Páginas

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A Arte e a Adoração



A Arte pode ser definida como sendo uma habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional. Por esta definição pragmática, já é possível um entendimento que a arte pode (e deve) ser usada como uma ferramenta de adoração, já que nosso culto ao Senhor, também deve ser consciente, controlado e racional.

Em Romanos 12:1, o apóstolo Paulo nos ensina que devemos apresentar o nosso corpo à Deus, como um “sacrifício vivo”, santo e agradável, e que este seria nosso culto racional. No grego, o termo equivalente a culto é “latreya”, que significa “serviço”. Já a palavra “racional” vem de “logikos”, que nos remete a ideia de algo prático, lógico, raciocinado. Considerando que o ato de sacrificar constitui-se no fato de imolar uma vítima como oferta a uma divindade afim de expiar uma culpa ou oferecer oblação, o que Paulo nos ensina é que, diante do Senhor, devemos sacrificar nossos desejos e intenções, matar nossas próprias ambições, e usar nossas habilidades e disposições com o único propósito de agradá-lo. E este processo serviente, apesar de santificado, precisa ser realizado de forma consciente, controlada e racional.

Um “artista” é alguém envolvido na produção da arte, empregando sua criatividade e habilidades para a transmissão de uma mensagem. Assim, todo artista pode usar sua arte para o bem ou para o mal, seja buscando transmitir valores corrompidos, ou honrando ao Senhor com seu serviço. Tudo passa pela consciência. 

No século XVIII, os europeus desenvolveram o conceito das belas-artes, classificando inicialmente seis delas: MÚSICA, DANÇA, PINTURA, ESCULTURA, ARQUITETURA e POESIA. Já no fim século XIX, os irmãos Lumière, desenvolveram a tecnologia cinematográfica (CINEMA), que através do “Manifesto das Sete Artes” (escrito pelo italiano Ricciotto Canudo), passou a ser conhecido como a sétima arte. De forma extraoficial, outras manifestações artísticas passaram a integrar esta lista a partir do último século: FOTOGRAFIA, QUADRINHOS e GAMES. Todas estas manifestações artísticas são prodigiosas formas de se transmitir uma mensagem, estabelecer conceitos e transformar a sociedade na qual são disseminadas. Assim, todo artista é um formador de opiniões, um influenciador de gerações e um artesão de mentes.

Exatamente por isso, as artes são uma poderosa ferramenta de evangelização e discipulado, o que nos remete automaticamente a adoração do serviço racional. E estas ferramentas já são usados por homens e mulheres de Deus a muito tempo, e inclusive, ultrapassam os limites da existência humana.

Após a travessia do Mar Vermelho, Miriam liderou as mulheres hebreias numa celebração de ritmos e danças (Êxodo 15:20). Ao ver a Arca da Aliança voltando para Jerusalém, Davi louvava a Deus “bailando e saltando” (II Samuel 6:16). Em Apocalipse 4, ao narrar sua visão na Ilha de Patmus, João testemunha que ao redor do Trono do Altíssimo, acontecia um espetáculo de adoração saltava aos olhos: relâmpagos, trovões, vozes, lâmpadas de fogo, os vinte e quatro anciões que em meio ao louvor executavam movimentos ritmados com suas coroas, e a representação quase teatral dos seres viventes de múltiplas faces (leão, águia, boi e homem). Isso sem contar a eximia coreografia das asas angelicais descritas pelo profeta em Isaías 6:2, que reverenciavam a santidade de Deus. Habilidades artísticas humanas e angelicais, sendo usada para adorar ao Altíssimo.

Adorar a Deus é uma entrega sincera de corpo, alma e espírito, libertando-se de convenções e legalismo, sem abrir mão da racionalidade, para da forma mais sincera possível, e usando aquilo que temos de melhor, celebrar ao Criador do Universo, cantando, gritando, dançando, falando em línguas ou até mesmo em contido e profundo silêncio. Independentemente de sua arte, o “ADORARTISTA”, ou seja, o “artista adorador”, precisa derramar seu coração no altar, demostrando amor ao Senhor de forma honesta, pura e perfeita, sendo verdadeiro consigo e com Deus.

Não existe qualquer demérito em ser extravagante, ousado e criativo, desde que estas habilidades sejam depositadas aos pés de Jesus (Lucas 7:37-38). Na adoração, não existem regras absolutas pré-definidas por padrões humanos, mas sempre haverá uma condição a ser seguida, estabelecida pelo próprio Cristo: Espírito e Verdade (João 4:23)

Pb. Miquéias Daniel Gomes

Nenhum comentário:

Postar um comentário