Material Didático
Revista Jovens e
Adultos nº 98 - Editora Betel
Casamento e
Família - Lição 09
Comentarista: Pr.
Valdir Alves de Oliveira
Comentários
Adicionais
Pb. Bene Wanderley
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Cp. Lucas Passarelli Gomes
Texto Áureo
Provérbios 31:27
Olha pelo governo de sua casa e não
come o pão da preguiça.
Verdade Aplicada
Uma das áreas de nossas vidas que mais
requer disciplina e responsabilidade é, sem duvida, a financeira.
Textos de
Referência
Eclesiastes 5:19
E quanto ao homem, a quem Deus deu
riquezas e fazenda e lhe deu poder para delas comer, e tomar a sua porção, e
gozar do seu trabalho, isso é dom de Deus.
Eclesiastes 10:19
Para rir se fazem convites, e o vinho
alegra a vida, e por tudo o dinheiro responde.
Lucas 14.28-30
Pois qual de vós, querendo edificar uma
torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem
com que a acabar?
Para que não aconteça que, depois de
haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a
escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.
Quando o “pouco” é “muito”
Comentário Adicional:
Pb. Bene Wanderley
Vivemos numa época de
muitos conflitos em todas as áreas da vida. Mas nada é tão terrível, e
epicentro dos mais explosivos embates familiares, do que o descontrole
financeiro. Um mal muito sutil, porém devastador, e que vem se alastrando
vertiginosamente no âmago das famílias desta geração. E falar sobre este
assunto nunca é fácil, pois atinge diretamente todos os membros de uma família,
seja em contextos bem abrangentes ou pontos muito específicos. A grande verdade é que a falta de controle
nas finanças esta atrelada a indisciplina na vida diária das pessoas. Dois
elementos distintos, porém intrínsecos, e que juntos, vem desencadeando males
quase que irreparáveis no núcleo familiar. A falta de planejamento financeiro é
uma das maiores desgraças desse mundo pós-moderno, regido por um consumismo
voraz e incontrolável. Famílias desequilibradas financeiramente também se
desequilibram emocionalmente, pois nossas emoções são influenciadas pelo
ambiente em que vivemos. O assunto aqui
estudado é oportuno e de grande relevância para nós cristãos, pois remete a
valores como o zelo na mordomia, a fidelidade e a liberalidade, virtudes
renegadas por muitos “crentes” hodiernos, mas que precisam estar latentes em
nossa vida, pois estamos vivendo as vésperas do arrebatamento da Noiva do Cordeiro.
Infelizmente, diante deste quadro de caos emocional e financeiro que as famílias
estão vivendo (e que desvirtua nossos esforços do que é primordial), é
lamentável que o Dia do Senhor, pegue muitos cristãos de surpresa, afundados em
problemas pessoais e familiares, e não tendo tempo disponível para se dedicarem
ao Senhor Jesus, e nem se fortalecerem em sua Graça.
O desequilíbrio
financeiro nos leva a um esforço demasiado visando uma única área da vida, pois
todos os recursos disponíveis serão concentrados na resolução destes problemas
orçamentários, ou na busca por uma formula miraculosa para sair do vermelho. É
claro que nossas finanças carecem de muita atenção, porém, devemos ter o
cuidado de velar por nossa vida em todas as dimensões existentes. Uma coisa não
pode justificar a omissão com outra. A
perca de sono, a dor de cabeça, o mau humor, a perda de concentração, as brigas
por falta de recursos e a fragilidade do planejamento financeiro dentro de uma
casa, tem roubado a paz das famílias e criado situações conflituosas de finais
trágicos. Tudo isto poderia ser evitado com lápis, papel, calculadora e uma boa
planilha para controle de despesas. Gastamos
o que não ganhamos, compramos o que não necessitamos, e com isso temos sido
rebeldes aos ensinos do Senhor. Provérbio 15.16 diz: Melhor é o pouco, havendo o temor do Senhor, do que grande tesouro onde
há inquietação (perturbação).
