razão, Satanás entrou em Judas, mas
não em Pedro. Jesus deixou bem claro que Satanás também queria Pedro (Lucas
22:31). Houve algo de maneira como esses homens aceitaram a Jesus que fez a
diferença em sua vida. Suas características eram quase as mesmas. No entanto, o
que aconteceu com cada um foi muito diferente. Tanto Pedro como Judas falharam
com Jesus. Todavia, Pedro continuou a receber a promessa da vida eterna,
enquanto Judas continuou a receber a promessa de destruição eterna.
Se Jesus sabia que
Judas iria traí-lo, por que o chamou? Deus nunca obrigará ninguém a servi-lo ou
obedecê-lo. Ele dá as opções e nós tomamos as decisões (Deuteronômio 30:19).
Não somos robôs ou máquinas sem capacidade de pensar ou agir. Ele nos fez seres
inteligentes e racionais, Ele deu a cada um de nós a capacidade de escolha
(livre arbítrio). Até mesmo quando Ele nos escolhe e comissiona, deixa a nosso
critério a fidelidade ou a traição. Temos a capacidade de observar o mal e dele
não fazer parte. Ninguém nasce perdido, ninguém nasce obrigado a fazer o que
não quer, todos fazem suas opções. Jesus não se enganou a respeito de Judas.
Foi Judas quem se enganou a respeito de Jesus (João 6:70 / 13.24-30). Judas era
um privilegiado e podemos afirmar que ele andava com Deus (João 1:14). Judas
caminhou lado a lado com a verdade (João 14:6). Mas, infelizmente, temos que
admitir: Judas era uma farsa. Ele possuía todos os meios legais para ser
verdadeiro e andar com Jesus foi o maior privilégio que possuiu em vida (Mateus
13:17).
Quando
o profano vence o santo
A Bíblia nos
fornece a resposta da transformação radical no caráter de Judas: a entrada de
Satanás em sua vida (Lucas 22:3). O que nos resta agora é procurar por onde
Satanás penetrou; qual parte de sua vida não estava selada e por onde Satanás
encontrou legalidade para atuar e destruir sua vida. Satanás entrou e essa
declaração diz tudo. É difícil acreditar como uma pessoa que dormia ao lado de
Cristo se deixou possuir inteiramente por Satanás, Mas, infelizmente, esta é a
única palavra que explica uma traição tão absurda como a de Judas. Quando
Satanás penetra em uma vida, nada mais é como antes. E ele só precisa de uma
pequena brecha para entrar (I Pedro 5:8). Primeiro, ele matou as certeiras
convicções de Judas, depois, roubou sua simplicidade e santidade, e, por fim,
conduziu Judas ao extremo de eliminar a própria vida (João 10:10). Satanás é o
pivô de toda e qualquer desgraça no mundo em que vivemos. Ele é ardiloso e desfigurado
e aquele que se torna seu escravo não demora a praticar as mesmas ações de seu
caráter (João 8:44). Talvez nos perguntemos como pode ser isto possível, mas é
extremamente isso que a Bíblia está nos ensinando. Por mais influenciadoras que
sejam as pessoas, para o bem ou para o mal, nós podemos escolher copiá-las ou
não. Deus jamais interferirá no livre-arbítrio de Suas criaturas.
Judas esteve aos
pés de Jesus vivendo um verdadeiro clima celestial. Quando Jesus proferia suas
parábolas, ele fazia parte do grupo que as compreendia (Mateus 13:11). Mas a
verdade não criou raízes em sua vida como na de seus companheiros (João 14:6).
Da mesma maneira Satanás tramou na eternidade, ele seduziu Judas a tramar na
Terra. O diabo não se firmou no céu ao lado de Deus e Judas não se firmou na
Terra ao lado de Jesus. Judas mentia, roubava e tramava contra o Mestre. Ele,
desde o princípio, também não se firmou na verdade. Em vez de se tornar
semelhante a Cristo, Judas personificou o diabo (João 8:44).
