Uma das mais
belas histórias bíblicas nos mostra com perfeição a pureza e a genuinidade da
adoração verdadeira, mesmo que a canção não tenha sido expressa através de
notas musicais. Jó não se tornou conhecido por ser um músico talentoso ou fazer
belíssimas composições, mas fez de sua própria vida um hino de louvor.
Pouco
sabemos sobre a vida do patriarca Jó. Ele morava em Uz, era casado, pai de dez
filhos que gostavam de festas, tinha por estima seus amigos e seu rebanho era
superior a 10.000 animais. Porém, a mais importante informação sobre Jó está
inserida logo no primeiro verso de sua história: Ele era íntegro, justo,
temia a Deus e se desviava do mal (Jó 1:1). O patriarca não frequentava
uma igreja, e até onde sabemos, não tinha um mentor espiritual.
Mesmo assim,
ele decidiu ser fiel ao seu Deus e vivia sua vida cerceada de cuidados para que
ela não fosse minada pelo pecado. E isso atraiu sobre Jó o olhar invejoso do
próprio Satanás. O escritor americano Philip Yancey descreve o livro de Jó como
uma grande peça de teatro, onde nós, espectadores conhecemos o enredo e as
motivações de cada personagem, e exatamente por isso compreendemos cada reação
as diversas ações desencadeadas. Mas Jó, personagem central desta peça, está
completamente no escuro, sem saber o que acontece nos bastidores e portanto,
não conseguindo compreender os muitos porquês” das páginas seguintes.
O ponto
chave desta história é a fidelidade de Jó. Satanás, astuto e ardiloso,
argumenta com Deus que é muito fácil ser fiel quando se vive em conforto e
abastança, e insinua que a fidelidade de Jó se deve única e exclusivamente ao
fato que Deus o cobria de bênçãos. Ali é estabelecido um embate épico, um duelo
de escala cósmica, cujo epicentro é a vida de um simples mortal. O inimigo
sugere que Deus tire de Jó tudo o que ele tem, e que depois seja reavaliado o
nível de sua fidelidade. Deus aceita o desafio e Satanás é autorizado a retirar
de Jó seus bens mais preciosos.
Em poucas
horas, seus bois, jumentos e camelos são roubados por saqueadores, seus funcionários
mais leais são cruelmente assassinados por uma horda bárbara e suas ovelhas são
dizimadas por uma saraivada. No mesmo dia, enquanto seus filhos almoçavam
juntos na casa do mais velho, um furacão derrubou o edifício matando todos
eles. Jó agora era um homem pobre, imerso em dor e sofrimento, com um pesar
indescritível lacerando seu coração. Porém, mesmo na mais cruel adversidade,
ele esbofeteia Satanás e se mantem fiel ao seu Senhor, não imputando a Deus
falha alguma: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O
Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor (Jó 1:21).
Satanás não
se deu por vencido e alegou que a fidelidade havia se mantido pois o mais
precioso dos bens ainda estava intocável, e insinua que se a saúde de Jó for
afetada, sua fé também será. Mais uma vez, Deus coloca sua própria honra nas
mãos de Jó, e permite que o inimigo atinja o patriarca com força total,
ferindo-o com úlceras purulentas da cabeça aos pés.
Apodrecendo
em vida, e sofrendo com a intolerância das pessoas mais próximas, Jó se depara
com o inevitável questionamento: Pra que se manter fiel a um Deus que só
lhe causa dor e sofrimento, sem que ao mesmo uma única ofensa justifique
tamanho infortúnio? Porém, com a cabeça raspada e coberta de cinzas para
externando toda sua dor, a atitude surpreendente tomada por Jó é se lançar
sobre o pó e “ADORAR” ao Senhor. E o golpe final, que derruba por terra as
perniciosas ambições de Satanás está registrado nas palavras de Jó 13:15.
- Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos
defenderei diante dele. Pode haver louvor mais puro e verdadeiro do que confiar
nas mãos de Deus a vida e a morte, confiando piamente em seu julgamento?
Pb.
Miquéias Daniel Gomes
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