Queremos tudo que os
nossos olhos vêem e com isso não pensamos nas conseqüências. E quando estamos
a beira do colapso financeiro, entramos em desespero, e muitas vezes, tomamos
atitudes perigosas. Um exemplo clássico é recorrer a empréstimos, cheques
especiais e cartões de créditos. E isso tem sido a ruína de muitas famílias.
Lares totalmente destruídos, pessoas desequilibradas, filhos machucados
emocionalmente, tudo em decorrência da falta de planejamento financeiro. Lucas
14:28-30 nos dá um ensinamento profundo: Pois
qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as
contas dos gastos, para vê se tem como acabar? Para que não aconteça que,
depois de haver posto os alicerces, e não podendo acabar, todos os que a virem
comecem a escarnecer dele, dizendo: este começou a edificar e não pôde acabar.
A crise ou o desequilíbrio financeiro é um ladrão que tem roubado a alegria de
muitas famílias. E o mais triste é saber que esse mal tem atingido famílias
cristãs, sinceras e comprometidas com a obra de Deus, mas displicentes em suas
próprias finanças. É realmente lastimável essa situação. Que o Senhor tenha
piedade de nós e nos conceda a oportunidade de rever nossos valores, e nos
favoreça em sua misericórdia, para que haja o entendimento fundamental de que
“com Deus, nosso pouco pode ser muito”.
As conseqüências do
desequilíbrio
O descontrole no uso do dinheiro
representa um dos fatores que mais contribuem para a ocorrência de brigas,
frustrações e desestabilização no meio da família. A falta de controle
orçamentário pode causar conseqüências desastrosas na vida do homem
principalmente na saúde física e emocional, além de trazer perturbações
diversas. O desequilíbrio nas finanças pode ser advindo de várias situações:
falta de emprego, preguiça, esbanjamento, etc. Dever na praça e não ter
condições de saldar os compromissos leva a pessoa a ter insônia, perder o sono,
colocar a cabeça no travesseiro e ficar pensando o que fazer. Também ocasiona
enxaqueca, muitas vezes de origem emocional e outros tipos crônicos de cefaleias.
Muitos já estão com os seus nomes nas listas de devedores inadimplentes do
Serasa, do SPC e outros órgãos. Tudo isto acontece, na maioria das vezes, por
falta de controle financeiro. Pesquisas revelam que setenta por cento de nossas
preocupações são com a área financeira e cinqüenta por cento dos casais têm
dificuldades graves nessa área.
Não ter condições de pagar as contas
faz com que a pessoa esqueça as coisas com mais facilidades, isto é, perda ou
enfraquecimento da memória. A atenção fica debilitada, falta concentração,
perde-se o poder de raciocínio, de ideias criativas, fica improdutivo,
atrapalha o desempenho íntimo e fica de mau humor, irritado e com os nervos à
flor da pele. Ninguém pode falar nada com o mal-humorado já vem com pedras nas
mãos. Sempre tem uma resposta na ponta da língua, murmura o tempo todo pela
falta de dinheiro e torna-se uma pessoa iracunda. Provérbios 15.18 nos mostra
que numa conversa, as contendas dependem mais das “pessoas” do que do “assunto”.
Os adjetivos “iracundo” e “furioso”, descrevem uma disposição geral de espírito
(que precisa ser tratada) e não um estado temporário (Provérbios 29:22).
Segundo o teólogo Moffatt, o gênio furioso é a causa de muitos pecados. Merece
ser especialmente ressaltado, que, de acordo com o apóstolo Paulo, uma das
exigências para quem almeja episcopado é não ser iracundo (ou irascível), visto
que o trabalho pastoral requer bastante paciência (Tito 1:7).
