domingo, 5 de fevereiro de 2017

Noites de Choro. Manhãs de Alegria.



Quais são as nascentes dos nossos rios de lágrimas?  O que o choro fala sobre nós? Por que choramos? Estas são boas perguntas, e acredito que a resposta seja uma só. O choro exterioriza nossos mais verdadeiros sentimentos.

Choramos quando estamos tristes. Choramos quanto estamos alegres. Choramos quando estamos sensíveis. Choramos quando estamos insensíveis. Choramos ao assistir um filme emocionante. Choramos ao ouvir uma música nostálgica. O choro faz parte da vida. Mas não pode se tornar nossa vida.

A Bíblia nos diz no Salmo 30:5, que o choro pode até durar uma noite, mas que a alegria vem pela manhã. Esta noite de choro nos diz respeito aos períodos de aflições, lutas e desânimos, tão constates em nossa vida. Nossa existência é um emaranhado de sentimentos que se misturam, e por vezes, explodem numa cascata de lágrimas. Porém, a promessa de Deus é que, por maior que seja nossa luta, Ele está sempre presente, o que nos garante que pela manhã, o sol da felicidade vai raiar no céu. E Deus é fiel o suficiente, para retirar de nós, o direito de duvidar de suas promessas.

A presença de Deus não nos imuniza ao choro. Chorar é importante. Jesus chorou. Mulheres choram, e homens, ao contrário do diz o ditado, choram também. Ninguém deve se envergonhar de suas lágrimas, pois elas contam sua história e revelam seus sentimentos. Jesus sentiu na pele as angustias da humanidade, e por isso, também chorou. Chorar é humano.

O choro nos deixa mais sensíveis, e esta sensibilidade nos permite maior proximidade com Deus. O Senhor habita em corações quebrantados e escuta o clamor inserido em cada lágrima derramada. Chorar abaixa nossas defesas, e com isso, nos descortina diante de Deus. No choro, somos quem somos, e então, o Senhor pode ser quem é.

Lembro-me perfeitamente do dia 28 de agosto de 2006. Eu estava sozinho, deitado em uma cama de hospital, e naquela noite, um oceano de lágrimas rolaram dos meus olhos. O que eu estava sentindo? Dor, tristeza, angústia. Sabe aquela sensação ruim provocada por uma despedida? Eu me sentia assim. Na manhã seguinte, eu iria passar por uma cirurgia, onde todo o meu braço esquerdo seria amputado. Durante aquela longa noite, eu segurei o meu braço, o acarinhei, pois sabia que nunca mais poderia fazer aquilo. O choro durou toda a noite. Eu chorava porque sabia que no dia seguinte, uma parte de mim iria embora para sempre.

Minha manhã de alegria chegou no dia 30 de novembro de 2012. Mas não se engane, pois eu também chorei muito neste dia. Desta vez por um motivo bem diferente. Esta foi a manhã que minha filha Ester Glória nasceu. Uma nova parte de mim tinha acabado de nascer. Eu me senti completo novamente.

Que coisa. Choramos quando perdemos e choramos quando ganhamos. E isso é muito bom. Significa que estamos vivos, que nosso coração pulsa, que nossa alma sente e que nosso espírito ainda clama por Deus. O choro é uma estrada que nos leva de volta ao Senhor. Basta querer caminhar nela. A jornada pode não ser fácil, mas, nos torna mais fortes.

Sentado à mesa, escrevendo estas singelas palavras com a mão que me restou, de repente, me pego chorando outra vez. Um filme começou a passar em minha mente. Em cartaz, as lembranças do que vivi, e as expectativas do que ainda viverei. E em todas elas, o roteiro se repete. Longas noites de choro, seguidas de manhãs de imensa felicidade!



Nenhum comentário:

Postar um comentário