João denuncia que
Judas era ladrão. Jesus sabia, mas talvez esperasse que Judas caísse em si e
tomasse uma posição quanto àquilo que minava sua vida espiritual (João 12:6). É
certo que entre os doze deveria surgir o traidor, mas não significava que fosse
Judas (João 13:21). Mas foi exatamente esse que Satanás conquistou, alimentando
sua fútil ganância pelo dinheiro e foi por dinheiro que ele vendeu seu mestre
(Mateus 26.14-16). É interessante, mas ele vendeu a única pessoa que poderia
comprá-lo. Judas jamais permitiu que os ensinamentos de Jesus moldassem seu
caráter. Mesmo convivendo diariamente com a verdade, ele conseguia viver de
mentira! Mesmo andando com a vida, ele se mantinha morto. Estando ele andando
no caminho, ainda assim se desviou dele. Quando Maria, irmã de Lázaro, derrama
um vaso de nardo puro ungindo os pés de Jesus, Judas fica extremamente
contrariado e contesta a atitude de Maria. Jesus o repreende porque conhecia o
seu coração e a intenção de ambos. Ao condenar Maria, Judas pensava apenas em
si mesmo, não nos nobres. Seu discurso traía seu coração. Mais tarde,
entregaria Jesus por 30 moedas de prata. O preço da traição foi dez vezes menor
que o valor do perfume de Maria. O maior erro de Judas não foi a traição, mas
sua incapacidade de reconhecer suas próprias limitações, de aprender com Jesus
que os maiores problemas do homem estão na caixa de segredos de sua
personalidade. Judas não se perdoou por trair Jesus. Tanto que não achou saída
e, ao invés de sincero arrependimento, sentiu remorso. Mostre aos alunos que a
palavra de Deus sempre nos ordena escolher a vida e Judas escolheu (Deuteronômio
30:19). Porém, jamais se enquadrou nas verdades que essa vida produz. Seu maior
problema foi não deixar que a verdade penetrasse e desfizesse todo o
mau-caratismo de sua alma pecadora (Mateus 12:43- 45). Ele apenas viveu a
esfera do sucesso, sem nunca tratar o que lhe traria fracasso.
A
Raiz do Mal
O apóstolo Paulo nos advertiu que o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, e que por cobiçarem o dinheiro,
muitos desviaram-se da fé, atormentando-se com muitos sofrimentos (I Timóteo
6:10). Dinheiro é uma coisa boa, e possui-lo de modo nenhum caracteriza-se como
um pecado. O problema começa quando nosso coração é aprisionado por ele (Mateus
6:21). Judas era um bom administrador, tanto que foi escolhido pelos demais
discípulos para ser o tesoureiro do grupo. Por ele passavam os ganhos e os
custos financeiros do ministério de Jesus. Como o volume de dinheiro que
transitava nos cofres “apostólicos” era baixo, Judas demostrava habilidade de
gerenciamento, provendo verbas para alimentação, hospedagem e para as obras de
caridade realizadas pelo grupo. Porém, a maior virtude de Judas também era sua
maior fraqueza. Ele mudou o foco de seu ministério, inverteu as prioridades e
passou a valorizar o “ter” mais que o “ser”. Seu comportamento tornou-se
inadequado, sua interpretação era questionável e seu julgamento, digno de
repreensão. Ele enxergava os valores sem se atentar para as intenções, e isto
começou a corroê-lo de dentro para fora, abrindo uma brecha espiritual para que
Satanás lançasse seus dardos inflamados (Efésios 6:6). Enquanto os demais
discípulos se desprendiam do mundo material e adentravam passo a passo o Reino
dos Céus, Judas fazia um caminho inverso, afastando-se do espiritual e
abraçando as coisas da terra. Com suas próprias mãos, Judas abria a porta de
seu coração para o mal, e seu amor ao dinheiro, foi também a raiz de sua ruína.
