segunda-feira, 8 de junho de 2015

Vingança é Pecado?

A “vingança”, em si, não pode ser considerada como um pecado, pois é incontestavelmente um “atributo” divino, e Deus não pode pecar. Portanto, nas mãos do Senhor, ela nada mais é do que uma ferramenta utilizada para execução de justiça. 
Porém, a vingança torna se um grave problema, quando a retemos em nossas próprias mãos: - Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas daí lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; e eu recompensarei, diz o Senhor (Romanos 12:19).  No texto de Romanos 12, Paulo aconselha aos irmãos em Roma que exerçam a misericórdia em toda a sua plenitude, sendo generosos até mesmo para com seus inimigos, pagando o mal com o bem (Romanos 12:20-21).
Antes de sua estatização, a igreja em Roma foi vítima de uma implacável perseguição política e religiosa, onde milhares de seus seguidores foram presos e condenados a morte, queimados em praça pública ou servidos de alimento aos leões. Seria este um motivo mais que suficiente para os irmãos romanos destilarem ódio pelos imperadores e antipatia pelos compatriotas que assistiam empolgados tamanho genocídio. Paulo, porém, os orienta que mesmo irados, não se deixem ser dominados por um desejo de vingança, pois ao seu tempo, o próprio Deus iria intervir. Enquanto, isso deveriam imitar o exemplo de Cristo, e caso tivessem a oportunidade de presenciar um “inimigo” morrendo de fome, apesar da ira,  seu dever cristão era alimenta-lo.
Vale ressaltar que duas palavras gregas usadas no Novo Testamento são traduzidas em português por “ira”Uma delas é “orge”, que significa “paixão ou energia”; e a outra, “thumos”, remete a ideia de algo “agitado ou fervendo”.
Em resumo, podemos dizer que Paulo não estava pedindo para que os cristãos tivessem “sangue de barata” ou fossem passivos e conformados com o mundo; pelo contrário, que por vezes é saudável deixar a ira (paixão enérgica) aflorar, fazendo o sangue ferver “temporariamente”. Porém, este é exatamente o limite aconselhável e permitido pelo Evangelho, pois a “ação prática” em decorrência da ira esta vetada ao Cristão, cabendo qualquer atitude interventiva ao Senhor: - Irai-vos, e não pequeis, não se ponha o sol sobre vossa ira (Efésios 4:26).


Este não é um princípio apenas neo-testamentário. Desde os primórdios de seu povo, Deus tem tomado em suas próprias mãos as guerras de seus filhos (Êxodo 14:13-14), e o até mesmo o sábio rei Salomão fez um registro pertinente em Provérbios 20:22 - Não diga: vingar-me-ei do mal. Espera pelo Senhor e ele te livrará.
O ponto mais relevante desta questão é que embora a “VINGANÇA” não seja um pecado, tomar para si um atributo divino, é. Por exemplo: Apenas ao Senhor cabe doar ou retirar a vida, assim, quem interrompe a vida de alguém peca. Apenas ao Senhor destina-se louvor e adoração, e quem toma para si este direito, peca. Logo, se a vingança pertence ao Senhor, quem toma para si o direito de vingar-se, ou opta pela “justiça própria”, peca e atrai sobre si a vingança justa e perfeita de Deus. 

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