Corrie ten Boom nasceu em 1982 no seio de uma
família holandesa profundamente cristã. O avô de Corrie, Willem, era ancião da
Igreja Reformada e foi um dos fundadores da Sociedade Pró Israel, junto a
Isaque Da Costa. Relojoeiro de profissão estabeleceu uma oficina familiar em
1837, na parte inferior do edifício localizado no número 19 da Barteljorisstraat,
no Haarlem. Nos pisos superiores instalou a família. O negócio foi herdado em seguida por Casper, filho
de Willem, e finalmente por Corrie, quem se converteu em 1924 na primeira
mulher holandesa com licença de relojoeiro.
Tendo apenas 5 anos de idade, Corrie pediu ao
Senhor Jesus que entrasse em seu coração. Mais tarde, com 30 anos de idade a
sua fé começou a dar fruto, quando Corrie começou a ministrar classes bíblicas
em escolas públicas, em escolas dominicais, em grupos de meninos mentalmente
impedidos, e organizou e dirigiu uma rede de clubes, em primeiro lugar para
meninas, e em seguida para meninas e meninos, sob o patrocínio da União
des Amies da Jeune Fille. Os clubes de meninas se converteram em clubes de girl
guides, com Corrie como uma das líderes do movimento na Holanda. Mais tarde,
quando sentiu que os clubes estavam perdendo a sua ênfase cristã, formou ‘De
Nederlandse Meisjesclub’ (Clube Holandês de Meninas), e continuou como
cabeça deste até a ocupação nazista, quando os alemães proibiram reuniões de
grupo.
Quando veio a Segunda Guerra Mundial, a família
ten Boom estava composta pelo pai (Casper) – sua esposa, Cornelia (Cor)
Luitingh, havia falecido em 1921–, seus quatro filhos, já maiores, Elizabeth
(Betsie), Willem, Arnolda Johanna (Nollie), e Cornelia (Corrie). Willem se
formou na escola de teologia e foi ordenado pastor em 1916, e Nollie era
professora, estava casada e tinha seis filhos. Betsie e Corrie tinham
permanecido solteiras. A família “Tem Boom” fazia parte da Igreja Reformada, de
tradição calvinista, e era costume em casa começar e acabar o dia com uma
leitura bíblica, cantos e orações. Em 1940, quando os nazistas invadiram a
Holanda, rapidamente foram organizados comitês de resistência, alguns nas
próprias igrejas.
Na Alemanha a propaganda anti-semita usou textos
antigos de Lutero, muito violentos contra os judeus. Isso fez que muitos
luteranos seguissem as teses de Hitler, pensando que era por fidelidade a
Lutero, fundador da Igreja nacional Alemã. Ao contrário disso, a tradição
calvinista sempre reconheceu o peso do Antigo Testamento, como o que conduz ao
Novo, que por sua vez, é reflexo e cumprimento daquele. Por ser também uma fé
muitas vezes perseguida, sentiu-se muito identificada com o povo judeu durante
a segunda guerra mundial, e tentou salvar o maior número possível de
judeus.
A Holanda tinha desde muitos séculos uma tradição
religiosa liberal, e eram autorizados cultos não protestantes: católico, judeu,
etc. Muitos judeus da Espanha e Portugal encontraram ali uma terra
acolhedora, assim como a muitos judeus perseguidos na Alemanha. Por exemplo, a
família de Anne Frank. Corrie ten Boom e a sua família entraram naturalmente,
por sua fé e seu compromisso com o povo de Deus, nesse movimento clandestino de
solidariedade e resistência ao invasor e as leis racistas que se impuseram à
população judia da Holanda. De fato, cem anos antes, o avô de Corrie tinha
estabelecido uma reunião de oração a favor dos judeus. A chegada dos nazistas a
Holanda trouxe consigo mudanças radicais nas aprazíveis formas de vida dos
holandeses. Quando ocuparam Haarlem aplicaram estritas normas de controle da
população. Aos cidadãos não lhes era permitido abandonar os seus lares depois
do toque de recolher, às 6 da tarde. O hino nacional holandês, «Wilhemus», foi
proibido. A Gestapo recrutava a todos os homens entre 17 e 30 anos para
trabalhar em fábricas ou no exército.
