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domingo, 17 de julho de 2016

O Verbo



João identifica Jesus como “o Verbo” (a palavra que vive) e declara que “Ele” estava com Deus no princípio e que “Ele” era Deus, e que sem “Ele” nada teria sido criado. Sobre “Ele”, o próprio Deus declarou: Este é meu filho amado, e nele tenho prazer! Jesus - Filho unigênito de Deus, aquele que “era” ontem, “é” hoje e para sempre.

Desde os primórdios da criação; adorado nos céus, louvado por milhares de anjos, revestido de glória e luz. Verbo vivo e eterno, imaculado e perfeito, reluzindo em todo esplendor. E então, porque Deus amou o mundo, o “Verbo” se fez “carne” e habitou entre nós. Deus presente entre mortais, vivendo como um de nós. Nada de especial era percebido naquele homem em um primeiro olhar.

Seu jeito era simples, seu rosto era familiar demais para ser percebido. Ele havia nascido em uma pequena cidade e se criado em uma região sem maiores relevâncias. Sua profissão não era nobre e seu nome extremamente comum... Enfim, nada havia naquele carpinteiro de Nazaré que despertasse nossa curiosidade em conhecê-lo melhor.

Ele era como uma pequena planta sob o sol, debaixo da qual não se procura sombra. Ele era como raiz escondida embaixo de uma terra seca, a qual poucos se aventuram em encontrar. Não havia no seu rosto uma beleza que saltasse aos olhos, pelo contrário, sua pele estava queimada de sol e seus cabelos ressecados pelas longas caminhadas no deserto e castigado pela salinidade do mar da Galiléia.

Quando ele passava pela rua, muitas pessoas viravam o rosto para não vê-lo, pois se sentiam superiores à ele e diziam que seu sofrimento era merecido e que de alguma forma o próprio Deus o estava oprimindo. E mesmo fazendo inúmeros julgamentos em relação a sua aparência, bastavam alguns minutos para que se esquecessem completamente, pois dele não faziam causo algum.

O que todos não sabiam é que aquele trabalhador braçal e de aparência tão insignificante, era na verdade o Cordeiro de Deus que seria levado em silêncio até o matadouro e daria sua vida por todos que o desprezaram, inclusive “eu” e “você”.

Deus imputaria sobre ele uma multidão de pecados, sem que ele cometesse nenhum deles, pois pela transgressão de todos nós que na cruz ele foi mortalmente atingido. E ali, no madeiro, um inocente em cuja boca nunca houve engano, era condenado pelos erros de toda a humanidade, e para aniquilar o poder da morte sobre seus próprios algozes, ele foi cortado da terra dos viventes, suportando a dor física da crucificação e carregando o fardo mui pesado de nossas iniquidades, ovelhas desgarradas que seguíamos nossos próprios caminhos errantes. E nós nem se quer percebemos que ele era ferido por causa das nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. O castigo que nele foi infligido, na verdade era a chave que abria a porta para nossa paz e pelas suas pisaduras estávamos sendo curados.

Sobre seus ombros seria colocado o braço horizontal de uma cruz, pesando cerca de cinqüenta quilos. A estaca vertical já estaria o esperando no calvário. Je­sus iria caminhar com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular cheio de pequenas pedras, e num percurso com aproximadamente seiscentos metros, fatigado pela dor e cansaço, ele arrastaria um pé após outro, freqüentemente caindo sobre os próprios joelhos. A esta altura, seus ombros já estão cobertos de chagas e quando cai por terra a viga lhe escapa e escorrega pelo dorso, esfolando-o ainda mais.

Quando chegasse ao Calvário, os soldados iriam retirar suas vestes, porém, sua túnica estaria colada nas chagas e a fricção produziria uma dor atroz, pois cada fio do tecido já estaria aderido à carne viva. Com a retirada da túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto e as chagas se laceram. Os carrascos dão um puxão violento e o sangue começa a escorrer.

Então, ele seria deitado de costas sobre o braço horizontal da cruz, e suas chagas se incrustariam de pedregulhos.  Os carrascos pegariam um longo prego pontiagudo e quadrado, apoiariam sobre  seu pulso e com golpes de martelo, o plantariam e rebateriam sobre a madeira. Nesta hora, seu rosto se contrairia assustadoramente.

O nervo mediano seria lesado, uma dor aguda se difundiria pelos dedos e se espalharia pelos ombros, atingindo o cérebro. A lesão dos grandes troncos nervosos quase o fariam perder a consciência, mas ele se manteria firme. O nervo estaria destruído só em parte, a lesão permanece em contato com o prego. Ao ser suspenso pela cruz, o nervo se esticaria como uma corda de violino, e a cada movimento ou solavanco, vibraria, despertando dores dilacerantes.

As pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetrariam no crânio e a cabeça inclinaria-se para frente em razão da coroa ter um diâmetro que impede de apoiar-se na madeira.  Então seus pés seriam pregados, provocando os mesmos efeitos nos membros inferiores.

A fronte estaria cheia de suor e os olhos saindo da órbita. Lentamente com um esforço sobre humano, Ele tomaria um ponto de apoio sobre o prego nos pés, esforçando-se a pequenos golpes e se elevaria, aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distenderiam, a respiração tornaria-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziariam e o rosto recuperaria a palidez inicial. Logo após o corpo começaria a se afrouxar de novo e a asfixia recomeçaria. Cada vez que quiser falar, deveria elevar-se, tendo como apoio o prego dos pés.  Ele já estaria há seis horas na cruz. A temperatura corporal diminuindo, todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos lhe arrancariam um angustiante lamento. Ele se sentiria completamente sozinho

Ele expirou pelos nossos pecados e seu sacrifício agradou ao Senhor, que o fez enfermar por nossa causa. O seu trabalho porem não foi em vão e se estenderá pela posteridade. Ele ressuscitará e vera o resultado de seu esforço, e se alegrará, pois a sua justiça irá justificar a muitos e nossa iniquidades (que ele já levou sobre si) deixaram de existir!




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