segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Deus foi injusto com Moisés?



Quando Deus comissionou Moisés, deu a ele a tarefa de ir ao Egito libertar Israel da escravidão (Êxodo 3:10). Uma vez livre, o destino daquela nova nação seria se estabelecer em Canãa. Depois de 40 anos de jornada, já na divisa da terra prometida, Deus ordena que Moisés suba em uma montanha para morrer. O grande libertador não entraria com seu povo em Canaã. Estaria Deus sendo injusto com Moisés, matando-o antes que o mesmo vivenciasse a promessa?

Muito se debate sobre os méritos e/ou deméritos que convergiram para Moisés não ter o “privilégio” de entrar em Canaã. Porém, não encontramos no próprio Moisés, qualquer sombra duvidosa em relação a justiça divina ou questionamento quanto a ordenança do Senhor para que ele subisse pelo caminho Pisga, para ali, no alto da montanha, ter seu derradeiro e definitivo encontro com Deus. Moisés morreu, e isto é um fato. Pode até ser indigesta a ideia de um dos maiores heróis da fé ter “sucumbido” sem vivenciar em “loco” a grande promessa feita para sua gente. Israel não lidou bem com esta notícia, pranteando por mais de um mês. Seu sucessor imediato, Josué, precisou ser intimado por Deus a se posicionar como líder, pois certamente, ainda nutria uma esperança pelo retorno de seu mentor. Porém, Moisés jamais desceu a montanha. Foi dali que ele pode contemplar toda a extensão da terra prometida e vislumbrar pelos olhos da fé a posição geográfica ocupada por cada tribo.  No chamamento específico de Josué, a promessa de conquista feita por Deus se estendia até o poente do sol (Josué 1:4). O sol se põe exatamente na linha do horizonte, que por sua vez, pode ser definida como o limite do campo visual de uma pessoa. Em outras palavras, Deus estava dizendo ao jovem líder que sua capacidade de conquistar estava atrelada com o alcance de sua visão. Quanto mais longe se enxergar, mas território há para se expandir. Neste ponto, Moisés tem como última missão de vida, “visualizar” toda a terra, legalizando previamente a tomada daquele território pelos hebreus.

No alto da montanha, Deus recolhe Moisés para seu merecido descanso. Judas 9 descreve a disputa verbal entre o arcanjo Miguel e Lúcifer, que se rivalizavam por causa do “corpo” de Moisés. Então, o próprio Deus, valendo-se da distração do inimigo, sepultou pessoalmente o corpo de Moisés em um dos vales de Moabe, guardado em sigilo perpétuo. Porém, a morte não finalizou a grande missão mosaica, pois sua última aparição cronológica está registrada em Mateus 17:1-9 (O evento também é mencionado em Marcos 9:2-8, Lucas 9:28-36 e II Pedro 1:16-18). Jesus convida seus três discípulos mais próximos para acompanha-lo até o cume de um alto monte, e ali, diante de seus olhos, o Messias se transfigura em glória. De repente, duas figuras também glorificadas aparecem e passam a dialogar amigavelmente com Jesus. Um deles é Elias e o outro, Moisés.

Elias não experimentou a morte, mas foi arrebatado aos céus ainda em vida por um redemoinho de fogo (II Reis 2:11). Ele é um tipo da igreja que ao som da última trombeta será transformada, e então arrebatada para encontrar com Jesus nos ares. Já Moisés, ali se faz presente representado as miríades de servos fieis que embora tenham encontrado a morte física, estão hoje repousando na glória, esperando o momento da ressurreição (I Tessalonicenses 4: 13-17). Assim, este grande herói que tanto nos ensinou em vida, com a sua morte planta em nossos corações a semente de uma esperança de glória, e a certeza que o melhor de Deus não se manifesta nesta terra, e sim na eternidade. E como se toda esta riqueza espiritual não bastasse, ainda existe um aspecto pratico de grande relevância. Moisés nasceu no Egito, constituiu família em Midiã, peregrinou pelo deserto do Sinai, morreu e foi sepultado em Moabe. Ele nunca conheceu a terra de seus antepassados e jamais sentiu sobre seus pés o solo amado de Canaã. Agora, séculos após sua morte, ali está ele, muito bem acompanhado e pés firmados sobre uma montanha fincada vigorosamente no coração de Israel. Finalmente estava na terra prometida... 

Sim, ele também entrou lá! Deus é fiel em suas promessas!

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