Em maio de 1942, uma mulher judia, elegantemente
vestida e com uma mala na mão, bateu na porta dos ten Boom. Muito nervosa,
explicou à família que o seu marido tinha sido detido vários meses antes e que
o seu filho tinha conseguido fugir. Os nazistas a buscavam, por isso ela tinha
muito medo de retornar para a sua casa. Sabia que os ten Boom tinham ajudado a
outra família judia, os Weils, e perguntava se poderia permanecer com eles um
tempo. Casper acolheu a esta mulher, e não só isso, continuou oferecendo o seu
lar a outros como um lugar seguro, até que os refugiados pudessem sair do país.
Estas pessoas podiam permanecer uns dias ou, inclusive, meses na casa dos ten
Boom. Mas era necessário construir um esconderijo que pudessem se esconder no
caso dos nazistas vigiarem o bairro.
Em uma reunião clandestina de obreiros, Corrie
conheceu um arquiteto idoso, de apelido Smit, que se ofereceu para
construir-lhe um quarto secreto. Como se tratava de uma casa antiga, havia todo
tipo de cantos inesperados e espaços nela. Foi assim que foi criada na
casa dos ten Boom um esconderijo impossível de detectar, localizado na parte
alta da casa, para dar assim tempo para os moradores no caso de uma blitz. No
dormitório de Corrie foi levantada uma parede falsa de tijolos que ocultava uma
pequena habitação de 2 metros de comprimento por 0,70 de largura, onde cabiam
seis pessoas, duas sentadas e quatro de pé. Este espaço podia ser acessado
através de um estreito corredor feito na parte inferior de um armário,
levantando um falso painel. Colocava-se uma cesta com roupa de cama para encher
esse lugar e se fechava a porta do armário. Do exterior, era quase impossível
descobrir o acesso à habitação secreta.
A família obteve, depois de numerosas práticas,
que as pessoas que estivessem escondidas em sua casa fossem introduzidas
naquele esconderijo em apenas 70 segundos, a partir do som do alarme (que eram
operados de vários interruptores distribuídos por toda a casa). Durante esse
tempo, não só tinham que chegar até o refúgio, mas também deveriam ocultar
qualquer objeto que os delatassem, por exemplo, colchões, travesseiros e mantas
se fosse de noite, ou copos, pratos e outros utensílios, se estivessem comendo.
As pessoas que viviam na clandestinidade com os ten Boom compartilhavam com os
membros da família as diferentes tarefas do lar. Todos tentavam colaborar e
apoiar-se naquela situação tão difícil. A obtenção de mantimentos era outro
grande problema que os ten Boom tinham que solucionar. Os holandeses não-judeus
tinham recebido um cartão de racionamento para comprar mantimentos. Estes
mantimentos eram escassos, de modo que era necessário conseguir mais cartões de
racionamento.
Corrie conhecia muito bem a muitas famílias do
Haarlem. Recordou que um casal tinha uma filha com incapacidade que ela tinha
ajudado. O pai, Fred Koornstra, era um funcionário que estava a cargo do
escritório dos cartões de racionamento. Uma noite, Corrie se apresentou na casa
dele sem prévio aviso. Ele parecia saber qual era o motivo. Quando lhe
perguntou quantos cartões necessitava, Corrie, que tinha ido por cinco,
surpreendentemente, atreveu-se a lhe pedir cem. A idéia dos ten Boom foi
prontamente imitada por outras famílias piedosas, que dispuseram as suas casas
para albergar e proteger a judeus e perseguidos. Assim, pouco a pouco, Corrie
se encontrou à frente de uma rede formada por umas oitenta pessoas, o grupo (Beje)
(esse era o nome comercial da relojoaria). A maior parte do seu tempo, ela
investia em cuidar dos refugiados, uma vez que lhes dava albergue. Estima-se
que desta forma salvou a vida de 800 judeus, além de numerosos integrantes da
resistência holandesa e estudantes que eram perseguidos porque recusavam
colaborar com os nazistas.
