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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

EBD - A fé que enfrenta as oposições



Texto Áureo
Hebreus 12:1
Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta.

Verdade Aplicada
Não existem problemas insolúveis quando pessoas comprometidas se levantam na força de Deus para agir.

Textos de Referência
Neemias 1:1-3

As palavras de Neemias, filho de Hacalias. E sucedeu no mês de quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza, que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos judeus que escaparam e que restaram do cativeiro e acerca de Jerusalém.
E disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém, fendido, e as suas portas, queimadas a fogo.


Contexto Histórico

Após a divisão de Israel em dois reinos distintos, as 10 tribos do norte mergulharam numa época de trevas caracterizada pela apostasia espiritual e idolatria generalizada. Como consequência dos inúmeros pecados da nação, Deus usou a poderosa Assíria como um “chicote” para disciplinar seu povo (Isaías 10:5). Em decorrência de uma série de manobras políticas desastrosas, o Norte (Israel), foi o primeiro reino a cair. No ano 722 A.C, os assírios definitivamente se apoderam do território israelita, levando cativo boa parte dos moradores da região. A política assíria para territórios conquistados era enfraquecer a cultura local, e para isso, intercambiava seus vassalos, miscigenando seus escravos e fazendo com que povos de tradição, perdessem por completo sua identidade. Assim, enquanto os israelitas foram espalhados pelo mundo, uma grande quantidade de estrangeiros foi alocada em Israel. Desta miscigenação surgiu os samaritanos. O Reino do Sul, também conhecido por Judá, automaticamente se tornou o próximo alvo dos assírios, mas por intermédio das ações de bons governantes como Joás, Josias, Josafá e Ezequias, Deus concedeu aos judeus mais um século de liberdade. Apenas no ano 606 A.C, a Babilônia começou a deportar os nobres de Judá para os territórios da caldeia, prática que se estendeu até 586 A.C, quando o rei Zedequias intentou uma rebelião contra os caldeus, confiando numa previa aliança com o Egito. O resultado foi catastrófico, resultando na deportação final. Nabucodonosor ainda ordenou a total destruição de Jerusalém, deixando a cidade em ruínas.

Setenta anos depois, a Babilônia já tinha sido conquistada pelos Medo-Persas. Segundo a tradição judaica, o rei Ciro estava lendo os já centenários textos do profeta Isaías, e teria ficado espantado ao encontrar uma referência ao seu nome, dizendo que seria ele o responsável por repatriar os judeus. O monarca, então, lavra um edito autorizando o retorno dos filhos de Sião para a pátria mãe. Liderados por Zorobabel, cerca de 50.000 judeus são “despertados” para voltarem a Jerusalém e edificarem a casa de Deus (Esdras 1:5). Os exilados que permaneceram na caldeia, doaram cerca de 500 quilos de ouro e 3000 quilos de prata para financiar a reconstrução do templo. Assim, após quatro meses de jornada pelo deserto, os judeus estavam novamente na terra prometida, e em agradecimento edificaram um altar para Deus. O próximo passo foi lançar os fundamentos do templo, evento que causou grande comoção entre o povo. Porém, durante as décadas de exílio, o território de Israel/Judá havia sido tomado por samaritanos e amonitas, e os pseudos donos da terra estavam muito incomodados com o retorno dos herdeiros legais. Assim que a reconstrução do templo teve inicio, eles enviaram uma carta ao rei persa Dário, acusando os judeus de traição, dizendo que ao invés de um templo para ritos religiosos, estava sendo construída uma fortaleza para fins militares. Com isso, foi decretada a paralisação das obras. Durante 16 anos os trabalhos no templo ficaram interrompidos, e o povo se dedicou a reformar a cidade. Deus levantou os profetas Ageu e Zacarias para esforçarem o povo, afim de retomarem a reconstrução do templo (Ageu 1:2). A retomada dos trabalhos trouxe prosperidade aos judeus, e logo, a Casa do Senhor estava finaliza. Uma fiscalização por parte dos persas listou o nome de todos os trabalhadores, causando grande apreensão. Porém, ao final de suas verificações, Dário constatou a legalidade da construção e os judeus puderam finalmente inaugurar o templo.

