segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Enfrentando o falso culto



Sob a orientação de Deus, Elias resolveu chamar os profetas de Baal para um desafio (I Reis 18:19). Era o momento de o povo de Deus decidir; ou servia ao Deus verdadeiro de modo verdadeiro ou a Baal no seu falso culto (I Reis 18:21). Para enfrentá-lo, devemos, na graça de Deus, ter muita convicção. O profeta Elias chama o povo a uma convicção: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o.” (I Reis 18:21).

Nesta pergunta, vemos a fé vivida por Elias. Antes de ver o fogo cair do céu e a grande vitória, Elias crê, e está convicto, de quem é o verdadeiro Deus, pois o povo parece não saber e demonstra dúvida. A ignorância leva a tibieza. Quando o povo fica na teologia do “acho”, não há firmeza, e uma grande maioria fica em cima do muro. Até quando coxear entre dois pensamentos? É preciso convicção e mais profundidade bíblica, mais amor pela verdade e paixão pela Palavra de Deus.

A situação social na época do profeta Elias era de muita insegurança (I Reis 18:5). Conspirações mudavam os governos com frequências inesperadas. Na área social, muita corrupção e injustiça.

No aspecto moral, uma época de acentuada vaidade, em que o culto ao corpo, evidenciado na própria maquilagem de Jezabel, tornou-se popular. Na teologia e liturgia acontecem mudanças bruscas, sob a poderosa influência dos cultos vizinhos, principalmente o assírio. O culto de Baal era um culto muito sensual, agradável à vista e às emoções, era um culto de expressão afrodisíaca. Gritos, danças sensuais e ritmos marcavam o tom do culto.

Deus levantou o profeta Elias. Ele não era um homem polido. Sua vestimenta, alimentação e temperamento já mostravam alguém rude e impetuoso. A doutrina dos adoradores de Baal e seu culto se misturavam com o culto verdadeiro e Elias rompeu com isso!

A indefinição é característica do falso culto. Vivemos num mundo de indefinições. Ser definido é ser dogmático, e ser dogmático é algo, às vezes, detestável. As filosofias, a comunicação, a experiência, a procura de paz e a boa convivência têm marcado o nosso tempo com indefinições na área moral, eliminando a censura e, na honestidade, com tibieza. Em tudo se procura “fazer média”, mantendo as aparências e identificando-se com os pontos comuns (Apocalipse 3:15).

Elias chama o povo a uma definição: “Se o Senhor é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o.” (I Reis 18:21). Por que ficar no meio termo? Tentar servir a Deus e ao mundo? Precisamos de definições. A Igreja não pode enamorar-se do mundo. É hora de definição moral, teológica e litúrgica. É hora de abandonarmos a teologia relativista. É hora de definição. Deus condenou o povo de Israel pela boca do profeta Isaías (Isaías 29:13). O que estava nos lábios era correto, mas as motivações do coração eram erradas.

“E há de ser que o deus que responder por fogo, esse será Deus.” (I Reis 18:24). Somente através da confiança e grande experiência com Deus poder-se ia propor tal desafio. Para enfrentar o falso culto, precisamos estar calçados com a verdade e com a fé acima de tudo (Efésios 2.8). O profeta Elias tinha conhecimento experimental de Deus e isso o colocava em grande vantagem perante os falsos profetas.

Hoje temos a Palavra escrita que é o filtro para esses falsos cultos (II Timóteo 3:16). A Palavra de Deus nos liberta do mal e nos revela a clareza doutrinária (Salmo 119:105). O nosso manual de fé e prática é a Palavra de Deus. Quando nós obedecemos à verdade que está contida na Palavra de Deus podemos estar certos da nossa salvação (Salmo 1:3).

As expressões hipócritas não passam de atos mecânicos. São invenções humanas que não se importam com a vontade de Deus. O formalismo, associado à corrupção doutrinária, produz um tremendo desvio do Senhor e um afastamento do verdadeiro culto que devemos a Deus.

Quando examinarmos o falso culto, aprendemos que ele é sempre seguido pela maioria. Elias reclama que ele está só e que os profetas de Baal são 450! (I Reis 18:22). Precisamos lembrar desta verdade solene: a maioria se perderá. Foi assim na época de Noé e de Sodoma. O povo de Deus foi dizimado e permaneceu o “toco”, a “santa semente”, salvou-se o “renovo”. Não é diferente hoje. Muitos são chamados e poucos os escolhidos. Na época dos profetas, a multidão ia ao templo, mas o seu coração estava longe do Senhor.

Nos tempos hodiernos, muitas igrejas crescem em número e “poder”, mas, perdem na santidade, no caráter e na fidelidade; e isto é um fato histórico. Todas as vezes que a igreja cresceu na quantidade diminuiu na qualidade. Jesus disse que o caminho largo é seguido por vasta maioria.

Estamos adequando nossa fé, nossa religião aos reclamos do mundo. Cristãos mundanizados enchem a Igreja hoje e avançamos mais para a imitação do mundo. A nossa diferença com os ímpios desaparece. Pensamos como eles, falamos como eles e nos divertimos como eles. Vivemos de igual modo. Parece que nos enchemos de toda vaidade, quando nos acham parecidos com o mundo (Hebreus 12:14). Isso não é normal!

O culto falso é um culto em que falsos fogos são admitidos. Elias estabeleceu que o fogo deveria vir do céu (I Reis 18:23). Deus não aceita fogo estranho em seu culto. Os dois filhos de Arão morreram por causa disto: trouxeram fogo estranho ao culto do Senhor.

Há muita coisa estranha hoje no culto a Deus. Muitos por falta de conhecimento das escrituras têm admitido no culto o fogo do “entusiasmo”, fabricados por “animadores” e acrescentam novidades ao culto, tornando-o um “show”. Será que Deus está se agradando de tudo isso? Onde estão aqueles cultos simples, sem muitos aparatos, mas que superavam em tudo os mais sofisticados cultos de hoje? Não necessariamente a falta de logística, mas onde está aquela unção que, até os ensaios, Jesus batizava com Espírito Santo e vidas eram transformadas?

Os profetas de Baal desenharam uma extraordinária coreografia. Eles dançavam. As religiões primitivas procuraram servir aos seus deuses com danças (I Reis 18:26). O culto é chamado por Paulo de culto racional (Romanos 12:1-2). No Novo Testamento, o culto é pela fé, pois o justo vive pela fé. Os profetas de Baal gritavam, manquejavam e se cortavam (I Reis 18:26-28). Era um culto longo. (I Reis 18:29). Muitos movimentos, muitas palavras, muitas repetições. Nosso Deus é de ordem, paz e harmonia.

O falso culto é sempre voltado para impressionar. Quanto mais pompa, menos poder. A busca desenfreada de emoções pode ser uma compensação psicológica de vazio espiritual. Não foi assim na época de Malaquias? Enganoso é o coração!

Quanto cuidado devemos ter! Resumindo, enfrentar o culto falso é um dever que exigirá de nós a profunda convicção, fé que se põe contra todas as heresias; exigirá uma definição, uma atitude de maturidade que não se encontra com a maioria; exige um apego à verdadeira espiritualidade contra os pseudos “fogos” das armadilhas psicológicas, que não se deixa impressionar pela manifestação que visa enganar os incautos. Que Deus nos encha de sabedoria para termos vitória nesta luta (Atos 8:9-11).

Fonte EBD

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