segunda-feira, 13 de abril de 2015

Porque a sunamita não revelou a morte de seu filho?

O Monte Carmelo, local da famosa Batalha dos Deus, tornou-se um lugar de grande relevância para o profeta Elizeu, já que periodicamente, ele deixava sua base na cidade de Samaria, e caminhava cerca de 56 quilômetros para realizar períodos devocionais no alto daquela montanha, que se localizava na região do vale de Jezreel, uma área que era conhecida por sua imensa produtividade agrícola.  Era ali, naquela região de topografia baixa que também estava a cidade de Suném, hoje, Sulam (no original, o nome significa “Declive”), rodeada por seus jardins de cactos e pomares frondosos, lugar perfeito para um retiro em busca de sossego e tranquilidade. Em frente à cidade estava o Monte Carmelo, logo, o profeta Elizeu fazia questão de caminhar pelas ruas de Suném durante suas peregrinações.  Esta rotina anual, não passou despercebida por uma das moradoras locais. Percebendo que o profeta tinha o hábito de passar próxima a sua casa e reconhecendo que ele era de fato um homem santo; essa hospitaleira sunamita, cuja identidade sequer foi revelada, convidou ao profeta para realizar refeições regulares em sua casa. Não sendo isto o bastante, ela convenceu seu marido a construir um cômodo extra, próximo ao muro da residência, para que Elizeu pudesse se hospedar com conforto ali. De acordo com renomados estudiosos, este quarto foi construído com muito esmero, no terraço da residência e com uma escada de acesso privativa pelo lado de fora da casa. Assim, o profeta teria privacidade, ventilação adequada e baixo ruído da rua. O local ainda foi equipado com cama, mesa, cadeira e candelabro, proporcionando à Eliseu muita tranquilidade para realizar suas preces e meditações.

Ao ser generosa com um representante de Deus na Terra, aquela mulher atraiu as beatitudes do Senhor sobre sua vida. A iniciativa do milagre não partiu dela. Muito pelo contrário, foi o profeta do Senhor, que consternado com tamanha hospitalidade, sentiu a necessidade de retribuir o favor. Inicialmente Elizeu pensou em usar sua influência junto ao rei e ao general do exército para conseguir algum benefício para aquela família, mas a mulher não aceitou esta proposta, pois se considerava uma pessoa do povo, e não deveria ter privilégios diferenciados. Elizeu e seu servo Geazi gastam algum tempo tentando encontrar um modo de agradecer, e é a partir de uma observação de seu criado, que Eliseu encontra a resolução perfeita. A mulher era estéril e nada melhor que um filho para alegrar a casa. A sunamita é chamada no recinto e ouve do profeta a seguinte promessa: No próximo ano, nesta mesma data, terás um filho em seus braços!

O problema, é que passado apenas alguns anos, o menino faleceu (II Reis 4:18-19)

Eclesiastes 3:1-8, nos diz que há um tempo específico para todas as coisas, inclusive sorrir e chorar. Aquela mulher havia tido uma manhã angustiante, acompanhando sozinha a lenta morte do filho, que agonizava em seu colo. Aquela mulher certamente não contava com o óbito da criança, pois tinha certeza que Deus não tiraria o presente que lhe fora dado, sem ao menos que ela tivesse pedido. Mas a tragédia inesperada bateu em sua porta. Por volta do meio dia, o menino faleceu e com ele as esperanças de cura. Mas a sunamita não desistiu. Se a cura não era mais possível, o caso agora era para ressurreição, e ela iria até as últimas consequências. Sem alarmar ao marido, a mulher leva seu filho já sem vida até o quarto construído para o profeta (subindo escadas!), enxuga o seu choro, diz ao esposo para não se preocupar pois “tudo está bem”, e então viaja cerca de 5 quilômetros até o profeta, que neste dia, fazia suas orações no Carmelo. Ao vê-la se aproximando, o profeta percebe sua aflição de espírito, mas não recebe de Deus a revelação do ocorrido. Elizeu ordena que Geazi vá ao seu encontro e a indague sobre como estão os membros de sua família: Como vai você? Como vai seu marido? Como vai seu filho? E as respostas: Bem... Muito bem... Vai tudo muito bem!

Aquela mulher entendeu a necessidade de ser forte, e manter inabalada a sua fé, certa de que nada estava perdido, e que se Deus lhe havia dado um filho, nem mesmo a morte poderia tirá-lo dela. Com esta crença ela se manteve inabalável por fora, ainda que estivesse aflita em seu interior. A sunamita não perdeu tempo com reclamações, indagações e questionamentos. Tampouco gastou suas lágrimas com inutilidades ou suas lamúrias com quem nada poderia fazer por ela. Mas diante do profeta, a mulher descortina seu coração: Ao encontrar o homem de Deus no monte, ela se abraçou aos seus pés. Geazi veio para afastá-la, mas o homem de Deus lhe disse: "Deixe-a em paz! Ela está muito angustiada, mas o Senhor nada me revelou e escondeu de mim a razão de sua angústia". E disse a mulher: "Acaso eu te pedi um filho, meu senhor? Não te disse para não me dar falsas esperanças?” II Reis 4:27 -28... Agora o profeta se vê encurralado e sente a necessidades de agir mais uma vez em prol de sua benfeitora.

A primeira estratégia adotada por Elizeu denota a urgência com a qual ele queria resolver aquela situação. Enquanto caminha rumo à casa da sunamita, ele ordena que seu servo Geazi corra na frente, e coloque o cajado do profeta sobre o corpo inerte do menino; mas o servo retorna com a triste notícia: nada aconteceu. Chegando à casa, Elizeu sobe ao quarto, fecha a porta e ora buscando uma direção. Agora, sem afobamento e divinamente orientado, o profeta se deita sobre o corpo do menino, afim de lhe transmitir calor...  Olho com olho, boca com boca, mão com mão. Mais uma vez, nada acontece. O profeta se levanta e começa a caminhar pelo quarto, até que decide repetir o mesmo procedimento, e desta vez, o milagre acontece. O menino espirra sete vezes antes de abrir os olhos... Mãe e filho podem se abraçar outra vez.

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