Quando Artaxerxes já era rei, um escriba chamado Esdras pediu autorização para conduzir um no grupo de judeus até Jerusalém. Desta vez, 1754 homens (com suas respectivas famílias), realizam a perigosa viagem de retorno. Esdras foi levantado por Deus para promover uma restauração espiritual em Israel através do ensino, e um dos primeiros problemas que identificou, foi o casamento miscigenado entre judeus e mulheres pagãs. Esdras já estava em Jerusalém há doze anos quando Neemias recebeu notícias da terra de seus pais. Os moradores da cidade estavam sendo ameaçados por samaritanos e amorreus, enquanto os muros ao redor Jerusalém estavam queimados e fendidos, sem oferecer qualquer proteção. Neemias se entristeceu profundamente, e por quatro meses se dedicou a orar por esta causa. Sua posição estratégica no palácio lhe dava acesso direto ao rei Artaxerxes e lhe concedia muitos privilégios junto ao monarca. Percebendo o abatimento de seu homem de confiança, o rei questionou Neemias sobre o motivo de sua aflição. Neste momento, Neemias informa ao rei sobre a situação de Jerusalém e solicita autorização para ir à cidade e reformar os muros. O rei não apenas autoriza a empreitada, como se propõem a financiar parte da obra.


O Copeiro do Rei

Jerusalém estava em ruínas e opróbrio. Ao saber da situação, Neemias abandona sua privilegiada posição no palácio e parte em direção à cidade para auxiliar seu povo na reconstrução dos muros e portões (Neemias 2:1-10). Neemias surge numa época em que a moral do povo estava baixa. Os ricos exploravam os pobres e os mesmos pecados que levaram o povo ao cativeiro estavam em vigor. Por fim, a depressão econômica e a ignorância espiritual acentuavam ainda mais a desunião do povo que, desestimulado e oprimido, não esboçava qualquer reação de melhora.  Neemias nos é apresentado como copeiro do rei, na província de Susã, a capital do império persa. Ele era um homem de oração e compromisso com Deus (Neemias 1:1-11). Neemias era um conselheiro pessoal do imperador e exercia ao mesmo tempo as funções de primeiro ministro e mestre de cerimônias (Neemias 2:1; 5:14). A morte por envenenamento era comum na época dos reis e um copeiro de grande confiança era de vital importância. A função de Neemias era provar o vinho do rei, cuidar de seus aposentos, supervisionar toda a alimentação do palácio e, antes que o rei ingerisse qualquer comida ou bebida, ele o fazia. Isso tinha por fim demonstrar que nenhuma traição ocorrera e que, portanto, não havia perigo de envenenamento. Jerusalém habitava apenas um remanescente do povo em Judá e esses poucos judeus passavam por grandes aflições e lutavam para sobreviver. Sem muros, o povo estava sem proteção e Neemias é o homem usado por Deus tanto para reconstruir os muros, quanto para reconstruir a identidade espiritual do povo (Neemias 1:1-3). Acredita-se que Neemias tenha nascido durante o cativeiro e, mesmo crescendo num ambiente pagão, dominado pela idolatria, ele se manteve separado da maldade que o rodeava. O remanescente de judeu já havia passado quase um século em sua terra e Neemias poderia ter se juntado a eles, mas escolheu permanecer no palácio. Na verdade, Deus tinha uma missão para ele que não poderia ser cumprida em nenhum outro lugar. Deus colocou Neemias em Susã da mesma forma que colocou José no Egito e Daniel na Babilônia. Quando Deus deseja realizar uma obra, sempre prepara Seus servos e os coloca no lugar certo, na hora certa.

Ao ouvir sobre a miséria na qual seu povo se encontrava, Neemias se assentou e chorou (Neemias 1:4). Aquela notícia sensibilizou sua alma e logo resolveu jejuar e orar, durante quatro meses, até que Deus não somente mudasse o quadro daquela situação, mas preparasse tudo para que ele mesmo fosse enviado a realizar aquela obra. As lágrimas de Neemias rolaram não somente pelas ruínas que a cidade sagrada se encontrava, mas porque o Deus de seus pais estava sendo escarnecido pelos inimigos. Neemias se preocupava tanto com o povo, quanto com a glória de seu Deus. Neemias tinha afinidade com os dois tronos (o do céu e o da terra), e buscou em ambos os recursos para resolver os problemas do povo (Neemias 1:4; 2:1-9). A primeira reação de Neemias ao ouvir as notícias do povo que havia sobrado em Jerusalém foi assentar-se e chorar (Neemias 1:3-4ª). O choro coloca para fora a dor interna do coração, os sentimentos de tristeza e angústia e é uma reação natural do corpo para livrar-se de uma grande carga emocional. É terapêutico, alivia as tensões internas da pessoa e serve para acalmar a alma. Contudo, logo após a reação natural, Neemias mostra uma atitude nova: ele jejua e ora perante o Senhor (Neemias 1:4b).

