Quais são as
nascentes dos nossos rios de lágrimas? O
que o choro fala sobre nós? Por que choramos? Estas são boas perguntas, e
acredito que a resposta seja uma só. O choro exterioriza nossos mais
verdadeiros sentimentos.
Choramos
quando estamos tristes. Choramos quanto estamos alegres. Choramos quando
estamos sensíveis. Choramos quando estamos insensíveis. Choramos ao assistir um
filme emocionante. Choramos ao ouvir uma música nostálgica. O choro faz parte
da vida. Mas não pode se tornar nossa vida.
A Bíblia nos
diz no Salmo 30:5, que o choro pode até durar uma noite, mas que a alegria vem
pela manhã. Esta noite de choro nos diz respeito aos períodos de aflições,
lutas e desânimos, tão constates em nossa vida. Nossa existência é um
emaranhado de sentimentos que se misturam, e por vezes, explodem numa cascata
de lágrimas. Porém, a promessa de Deus é que, por maior que seja nossa luta,
Ele está sempre presente, o que nos garante que pela manhã, o sol da felicidade
vai raiar no céu. E Deus é fiel o suficiente, para retirar de nós, o direito de
duvidar de suas promessas.
A presença
de Deus não nos imuniza ao choro. Chorar é importante. Jesus chorou. Mulheres
choram, e homens, ao contrário do diz o ditado, choram também. Ninguém deve se
envergonhar de suas lágrimas, pois elas contam sua história e revelam seus
sentimentos. Jesus sentiu na pele as angustias da humanidade, e por isso, também chorou. Chorar é humano.
O choro nos deixa
mais sensíveis, e esta sensibilidade nos permite maior proximidade com Deus. O
Senhor habita em corações quebrantados e escuta o clamor inserido em cada
lágrima derramada. Chorar abaixa nossas defesas, e com isso, nos descortina
diante de Deus. No choro, somos quem somos, e então, o Senhor pode ser quem é.
Lembro-me
perfeitamente do dia 28 de agosto de 2006. Eu estava sozinho, deitado em uma
cama de hospital, e naquela noite, um oceano de lágrimas rolaram dos meus olhos.
O que eu estava sentindo? Dor, tristeza, angústia. Sabe aquela sensação ruim
provocada por uma despedida? Eu me sentia assim. Na manhã seguinte, eu iria
passar por uma cirurgia, onde todo o meu braço esquerdo seria amputado. Durante
aquela longa noite, eu segurei o meu braço, o acarinhei, pois sabia que nunca
mais poderia fazer aquilo. O choro durou toda a noite. Eu chorava porque sabia
que no dia seguinte, uma parte de mim iria embora para sempre.
Minha manhã
de alegria chegou no dia 30 de novembro de 2012. Mas não se engane, pois eu também chorei muito neste dia. Desta vez por um motivo bem diferente. Esta foi
a manhã que minha filha Ester Glória nasceu. Uma nova parte de mim tinha
acabado de nascer. Eu me senti completo novamente.
Que coisa.
Choramos quando perdemos e choramos quando ganhamos. E isso é muito bom.
Significa que estamos vivos, que nosso coração pulsa, que nossa alma sente e
que nosso espírito ainda clama por Deus. O choro é uma estrada que nos leva de
volta ao Senhor. Basta querer caminhar nela. A jornada pode não ser fácil, mas,
nos torna mais fortes.
Sentado à
mesa, escrevendo estas singelas palavras com a mão que me restou, de repente,
me pego chorando outra vez. Um filme começou a passar em minha mente. Em
cartaz, as lembranças do que vivi, e as expectativas do que ainda viverei. E em
todas elas, o roteiro se repete. Longas noites de choro, seguidas de manhãs de
imensa felicidade!
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