A falta de recursos para cumprir todas
as obrigações do lar leva os cônjuges a desentendimentos, brigas e discussões
frequentes. Os filhos não entendem nada, pois os pais passam o tempo todo
arrumando desculpas, explicando aos filhos porque não tem dinheiro para
levá-los a um lanche nem a um lazer digno, porque também faltam parte dos
materiais escolares e dos uniformes. A esposa sempre reclamando que não tem um
dia de descanso, nem alguém para ajudá-la. Tudo isso acontece, na maioria dos
casos, por descontrole financeiro. Em Mateus 6.33, o Senhor Jesus Cristo
apresenta a verdadeira escala de valores: o corpo vale mais do que seu
vestuário; a vida vale mais do que a comida que a sustenta; e acima destas
coisas terrenas está a comunhão espiritual com Deus. Quem dá a Deus a posição
central em sua vida desfrutará do seu cuidado Onipotente e Eterno
(Romanos 8:32).
Consumir de
propósito
ou consumir com propósito?
Comentário Adicional:
Cp. Lucas Passarelli Gomes
Quem não planeja o
uso do seu dinheiro e gasta conforme seus impulsos, inevitavelmente se verá a
baila com muitos problemas, os quais afetarão não apenas o indivíduo, mas
também toda a sua família, pois um orçamento mal administrado trás consigo conseqüências extremamente sérias, dentre as quais podemos ressalta: irritação, tensão, saúde afetada, insegurança
familiar, distanciamento no
relacionamento conjugal e mau testemunho diante da sociedade. É fácil se
identificar com estes sintomas, afinal, quem nunca teve problemas financeiros
ou passou aperto por falta de dinheiro? Quem não se preocupa em ganhar dinheiro
para pagar as dívidas, fazer aquela viagem tão desejada, ir para alguma praia
paradisíaca ou até mesmo comprar algo mais “frívolo” e “banal”? A grande maioria
dos problemas financeiros se deve exatamente a insistência do ser humano em nortear
a sua vida pelo "monetário" e não nos valores de Deus. O mercado produz e tenta
convencê-lo: “Você pode comprar”, “Você tem que comprar”, “Você precisa
comprar”. São estas algumas das estratégias mais eficazes que o mercado regido
pelo capitalismo e se impõe através de propagadas na televisão,
usando das mais variadas formas de marketing para nos convencer de que precisamos daquele produto específico, sendo que na grande maioria das vezes, “algum
famoso formador de opinião" é utilizado para mostrar uma realidade falsa, na qual o “ator” lhe
impõe uma felicidade artificial inerente aquele produto, que teoricamente, "todo
mundo que é bem sucedido já tem", e que você precisa comprar também. Outra
ferramenta muito utilizada, é o envio de carta até sua residência falando de sua
importância como “cliente preferencial”, e o pior, é que muitas pessoas acabam
acreditando nessa "chantagem emocional". Não se deixe ser enganado,
pois as empresas querem apenas vender para lucrarem cada vez mais, sem se importar com
o rombo financeiro no orçamento do cidadão.
Um exemplo disso é o lançamento de novos aparelhos eletrônicos em uma
freqüência exacerbante, na qual se formos acompanhar o avanço, nem chegaremos a
sair de uma dívida e já estaremos em outra. As vitrines anunciam o parcelamento
em 12, 24 e outras tantas parcelas, que nos arremetem a pensar que é possível
sair comprando... (“Aaah são apenas 12 vezes de R$ 8,50”).... E quando vamos pôr na ponta do lápis, vemos
que caímos numa verdadeira armadilha financeira, pois são as pequenas parcelas
que acabam nos complicando no fechamento do orçamento mensal.
