domingo, 4 de junho de 2017

O resumo das Escrituras



A Bíblia não é de fato, um livro de fácil compreensão. Suas inúmeras formas de linguagem decorrente da grande variedade de autores oriundos de culturas e épocas distintas, pode dar um nó na cabeça de leitores inexperientes.

Registros históricos, relatos biográficos, genealogias, parábolas, poemas e profecias, se mesclam de forma aparentemente aleatória e constatadamente não cronológica. Teólogos se debruçam por anos sobre páginas amareladas de suas versões prediletas, e mesmo assim, não passam da superfície de um oceano de profundezas incalculáveis.

A grande revelação de Deus ao homem é também uma jornada diária de novos mistérios a serem desvendados, e uma única vida é pouco para tanta assimilação. Na prática, a Bíblia é uma biblioteca temática, onde o tema é Deus, e podemos enxergá-lo pelos olhos de centenas de personagens e na narrativa de pelo menos 40 autores diferentes. Dominar a Bíblia requer muito estudo e devoção sacrificial.

Se a Bíblia como literatura é uma leitura complexa, sua mensagem é bem simples. Na verdade, ao longo da história, milhares de pessoas iletradas e sem nenhum conhecimento acadêmico, compreenderam perfeitamente toda a sua essência, já que este compendio de livros sagrados, é sim divinamente inspirado, sendo revelado aos verdadeiros adoradores por intermédio da atuação do Espírito Santo.

Não lemos a Bíblia para entender sua mensagem, mas sim, por que já a entendemos. E para a grande maioria dos teólogos, os mais de 31.100 versos das Escrituras, podem ser resumidos naquele que é o "texto áureo" da Bíblia, a "verdade aplicada" da Palavra de Deus, registrado em João 3:16. Aqui, está revelado o caráter de Deus, a vontade de Deus e o amor de Deus revelado em Cristo.

Um “texto-áureo” pode ser entendido como uma frase única e compacta, que resume em si, toda a essência de um contexto muito maior. Esta é toda a mensagem grandiosa que precisamos compreender:

- Porque Deus amou ao mundo (maior alvo de Deus) de tal maneira (intensidade), que deu o seu filho unigênito (Jesus), para que todo (abrangência universal) o que Nele crê (condição para ser salvo) não pereça (condenação pelo pecado) mas tenha a vida eterna (salvação).


Neste verso temos a razão para toda e qualquer adoração em Espírito e Verdade, ou seja, a essência do próprio Deus. Nós adoramos ao Senhor por quem Ele é desde as eternidades passadas. Qualquer movimento que se faça em outra direção, pode até ser rotulado de louvor e adoração, mas não o é. O método empregado na adoração é incondicional, passando pelo silêncio absoluto e chegando a um coro de trovões e relâmpagos. Porém sua motivação é imutável.

Deus irá aceitar a adoração de seu povo, seja oriunda de uma choupana de pau-a-pique através de vozes dissonantes e semitonadas, ou de um mega-evento pirotécnico com corais e orquestras, desde que a essência seja verdadeira e a motivação esteja correta. Caso contrário, tudo não passará de um imenso vazio eternal.

Esta é a simplicidade do evangelho e a singeleza da adoração. Que oremos com sinceridade a mesma oração realizada a mais de 1200 anos por uma jovem muçulmana chamada Rabia al Adawiya al Qadsiyya:

Se eu te adorar por medo do inferno, queima-me no inferno; se eu te adorar pelo paraíso, exclua-me do paraíso. Mas se eu te adorar pelo que Tu és, não escondas de mim a Tua face.


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