Satanás identificou a fraqueza de
Judas e a potencializou. Da mesma forma, o inimigo ainda hoje tem rondado
nossas vidas procurando nossas “brechas” afim de identificar nossa maior fraqueza
e usá-la para “abrir” a porta de nosso coração, dando-lhe entrada. Paulo lista em Gálatas 5:16-21, uma série de
dezesseis obras praticadas na carne que podem servir como um tapete vermelho de
boas-vindas para Satanás. São sementes com potencial para gerar florestas
malignas em nossa existência e nos afastar progressivamente de Deus. E ninguém
está isento deste atentado massivo do inferno. São elas: PORNÉIA (imoralidades
sexuais), AKATHARSIA (maus pensamentos), ASELGIA (paixões, desejos e lascívia),
EIDOLATRIA (idolatria a espíritos, coisas, objetos, crenças ou pessoas),
PHARMAKÉIA (feitiçaria, espiritismo, magia negra, adoração de demônios e o uso
de substâncias e matérias em rituais obscuros), ECTHRA (inimizades extremas que
geram forte antipatia e consequentemente produzem intenções e até ações
hostis), ERIS (brigas, porfias, oposição e lutas por superioridade), ZELOS
(sentimentos revanchistas que buscam sempre a competição, ressentimento,
infelicidade gerada pelo sucesso do outro), THUMOS (ações decorrentes da ira),
ERITHÉIA (batalhas e pelejas movidas pela ambição, pela ganância e pela cobiça
do poder), DICHOSTASIA (divisões de um grupo em sub-grupos, dissensões que
acabam formando conluios egoístas que
destroem a unidade de uma comunidade ou organização), HAIRESIS (heresias que se caracterizam quando alguém
introduz na congregação ensinos sistemáticos sem respaldo na Palavra de Deus,
criando inverdades doutrinarias e confusões teológicas), FTHONOS (antipatia
ressentida contra outra uma pessoa que possui algo que não temos e queremos,
sendo popularmente chamada de inveja),
PHONOS (homicídio ou assassinato), METHE (descontrole das faculdades físicas e
mentais por consumo de bebida embriagante) e KOMOS, que são os excessos aos
quais podemos nos expor.
As obras da carne (do grego – SARX)
são oriundas de uma natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, que
infelizmente continuam no cristão mesmo após sua conversão, tornando-se o
arqui-inimigo de seu Espírito (Romanos 8:6-13). Aqueles que se deixam controlar
por tais impulsos carnais não poderão entrar no Reino de Deus. Exatamente por
este motivo, tal natureza carnal precisa ser resistida e mortificada, o que só
será possível mediante uma intensa batalha espiritual que o crente trava contra
seus próprios instintos pela força do Espírito Santo. O apóstolo Paulo foi
bastante severo ao afirmar que aquele que participa dessas atividades iníquas,
perderá sua salvação e não terá parte com Cristo (Gálatas 5:21, I Coríntios
6:9). É necessário eliminar de nossas vidas qualquer vestígio de tais obras,
nos enraizando na videira que é Cristo, afim de produzir frutos dignos de
arrependimentos. Judas se deixou dominar pela carne e encontrou um fim trágico
que o catapultou para uma eternidade obscura. Que trilhemos o caminho inverso
ao deste malfadado discípulo, abrindo mão do mundo pelo céu, escancarando nosso
coração para Cristo e fechando definitivamente as portas para Satanás.
Quando
o enganador é enganado
Durante muito
tempo, Judas foi alimentado pelo sucesso de estar ao lado da maior figura em
destaque de sua época. Mas não o entendeu, não assimilou seus ensinamentos e se
deixou vencer pela cobiça (João 12:6). Porém, ao cair em si e ver o quanto
estava errado, Judas ainda poderia ir ao Mestre, mas o peso de sua traição e a
acusação do inimigo contra si foi tão grande que a única porta que encontrou
para escapar foi a da morte (Mateus 27:5 / João 10:9). Ludibriado
por Satanás, Judas abriu mão da única pessoa que poderia perdoá-lo e ajuda-lo
(I João 14:6). Judas vendeu Jesus por trinta moedas que jamais usou. Sua ficha
só caiu quando as moedas estavam em suas mãos. Ele até tentou desfazer o
negócio, pois entendeu que aqueles religiosos eram falsos e enganadores, mas
eles pioraram sua situação dizendo: “Que nos importa? Isso é contigo” (Mateus
27:4). Satanás age assim. Ele usa pessoas para nos influenciar nas áreas que
nos domina e depois, quando erramos, ele usa esse erro para nos envergonhar e
nos escravizar. O texto diz que Judas se arrependeu (Mateus 27:3), mas
infelizmente, ele foi buscar abrigo em pessoas que eram piores que ele. As aparências podem nos enganar. Judas era apóstolo por fora, mas
por dentro era um ladrão. Façamos uma varredura em nossas almas e deixemos
Cristo nos transformar. Judas não terminou mal por falta de oportunidade, mas
por falta de caráter.