Neemias desfrutava de uma boa posição no palácio ao lado do rei, mas, seus sentimentos pelas coisas divinas o levaram a abandonar sua zona de conforto e seus privilégios para enfrentar os problemas de sua nação (Neemias 2:1-3). Neemias tinha um coração sensível às necessidades do seu povo. A nobreza do palácio e o luxo que desfrutava não roubaram sua comunhão com Deus. Ele era um servo piedoso que se importava com aqueles que viviam na miséria. Ele tinha consciência de que o pecado e o afastamento da lei haviam derrotado seu povo e se colocou na brecha, assumindo que também era culpado (Neemias 1:4-7). Neemias nos ensina que não existem problemas insolúveis quando homens comprometidos se levantaram na força de Deus para agir.A eficácia de Neemias está totalmente alicerçada em sua forma de orar e consagrar-se a Deus. Os homens mais eficazes na obra de Deus são aqueles que têm o coração quebrantado e desfrutam da intimidade de Deus através do jejum e da oração.


Reformando a Muralha

Assim que conseguiu a autorização e recebeu recursos para a reforma dos muros de Jerusalém, Neemias reuniu um grupo de israelitas que escoltados por um contingente de soldados persas, chegaram em segurança na capital de Judá. Durante toda a viagem, Neemias manteve sigilo sobre o verdadeiro propósito de sua empreitada, e assim evitou que os inimigos premeditassem qualquer plano de contenção.  Ao chegar na cidade, seu primeiro desafio foi fazer uma meticulosa avaliação das condições da muralha, onde pode constatar a situação precária das paredes. Em seguida, reuniu os moradores de Jerusalém e lhes contou como Deus tinha providenciado os meios para a realização da reforma, o que muito alegrou toda aquela gente, que imediatamente se esforçaram ao trabalho dizendo: - Levantamo-nos e edifiquemos! Ao perceber a mobilização dos judeus neste propósito, Sambalate ( governador da Samaria), seu servo amonita chamado Tobias, e o arábio Gesén, se puseram a tripudiar dos construtores, e insinuar que um povo fragilizado estava tentando se rebelar contra os persas. Neemias, porém, os confrontou dizendo que Deus faria os judeus prosperarem, e que os trabalhadores tinham como objetivo a edificação. Ressaltou também, que nenhum daqueles três homens teriam parte na justiça e nem na memória de Jerusalém. Então, o povo iniciou os trabalhos, sendo que cada família edificava os trechos do muro mais próximo de suas casas. Com o avanço das obras, se acendeu a ira de Sambalate. Indignado com o sucesso dos judeus, ele passou a ridicularizar a construção, dizendo que a matéria prima utilizada era pó e pedra queimada. Tobias por sua vez, afirmava que todo trabalho dos judeus seria inútil, pois até uma raposa derrubaria o muro. Neemias ouvia as afrontas, mas não deixava se abater. Apenas orava pedindo que o Senhor tomasse para si as afrontas deferidas contra Israel.

Os reparos nos muros avançavam cada dia. Quando metade da reforma estava concluída, os inimigos de Israel compactuaram para realizar um ataque maciço contra a construção, aproveitando que os edificadores aparentavam sinais de cansaço e desgastes. Ao tomar conhecimento desta nova ameaça, Neemias desenvolveu um sistema de rodízios onde os homens se revezavam entre construir e montar guarda. O problema se agravou quando os inimigos passaram a ameaçar as vilas adjacentes aos muros, que clamaram a Neemias por proteção. A mão de obra que já era escassa, ficou ainda mais comprometida com esta nova tarefa, e os construtores começaram a achar que aquela obra era grande e perigosa demais para prosseguir. Neemias iniciou um período de oração, onde não apenas se fortaleceu espiritualmente, como também influenciou o povo a renovar seu ânimo. Para surpresa de todos, homens cansados e enfraquecidos se renovaram em forças, determinados a construir e lutar com a mesma intensidade. Em uma mão, seguravam ferramentas, e na outra empunhavam espadas (Neemias 4:17).

