A “vingança”, em si, não pode ser
considerada como um pecado, pois é incontestavelmente um “atributo” divino, e
Deus não pode pecar. Portanto, nas mãos do Senhor, ela nada mais é do que uma ferramenta
utilizada para execução de justiça.
Porém, a vingança torna se um grave problema,
quando a retemos em nossas próprias mãos: - Não
vos vingueis a vós mesmos, amados, mas daí lugar à ira, porque está escrito:
Minha é a vingança; e eu recompensarei, diz o Senhor (Romanos 12:19). No texto de Romanos 12, Paulo aconselha aos irmãos em
Roma que exerçam a misericórdia em toda a sua plenitude, sendo generosos até
mesmo para com seus inimigos, pagando o mal com o bem (Romanos 12:20-21).
Antes de sua estatização, a
igreja em Roma foi vítima de uma implacável perseguição política e religiosa, onde
milhares de seus seguidores foram presos e condenados a morte, queimados em
praça pública ou servidos de alimento aos leões. Seria este um motivo mais que
suficiente para os irmãos romanos destilarem ódio pelos imperadores e antipatia
pelos compatriotas que assistiam empolgados tamanho genocídio. Paulo, porém, os
orienta que mesmo irados, não se deixem ser dominados por um desejo de
vingança, pois ao seu tempo, o próprio Deus iria intervir. Enquanto, isso
deveriam imitar o exemplo de Cristo, e caso tivessem a oportunidade de
presenciar um “inimigo” morrendo de fome, apesar da ira, seu dever cristão era alimenta-lo.
Vale ressaltar que duas palavras
gregas usadas no Novo Testamento são traduzidas em português por “ira”. Uma delas é “orge”, que significa
“paixão ou energia”; e a outra, “thumos”,
remete a ideia de algo “agitado ou fervendo”.
Em resumo, podemos dizer que
Paulo não estava pedindo para que os cristãos tivessem “sangue de barata” ou
fossem passivos e conformados com o mundo; pelo contrário, que por vezes é saudável
deixar a ira (paixão enérgica)
aflorar, fazendo o sangue ferver “temporariamente”. Porém, este é exatamente o
limite aconselhável e permitido pelo Evangelho, pois a “ação prática” em decorrência da ira esta
vetada ao Cristão, cabendo qualquer atitude interventiva ao Senhor: - Irai-vos, e não pequeis, não se ponha o sol
sobre vossa ira (Efésios 4:26).
Este não é um princípio apenas neo-testamentário.
Desde os primórdios de seu povo, Deus tem tomado em suas próprias mãos as
guerras de seus filhos (Êxodo 14:13-14), e o até mesmo o sábio rei Salomão fez
um registro pertinente em Provérbios 20:22 - Não diga: vingar-me-ei do mal. Espera pelo Senhor e ele te livrará.
O ponto mais relevante desta
questão é que embora a “VINGANÇA” não seja um pecado, tomar para si um atributo
divino, é. Por exemplo: Apenas ao Senhor cabe doar ou retirar a vida, assim, quem
interrompe a vida de alguém peca. Apenas ao Senhor destina-se louvor e
adoração, e quem toma para si este direito, peca. Logo, se a vingança pertence
ao Senhor, quem toma para si o direito de vingar-se, ou opta pela “justiça
própria”, peca e atrai sobre si a vingança justa e perfeita de Deus.
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