Nee To-Sheng ou
Watchman Nee, nasceu numa província do Sul da China. Em sua juventude, provou
ser um indivíduo dotado de grande inteligência e um futuro promissor. Ele foi
consistentemente o melhor aluno da Faculdade Trinity, adquirindo excelente
histórico acadêmico. Nee, naturalmente, tinha grandes sonhos e planos para uma
carreira cheia de realizações.
Em 1920, aos 17
anos de idade, conheceu o evangelho e depois de algumas lutas internas aceitou
Jesus como seu Salvador e Senhor; ao tomar essa decisão deixou a carreira universitária.
Desde então, seu ministério passou a ser conhecido como um dos mais espirituais
e significativos do século 20. Seu nome anterior era Nee Shu-tsu. Após sua
conversão mudou seu nome para Nee To-Sheng, devido a um costume local, segundo
o qual, se algum fato mudasse a vida de uma pessoa, ela mudaria de nome. No
caso de Nee, foi sua conversão ao cristianismo.
Já no início de sua
vida cristã começou a escrever. Seu ministério de aproximadamente 30 anos foi
uma bênção de Deus para a Igreja chinesa, e seus livros ainda serão por muito
tempo um manancial de espiritualidade e inspiração para cristãos em todo mundo,
em todas as épocas. Sua obra teve um profundo impacto sobre a divulgação do
evangelho e o estabelecimento de centenas de igrejas locais através
da Ásia. Por causa da sua fé em Cristo, Nee foi preso em 1952 pelo regime
comunista de Mao Tse-tung, permanecendo seus últimos 20 anos de vida na prisão.
No início ele era um
cristão metodista, depois, começou ele mesmo a restauração da Igreja nos moldes
da Igreja Primitiva, segundo estava nas escrituras. Ele era ferrenho opositor
da fragmentação do corpo de Cristo pela criação indiscriminada de denominações
e divisões da Igreja. Sua Igreja em Xangai cresceu e chegou a ter 3.000
membros. Orando, decidiu dividi-la em 15 grupos, chamados de "pequenos
rebanhos". Cada pequeno rebanho (grupo familiar) chegava a ter
200 membros. No início dos anos 40, a Igreja de Nee já possuía perto de 500
"pequenos rebanhos". Em 1941, Xangai foi invadida pelo exército
japonês e a Igreja começou a passar por necessidades financeiras. Ele e seu
irmão montaram um empresa farmacêutica para complementar os recursos para as
necessidades da Igreja . Daí pode-se perceber que o sistema de grupos
familiares,desenvolvido mais tarde na Igreja sul coreana pelo Pastor Paul
Yonggi Cho foi influências do trabalho de Nee.
Em 1949, o Partido Comunista
da China derrubou o governo nacionalista e instituiu a República Popular da
China. A princípio, os comunistas insinuaram um apoio aos líderes cristãos
locais, enquanto expulsava os missionários "imperialistas". Dois anos
mais tarde, Mao Tse-tung mostrou sua verdadeira intenção - a de controlar as
Igrejas. Durante esse tempo, os pequenos rebanhos resistiam a ordem comunista
de que todos deveriam ser filiados a Igreja Cristã Nacional, uma organização
fantoche. Milhares de membros da Igreja de Nee foram mortos ou colocados em
prisões. Havia informantes comunistas se infiltrados entre os grupos.
Os pastores eram rotulados
de lacaios dos imperialistas estrangeiros e Nee foi acusado de liderar um
grande sistema secreto que envenenava as pessoas com palavras reacionárias. Em
1952 ele foi preso. Antes disso, ajudou a criar várias Igrejas subterrâneas. Em
1956, foi julgado e sentenciado à prisão por 15 anos. Em 1967, ele deveria ser
solto, mas com a seguinte condição: de nunca mais voltar a pregar o evangelho.
Nee não concordou. Ele foi transferido para outra prisão onde morreu cinco anos
mais tarde. Ele preparou a Igreja da China para sobreviver sob a "cortina
de bambu" e ela Sobreviveu. Mao se foi, mas Jesus continua na China
salvando, batizando e derramando o Espírito Santo.
Nee tinha um espinho na
carne controlado pela graça de Deus. Desde 1924, ele era tuberculoso. Ele
dependia do Senhor, todo dia, para viver por causa da doença. Viveu com ela 48
anos. E, em sua última carta, escrita no dia de sua morte: " Apesar
da minha doença, ainda continuo cheio de alegria em meu coração"
Segue parte de
testemunho pessoal de Nee To- Sheng
"Meu nascimento foi
em resposta de uma oração. Minha mãe tinha muito medo de que sucedesse a ela o
mesmo que acontecera a sua cunhada que tivera seis filhas, o que segundo os
costumes chineses era ruim, pois meninos eram os mais desejados. Mamãe já
tivera duas meninas, e embora não entendesse completamente o compromisso de uma
oração, ela orou ao Senhor e disse: “Se o Senhor me der um filho, eu lho darei
de volta de presente". E, o Senhor ouviu sua oração, e eu nasci. foi meu
pai que mais tarde me dissera que antes do meu nascimento minha mãe tinha-me
prometido ao Senhor".
Para muitas pessoas, a
característica proeminente de ser salvo é o ato de ser liberto do pecado.
Entretanto, para mim a questão era se eu aceitaria Jesus e me tornaria seu
seguidor e um servo ao mesmo tempo. Eu Fiquei assustado porque se me tornasse
um cristão então eu seria chamado para servir a Cristo, e isto iria custar
muito caro para mim. Conseqüentemente, o conflito foi resolvido assim que eu
percebi que minha salvação deveria ter os dois aspectos. Então, decidi aceitar
Cristo como meu Salvador e servi-lo como meu Senhor. Isto foi em 1920, quando
tinha 17 anos de idade.