Em Provérbios 18:9
a palavra nos orienta para que evitemos certos tipos de atividades, como por
exemplo, financiamentos e empréstimos para bens de consumo. Este aconselhamento
está mais atual hoje do que nos dias em que foi escrito, pois quando se
financia um bem adquirido em 12 prestações, paga-se em média 70% a mais do que
ele vale. Em outras palavras, quem opta por esta forma de pagamento, acaba jogando
dinheiro fora. Os financiamentos para compra de imóvel e demais bens duráveis,
deve ser analisado criteriosamente e submetido a Deus em oração. Vivemos em uma
época em que o “Ter” e tornou-se mais importante do que “Ser”, ou seja, você é
aquilo que tem. Mas este conceito anti-bíblico não passa de uma realidade
maquiada pelo consumismo, já que de fato, não existe a necessidade real de se
ter tudo aquilo que se deseja. Neste ponto, é prudente fazer uma análise de
consciência e ponderar alguns princípios da necessidade: O uso justifica a
compra? Tenho condições de pagar? Como
esse “bem” me ajuda no meu dia a dia? Como esse “bem” me ajuda a cumprir os
propósitos de Deus para a minha Vida? Se eu não comprar isso me prejudicara em
alguma coisa? Eu realmente necessito do que estão me oferecendo? Não ame e nem
valorize as coisas que lhe são oferecidas como necessárias para que você tenha
apenas prazer e conforto (por vezes frívolos, efêmeros e passageiros). Com base
nos “princípios de necessidade” citados acima, é possível refletir sobre o quão
necessário determinado produto será, ou se estamos compramos por impulso.
Geralmente, quando isto ocorre, depois da compra (e daquele momento de
felicidade passageira), o indivíduo se vê as voltas com algumas indagações inquietantes:
“porque eu comprei isso?” “Qual foi a real necessidade da compra deste
produto?” Outra armadilha constante são os créditos fáceis e cartões de
crédito, os quais se você não consegue conviver bem com ele, é melhor não
tê-los. Aquele que planeja e poupa seus ganhos, sempre está resguardado de
surpresas, pois quem desenvolve uma vida financeira controlada sem exageros
de gastos desnecessários, tem maiores chances de viver uma vida mais saudável
no âmbito pessoal, familiar e conjugal. Para o indivíduo, uma finança
equilibrada ajuda até mesmo a evitar certos
tipos de enfermidades. Uma pessoa que "deve" na “praça”, nem sempre consegue
dormir direito, e isso acaba afetando sua saúde e seus relacionamentos. Estando
em crise financeira, a pessoas tende a ficar mais irritadiça, agressiva e rude.
Isso reflete diretamente na relação conjugal, causando desconforto, disputas e
desgastes difíceis de reparar. O carinho diário acaba sendo suplantado pelas
faturas e boletos, contas de água, telefone, internet e energia elétrica (já
atrasadas), e principalmente pela dispensa sem diversidades de alimentos. O texto bíblico de Provérbios 10 nos ensina a sermos
prudentes, para que não venhamos a passar por crises.
O equilíbrio na
vida financeira de uma família (e as consequentes bênçãos celestiais), começa
exatamente pelo reconhecimento de quem Deus “É”. E a forma como empregamos
nosso dinheiro também demonstra a realidade de nosso amor por Deus. Devemos
honrar ao Senhor com aquilo que produzimos – “Dai pois a César o que é de César, e a Deus
o que é de Deus” (Marcos 12:17) - sempre com alegria e gratidão. Aquele que honra a Deus com dízimos e
ofertas, também será honrado pelo Senhor, como está escrito em Malaquias
3.10: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na
minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se
Eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma benção tal até
que não haja lugar suficiente para a recolherdes”. Podemos ver que se você quer
uma vida abençoada você precisa primeiro abençoar. O mundo usará de várias
ferramentas e diversas estratégias para te desviar de uma vida plena e saudável
financeiramente, apregoando a ostentação como estilo de vida. Muitas famílias
estão sendo destruídas por não resistirem ao “impulso” materialista, mal
percebendo o arrombo provocado em suas finanças. O padrão estipulado pelo mundo
pode até satisfazer o ego, fazendo o indivíduo se sentir mais atraente, mascarando
as reais necessidades do homem. Mas viver assim é estar cego pela mentira, ostentando aquilo que não é acessível ao seu bolso, desejando o desnecessário. Esse consumismo se revela uma patologia
social, com pessoas vivem de modo a impressionar terceiros, sem de fato, se
importar com suas carências reais.
Ostentar não é a melhor forma de aproveitar a vida. Quando
se constrói uma realidade em cima de mentiras, ver este mundo de fantasia
desmoronar e só uma questão de tempo.
Atitudes perigosas
nas finanças
Uma situação que tem trazido muita dor
de cabeça é o crédito fácil. As financeiras estão na rua oferecendo dinheiro em
36 ou 48 vezes e até mais. Os bancos colocam linhas de crédito nos terminais.
Você não precisa nem conversar com o gerente, basta inserir o cartão e digitar
a senha e estão lá os recursos disponíveis. É ótimo, porém perigoso. Para quem
não sabe administrar os recursos financeiros é “uma faca de dois gumes”. O que
temos visto com certa frequência são as pessoas gastarem mais do que ganham. As
saídas são superiores às entradas. Desta maneira, nenhum orçamento do mundo
funciona. O 13º salário é gasto muito antes do natal, as férias são vendidas e
a restituição do Imposto de Renda é negociada com o banco. Gastar por
antecipação é descontrole financeiro.
Muitos estão enterrados nos agiotas,
correndo risco até de morte, ficando escravo de quem empresta e pagando juros
extorsivos (Provérbios 22:7). Para muitos, o cheque especial já está fazendo
parte do salário. Todo mês precisa usá-lo para complementar os pagamentos, sem
se lembrar dos juros altíssimos também. Os cartões de crédito são outra dor de
cabeça, pois sempre estão com os seus valores negociados e rolados mês a mês,
pagando juros exorbitantes. O pagamento de juros é um dinheiro que
jogamos fora e vai pelo ralo, nunca mais volta. Além de tudo isto, ainda tem os
cheques pré-datados, sem nenhum critério e controle. Quando se paga muito juro,
o patrimônio móvel e imóvel vai sendo dilapidado, vendido para pagar as
dívidas. Há necessidade de se ter critério para pagar as contas no cartão para
não virar uma “bola de neve”. Às vezes, pagamos com cartão para ficar com o
dinheiro no bolso. No entanto, quando chega a fatura, não temos mais o
dinheiro. É preferível correr das promoções sedutoras e não participar das
constantes mudanças da moda. Evite a entrada no cheque especial, pois ele acaba
virando salário.
Cuidado com os pequenos gastos.
Normalmente não se dá valor às coisas baratas, como se elas não fizessem
diferença no orçamento. Porém, somando vários valores pequenos, se chega a um
valor considerável. Uma torneira pingando um dia todo consome muitos litros de
água. Lâmpadas acesas em cômodos onde não há ninguém é desperdício. O contentamento
é a correta aplicação dos bens concedidos por Deus, sejam estes muitos ou
poucos. Merece ser destacado, que, tantos os bens como o seu uso salutar são
dons de Deus, conforme somos ensinados nas Sagradas Escrituras pelo sábio rei
Salomão, o homem mais rico que já existiu na face da Terra (Eclesiastes 5:19).
Promessas de Prosperidade
Comentário Adicional:
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Muitas famílias têm sido
ludibriadas com promessas de riqueza e sucesso financeiro obtido a partir de
verdadeiras “barganhas” com Deus. O Evangelho proposto por Cristo nunca
priorizou “o material” e nem deixou promessas mirabolantes de fortunas e
riquezas terrenas. A prosperidade (do latim prosperĭtas), pode ser
definida como o êxito naquilo se pretende fazer, e entendida como uma situação
favorável, de boa sorte ou sucesso. Pois é exatamente isso que a Bíblia promete
para aqueles que se mantém fieis ao Senhor e buscam seu reino acima de tudo.
Entretanto, muitas pessoas têm confundido “prosperidade” com “riqueza
material”, e este erro, infelizmente, deteriora a fé de ouvintes incautos, que
erroneamente tem se proposto a viver do Evangelho por achar que assim, todos os
seus desejos serão realizados e que irão, em tempo integral, navegar em mar de
rosas sob céu de brigadeiro. Davi foi categórico ao afirmar que em toda a
sua vida nunca havia visto um justo desamparado ou os seus filhos mendigando
pão (Salmo 37:25). Mas ter pão em casa, não significa necessariamente que
haverá uma mesa farta para o café da manhã. A promessa para o cristão fiel é de
prosperidade sim, e isso significa que Deus proverá aos seus filhos os “viveres
básicos”, como roupas e alimentos. Um texto que explicita está verdade,
está registrado em Mateus 6:33 -Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de
Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Muitos
pregadores modernos usam este verso para ensinar seus ouvintes que uma vez
buscado o Reino de Deus, todas as coisas serão agregadas automaticamente em
suas vidas num miraculoso sucesso financeiro. Esta é uma interpretação
incorreta do ensinamento de Jesus. Aqui, o mestre não fala sobre “todas as
coisas”, mas sim de “estas coisas”. E que “coisas” seriam estas?
