Sob
a orientação de Deus, Elias resolveu chamar os profetas de Baal para um desafio
(I Reis 18:19). Era o momento de o povo de Deus decidir; ou servia ao Deus
verdadeiro de modo verdadeiro ou a Baal no seu falso culto (I Reis 18:21). Para
enfrentá-lo, devemos, na graça de Deus, ter muita convicção. O profeta Elias
chama o povo a uma convicção: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se
o Senhor é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o.” (I Reis 18:21).
Nesta
pergunta, vemos a fé vivida por Elias. Antes de ver o fogo cair do céu e a
grande vitória, Elias crê, e está convicto, de quem é o verdadeiro Deus, pois o
povo parece não saber e demonstra dúvida. A ignorância leva a tibieza. Quando o
povo fica na teologia do “acho”, não há firmeza, e uma grande maioria fica em
cima do muro. Até quando coxear entre dois pensamentos? É preciso convicção e
mais profundidade bíblica, mais amor pela verdade e paixão pela Palavra de
Deus.
A
situação social na época do profeta Elias era de muita insegurança (I Reis
18:5). Conspirações mudavam os governos com frequências inesperadas. Na área
social, muita corrupção e injustiça.
No
aspecto moral, uma época de acentuada vaidade, em que o culto ao corpo,
evidenciado na própria maquilagem de Jezabel, tornou-se popular. Na teologia e
liturgia acontecem mudanças bruscas, sob a poderosa influência dos cultos
vizinhos, principalmente o assírio. O culto de Baal era um culto muito sensual,
agradável à vista e às emoções, era um culto de expressão afrodisíaca. Gritos,
danças sensuais e ritmos marcavam o tom do culto.
Deus
levantou o profeta Elias. Ele não era um homem polido. Sua vestimenta,
alimentação e temperamento já mostravam alguém rude e impetuoso. A doutrina dos
adoradores de Baal e seu culto se misturavam com o culto verdadeiro e Elias
rompeu com isso!
A
indefinição é característica do falso culto. Vivemos num mundo de indefinições.
Ser definido é ser dogmático, e ser dogmático é algo, às vezes, detestável. As
filosofias, a comunicação, a experiência, a procura de paz e a boa convivência
têm marcado o nosso tempo com indefinições na área moral, eliminando a censura
e, na honestidade, com tibieza. Em tudo se procura “fazer média”, mantendo as
aparências e identificando-se com os pontos comuns (Apocalipse 3:15).
Elias
chama o povo a uma definição: “Se o Senhor é Deus, segui-o; e, se Baal,
segui-o.” (I Reis 18:21). Por que ficar no meio termo? Tentar servir a Deus e
ao mundo? Precisamos de definições. A Igreja não pode enamorar-se do mundo. É
hora de definição moral, teológica e litúrgica. É hora de abandonarmos a
teologia relativista. É hora de definição. Deus condenou o povo de Israel pela
boca do profeta Isaías (Isaías 29:13). O que estava nos lábios era correto, mas
as motivações do coração eram erradas.
“E
há de ser que o deus que responder por fogo, esse será Deus.” (I Reis 18:24).
Somente através da confiança e grande experiência com Deus poder-se ia propor
tal desafio. Para enfrentar o falso culto, precisamos estar calçados com a
verdade e com a fé acima de tudo (Efésios 2.8). O profeta Elias tinha
conhecimento experimental de Deus e isso o colocava em grande vantagem perante
os falsos profetas.
Hoje
temos a Palavra escrita que é o filtro para esses falsos cultos (II Timóteo
3:16). A Palavra de Deus nos liberta do mal e nos revela a clareza doutrinária
(Salmo 119:105). O nosso manual de fé e prática é a Palavra de Deus. Quando nós
obedecemos à verdade que está contida na Palavra de Deus podemos estar certos
da nossa salvação (Salmo 1:3).
As
expressões hipócritas não passam de atos mecânicos. São invenções humanas que
não se importam com a vontade de Deus. O formalismo, associado à corrupção
doutrinária, produz um tremendo desvio do Senhor e um afastamento do verdadeiro
culto que devemos a Deus.
Quando
examinarmos o falso culto, aprendemos que ele é sempre seguido pela maioria.
Elias reclama que ele está só e que os profetas de Baal são 450! (I Reis
18:22). Precisamos lembrar desta verdade solene: a maioria se perderá. Foi
assim na época de Noé e de Sodoma. O povo de Deus foi dizimado e permaneceu o
“toco”, a “santa semente”, salvou-se o “renovo”. Não é diferente hoje. Muitos
são chamados e poucos os escolhidos. Na época dos profetas, a multidão ia ao
templo, mas o seu coração estava longe do Senhor.
Nos
tempos hodiernos, muitas igrejas crescem em número e “poder”, mas, perdem na
santidade, no caráter e na fidelidade; e isto é um fato histórico. Todas as
vezes que a igreja cresceu na quantidade diminuiu na qualidade. Jesus disse que
o caminho largo é seguido por vasta maioria.
Estamos
adequando nossa fé, nossa religião aos reclamos do mundo. Cristãos mundanizados
enchem a Igreja hoje e avançamos mais para a imitação do mundo. A nossa
diferença com os ímpios desaparece. Pensamos como eles, falamos como eles e nos
divertimos como eles. Vivemos de igual modo. Parece que nos enchemos de toda vaidade,
quando nos acham parecidos com o mundo (Hebreus 12:14). Isso não é normal!
O
culto falso é um culto em que falsos fogos são admitidos. Elias estabeleceu que
o fogo deveria vir do céu (I Reis 18:23). Deus não aceita fogo estranho em seu
culto. Os dois filhos de Arão morreram por causa disto: trouxeram fogo estranho
ao culto do Senhor.
Há
muita coisa estranha hoje no culto a Deus. Muitos por falta de conhecimento das
escrituras têm admitido no culto o fogo do “entusiasmo”, fabricados por
“animadores” e acrescentam novidades ao culto, tornando-o um “show”. Será que
Deus está se agradando de tudo isso? Onde estão aqueles cultos simples, sem
muitos aparatos, mas que superavam em tudo os mais sofisticados cultos de hoje?
Não necessariamente a falta de logística, mas onde está aquela unção que, até
os ensaios, Jesus batizava com Espírito Santo e vidas eram transformadas?
Os
profetas de Baal desenharam uma extraordinária coreografia. Eles dançavam. As
religiões primitivas procuraram servir aos seus deuses com danças (I Reis
18:26). O culto é chamado por Paulo de culto racional (Romanos 12:1-2). No Novo
Testamento, o culto é pela fé, pois o justo vive pela fé. Os profetas de Baal
gritavam, manquejavam e se cortavam (I Reis 18:26-28). Era um culto longo. (I
Reis 18:29). Muitos movimentos, muitas palavras, muitas repetições. Nosso Deus
é de ordem, paz e harmonia.
O
falso culto é sempre voltado para impressionar. Quanto mais pompa, menos poder.
A busca desenfreada de emoções pode ser uma compensação psicológica de vazio
espiritual. Não foi assim na época de Malaquias? Enganoso é o coração!
Quanto
cuidado devemos ter! Resumindo, enfrentar o culto falso é um dever que exigirá
de nós a profunda convicção, fé que se põe contra todas as heresias; exigirá
uma definição, uma atitude de maturidade que não se encontra com a maioria;
exige um apego à verdadeira espiritualidade contra os pseudos “fogos” das
armadilhas psicológicas, que não se deixa impressionar pela manifestação que
visa enganar os incautos. Que Deus nos encha de sabedoria para termos vitória
nesta luta (Atos 8:9-11).
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