Com a proximidade do fim dos trabalhos, Neemias se viu envolvido em conflitos dentro da própria muralha. Os habitantes de Jerusalém que eram mais abastados, fizeram empréstimos aos menos favorecidos para compra de alimento e quitação tributária. Agora, exigiam a execução das hipotecas. Os tecóides, famílias nobres que habitavam ao sul de Jerusalém, se negavam a ajudar na reforma, e não havia quem trabalhasse naquele trecho da muralha. Estas questões internas entristeceram profundamente Neemias, porém, mais uma vez ele se fortaleceu em oração, e resolveu a questão conclamando o povo para estender a mão em favor do próximo. A última etapa da construção era o assentamento dos portões, e buscando atrasar a obra, Sambalate convida os judeus para uma “Conferência de Paz”. Ciente da maliciosidade deste convite, Neemias retribui com uma das mais antológicas respostas bíblicas: - Estou fazendo uma grande obra e não parar (Neemias 6:3). Humilhados, os inimigos mais uma vez lançam mão de calúnias e passam a difamar Neemias dizendo que seu trabalho era fruto de interesses pessoais, pois pretendia se rebelar contra a Pérsia e se auto proclamar rei de Israel. Numa tentativa desesperada de impedir o termino da reforma, os conspiradores tramaram assassinar Neemias, mas antes era preciso desmoralizá-lo. Assim, um mensageiro procurou Neemias e o informou que certo profeta tinha uma mensagem de Deus para ele. O encontro devera ser realizado dentro do templo, no santíssimo lugar. Consciente que sua entrada não era permitida naquela sala, Neemias logo percebeu a armadilha contra ele, e mais uma vez clamou ao Senhor para que fortalecesse a sua mão (Neemias 6:9). Num tempo recorde de apenas 52 dias, os reparos nos muros foram concluídos, e Jerusalém voltou a ser uma cidade fortificada, que os inimigos só poderiam observar de fora (Neemias 6:16).


Enfrentando oposições

Os desafios que Neemias enfrentaria não eram poucos, porque, além de motivar o povo a reiniciar uma obra que há cem anos estava parada, ainda deveria enfrentar os desmotivadores que, unidos, tramavam para impedir o sucesso da obra (Neemias 2:10; 4:1-8). Ao chegar a Jerusalém, Neemias encontrou pessoas derrotadas e apáticas, que viviam em meio aos escombros (Neemias 1:3). Em questão de dias, Neemias conseguiu o apoio de toda a cidade, formou equipes e mobilizou o povo a reconstruir em cinquenta e dois dias uma obra que em quase cem anos ninguém havia conseguido. E como fez isso? Todos sabiam que havia chegado com cartas de autorização do rei e com escolta militar. Mas ele não disse nada, criando no povo expectativas e curiosidades (Neemias 2:12-16). Ao terceiro dia, todos estavam interessados em escutar o que tinha a dizer. Assim, ele começou a restaurar a autoestima do povo e depois conduziu o povo a preocupar-se com a glória de Deus (Neemias 2:17-18). Durante noventa anos, a construção não teve sucesso, o povo havia perdido a confiança e havia chegado a uma conclusão: “Não podemos”. A vida cristã é uma guerra contínua e sempre vamos encontrar oposições quando nos erguemos para fazer a obra de Deus. Neemias não se apresentou ao povo com uma mensagem negativa, nem culpou ninguém pelo fracasso (Neemias 2:17). Ele se identificou com a frustração e animou o povo a fazer uma sincera avaliação do problema. Ele simplesmente disse: “Sou um de vocês e esse problema é nosso”.

Sambalate, Tobias e Gesém foram três instrumentos usados por Satanás para desestabilizar Neemias e impedir que a obra se realizasse. Os artifícios usados foram: a zombaria, a calúnia e o desprezo (Neemias 4:1-16). Por fim, vendo que a obra avançava, tentaram ceifar a vida de Neemias em uma emboscada (Neemias 6:1-15). O que mais nos deixa intrigado é a reação de Neemias. Ele orava e não discutia. Ele trabalhava e ignorava a oposição. Neemias sabia que era inútil discutir porque sabia que a ideia da reconstrução vinha da parte de Deus. Antes de Neemias chegar a Jerusalém, já havia oposição contra o seu trabalho (Neemias 2:10). Se nossos planos vêm de Deus, Ele pelejará em nosso favor. Sempre haverá pessoas em desacordo com a visão que Deus está nos dando, que irão se opor e criticar o que fazemos. Quando alguém ridiculariza nossos projetos é porque tem medo do nosso triunfo.

