Marie Dentière nasceu na
pequena nobreza de Flandres em 1490. Enquanto vivia em Tournai, onde se tornou
abadessa do Convento Agostiniano da Abadia de Saint-Nicolas-des-près, ela se
converteu à Reforma Luterana e abandonou o convento. Ela mudou-se para Estrasburgo
e casou-se com o ex-padre, o famoso estudioso da língua grega, Simon Robert,
com quem teve duas filhas.
Em 1528 o casal mudou-se
para Bex e em seguida para Aigle onde Simon Robert foi pastor até o ano de sua
morte em 1532. Marie Dentière casou-se então com Antoniere Froment, 14 anos
mais novo do que ela. Natural de Dauphiné, ela acompanhava seu compatriota,
Guilherme Farel, um dos líderes da Reforma, particularmente em Neuchâtel, em
campanhas evangelizadoras enquanto também assumia o púlpito de Yvonand. O casal
mudou-se para Genebra no ano de 1535. Marie Dentière teve outra filha do seu
segundo casamento: Judite.
Em 1536, Marie Dentière
publicou Guerre et Deslivrance de la ville de Genesve (em português:
“Guerra e Libertação de Genebra”). O livro revela a sua sólida instrução
teológica e intelectual e seu bom domínio da Bíblia e da Lei Canônica.
Quando Calvino retornou
a Genebra, o relacionamento entre o reformador e o casal deteriorou. Mas os
motivos para briga em alguns aspectos contou com a ajuda de Farel que, no dia 4
de Fevereiro de 1538, escreveu para Calvino: “Froment não tem a habilidade necessária nem conhece suficientemente a
igreja. Você sabe que ele age de acordo com a esposa dele mesmo quando ela não
está manipulando ele”. No dia 6 de Fevereiro de 1540, Farel escreveu outra
vez para Calvino, que ainda estava exilado em Estrasburgo: “Nosso Froment foi o primeiro que, seguindo a sua esposa, se
transformou em um joio no meio do trigo”.
Nesta mesma época, Marie
Dentière, que também era amiga e confidente da rainha Margarida de Navarre,
escreveu Épître très utile (em português: “A Epístola Muito Útil”).
Um escândalo para o seu tempo ao defender igual tratamento de homens e mulheres
na habilidade para ler e interpretar as escrituras, o livro foi apreendido e
Jehan Girard, que o imprimiu, preso.
Em 1540 Froment era
pastor em Massongy nos Chablais quando o casal abriu um colégio interno para
meninas na casa deles para das às três filhas de Marie e a outras meninas uma
educação completa que incluía aulas de grego e hebraico!
Em 1561, ano em que
Marie Dentièra faleceu, ela estava escrevendo o prefácio para um sermão de
Calvino sobre como as mulheres deveriam se vestir que era mais que um panfleto
teológico onde ela assinou ‘MD’.
Com compaixão e
inteligência, Marie Dentière foi ao coração das questões religiosas de seu
tempo. Por isso quando ela visitou o convento de Jussy no dia 25 de Agosto de
1536 para tentar, como outros o tinham tentado, convertê-lo à Reforma, Marie
Dentière fez uma das mais belas declarações de fé: “Passei muito tempo na
escuridão da hipocrisia”, disse ela. “Mas somente Deus foi capaz de fazer-me
enxergar minha condição e conduzir-me à luz verdadeira”. Foi por aquela luz
verdadeira que ela entendia a história de sua vida e no que se transformou a
sua cidade, Genebra.
Durante séculos,
historicamente falando, Marie Dentière não gozou da melhor reputação, isso para
dizer o mínimo. Felizmente, recente pesquisa, tem mudado radicalmente a imagem
que se formou sobre ela. A reputação de Marie Dentière evoluiu de uma simples
mulher briguenta inofensiva com um temperamento explosivo e inflexível para a
de uma pessoa que, embora certamente não fosse típica dos primeiros dias da
Reforma, também era uma das principais intelectuais deste movimento religioso:
uma historiadora, educadora e astuta teóloga.
Em 2002, seu nome foi gravado no Monumento Internacional da Reforma, em Genebra, tornando-se a primeira mulher a receber tal reconhecimento. O nome de Marie Dentière
aparece agora não apenas no muro em si, mas em um bloco de pedra ao lado dele.
Honraria, mais do que merecida!
Em 2002, seu nome foi gravado no Monumento Internacional da Reforma, em Genebra, tornando-se a primeira mulher a receber tal reconhecimento.
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