Não podemos
esquecer que iremos colher o que semeamos, seja bom ou mau (Gálatas 5:16).
Judas recebeu o prêmio de sua insanidade (Atos
1:17-18ª). É isso que o inimigo promove na vida daqueles que se deixam
seduzir por ele. Não existe recompensa alguma na traição. O galardão da
iniquidade é a perda total da moralidade. Judas não ficou com Jesus, não
usufruiu o dinheiro e sequer teve apoio dos judeus (Mateus 27:3-5). O único
prêmio recebido por Judas foi a morte, a recompensa destinada a todos aqueles
que fazem opção pelo pecado (Romanos 6:23ª). A Bíblia diz que, caindo do
precipício (acredita-se que era mais pesado que o galho, onde tentou se
enforcar), rebentou-se ao meio e suas entranhas se derramaram corpo afora (Mateus
27:5 / Atos 1:18).
Em Provérbios 30:19,
Agur nos fala sobre o caminho da cobra na penha. Uma representação de um
coração duro (penha – pedra), onde a cobra (Satanás) passeia livremente. A
cobra é um animal debilitado de visão e, para se orientar usa a língua como um
sensor. Essa saliva deixa um odor que marca o território onde passou. Para
retornar, ela se guia por esse odor e, se o local por onde passou estiver
limpo, ela jamais encontrará o caminho de volta. Judas foi escolhido por Jesus,
mas foi Satanás que entrou em sua vida. Por que? Ele não limpou o terreno de
sua alma. Havia nele uma marca de Satanás, a mentira, e foi por aí que Satanás
não somente retornou, mas tomou posse dele por inteiro (Mateus 12:43-45). Satanás
se acha dono de nosso corpo e mestre em nossas vidas. Observe o que Jesus diz
em Mateus 12.43-45. Ele afirma que o diabo sempre volta pelo mesmo lugar e, ao
voltar traz consigo sete espíritos piores que ele, entrando, torna pior a vida
de quem é dominado. Todavia, só entrará se a casa estiver desocupada. Não
podemos ser omissos quanto a essa verdade. Tomemos o exemplo de Judas, que
cuidou de tudo, menos em proteger sua própria vida. Seu coração não esteve reto
e sua integridade foi minada pelo diabo.
O mistério morte de Judas
Muitas pessoas ficam incomodadas com
a aparente discrepância nos relatos bíblicos sobre a morte de Judas Iscariotes,
o discípulo que traiu Jesus. Isto porque o texto de Mateus 27:5 diz claramente
que ele “se enforcou”, enquanto Lucas, relata em Atos 1:18, que Judas “caiu de
um penhasco e seu corpo partiu ao meio”. Assim sendo, qual a versão
correta deste acontecimento trágico? Por que existe divergência nos relatos
desses escritores? O
primeiro ponto a ser esclarecido é que os evangelhos foram escritos em períodos
diferentes, em línguas diferentes e para destinatários diferentes. A obra
literária de Mateus, foi baseada em suas lembranças e memórias, já que
testemunhou os acontecimentos em loco, participando em primeira pessoa da
história. Como escreveu seu evangelho para os judeus, entre os anos 50 e 60 da
era cristã, usou o aramaico, uma língua própria de seu povo. Já Lucas, não foi
um participante direto do ministério de Cristo, e nem sequer conheceu Jesus.
Ele era um médico grego respeitado de seu tempo, e se converteu ao cristianismo
através da pregação apostólica, se tornando um dos mais fiéis seguidores de
Paulo. Didático e erudito, Lucas elaborou dois estudos sobre as origens desta
nova “religião”, sendo que no primeiro ele se focou na história do próprio
Jesus (Evangelho de Lucas), e no segundo, registrou os primeiros anos da igreja
recém estabelecida (Atos dos Apóstolos). Escreveu seus textos por volta do ano
70 dc, utilizando o idioma grego (uma língua falada em praticamente todo o
mundo conhecido da época), e entregou seu relato para os gentios.
O segundo ponto a ser
entendido é o local conhecido como “Aceldama” ou “Campo de Sangue”. Esta
propriedade ficava localizada em Jerusalém, ao lado de um lixão público
conhecido por Geena, para onde era levado todo o lixo da cidade, bem como as
imundícias provenientes da limpeza realizada após os sacrifícios de animais.