Na tarde de 29 de
abril de 1920, eu estava sozinho em meu quarto lutando para decidir se deveria
ou não crer em Cristo. Primeiro, eu estava relutante, mas assim que tentei
orar, vi a magnitude dos meus pecados e a realidade, a eficácia de Jesus como
Salvador. Assim que eu visualizei as mãos do Senhor estendidas sobre a cruz,
elas pareciam me envolver e vi o Senhor dizer: Eu estava aqui esperando por
você!
Observando efetivamente
o sangue de Cristo limpando meus pecados e cobrindo-me de tanto amor eu o
aceitei ali mesmo em meu quarto. Anteriormente, eu havia rido das pessoas que
aceitavam Jesus, mas naquela tarde, a experiência se tornou também real para
mim, e eu chorei, e confessei meus pecados, procurando pelo perdão do Senhor.
Assim que fiz minha primeira oração, eu conheci uma alegria e paz tais, que eu
nunca tinha experimentado antes. Uma luz parecia fluir no quarto e eu disse ao
Senhor: Jesus, o Senhor tem sido deveras misericordioso para comigo."
Depois que me tornei
um salvo em Cristo, enquanto meus colegas traziam novelas para ler em classe,
eu levava a Bíblia para estudar. Mais tarde, eu deixei a Faculdade para entrar
em um Instituto Bíblico, sediado em Xangai criado pela irmã Dora Yu. No começo,
por muitas vezes, ela muito educadamente tentou me expulsar do instituto com a
explicação de que era inconveniente para mim ficar ali mais tempo. Na realidade
era por causa de meu exigente apetite, roupas diletantes e costume de me
levantar muito tarde pelas manhãs. Ela queria me mandar embora. Meu desejo de servir
a Deus tinha levado um sério revés.
Embora eu pensasse que
minha vida tinha sido transformada, de fato permaneciam muitas e muitas coisas
que precisavam ser mudadas. Percebendo que eu ainda não estava pronto para o
serviço do Senhor, decidi voltar a escola secular. Meus colegas de classe
reconheceram que algumas coisas tinha alterado em minha vida mas que existiam
muitas outras que ainda permaneciam em meu velho temperamento . Por isso, meu
testemunho na escola não era muito poderoso, e quando pela primeira vez dei meu
testemunho para o irmão Weigh, ele não me deu atenção.
Seguindo minha nova
natureza de salvo já havia muitas mudanças e todo um planejamento de mais de
dez anos se tornou sem significado e minhas ambições de uma brilhante carreira
já estavam sendo descartadas. A partir daquele dia com uma inegável certeza do
chamado de Deus, eu sabia qual deveria ser carreira da minha vida. Eu entendi
que o Senhor tinha me escolhido para si, para minha própria salvação e para sua
glória. Ele tinha me chamado para servi-lo e para ser seu amigo-operário.
Antes eu desprezava pregadores
e pregações porque naqueles dias eles eram assalariados dos missionários
americanos ou europeus, e por este serviço ganhavam deles míseros oito ou nove
dólares de prata por mês. Eu nunca imaginaria, nem por um momento, que me
tornaria um pregador, uma profissão a qual eu considerava tão insignificante.
Depois de me tornar um
cristão, tive espontaneamente um desejo de levar outras pessoas para Cristo,
mas depois de um ano de testemunho e testemunhando para meus colegas de escola
secular, não havia nenhum resultado visível. Eu pensava que mais palavras e
mais razões seriam eficientes, mas meu testemunho parecia não ter um efeito
poderoso sobre as pessoas.
Tempos mais tarde, encontrei
uma missionária da Região Oeste, a irmã Grose, que me perguntou quantas pessoas
tinham sido salvas através de mim naquele primeiro ano. Eu abaixei minha cabeça
e vergonhosamente confessei que a despeito de minhas tentativas de pregar o
evangelho para meus colegas, nenhum deles tinha se convertido.
Então, ela me disse
francamente que deveria existir alguma coisa errada impedindo minha
comunicação com o Senhor. Talvez fosse um pecado escondido, dívidas ou algum
outro impedimento. Admiti que tais coisas existiam e ela me arguiu se estava
disposto resolvê-las, imediatamente. Concordei. A seguir me perguntou como dava
meu testemunho e eu lhe disse que escolhia as pessoas ao acaso e lhes falava a
respeito do Senhor, se elas mostrassem algum interesse. Ao que a missionária me
ensinou que eu deveria fazer uma lista e orasse por meus amigos primeiro,
enquanto aguardasse pela oportunidade de Deus para testemunhar para eles.
Imediatamente, comecei
a colocar minha vida em ordem para eliminar os problemas que impediam minha
comunhão com o Senhor. Ao mesmo tempo, fiz uma lista com o nome de setenta
amigos com o propósito de orar por eles diariamente. Alguns dias eu orava a
cada hora, até na sala de aula. Quando as oportunidades vieram eu tentava
persuadi-los a crer no Senhor Jesus. Meus colegas freqüentemente diziam
jocosamente, lá vem o Sr. pregador, vamos ouvir sua pregação... Embora de fato,
eles não tivessem a mínima intenção de ouvir. Eu contei, depois, meu
fracasso a irmã Grose e ela me persuadiu a continuar orando até que algum deles
fosse salvo. E, com a graça do Senhor continuei orando diariamente, e depois de
vários meses, todas, com exceção de uma, das setenta pessoas daquela lista
foram salvas.
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