Basta uma leitura
do contexto para entender que Jesus ensinava aos seus discípulos o A-B-C do
cristianismo, e percebendo neles certa preocupação com os subsídios materiais
para pôr em prática está fé (abandonar as redes certamente abriria um
rombo no orçamento doméstico), lhes expôs uma nova realidade
espiritual: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que
haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao
vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o
mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que
nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as
alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá,
com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao
vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles
crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a
sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do
campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais
a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que
comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas
coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que
necessitais de todas estas coisas. Buscai, assim, em primeiro lugar, o
Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas (Mateus 6:25-33).
Jesus faz sim uma
promessa de prosperidade aos seus discípulos, dizendo a eles que sua
“fidelidade” na busca pelo Reino de Deus resultaria em provisão diária do
que comer, beber e vestir. O grande Jeová Jireh cuida de seus
filhos providenciando os víveres básicos do dia a dia (lembre- se da oração
modelo: “o pão nosso de CADA DIA nos daí HOJE”). Se estamos alimentados,
saciados e vestidos, Deus tem sido fiel com sua promessa, e de quebra nos dá um
novo alvorecer a cada dia repleto de novas possibilidades, renova nossas forças
e nos propicia o fôlego de vida, para que possamos lutar por regalias
adicionais. A despensa do crente pode estar vazia, mas sobre sua mesa haverá
alimento, se Ele priorizar o Senhor em sua vida. Mesmo em tempos de guerra, ele
encontrará regaços de paz e ainda que o mundo a sua volta esteja desmoronado,
ele permanecerá firme e em pé. Para que
uma família consiga ir além do “essencial” garantido por Deus, faz-se
necessário muito trabalho, empenho e uma administração inteligente e equilibrada
de sua renda. De forma bem pragmática, podemos dizer que ao sermos fieis ao
Senhor, (inclusive no que tange ao dízimo), Deus nos garante um pequeno capital
de giro (o pão de cada dia). É nossa capacidade de gerenciar esta provisão
diária que nos possibilita a conquista de “confortos” adicionais. Para o
sucesso financeiro de uma família, mais do que fé e oração, é preciso aprender
a administrar seu orçamento e equilibrar os seus gastos.
Conselhos
importantes
Vivemos numa sociedade consumista, onde
se compra produtos sem necessidade, só por comprar, e às vezes, por causa da
moda. O gastador compulsivo precisa ser reeducado nas compras. A Bíblia também
nos ensina a não sermos preguiçosos nem a ficar escolhendo serviços (Provérbios
19:15; 21:25). Aquele que está desempregado não pode se dar ao luxo de escolher
o tipo de serviço. Muitos dizem: “Não é a minha profissão”. No entanto, a
família não pode esperar. Os exageros fazem mal no controle dos recursos. Não
gaste naquilo que não é pão ou em coisas sem utilidade. Evite comprar o
supérfluo, aquilo que não vai usar tão cedo ou nunca usará. Às vezes compramos
uma determinada coisa só porque está em oferta, sabendo que o seu uso será
esporádico. Cuidado com a ostentação! Ninguém precisa mostrar que possui
determinadas coisas. Muitos estão vivendo de aparência, mostrando uma vida
regalada sem lastro financeiro, o que logo lhe levará ao precipício. Cuidado
também com a miséria! Não seja uma pessoa mão fechada, avarenta, que não paga
uma pizza para a família, que não compra uma pipoca ou um sorvete para as
crianças, que nunca leva a esposa para almoçar fora ou para um passeio. É
importante o cuidado para não agir ou gastar nos momentos de emoção. Se você
for um comprador compulsivo, não fique passeando em shopping. A pesquisa diz
que, quando vamos ao mercado com fome, compramos mais do que o necessário. Se
levarmos as crianças, aumenta ainda mais, pois as crianças querem tudo o que vêem.