A Gestapo (polícia segreda nazista), com a ajuda
de um delator, deteve seis membros da família em 28 de fevereiro de 1944. Um
indivíduo bateu na porta dos ten Boom pedindo ajuda. Tinham detido a sua mulher
por ocultar a judeus e necessitava de dinheiro para subornar a polícia e obter
a sua libertação. Corrie e Betsie não o tinham visto nenhuma vez e pressentiam
que aquele indivíduo não era sincero, mas e se fosse verdade o que dizia?
Depois de um momento de dúvida, decidiram ajudá-lo. Realmente, o homem era um
espião e, em poucos minutos, oficiais nazistas invadiram a casa. Sabiam que
algo comprometedor encontrariam nela. Mas, além disso, Betsie teve um descuido
que confirmou as suspeitas. Os ten Boom colocavam em uma janela um sinal para
que as pessoas que precisassem refugiar-se em sua casa soubessem que não havia
perigo e que era um bom momento. Se a situação mudasse, o sinal era retirado.
Um membro da Gestapo, que vigiava a casa do exterior, viu como Betsie retirou o
sinal da janela no momento em que a moradia era invadida. Os alemães, ao
descobrir que aquele símbolo era um sinal de aviso, voltaram-no a colocar em
seu lugar e detiveram os que foram chegando depois, crendo que a casa era
segura. Umas trinta pessoas foram detidas e levadas para a prisão.
No entanto, as pessoas que se encontravam
refugiadas no lar dos ten Boom puderam ficar a salvo. Naquele momento se
encontravam na casa quatro judeus (dois homens e duas mulheres) e dois
trabalhadores do metrô, que conseguiram esconder-se rapidamente na habitação
secreta. A senhora mais velha, Mary Italle, tinha asma e teve muitas
dificuldades para entrar na habitação secreta. Corrie a ajudou e fechou o
armário só uns segundos antes que um policial nazista aparecesse em sua casa.
Os refugiados permaneceram neste pequeno espaço dois dias e meio, sem comer nem
beber. Posteriormente, os quatro judeus foram levados para outro refúgio e três
deles sobreviveram à guerra. Com respeito aos dois membros da resistência, um
morreu pouco depois e o outro conseguiu sobreviver. Corrie e Betsie foram
interrogadas por membros da Gestapo, que lhes perguntaram uma e outra vez onde
escondiam aos judeus. Mesmo brutalmente açoitadas, as duas mulheres se negaram
a falar. A Gestapo inspecionou a casa minuciosamente, mas não encontrou a
habitação secreta. Os alemães localizaram um lugar na escada onde se escondiam
os cartões de racionamento e os passaportes falsos.
A família ten Boom foi imediatamente detida, quer
dizer, Corrie, seu pai Casper, seus irmãos Willem, Nollie e Betsie e seu
sobrinho Peter van Woerden, filho de Nollie. Um oficial teve piedade de Casper,
que tinha 84 anos, e ofereceu deixá-lo livre se lhe assegurasse que não ia
causar mais problemas no futuro. Casper respondeu que não podia prometer-lhe de
modo que também o levaram. Já na prisão, quando Casper foi informado que podia
ser condenado à morte por salvar judeus, declarou: «Seria uma honra dar minha
vida pelo povo eleito de Deus». E de certa forma assim foi, já que morreu dez
dias depois de ser detido.
