A
atualidade é marcada por ser a era da indiferença. Em tempos assim, orar é
revolucionário, pois, se a oração revela nossas preocupações com os outros,
quando oramos por nossos irmãos, quebramos as garras da indiferença e afirmamos
pertencer ao Corpo de Cristo. Existem três qualidades essenciais para a
experiência da oração.
Primeiro,
amor uns pelos outros. A natureza do amor de Cristo é sua segurança de ser
amado pelo Pai, que o torna livre para amar os homens sem medo e sem reservas.
Segundo,
o desprendimento das coisas terrenas. Quando oramos “seja feita a Tua vontade,
assim na terra como no céu”, desejamos desde já experimentar as realidades
eternas aqui. Nossos afetos são transformados. Desejamos mais as coisas que
refletem a imagem de Cristo em nós.
Terceiro,
o exercício da verdadeira humildade. A humildade nasce das duas compreensões
básicas.
A
primeira diz respeito a Deus e a segunda a nós mesmos. É fundamental
compreender diante de quem estamos e a quem dirigimos nossas orações, e quem
somos nós diante de Deus. A humildade nos faz reconhecer que não temos nada de
nós mesmos e que tudo o que temos são dádivas de Deus (Romanos 8:32).
Se
a indiferença se transforma em regra, o conceito de comunidade agoniza. A
oração destrói o edifício da indiferença porque nos coloca no lugar:
dependentes de Deus e dos outros. Quando nossos afetos se mostram desordenados,
a oração também se nos mostra confusa. A carência nos afetos torna-nos
egocêntricos na oração. Não há receitas para a oração.
Uma
das armas responsáveis pelo declínio da oração nos nossos dias é a tentação da
receita. Muitos livros são lançados sobre “como orar”, “sete passos para a
oração que Deus responde”, “faça a oração que move a mão de Deus”, e muitos
outros nessa infeliz linha. Influenciados pelas lógicas do comércio, esquecemos
que orar é conversar com Deus, não comprar um produto qualquer.
O
homem pós-moderno julga-se seu próprio deus. Quando tudo é feito para o meu
próprio prazer, então sou o deus de minha própria vontade. Contudo, ao orar, estou
enfatizando a verdade de que não sou um deus – tenho necessidades, carências.
Dirijo-me a um ser maior do que eu. Esse confronto que a oração propõe ao meu
ego quebra a arrogância e me torna – ou devolve – a condição original. Como o
homem, no século da indiferença, não consegue existir por conta própria, a
oração despedaça seu mundo autoconfiante. Esse confronto é um passo para a
consciência do quebrantamento.
Quando
a adoração tem esses elementos: quebrantamento, contrição e carência honesta,
transforma-se numa melodia da graça de Deus nesses tempos de distâncias dos
corações.
Atualmente,
a correria tem afastado muita gente do lugar da oração. Influenciados pela
sociedade da pressa, muitos perderam a maravilha de passar tempo em oração. O
relógio da pós-modernidade não suporta esperar. As pessoas acham que se
perderem algum tempo, diminuirão seus ganho, perderão oportunidades. O sucesso
vem antes da espiritualidade.
A
oração de Moisés precisa ser feita pela massa pós-moderna: “Ensina-nos a contar
os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” (Salmo 90:12).
Se perdermos essa certeza em relação à vida de oração, estaremos condenados a
uma vida insana de correrias e cansaço. Quando aprendermos a dádiva da oração
como ingrediente indispensável para a existência feliz e segura, poderemos
descansar.
Quando
oramos, evoluímos da simples expressão de nossa vontade para a abertura mais
profunda de nossa dimensão íntima, secreta, discreta e particular. Ser adorador
sem oração é como ser pescador e odiar o mar.
Fonte:
EBD
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