É simplesmente
impossível colher de onde não se plantou. Se nenhuma semente for lançada ao
solo, nenhum fruto dali nascerá. Ninguém colherá laranjas em uma plantação de
vagens, ou repolhos onde se plantou apenas cenouras. A lei da semeadura é
simples e objetiva: é preciso plantar para colher, e só se colhera os
frutos cujas sementes foram plantadas. Não há exceções quanto a essa regra
e até mesmo as Escrituras salientam esta verdade: - Porque tudo o que o
homem semear, isso também ceifará (Gálatas 6:7).
O Reino de Deus é uma
terra muito fértil, onde cada semente plantada nasce em proporções abundantes.
Independentemente do que escolhermos plantar, nos será devolvida em
generosidade uma medida recalcada, sacudida e transbordante de tudo aquilo que
se plantou (Lucas 6:38).
Ao longo de nossa vida,
o dia de amanhã será sempre uma incógnita, pois pouco (ou nada) podemos prever
de nosso futuro ou destino enquanto vivente. O tempo que dedicamos na escolha
das sementes que irão compor nosso alforje para a semeadura do “hoje”, e um
raro momento onde se pode flertar com o próprio futuro. São as nossas decisões
no presente que começam a lapidar a posteridade, nos dando a chance de optar
por frutos doces ou amargos quando as eiras estiverem em flor. A colheita não
reserva surpresas, pois apenas transforma em realidade nossos desejos
externados. Não se pode escolher os frutos que serão colhidos, pois o poder da
diversidade reside apenas nas sementes. Deus concedeu ao homem, ainda no
princípio da criação, o privilégio do livre arbítrio, tornando-o um ser capaz
de trilhar os próprios caminhos e seguir os anseios pessoais de sua alma.
Mas esta liberdade esta
recoberta de uma responsabilidade cujos efeitos perdurarão não apenas neste
mundo, como ecoaram por toda a eternidade. Quando céus e terra deixarem de
existir, estaremos exatamente no lugar que escolhermos em vida, e esta jornada
começa quando a primeira semente toca o solo. Cada ação desencadeia uma reação.
Faz parte da índole
divina respeitar piamente o livro arbítrio do homem, e, portanto, ainda que
almeje intensamente se relacionar com sua mais preciosa criação, Deus espera
pacientemente que o ser humano dê o primeiro passo em sua direção. A mais
valiosa lição aprendida com a parábola do pródigo, é que toda vez que um filho
afastado toma a decisão de retornar para casa, haverá um pai de prontidão bem
ali na porta, o aguardando de coração aberto e sorriso largo. Mas uma decisão
precisa ser tomada e uma ação obrigatoriamente tem de ser posta em pratica.
Basta um passo consciente em direção a Deus para que Ele mova os céus e venha
nos abraçar.
Ter uma relação
produtiva com Deus não passa por formulas mirabolantes e ideologias complexas.
Pelo contrário, o andar com Deus exige apenas que as escolhas corretas sejam
feitas, inda que o resultado imediato destas resoluções pareça desfavorável. O
Evangelho não é um mar de rosas e nem imuniza o cristão contra tragédias,
lágrimas e dores. Ele exige muita renúncia e autonegação e insere em nossa
rotina cruzes pesadas, lobos agressivos e batalhas que nossos olhos se quer
podem ver. Aceitar esta oferta espiritual é simples, e além de indicar uma
terra boa para o plantio, ainda encherá nossas mãos com sementes de excelência
superior. Mas a semeadura será longa, cansativa e sofrida, e logo, a grande
questão a ser pesada na balança é se estamos dispostos a nos entregar de corpo
e alma a este plantio. Afinal, Deus não tem prazer em quem retrocede (Hebreus
10:38)
O Salmo 126 retrata
muito bem a realidade da semeadura e seus resultados futuros. Os judeus haviam
amargado sete décadas numa terra estrangeira, tudo porque fizeram escolhas
ruins no passado, plantando sementes de idolatria e desobediência, que
resultaram numa colheita amarga de muito choro e solidão. Mas se não temos a
opção de escolher os frutos da colheita atual, podemos optar por sementes
diferenciadas para a próxima estação, e nas terras do exílio, o povo do Senhor
pode vivenciar um avivamento espiritual forjado no fogo da dor. Ali, longes da
pátria mãe, os judeus reacenderam sua esperança na chegada do Messias e
voltaram a meditar nas escrituras como a muito tempo não faziam. Enquanto
comiam do fruto rançoso, plantavam sementes adocicadas, regadas com as próprias
lágrimas. A semeadura realizada sob a égide dos caldeus, foi colhida em
liberdade. Nos séculos seguintes, os judeus subiram os degraus do tempo
cantando a felicidade de voltar para casa, e como o Senhor restaurou a sorte de
Sião, transformando o pesadelo em um sonho muito bom e real. Os lábios que se
cerraram na Babilônia, agora cantavam hinos de louvor. O povo que outrora
serviu de escárnio das nações, agora era testemunha das grandes coisas que o
Senhor podia fazer.
Vale a pena esperar no
Senhor e confiar em sua fidelidade, pois “os que semeiam em lágrimas, segarão
com alegria”. Quem leva a preciosa semente andando e chorando, voltará sem
dúvidas com alegria, trazendo consigo os seus frutos!
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