Por ajudar aos judeus a família ten Boom foi
enviada a diferentes prisões e campos de concentração. A polícia nazista subiu
todos os detidos em caminhonetes e os levou à prisão da cidade, um antigo
ginásio. Depois foram enviados para a prisão de Scheveningen. Corrie e Betsie
foram separadas de seu pai e não tornaram a vê-lo nunca mais. Corrie tinha a
gripe, por isso foi posta em regime de isolamento. Na prisão, Corrie chegou a
inteirar-se de que seu pai havia falecido. Também seu irmão Willem, e o filho
dele, Christian, de 24 anos, e outros membros da sua família morreram como
conseqüência de seu encarceramento, mas destas tristes notícias foi inteirada
muito depois. Durante os quatro meses que Corrie esteve sozinha em sua cela,
passou muito tempo lendo os Evangelhos. A vida e sofrimentos de Jesus se
tornaram mais reais do que nunca. Inclusive começou a ver que todo o seu
sofrimento podia ter um propósito. A morte de Jesus havia trazido perdão à
humanidade. Da mesma maneira, ela sentia que Deus pode tirar algo bom dos
problemas pelos que passamos. Este pensamento lhe deu coragem e fortaleza
renovada.
Quando se restabeleceu da sua enfermidade, Corrie
assistiu a sua primeira audiência. O oficial Rhams chegou a apreciar a esta
valorosa mulher e a ter certa cumplicidade com ela. Gostava de ouvir detalhes
de sua vida familiar e, conforme afirmou a própria Corrie, as conversações que
os dois mantiveram trouxeram um pouco de felicidade naquela etapa tão dura da
sua vida. Mas esta sorte durou pouco tempo. Corrie, Betsie e outras reclusas
foram deslocadas para Vught, um campo de concentração na Holanda. As condições
eram terríveis, muito mais severas que na de Scheveningen. Se alguma norma
fosse infringida, todo o acampamento era castigado. Às vezes, os prisioneiros
eram enviados para um armário onde permaneciam presos com as mãos amarradas por
cima das suas cabeças.Durante o dia tinham que trabalhar. Corrie foi posta em
uma seção da fábrica Philips, que fazia rádios para os aviões alemães. Ela
tomou cuidado para cometer vários enganos!
Depois de uns meses em Vught, que pareceram uma
eternidade, Betsie, Corrie e outros prisioneiros foram deslocados, de novo,
para outro acampamento. Desta vez, para a terra mais temida: a Alemanha. Depois
de quatro longos dias de viagem, os prisioneiros chegaram a Ravensbrück,
próximo a Berlim, o lugar mais horrível em que Betsie e Corrie tinham estado.
Ao menos em Vught e Scheveningen, os presos eram chamados por seus nomes, mas
em Ravensbrück só eram um número. As condições de vida neste campo de
concentração eram desumanas. Provavelmente mais de 90.000 mulheres e crianças
morreram em Ravensbrück. Os primeiros dois dias tiveram que dormir à
intempérie. Com a chuva, a terra se tornou em um mar de barro. Então foram
apertadas em uma barraca. Tinha sido construída para alojar 400 pessoas, mas
agora havia ali 1400 prisioneiros. Tinham que dormir em colchões de palha
cheios de pulgas. Os guardas não gostavam nem sequer de entrar ali devido às
pulgas.
A primeira chamada era às quatro da manhã. Havia
35.000 mulheres no acampamento, e se alguma faltasse, eram contadas uma e outra
vez. Assim, frequentemente isto durava horas. Se as prisioneiras não ficassem
de pé, eram chicoteadas. O trabalho era extremamente duro. Corrie e Betsie tinham
que carregar pesadas folhas de aço em carretas, empurrá-las a certa distância e
em seguida descarregá-las. Todo o tempo os guardas as incitavam a trabalhar
mais rapidamente. No almoço, lhes dava só uma batata e um pouco de sopa, e pela
tarde um pouco de sopa de nabo com um pedaço de pão preto. Os prisioneiros que
não faziam o trabalho mais ligeiro não recebiam almoço. Se as prisioneiras
adoeciam, os guardas não se incomodavam a menos que a sua temperatura fosse de
mais de 40C, o que significava que estavam gravemente doentes. Então tinham que
fazer uma longa fila para o hospital do campo. Mas nada se fazia por elas
quando chegavam ali. Se o hospital estivesse cheio, os prisioneiros mais fracos
eram postos em caminhões e levados para as câmaras de gás. Em seguida os seus
corpos eram queimados. A chaminé alta sobre os fornos no centro do campo sempre
estavam lançando fumaça cinza.
