segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Um Natal Nostálgico..


Pb. Miquéias Daniel Gomes

Lembro-me que quando criança ficava encantado com tudo o que se referia a celebração do Natal.  As decorações temáticas, as luzes cintilantes, a troca dos presentes (que em nossa família eram poucos, humildes e muito significativos). Porem algumas de minhas lembranças mais queridas me remetem aos cultos natalinos que enchiam nossa igreja na véspera do Natal. Esses cultos eram repletos de surpresas especiais e a participação da congregação era maciça. Haviam cantatas, jograis, peças teatrais, apresentações particulares... Tudo lindo... Tudo muito festivo e significativo.

Pois bem, o tempo passou, eu cresci e as coisas mudaram. Aprendi muito, evolui um pouco e reneguei minhas coisas de menino... E o Natal perdeu muito de seu esplendor... O Natal simplesmente deixou de ser... Natalino...  

Que pena!


Assim como eu, muitos cristãos deixaram de lado a empolgação com o Natal. Com exceção de algumas poucas igrejas que ainda se mobilizam para celebrarem  esta data reunidos (parabéns a vocês, nunca percam isto), a maioria de nossos cultos natalinos já não tem o mesmo apelo de antigamente... As apresentações são frias e assistidas sempre por meia dúzia de pessoas, dais quais, a metade não vêem a hora de irem para a casa e na maioria das vezes esses “cultos natalinos” mal fazem menção a data ou se quer presenteiam aos fieis com algo palatável que os faça sentir empolgação com o real sentido do Natal.

Cadê nossa empolgação natalina? Cadê nossa nostalgia? O que aconteceu com o Natal Protestante?


A resposta é dura e bem pragmática... Descobrimos que o Natal é uma festa pagã!  Descobrimos a grande verdade e o Natal perdeu seu significado e sentido.


Mas será esta realmente a verdade absoluta?


Nos primeiros séculos do cristianismo, de fato não se tem registro de celebrações natalinas, até que a igreja romana decide escolher uma data simbólica para a comemoração do “Aniversario de Jesus”. Tomou-se o caminho mais fácil, a fim de unir o útil ao agradável e escolheu-se uma data já significativa para os povos pagãos a quem queriam evangelizar, o dia 25 de Dezembro.

Próximo a essa data, o hemisfério norte vive o solstício de inverno e algumas civilizações europeias utilizavam o vigésimo quinto dia do mês para a realização da Saturnália, uma celebração para  a  divindade pagã chamada Mitra, representada pelo sol, num rito denominado “natalis invicti”, com a finalidade de prestar tributo à “Natividade do Sol Invencível”, para  que o inverno não se prolongasse demais.


Isso é um fato histórico e não há como negar, assim como é  inegável os enxertos forçados que se agregaram a data; o pinheiro de natal, as velas, os enfeites extravagantes e  a transformação progressiva do bispo turco "Nicolau" na figura do atual “Papai Noel”, ou ainda o abuso comercial da troca quase obrigatória de presentes, subvertendo as tradicionais “lembranças” trocadas nas  culturas existentes oito séculos antes de Cristo, como por exemplo, simples e simbólicos  raminhos de oliveira. 

Jesus de fato, não deve ter nascido em dezembro, uma vez que o pequeno bebê provavelmente morreria congelado no frio inverno palestino, uma vez que a estrebaria não fornecia aquecimento adequado e seus pais não dispunham de recursos para mantê-lo devidamente protegido das baixas temperaturas.


Entretanto, deixando toda essa cansativa pragmática de lado, hoje é véspera de Natal, e nesta noite celebrarei com minha família. Estaremos todos reunidos e unidos, trocaremos presentes e cearemos. Não para homenagear o sol ou alguma divindade pagã. Não celebraremos ao solstício, mas com certeza traremos a memória o maior evento da história, o nascimento do Emanuel, o Deus presente entre nós...


É inegável que nesta data, as pessoas se tornam um pouco melhores. Nos tornamos mais sensíveis, generosos e emotivos, mais suscetíveis a pedir e dar perdão. Visitamos parentes distantes, sentimos saudades dos amigos, somos cordiais com quem não conhecemos, trocamos elogios, abraços e carinhos, é uma época em que tendemos a pensar nas pessoas que nos cercam antes de pensarmos em  nós mesmos... Tudo isso baseados no grande ato de amor demonstrado numa estrebaria de Belém, nunca num rito pagão praticamente obsoleto  e perdido nos  séculos.


Deixamos um pouco de lado a vaidade legalista e acadêmica que nos faz querer ser o diferencial da história, e lembremos que o cristianismo é uma religião baseada em fé, e fé pura em Cristo Jesus, fé que ele nasceu, fé que só ele pode transformar a vida do homem e isso independe da data de seu nascimento. Posso sem medo afirmar que o fato de que se apenas a lembrança de seu nascimento tão presente nesta data é  capaz de mudar a forma de agir e pensar da maioria das pessoas seja a prova  real e definitiva que  o menino Deus é realmente poderoso, capaz de suplantar  toda e qualquer divindade pagã, pois dele é toda a glória e para ele se destina todo louvor e qualquer celebração realmente significativa!


Um excelente e nostálgico Natal.  Natal do menino Deus, o único digno de toda adoração, o verdadeiro SOL...  DA JUSTIÇA!


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