Sem dúvida, a nossa natureza humana sente um desejo natural de responder com agressão aos ataques inimigos que julgam, intimidam, denigrem e prejudicam a realização de nossos projetos. Porém, sabemos que essa não é a atitude correta. Então, o que podemos fazer? Como devemos nos postar diante de tais circunstâncias? Em vez de se deixar enredar em uma competição de insultos, Neemias foi buscar apoio em Deus (Salmo 44:5-6 / Neemias 4:4-5).  E normal que sintamos o desejo de atropelar nossos inimigos com palavras e atitudes. No entanto, o ensinamento de Neemias nos leva a colocar diante de Deus a situação e, logo em seguida, tomar medidas preventivas para que as ameaças de nossos adversários não prosperem. Neemias ignorou as ridículas ofensas de seus adversários e seguiu adiante com seu objetivo. Essa é a melhor resposta que damos aos nossos inimigos, nós os ignoramos (Provérbios 26:4). A resposta de Neemias foi observada e seguida pelo povo. Eles viram que ele estava atuando e orando e fizeram o mesmo.


Uma obra que não pode parar

Assim que o trabalho nos muros foi concluído, Esdras convocou todo o povo de Jerusalém para uma celebração ao Senhor. Ainda pela manhã, todos os moradores da cidade de dirigiram para a Porta das Águas numa verdadeira campanha evangelística ao livre. Os judeus entoavam com alegria os cânticos que estiveram silenciados durante os anos de exílio, abrindo seu coração para o que viria a seguir. Escriba de grande versatilidade, historiador respeitado e exímio orador, Esdras abriu o Livro da Lei, explicando passo a passo os principais mandamentos do Senhor. Aquele foi um dia de grande quebrantamento, pois o povo enfrentou face a face seus próprios pecados, e entenderam o quão distante estavam dos desígnios de Deus. Diante de tamanho pesar espiritual, Esdras animou o povo a não se entristecer, dizendo: - “A alegria do Senhor é nossa força” (Neemias 8:6). A proximidade de Deus não revela nossa santidade, mas sim, deixa explícito nosso pecado. A perfeição divina acentua nossas imperfeições, e a inefabilidade do Altíssimo evidencia nossas falhas. Porém, é exatamente quando se encontra nesta condição que o homem está apto a ser agraciado pela misericórdia e pela graça. Somente quanto reconhecemos nosso pecado, damos o primeiro passo em direção ao arrependimento, que por sua vez atrai o perdão.

Um segundo ajuntamento reuniu todo o povo. Desta vez, além dos louvores e do ensinamento da palavra, a nação uniu sua voz em oração, confessando a Deus seus pecados e pedindo a misericórdia do Senhor. Com a alma lavada e o espírito renovado, Neemias consagrou ao Senhor os muros de Jerusalém. Os levitas se dividiram em corais, e do alto da muralha, cantaram ao Senhor, trazendo grande comoção ao povo de Judá. Neemias se tornou o governador, liderando aquela gente com zelo e equidade, até que onze anos depois foi intimado a retornar para a Pérsia. Durante sua ausência, mais uma vez a nação cometeu erros terríveis, como por exemplo, permitir que Tobias passasse a morar em um dos aposentos do templo, sendo sustentado com o dinheiro da Casa de Deus. Desmotivados, os judeus deixaram de levar seus dízimos no templo, e com isso, os levitas tiveram que abandonar suas funções eclesiásticas e trabalhar nos campos para não passarem fome. Ao contrário do que ordenava a lei, o sábado passou a ser considerado como um dia comum, e as consagrações sabatinas deixaram de ser praticadas. Por fim, muitos judeus tomaram para si mulheres pagãs e um novo ciclo de miscigenação espiritual se iniciou.

Quando Neemias regressa para Jerusalém, mal consegue acreditar no que seus olhos veem. O exímio construtor de muralhas, precisa agora derrubar os muros da apostasia que cercavam os corações de seus irmãos. Imediatamente, Neemias expulsa Tobias do templo, lançando fora sua mobília. Ele então, restabelece o dízimo, trazendo de volta os sacerdotes e os levitas para cuidarem da Casa de Deus. Contrariando os interesses de gente muito poderosa, Neemias decretou que as portas da cidade fossem fechadas aos sábados, pois neste dia, ninguém deveria entrar ou sair, mas apenas dedicar-se ao Senhor. Neemias também baniu do sacerdócio um homem chamado Joiada, que tomara para si uma mulher pagã, e discursou sobre os perigos inerentes a esta pratica, que colocava em risco a espiritualidade da nação e a própria identidade do povo santo de Deus. Com isso, Neemias nos ensina que um trabalho bem feito não traz garantias para a posteridade. É preciso ser perseverante e consistente, não desanimando as mãos e se empenhando vigorosamente no trabalho do Senhor. Quando derrubamos pilares de pecaminosidade, também estamos edificando para Deus.