Este era o inferno na terra, o que Corrie e Betsie
tinham vindo. No entanto, quando chegaram a Ravensbruck, Deus lhes mostrou que
Ele ainda podia lhes ajudar, até em um lugar tão terrível como este.Quando
foram deixadas na barraca, as condições do lugar tornaram as mulheres dali
enfadadas e egoístas. Havia discórdias e brigas. Todas sofriam tanto que
gastavam toda a sua energia em cuidar-se. Quando Betsie notou isto, começou a
orar para que Deus pusesse paz nesse ambiente. Muito em breve a atmosfera
mudou. As mulheres se tornaram um pouco mais pacientes umas com as outras.
Inclusive começaram a fazer piadas sobre os seus problemas. De noite, depois do
duro dia de trabalho e de um jantar miserável, Corrie e Betsie tiravam a
pequena Bíblia holandesa. No princípio um grupo pequeno se reunia ao seu redor
para escutar, e logo cada vez mais mulheres se uniram. Os guardas nunca
entraram para detê-las, devido às pulgas. De maneira que Corrie e Betsie
agradeciam a Deus pelas pulgas!
As mulheres vinham de muitos países, inclusive da
Polônia, França, Alemanha e Rússia. Corrie traduzia a Bíblia do holandês para o
alemão, alguém mais traduzia do alemão para o polonês, e assim sucessivamente. Debaixo
daquelas terríveis condições, a bondade nas palavras da Bíblia resplandecia e a
sua mensagem do amor de Deus trazia consolo. Com a morte ao seu redor, a
promessa de vida eterna e a glória do céu davam às mulheres esperanças para o
futuro.
Uma noite quando descansavam em seus beliches,
Betsie sussurrou a Corrie: - Posso ver
uma casa, em alguma parte na Holanda. É uma casa bonita com um grande jardim.
Há um amplo vestíbulo com uma escada de madeira esculpida. Nós vamos cuidar das
pessoas que foram feridas na guerra, até que elas possam viver uma vida normal
novamente. Corrie, eu creio que Deus vai nos dar uma casa assim. Outro dia,
Betsie lhe disse: - Corrie, quando chegar
o ano novo ambas seremos libertadas. Deus me deu uma visão. Devemos ir por todo
mundo e dizer a todos que não há cova tão profunda que o amor de Deus não possa
alcançar. As suas palavras se tornaram proféticas. No ano seguinte, ambas
alcançaram liberdade: Betsie faleceu e Corrie abandonou o campo de
concentração.
Com efeito, Betsie, nunca tinha gozado de boa
saúde, assim logo caiu doente. Corrie suplicou a um dos trabalhadores da prisão
que levassem a sua irmã para o hospital, mas aquele indivíduo se negou a
fazê-lo. Finalmente, quando Betsie foi levada para o hospital já era muito
tarde. Corrie descobriu, dias depois, na parte traseira do hospital vários
cadáveres amontoados, um deles era o de sua irmã.
Só uns poucos dias mais tarde, chamaram a Corrie
por seu nome. Ela se surpreendeu porque estava acostumada a ser só a
prisioneira 66730. Deveria permanecer no hospital por um tempo e depois ficaria
livre. Como conseqüência de um engano administrativo, Corrie conseguiu
sobreviver! Existia uma lista com as mulheres, maiores de 50 anos, que deveriam
ser exterminadas. Corrie, que já tinha 53, não figurava nessa lista, de modo
que não foi conduzida para a câmara de gás, em que morreram uma semana depois
as milhares de mulheres que apareciam na lista. Foi posta em liberdade em 25 de
dezembro de 1944. Retornou para a
Holanda e pôde recuperar-se dos problemas de saúde contraídos na prisão. Esteve
um tempo na casa do Willem, em Hilversum, e logo foi para a sua própria casa de
Haarlem no último inverno da guerra. Mas não permaneceu inativa; ela começou a
contar a pequenos grupos o que tinha visto no cárcere e como Deus tinha
respondido à oração.
