A
Quarta Forte deste dia 21 de setembro de 2016, marcou a continuidade da
campanha “Eu cuido de você, você cuida de mim e Deus cuida de
nós”. Nesta noite especial, o Ev. Lucas Gomes usou como base o texto de Lucas
15, para falar sobre o segundo ponto saliente da campanha: Você cuida de mim!
Uma
das mais conhecidas parábolas de Jesus é sobre um pai e seus dois filhos. Eles
formavam uma família feliz que vivia em plena harmonia, até que o mais novo
deles decide abandonar o lar para conhecer o mundo. Com o coração pesaroso, o
velho homem entrega ao seu caçula, a parte da herança que lhe era de direito, e
vê, com lágrimas nos olhos, seu filho afastar-se rumo a uma vida de sonhos
coloridos e enganosos. Enquanto o moço vivia inconsequentemente, gastando todos
os bens que herdou; o pai mantinha plantão constante no portão da casa, com os
olhos fixos na estrada, certo que um dia o seu filho iria voltar.
Com
o passar do tempo, o dinheiro acabou, e o pródigo se viu sozinho no mundo,
desamparado e sentindo muita fome. Quando chegou ao fundo do poço, decidiu
voltar para casa e pedir ao pai que o contratasse com um empregado, e com este
pensamento, começou a trilhar o caminho de volta. Quando ainda estava longe de
casa, o pai, que ainda aguardava no portão, o avistou e correu ao seu encontro,
abraçando e beijando carinhosamente o filho. Ele ordenou a seus criados que
dessem um banho no moço, cortassem seu cabelo e aparassem sua barba. Deu a ele
roupas limpas, sapatos novos e pôs em seu dedo o anel da família. Então, o pai
convocou uma festa para comemorar aquele esperado reencontro.... Seu filho
estava perdido, mas foi achado. Estava morto e reviveu. Mas nem todos os
integrantes da família estavam felizes com a festa...
A
figura do irmão mais velho e bastante incomodado com a festa é uma
representação dos fariseus. Eles acreditavam que eram perfeitos e preferiam
antes a destruição de um pecador do que a sua salvação. A parábola do filho
pródigo nos fala mais do amor de um pai que do pecado de um filho. Ela tem por
base o perdão de Deus, que é estendido a todo aquele que se arrepende de
coração. Mesmo assim, o irmão mais velho, que ficou indignado ao saber que seu
pai havia matado o bezerro cevado e preparado uma festa para seu irmão pródigo. Na Palestina, pedir herança ao pai vivo
era afrontá-lo. Significava o mesmo que desejar sua morte. Outra grave afronta
é que, pedindo parte da herança, o pai deveria vender uma parte da fazenda,
porque, segundo os costumes da época, os funcionários ali residiam. Fica
evidente que o pródigo recebera tudo o que lhe cabia, não tendo mais direito a
nada em termos de herança. É por esse motivo que, ao “cair em si”, ele pensa em
voltar como um dos jornaleiros de seu pai. O escravo comum era em certo sentido
um membro da família, mas o jornaleiro podia ser despedido no dia. Não era absolutamente
alguém da família. O irmão mais velho concordava com esta tradição, mas o pai
tinha outros planos.
O
pai do filho pródigo não lhe deu oportunidade de formular seu pedido, antes
disso, ele o interrompeu, e devolveu tudo o que perdido. A túnica simboliza a
honra; o anel a autoridade, porque se um homem dava a outro o anel com seu selo
era como se o designasse seu procurador; os sapatos diferenciam o filho do
escravo, uma vez que os filhos da família andavam calçados e os escravos não.
Sendo assim, realizou-se uma festa para que todos se alegrassem com a chegada
do filho que se havia perdido. Ao
chegar do campo e ver a música e as danças, o irmão mais velho ficou indignado.
Sentiu-se injustiçado e não acreditou que o pai fosse capaz de receber a seu
pródigo irmão com uma festa. Ele não conhecia o poder do perdão.
Em
vez de se alegrar-se, ficou enciumado, desprezando não somente a festa, mas a
alegria de seu pai. Sua mágoa era por causa do bezerro cevado. Era porque nunca
teve uma festa. Porém, ele nunca saiu do aprisco, nunca viveu os pesadelos e as
desventuras de seu irmão. Nunca perdeu tudo e mendigou, nunca foi escarnecido
por seus erros, nunca se expôs ao ridículo, nem esteve do outro lado. É por
isso que ele nunca teve uma festa de reconciliação. O pai saiu de casa duas
vezes. Primeiro, ele saiu para receber um filho perdido e fazê-lo entrar em
casa. Na segunda vez, ele saiu para atender um filho problemático que não
queria entrar.
O filho pródigo entendeu o conceito da misericórdia e a abraçou. Em seu
julgamento prévio, ele havia determinado que o máximo de benevolência que
merecia ter era o posto de um trabalhador esporádico na fazenda para a qual um
dia deu as costas. Mas a misericórdia do pai anulou o resultado deste
julgamento, não concedendo a ele o posto merecido, mas sim restituindo-lhe a
condição de filho, mesmo que aparentemente não houvesse justiça praticada ali.
A beleza da misericórdia é exatamente a leitura que ela faz da própria
justiça, já que é o credor quem acaba pagando a própria conta, e logo, a dívida
deixa de existir. O pródigo não questionou a atitude do pai, ele apenas a
aceitou de bom grado, consciente que o mérito não estava nele (detentor de uma
vida pregressa e pueril), mas sim no amor incondicional de seu pai. Quem se
deixa ser abraçado pela misericórdia, passa a desfrutar da graça. Ao não nos
dar o que era merecido, Deus substitui o “presente funesto” por outros muito
mais agradáveis e que sequer poderíamos ousar sonhar. O filho que voltou para
casa recebeu sua posição de volta, foi ornado com jóias e celebrado com festas.
Ele desfrutou de cada momento com grande alegria, pois compreendeu que a
“graça” impõem uma condição: ser aceita sem questionamentos.
Enquanto
o irmão mais novo sai de uma vida de vergonha para um banquete, o mais velho
fica travado na porta, expondo sua indignação diante dos funcionários de seu
pai. Seu pai usa de muita sensibilidade no falar e, com muito amor, lhe convida
a fazer parte da festa e a se alegrar junto a ele. É como se o pai dissesse:
- “Filho, você
deveria estar feliz juntamente comigo; todos os de fora estão alegres...Você é
irmão dele! Deveria abraça-lo, chorar com ele. Dizer que sentiu muito sua
falta, dizer que sentiu muito sua falta, dizer que o perdoa e está feliz pelo
seu retorno. Filho, você tem vida, mas seu irmão estava morto. Será que você
não possui sensibilidade? Filho, ele já sofreu bastante, esteve longe de nós,
quase comeu bolotas de porcos! Viveu momentos de opressão, sentiu o sabor de
derrota. Mas teve coragem de passar por cima do fracasso, do orgulho e voltou
para se reconciliar... Me ajude a cuidar dele, para que nunca mais ele saia do
meio de nossa família!
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