A poderosa mão de Deus em ação

Neemias era um homem simples, mas que nada fazia sem antes consultar a Deus. Sua sinceridade diante do rei e do povo lhe deu credibilidade tanto para reconstruir os muros quanto para trazer de volta a vida espiritual do povo. Neemias confortou o povo com o anúncio de que Deus o havia enviado e prosperado seu caminho. Ele confirmou com o seu testemunho e com a ajuda ilimitada que o rei lhe concedeu (Neemias 2:8). E como prosperou? Ele foi sincero com o rei: “Minha cidade está em ruínas”, Neemias não inventou uma história para o rei lhe conceder o que necessitava. Ele orou até que Deus movesse o coração do monarca e inclinasse para ajuda-lo (Provérbios 21:1). Ao explicar com claridade todos os detalhes e os custos da construção, Deus interviu no projeto e lhe favoreceu (Provérbios 16:1-3;  22.11). Os três fatores que conduziram Neemias ao sucesso: a mão de Deus, sua sinceridade e sua disposição. Caminhar com a presença de Deus é o segredo de uma vida bem sucedida (Êxodo 33:15).

As pessoas respondem de maneira positiva aos testemunhos da obra de Deus em nossas vidas. Neemias falou da benção de Deus, da visão e da confirmação por meio das circunstâncias. O povo creu, sua fé foi desafiada pelo que havia ouvido e, a partir desse momento, o sonho passou a pertencer a todo o povo. Eles podiam ver o Espírito de Deus na vida de Neemias e estavam prontos a segui-lo (Neemias 4:6). Neemias nos ensina que bons líderes devem expor com exatidão o que necessitam que as pessoas façam; que devemos animá-las e assegurá-las que com a ajuda de Deus tudo é possível alcançar (Neemias 6:15- 16 /  Marcos 9:23 / Lucas 18:27).  Conjecture como se Neemias dissesse com todo o realismo: “Necessito de ajuda, não posso fazer isso sozinho”, e em seu otimismo também lhes dissesse: “Sei que podemos fazê-lo”.

Quando se necessitou de um líder, ele disse: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8). Ele não era construtor, mas abandonou tudo e foi construir. Não possuía habilidades necessárias para o trabalho, mas tinha um coração disposto. Deus o escolheu porque era sensível, de confiança e havia se colocado à disposição. Essas qualidades são uma questão de decisão. Talvez não tenhamos dons, talentos ou intelecto necessário, mas esses não são os requisitos que Deus está à procura. Ele busca pessoas que possam crer em si mesmas; pessoas sensíveis ás necessidades do povo; pessoas de caráter e dignas de confiança, nas quais Ele possa se apoiar. Quando Neemias se tornou governador, passou a ter uma grande quantidade de direitos. Ele havia se convertido no homem mais importante daquelas terras. A única pessoa a quem devia explicações era ao rei, o qual estava a mil e trezentos quilômetros de distância. Não obstante, ele não abusou de seu poder. Neemias tinha o valor necessário para resistir às tentações porque era temente e reverenciava ao Senhor. Neemias amava o povo e disciplinou a própria vida para mirar somente as recompensas da eternidade (Neemias 5:1-19).

Conclusão

Enquanto muitos se conformam com a situação atual, outros não querem assumir riscos; enquanto uns se limitam, outros não acreditam na esperança de algo novo. Neemias alcançou sucesso onde todos fracassaram. Ele não era somente um grande líder, mas alguém que compreendia os princípios da motivação.



Participe da EBD deste domingo, 27/12/2015, e descubra você também os segredos para uma vida de fé e atitudes

Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 97 - Editora Betel
Comentarista: Pr. José Fernandes Correia Noleto
Maturidade Espiritual 
Lição 13

Comentários Adicionais (em azul):
Pb. Miquéias Daniel Gomes




                                                                                                                                                                                                  Confira todos os estudos postados  em nossa página da EBD

Um comentário:

  1. Querido irmão Miquéias que o Senhor lhe dê muito mais da sua sabedoria e graça para continuar desempenhando esse trabalho tão importante. Sua dedicação me inspira.

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