Em 1945, foi publicado seu livro “Gevangene
em toch ... herrinneringen uit Scheveningen, Vught, en Ravensbruck”, sobre suas
experiências durante a guerra, pela editora “Ten Have Jaar”, de Amsterdã. Este
foi o primeiro de muitos livros sobre o amor de Deus, o seu trabalho no mundo e
a sua própria vida de fé. A partir de então, a escritura seria uma parte
importante do seu ministério. Aos 53
anos de idade, Corrie começou um ministério mundial para difundir a sua fé e as
suas experiências em igrejas, universidades, escolas, cárceres, etc., que a
levou a viajar por mais de 60 países nos 33 seguintes anos da sua vida.
A sua pregação se centrou no evangelho de Cristo,
pondo especial ênfase no perdão. Em seu livro Tramp for the Lorde (Vagabunda
para o Senhor, 1974), conta como, depois de ter estado pregando na Alemanha em
1947, um dos guardas mais cruéis do campo de Ravensbrück se aproximou. Naturalmente,
ela resistia a lhe perdoar, mas disse a si mesmo que seria capaz de fazê-lo.
Escreveu que foi capaz depois de perdoar, e que «durante um momento longo nos
demos às mãos, o antigo guarda e a antiga prisioneira. Nunca havia sentido tão
intensamente o amor de Deus como o senti então». Também escreveu (na mesma
passagem) que em sua experiência do pós-guerra com outras vítimas da
brutalidade nazista, aqueles que foram capazes de perdoar são os que melhor
puderam reconstruir as suas vidas.Pouco depois, fundou uma casa de
convalescença em Bloemendal, destinada a recuperação e o repouso dos
sobreviventes. Sentiu que a sua vida era um presente de Deus e que precisava
compartilhar o que ela e sua irmã Betsie tinham aprendido no campo de
concentração: - Não há cova tão profunda
que o amor de Deus não possa chegar a ele.
Em 1968, o Museu do Holocausto em Jerusalém (Yad
Vashem) pediu-lhe que plantasse uma árvore em memória das muitas vidas de
judeus que ela e sua família salvaram. Assim o fez e essa árvore ainda cresce
ali. No princípio da década de 70, Corrie contou a
história de sua família e seu trabalho durante a Segunda guerra mundial em
outro livro, O Refúgio Secreto (1971), que foi levado ao cinema em
1975, com o mesmo título, pela World Wide Pictures, o ramo de cinema da
Associação Evangelística Billy Graham. O livro e o filme, que chegaram a ser
muito populares entre os cristãos nos Estados Unidos, deram contexto à história
da Anne Frank, que também se ocultou na Holanda durante a guerra. Posteriormente,
foram publicados outros livros deles.
Em 1978 sofreu um acidente cerebrovascular que a deixou paralisada. Morreu na Placentina (Califórnia, EUA), em 15 de abril de 1983, no dia em que fazia 91 anos. É notável que haja partido deste mundo nessa data em particular. Segundo a tradição judaica, só às pessoas muito abençoadas por Deus é concedida o privilégio especial de morrer no mesmo dia do seu aniversário. Pouco antes da sua partida, a World Wide Pictures lançou um filme sobre sua vida, intitulado “Corrie: The Lleve She Has Touched” (Corrie: As vidas que ela tem tocado). Ela própria apareceu no filme.
Em 1978 sofreu um acidente cerebrovascular que a deixou paralisada. Morreu na Placentina (Califórnia, EUA), em 15 de abril de 1983, no dia em que fazia 91 anos. É notável que haja partido deste mundo nessa data em particular. Segundo a tradição judaica, só às pessoas muito abençoadas por Deus é concedida o privilégio especial de morrer no mesmo dia do seu aniversário. Pouco antes da sua partida, a World Wide Pictures lançou um filme sobre sua vida, intitulado “Corrie: The Lleve She Has Touched” (Corrie: As vidas que ela tem tocado). Ela própria apareceu no filme.
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