Agora, o fato mais relevante sobre este campo, é exatamente sua geografia, pois
se tratava de um penhasco rochoso. Neste lugar também era encontrado um tipo de
argila vermelha muito utilizado por oleiros, e daí talvez tenha se originado de
fato seu nome. A história por traz da compra deste lugar é tão interessante
quanto o fato ali ocorrido. Mateus, testemunha ocular dos acontecimentos, conta
que após a traição contra Jesus, Judas foi tomado por um remorso imensurável, e
desesperado, correu até os príncipes dos sacerdotes e aos anciões judeus, e
tentou devolver o dinheiro que recebera, e com isso impedir a morte
de seu mestre. Em prantos ele jogou as moedas de prata na direção daqueles
homens, enquanto se lamentava dizendo: - “Pequei, traindo o sangue
inocente”. Porém, este gesto não comoveu aos líderes religiosos de Israel,
que em resposta apenas disseram: - “O que isso nos importa?”. Vendo que
não havia mais meios de remediar seu erro, Judas saiu dali e se enforcou. Então
os príncipes dos sacerdotes chegaram à conclusão que era ilícito depositar
aquele dinheiro no cofre de ofertas do templo, pois estava sujo de sangue, e
após deliberaram, compraram com aquela quantia um lugar chamado “campo do
oleiro”, e o transformaram em um cemitério para estrangeiros, posteriormente, o
local recebeu o nome de “Campo de Sangue” (Mateus 1:1-8). Lucas, por outro
lado, não vivenciou os acontecimentos, e portanto registrou o ocorrido, de
acordo com as informações colhidas em suas pesquisas. Assim, ele menciona em
Atos 1:16-19, parte de um dos primeiros sermões de Pedro após a morte de Jesus,
provavelmente recontado por um de seus entrevistados que esteve presente no
dia: - Homens irmãos, convinha que
se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi,
acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus; porque foi contado
conosco e alcançou sorte neste ministério. Ora, este adquiriu um campo com o
galardão da iniquidade; e precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas
entranhas se derramaram. E foi notório a todos os que habitam em Jerusalém; de
maneira que na sua própria língua esse campo se chama Aceldama, isto é, Campo
de Sangue.
Juntando os dois relatos,
é fácil a compreensão do histórico de compra daquela propriedade. Judas de fato
morreu ali e o local foi comprado pelos líderes religiosos judeus que o transformaram
em uma área de sepultamentos. Entretanto, o dinheiro usado nesta compra, de
fato pertencia a Judas Iscariotes, logo, subjetivamente (e na interpretação de
Pedro), ele era de fato, o dono do lugar. Quanto a causa da morte, não existe
discrepância entre os textos, mas sim mudança na perspectiva do narrador.
Podemos então dizer que Mateus trata do suicídio, e Lucas descreve as
consequências deste ato. Judas de fato, correu até o “Campo do Oleiro” e se
enforcou. Considere que nos arredores de Jerusalém, por questões geográficas e
histórias, não existiam árvores de grande porte para viabilizar um suicídio, e
portanto, ele provavelmente precisou escolher uma árvore pequena, mas que
estivesse à beira de um penhasco. Amarrou uma corda (ou algo semelhante) nesta
árvore, atou-a também em seu pescoço e se lançou para baixo. Aparentemente, a
corda se rompeu ou o galho quebrou, de modo que o corpo de Judas despencou de
uma altura considerável, e se arrebentou nas rochas abaixo. Outra possibilidade
é que a expressão “se precipitando de cabeça para baixo”, seja um termo
médico usado por Lucas para “inchação”, ou ainda, que o cadáver tenha
inchado, arqueado a cabeça e em decorrência do calor, caído por terra.
Conclusão
O que Judas tanto cobiçou não teve valor algum
quando esteve em seu poder. Esta pode ser a surpresa de muitas pessoas que se
deixam enredar pelos desvarios da própria alma. Judas começou bem, mas terminou
muito mal. O importante não é como começamos, mas como iremos terminar.
Participe da EBD deste domingo, 01/11/2015, e descubra você também os segredos para uma vida de fé e atitudes
Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 97 - Editora Betel
Comentarista: Pr. José Fernandes Correia Noleto
Maturidade Espiritual
Lição 5
Comentários Adicionais (em azul):
Pb. Miquéias Daniel Gomes