“Dupla Cidadania” ou “Cidadania Múltipla” é um status no qual um indivíduo é titular da nacionalidade de dois países
diferentes. Todo cristão se encaixa neste contexto, já que nossa “base
operacional” não é terrena, estando perene numa esfera espiritual, uma vez que
o próprio Jesus revelou: Meu reino não é deste mundo (João 18:37). Todo cidadão
tem diretos e deveres para com a pátria madre, e considerando que nosso lar
original é o céu, então devemos preencher alguns requisitos que validem nossa
cidadania celestial.
Davi se questiona sobre esta questão no Salmo 15:1, quando
pergunta: - Senhor, quem habitará
no teu Tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? – Já nos versos seguintes o
salmista apresenta uma pequena lista com algumas qualificações necessária: andar sinceramente,
praticar a justiça, falar a verdade no seu coração, não difamar
com a sua língua, não fazer mal ao seu próximo, não aceitar que o seu
semelhante seja envergonhado, compactuar com as ações de homens impiedosos, valorizar
quem teme ao Senhor, pensar primeiramente nos outros, não se deixar dominar
pelo dinheiro, não incriminar um inocente e jamais ser corrompido. Já em I Coríntios 5:20, o apóstolo
Paulo eleva esta questão a um novo patamar fazendo a grandiosa revelação
que somos mais que apenas “cidadãos do céu”, e sim “embaixadores de Cristo” na
Terra.
Um embaixador nada mais é que um
representante legal de um estado/nação, dentro de outro estado/nação do qual
ele não é originário. Partindo deste principio, somos cidadãos do céu, que
temporariamente representamos nosso reino Celestial aqui na Terra (João 17:11).
Como tal, priorizamos por respeitar o
código ético e moral de nosso Reino original, os céus. Porém, como no momento,
moramos numa terra estrangeira, é preciso honrar as leis aqui estabelecidas,
desde que as mesmas não se confrontem com as leis celestiais. É neste ponto que
a fidelidade do cristão se horizontaliza, sendo demonstrada em todos os
aspectos do seu cotidiano. Fomos chamados para ser luz do mundo e sal da terra,
fazer a diferença, ser uma referência de ética e comprometimento(Mateus 5:13).
Em seu famoso sermão “A Casa na Montanha”, o pastor americano Martin Luther
King disse que os cristãos não devem ser meros termômetros, que avaliam a
temperatura a sua volta e nada faz para mudá-la, mas que deveríamos ser como
termostatos, que após avaliar a temperatura do ambiente, age para
transformá-la. Sabemos que os sistemas que regem o mundo foram entregas
ao maligno, mas isso não deve nos impedir de promover mudanças no meio em que
vivemos, levando luz para um cenário repleto de trevas.
Essa influência passa primeiro pelos bons
exemplos. O cristão tem por obrigação ser um aluno dedicado, um profissional
competente, um motorista cuidadoso, um gestor eficiente, um benfeitor abnegado,
bom pagador de suas dividas, um empregador complacente, um doador generoso, um
eleitor consciente, um político honesto, um homem respeitoso e respeitável, um
adorador atemporal... É nas pequenas coisas que mostramos nossa fidelidade... É
em gestos e ações cotidianas que as pessoas identificaram Cristo em nós... É honrando
calendários, horários e compromissos assumidos que honraremos também nossa
cidadania eternal. O que somos é sem duvidas a mais eloquente de nossas
mensagens. Afinal, como já disse Agostinho: Pregue o Evangelho, se precisar,
use palavras.
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