Páginas

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Quem eram os doze espias de Israel?



Quando Israel chegou em Cades-Barnéia, no deserto de Parã, já estava no limiar de Canaã, a poucos passos da terra prometida. Com mão forte e braço estendido, Deus os havia tirado do Egito, e com feitos portentosos, os trazidos até a fronteira da promessa. Mesmo assim, o povo duvidou, temendo o desconhecido, apreensivo com o que estava por vir. Então, Deus permitiu que Moisés enviasse espias para sondar a terra, e assim, acalmar a ansiedade dos israelitas. 

Foram escolhidos para esta missão, 12 homens entre os líderes do povo, sendo um de cada tribo: Samua (Rúben), Safate (Simeão), Calebe (Judá), Ioal (Issacar), Josué (Efraim), Palti (Benjamim), Gadiel (Zebulom), Gadi (Manassés), Amiel (Dã), Setur (Aser), Nabi (Naftali) e Geuel (Gade). 

Moisés os orientou a colher informações sobre a geografia do lugar (relevos e rios), a qualidade e a produtividade do solo, áreas agrícolas e florestas, aspectos gerais dos moradores, nível de segurança das cidades, e por fim solicitou que fossem colhidas amostras dos frutos ali produzidos. Por quarenta dias os espias sondaram a terra. Partindo de Cades–Barnéia, chegaram ao sul de Canaã por Hebrom e dali se dirigiram ao extremo norte pelo caminho próximo ao mar Mediterrâneo. Após alcançarem Reobe, o grupo regressou a Hebrom, desta vez pelo Vale do Jordão. Antes de voltarem para o acampamento, os espias se ativeram em Ecol, de onde colheram cachos de uva para apresentarem aos israelitas. 

Embora o povo tenha ficado admirado com os frutos trazidos de Canaã, o relatório dos espias não foi recebido com o mesmo entusiasmo. Segundo eles, a terra era realmente  boa, manando leite e mel conforme havia sido prometido por Deus. Porém, os habitantes locais eram muito poderosos, as cidades eram grandes e fortificadas, os amalequitas já dominavam a terra do Neguebe, as montanhas eram habitadas por tribos cananitas (heteus, jebuseus e amorreus), e pelo caminho, ainda estavam os filhos de Anaque, homens tão altos, que fariam os israelitas se sentirem como gafanhotos prontos para serem pisados. Ao ouvirem estas palavras, o povo foi subitamente tomado por grande desanimo, considerando impossível a conquista de território tão hostil, a mesma opinião de dez dos doze espias. Aquela foi uma noite de choro e murmurações.

Josué (da tribo de Efraim) e Calebe (da tribo de Judá) foram as únicas exceções. Eles estavam maravilhados com a terra e nem um pouco preocupados com os inimigos que teriam que enfrentar.  Ambos se inflamaram a esforçar o povo, encorajando-os a não terem medo dos cananitas, pois Deus estava ao lado dos hebreus, e os inimigos seriam devorados como se fossem pães (Números 14:9).

Porém, os filhos de Israel não deram ouvidos a estas palavras, e imediatamente se levantou grande rebelião contra Moisés e Arão, exigindo um retorno imediato ao Egito, nem que para isso fosse necessário escolher um novo comandante. Por serem contrários a este desejo retrógrado, Josué e Calebe foram hostilizados pelo povo, e só não foram vitimados por um apedrejamento público porque Deus bradou com poder e grande fúria na tenda da congregação.  Falando à Moisés, o Senhor revelou que não tolerava mais a incredulidade daquela gente, que os estava rejeitando como nação eleita e que o povo seria ferido de morte. Em decorrência da intercessão de Moisés, Deus não destruiu a nação de Israel em Parã, mas jurou que todos os homens que viram os sinais realizados no Egito , mas desobedeceram sua voz, não entrariam na terra prometida. A partir daquele dia, Israel peregrinou quatro décadas, um ano para cada dia de espionagem, até que toda aquela geração morresse no deserto. As únicas exceções foram Josué e Calebe.

Josué era filho de Num, eframita nascido no Egito que passou a ter maior destaque nacional quando foi escolhido para comandar os hebreus na batalha de Redifim contra os amalequitas (Êxodo 17:8-16). Seu nome era Oséias (que significa “Salvação), porém, Moisés passou a chama-lo de Josué (Deus é a Salvação). Durante os anos de caminhada pelo deserto, ele se tornou um tipo de “assessor” de Moisés, acompanhando seu mentor em todos os eventos de relevância. Foi o único autorizado a subir com Moisés ao Sinai quando este recebeu os mandamentos. Também guardava a porta da tenda enquanto Moisés falava com Deus. Com a morte de Arão, tornou-se o braço direito do grande líder e seu sucessor imediato. Quando Moisés também morreu, coube a ele a responsabilidade de atravessar o Jordão e conduzir Israel a tomada da terra prometida. Ao todo, Josué liderou a conquista de 33 territórios. 

Calebe por sua vez, era um judeu filho de Jefoné que exerceu exímia liderança na tribo de Judá durante duas gerações. Era um homem dotado de muitas virtudes do qual o próprio Deus deu impressionante testemunho. Por sua perseverança e fé, o Senhor lhe fez duas grandes promessas: ele sobreviveria ao deserto e herdaria a terra que espiou (Números 14:34). Ele lavrou este juramento em seu coração, e nem mesmo a passagem dos anos foi capaz de minar sua fé nas promessas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário