A Bíblia não
é de fato, um livro de fácil compreensão. Suas inúmeras formas de linguagem
decorrente da grande variedade de autores oriundos de culturas e épocas
distintas, pode dar um nó na cabeça de leitores inexperientes.
Registros
históricos, relatos biográficos, genealogias, parábolas, poemas e profecias, se
mesclam de forma aparentemente aleatória e constatadamente não cronológica.
Teólogos se debruçam por anos sobre páginas amareladas de suas versões
prediletas, e mesmo assim, não passam da superfície de um oceano de profundezas
incalculáveis.
A grande
revelação de Deus ao homem é também uma jornada diária de novos
mistérios a serem desvendados, e uma única vida é pouco para tanta assimilação.
Na prática, a Bíblia é uma biblioteca temática, onde o tema é Deus, e podemos
enxergá-lo pelos olhos de centenas de personagens e na narrativa de pelo menos
40 autores diferentes. Dominar a Bíblia requer muito estudo e devoção
sacrificial.
Se a Bíblia
como literatura é uma leitura complexa, sua mensagem é bem simples. Na verdade,
ao longo da história, milhares de pessoas iletradas e sem nenhum conhecimento
acadêmico, compreenderam perfeitamente toda a sua essência, já que este
compendio de livros sagrados, é sim divinamente inspirado, sendo revelado aos
verdadeiros adoradores por intermédio da atuação do Espírito Santo.
Não lemos a
Bíblia para entender sua mensagem, mas sim, por que já a entendemos. E para a
grande maioria dos teólogos, os mais de 31.100 versos das Escrituras, podem ser
resumidos naquele que é o "texto áureo" da Bíblia, a "verdade
aplicada" da Palavra de Deus, registrado em João 3:16. Aqui, está
revelado o caráter de Deus, a vontade de Deus e o amor de Deus revelado em
Cristo.
Um “texto-áureo” pode ser
entendido como uma frase única e compacta, que resume em si, toda a essência de
um contexto muito maior. Esta é toda
a mensagem grandiosa que precisamos compreender:
-
Porque Deus amou ao mundo (maior alvo de Deus) de
tal maneira (intensidade), que deu o seu filho unigênito
(Jesus), para que todo (abrangência universal) o
que Nele crê (condição para ser salvo) não pereça (condenação
pelo pecado) mas tenha a vida eterna (salvação).
Neste verso
temos a razão para toda e qualquer adoração em Espírito e Verdade, ou seja, a
essência do próprio Deus. Nós adoramos ao Senhor por quem Ele é desde as
eternidades passadas. Qualquer movimento que se faça em outra direção, pode até
ser rotulado de louvor e adoração, mas não o é. O método empregado na adoração
é incondicional, passando pelo silêncio absoluto e chegando a um coro de
trovões e relâmpagos. Porém sua motivação é imutável.
Deus irá
aceitar a adoração de seu povo, seja oriunda de uma choupana de pau-a-pique
através de vozes dissonantes e semitonadas, ou de um mega-evento pirotécnico
com corais e orquestras, desde que a essência seja verdadeira e a motivação
esteja correta. Caso contrário, tudo não passará de um imenso vazio eternal.
Esta é a
simplicidade do evangelho e a singeleza da adoração. Que oremos com sinceridade
a mesma oração realizada a mais de 1200 anos por uma jovem muçulmana chamada
Rabia al Adawiya al Qadsiyya:
- Se
eu te adorar por medo do inferno, queima-me no inferno; se eu te adorar pelo
paraíso, exclua-me do paraíso. Mas se eu te adorar pelo que Tu és, não escondas
de mim a Tua face.
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