Cuidado para não ser um esbanjador ou desperdiçador, principalmente com comida,
que pode ser reaproveitada. O nosso Senhor Jesus Cristo nos deu um grande
exemplo ao mandar os discípulos recolher os cestos de pães que sobraram após
alimentar a multidão (João 6:12).
É preciso que você tenha em mente aonde
você quer chegar. Estabeleça prioridades, metas. Elas podem ser quinzenais ou
anuais. Quem não estabelece prioridades adquire coisas menos importantes
primeiro. Compre um bem de cada vez, se o orçamento estiver apertado. Poupar do
que se ganha é muito importante. Estabeleça um percentual da renda de acordo
com as suas possibilidades e seja disciplinado. Quem guarda sempre tem e está
preparado para os imprevistos. Não procure viver em função das outras pessoas:
“Ela tem, eu também vou ter”. Não viva de vaidade excessiva para mostrar aos
outros o que você tem. O importante não é somente o quanto se ganha, mas como
se gasta. Ganhar muito não é sinônimo de viver folgado. Normalmente, quanto
mais se ganha mais se gasta. É estabelecer critérios para não gastar errado.
Faça economia, não jogue comida fora e não esbanje (Mateus 14:20).
Não queira dar uma de espertalhão. O
negócio só é abençoado se for bom para os dois lados. Não queira ganhar
dinheiro fácil, sugando o próximo, passando-o para trás (Provérbios 11:1). Não
fique com as coisas alheias (Habacuque 2:6). Não sonegue imposto (Mateus 22:21).
Devolva o troco recebido a mais. Não consuma nada durante as compras; é um
hábito negativo e um mau exemplo para os filhos. Se consumir algo, guarde a
embalagem e pague no caixa. Devolva o que tomou emprestado e seja justo com as
suas coisas. Tenha certeza de que o Senhor cuidará da sua vida (Salmos 37:25)
Devemos explicar aos filhos e cônjuge a destinação dos recursos. Não minta que
não tem dinheiro. Mostre para a sua família que o dinheiro é para pagar um
compromisso inadiável. Se você falar que não tem dinheiro e eles vêem num
extrato bancário saldo positivo, vão pensar que você está mentindo. Por isso é
necessário ser transparente e explicar para não deixar dúvida. Seja verdadeiro
também ao dizer qual o preço pago em uma mercadoria. Preserve o pouco com amor
que é melhor do que o muito com ódio (Provérbios 15:17). Precisamos ser bons
mordomos de tudo o que o Senhor Deus nos dá para administrarmos, inclusive nas
nossas finanças. Usá-las como forma de autoafirmação, de ostentação ou como
instrumento de opressão é deturpar os fins para os quais foram dadas.
Conclusão
Lembre-se sempre de que os que querem
ficar ricos caem em tentação e laço e em muitas concupiscências loucas e
nocivas (I Timóteo 6:8-10). Não se esqueça de que na primeira linha do seu
orçamento não pode faltar o dízimo. Portanto seja um dizimista fiel (Malaquias
3:10-11 / Provérbios 3:9-10 / II Coríntios
9:6-12).
Casamento e família são os maiores patrimônios que a sociedade tem. Salvar o nosso casamento e a nossa família é algo que não tem preço. O tema é bastante salutar e propício para os dias de hoje, pois o casamento e a família são bombardeados o tempo todo. A Igreja do Senhor Jesus não pode abrir a guarda e se conformar com a concepção deste mundo tenebroso, onde o errado está passando a ser certo. Participe neste domingo, 28 de fevereiro de 2016, da Escola Bíblica Dominical, e aprenda também a proteger sua família dos ataques incessantes de Satanás.