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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Jesus - A Vida e A Paz


A morte de Jesus foi, sem dúvidas, um dos eventos mais impactantes da história. Ainda hoje, é impossível não se emocionar ao ver uma cena que represente a crucificação de Cristo ou ouvir uma narrativa (ou canção) que nos remeta a via crucis e a paixão do Salvador. Se dois milênios depois, ainda somos profundamente afetados por este acontecimento, imagine o impacto vivenciado pelos seguidores de Jesus, que testemunharam todo este drama ao vivo e em cores.

Cristo teve centenas de seguidores e simpatizantes ao longo de seu ministério, dentro os quais, destacavam-se setenta discípulos. Depois de uma intensa noite de oração, Jesus escolheu dentre eles, doze homens para formar seu “círculo de confiança”, os quais viriam a ser conhecidos como “apóstolos”. A morte de seu mentor e líder não apenas causou grande comoção nestes homens, como abalou as estruturas do grupo. Um deles traiu o Mestre, outro se tornou um renegado e os demais se omitiram, confusos e assustados. Apenas João se manteve leal aos pés da cruz.

Com Jesus morto e sepultado, aqueles homens se reuniram a portas fechadas no cenáculo. Ao longo de três intensos anos, eles andaram com Cristo. Dormiram sobre o mesmo teto, comeram da mesma porção, caminharam os mesmos caminhos, conheceram as mesmas pessoas, frequentaram as mesmas festas. Olhavam para os olhos do próprio Mestre enquanto bebiam da fonte de seu inesgotável saber. Cada ensinamento, cada palavra de vida eterna chegou primeiro aos seus ouvidos, receberam afago e carinho. Desfrutaram da beleza que há na correção feita em amor e da doçura existente numa severidade empática. Homens privilegiados com um chamado exclusivo e pessoal, testemunhas oculares de cada milagre, participantes de cada página da mais bela história já registrada.

Tinham motivos de sobra para crer, mas por um instante duvidaram, pois aparentemente seu Mestre tinha ido embora numa viagem sem retorno e agora eles estavam sozinhos, a mercê da própria sorte. O caminho fora interditado, a verdade tinha sido sepultada e a vida estava morta. 

A incerteza do futuro rouba a paz e inquieta o espírito.  O cenário que se descortinava diante daqueles homens era nebuloso e repleto de desesperança. O que fazer da vida quando se assiste aquele que é a própria VIDA agonizar e morrer? Os discípulos estavam silenciosos porque lhes faltavam palavras. O que teriam para falar se a voz que os instruía se calará para sempre? Eles abandonaram Jesus em seu momento de maior agonia e sofrimento, e agora se sentiam sozinhos. Medo, dúvidas, insegurança, frustração, vergonha... Sentimentos que em nada corroboram para a paz. Aqueles homens estavam sendo consumidos por tribulações.

Mas o sepulcro frio e escuro só conteve Jesus por três dias. Na manhã de domingo, um Cristo vivo e radiante aparece a Maria Madalena e ordena: Vá e diga aos outros que eu ressuscitei! Ao ouvir esta notícia, os discípulos se enchem de esperança e correm ao jardim onde Cristo jazia, porém, chegando ao tumulo, nada vêem além de um lugar vazio... Tão vazio quanto seus lúgubres corações. A inquietação de nossa alma não só perturba nosso espírito, como também esmaga a fé e limita nossa visão de futuro. Esquecemo-nos até mesmo das promessas feitas por aquele que é fiel.  

Na tarde daquele dia, um grupo desfalcado está isolado do mundo, recluso entre paredes seladas quando Cristo se faz presente entre eles. Jesus poderia lhes inquirir sobre a debandada da última sexta feira, ou recriminá-los pela omissão e ainda expor as negativas de Pedro. Mas não... O Cristo entrega a eles aquilo que mais precisam no momento:

- Recebam a minha “PAZ” (Lucas 24:37).

Jesus estava de volta. Diferente, é verdade, mas ainda assim o mesmo Messias amável e benigno que conheciam tão bem. O bom Mestre sabia que ainda havia muito trabalho a ser feito e seus discípulos precisavam de muita “lapidação” antes de serem os fundamentos que estavam destinados a ser (Apocalipse 22:14). Embora fossem eles os escolhidos, ainda não estavam preparados. Criam, mas não confiavam. Foram devidamente instruídos, mas não estavam capacitados. Aqueles eram homens especiais, escolhidos pelo próprio Cristo, pois havia dentro de cada um potencial para pavimentar a estrada do evangelho que se estenderia pela posteridade, mas sem alguém para pegá-los pelas mãos e conduzi-los constantemente, com certeza, iriam errar o caminho.

Então, em corpo presente, Jesus os estabiliza com sua PAZ, pois somente sobre um terreno estável é possível edificar com segurança. Depois, Cristo lhes envia o Espírito Santo, que é quem, ainda hoje, produz em nós a mesma PAZ entregue a Jesus aos seus apóstolos.

Pb. Miquéias Daniel Gomes

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