sábado, 25 de junho de 2016

Líriro dos Vales - O Colecionador de Lágrimas


Na noite deste sábado, 25/06/2016, o Círculo de Oração Lírio dos Vales realizou seu culto especial de mulheres, louvando ao Senhor Deus por mais um mês de batalhas travadas e vencidas. Uma celebração de louvor e gratidão, marcada por muito quebrantamento e lágrimas derramadas, que contou ainda com uma emocionante ministração do Pb. Miquéias Daniel Gomes  baseada no texto de Salmo 56:8.

Existem mais de 300 motivos conhecidos que podem  nos levar a um estado de choro. Mas apesar de não gostarmos muito desta vazão de lágrimas, fato é que elas são benéficas para o ser humano. Poeticamente falando,  chorar é como deixar a alma tomar banho em uma incrível banheira de hidromassagem, com direito a rosas e sais suíços. Clinicamente, a  lágrima  lubrifica os olhos, mantendo os órgãos hidratados e descansados. Economicamente, ela é o melhor substituto para o colírio e pode ser conseguida  gratuitamente "em qualquer lugar". Isso sem contar que o choro é um excelente terapeuta, capaz de aliviar as mais acentuadas tensões.

Chorar é a primeira coisa que aprendemos (e fazemos em nossa vida). Já no instante no nascimento as lagrimas se tornam nossa amiga e aliada até mesmo na hora da morte. Quem não chora pode sofrer com falta de ar, asma, ansiedade e até úlcera intestinal. E para tudo isso, a ciência tem uma explicação. É que enquanto o choro rola no rosto, o corpo precisa agira com controle sobre a respiração e requer equilíbrio entre as emoções agradáveis e desagradáveis. Todo esse esforço do organismo tem como único objetivo o relaxamento imediato. Depois de alguns minutos de derramamento de lágrima, o organismo extravasa. É como se um enorme elástico estivesse estendido mas perdesse a força.

Agora o fato mais importante e talvez desconhecido sobre as nossas lágrimas, é que elas são peças importantes de uma coleção, cujo dono é o próprio Deus. E a Bíblia fala abertamente sobre esta questão, quando Davi afirma no Salmo 56:8 - Registra, tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em teu odre.

Davi chorou muito ao longo de sua vida. Poucos homens verteram tantas lágrimas como o salmista de Belém. Sua vida foi marcada por lutos estendidos, noites de apreensão, fugas não planejadas e vários funerais de seus próprios filhos. Davi chorou sabendo que as lágrimas que deveriam ser secadas com a sua mão, foram secas pelo próprio Deus! Ele testifica que o Senhor Recolhia as suas lágrimas com um odre divino. Odres eram recipientes feitos de couro para guardar líquidos. E nos céus, o belemita tinha alguns frascos com seu nome.

A verdade é que Deus interpreta nossas lágrimas, e com isso entende a intensidade de nossa dor. Quando não temos mais forças para orar e só conseguimos chorar aos pés do Senhor, Ele não só ouve o seu clamor sem palavras, como também recolhe todas as suas lágrimas em seu precioso tesouro. Lágrimas são frases para Deus. Mas por ser fiel ao nosso livre arbítrio, o Senhor só recolhe as lágrimas que lhe entregamos. Então, a grande questão é: para quem temos chorado?

Em II Reis 4, encontramos a história de uma mulher lidando com a morte do próprio filho. O profeta Elizeu fazia questão de caminhar pelas ruas de Suném durante suas peregrinações até o Carmelo.  Esta rotina anual, não passou despercebida por uma das moradoras locais. Percebendo que o profeta tinha o habito de passar próxima a sua casa e reconhecendo que ele era de fato um homem santo; essa hospitaleira sunamita, cuja identidade sequer foi revelada, convidou ao profeta para realizar refeições regulares em sua casa. Não sendo isto o bastante, ela convenceu seu marido a construir um cômodo extra, próximo ao muro da residência, para que Elizeu pudesse se hospedar com conforto ali. O profeta do Senhor, consternado com tamanha hospitalidade, sentiu a necessidade de retribuir o favor. A mulher era estéril e nada melhor que um filho para alegrar a casa, então ela recebe de Elizeu a seguinte promessa: No próximo ano, nesta mesma data, terás um filho em seus braços!

Sua palavra foi tão poderosa que naquela mesma noite o homem se tornou fértil, e a mulher foi curada de sua esterilidade. Porém, passados alguns anos, de forma repentina, o menino teve uma dor de cabeça e veio a falecer nos braços de sua mãe, que de forma surpreendente, não desperdiçou uma lágrima, o levou ao quarto que havia construído para o profeta. Aquela mulher certamente não contava com o óbito da criança, pois tinha certeza que Deus não tiraria o presente que lhe fora dado, sem ao menos que ela tivesse pedido. Mas a tragédia inesperada bateu em sua porta. Por volta do meio dia, o menino faleceu e com ele as esperanças de cura. Mas a sunamita não desistiu. Se a cura não era mais possível, o caso agora era para ressurreição, e ela iria até as últimas consequências. Sem alarmar ao marido, a mulher leva seu filho já sem vida até o quarto construído para o profeta (subindo escadas!), enxuga o seu choro, diz ao esposo para não se preocupar pois “tudo está bem”, e então viaja cerca de 5 quilômetros até o profeta, que neste dia, fazia suas orações no Carmelo. Ao vê-la se aproximando, o profeta percebe sua aflição de espírito, mas não recebe de Deus a revelação do ocorrido. Elizeu ordena que Geazi vá ao seu encontro e a indague sobre como estão os membros de sua família: Como vai você? Como vai seu marido? Como vai seu filho? E as respostas: Bem... muito bem... vai tudo muito bem!

Aquela mulher entendeu a necessidade de ser forte, e manter inabalada a sua fé, certa de que nada estava perdido, e que se Deus lhe havia dado um filho, nem mesmo a morte poderia tirá-lo dela. Com esta crença ela se manteve inabalável por fora, ainda que estivesse aflita em seu interior. A sunamita não perdeu tempo com reclamações, indagações e questionamentos. Tampouco gastou suas lágrimas com inutilidades ou suas lamúrias com quem nada poderia fazer por ela. Mas diante do profeta, a mulher descortina seu coração e as lágrimas rolam em sua face. Ela chora pra Deus, e com isso, recebe seu filho de volta para vida. O odre celeste transforma lagrimas em milagres!

E a maior beleza de tudo isto é que nos céus, as lagrimas só são encontradas em “odres” e nunca em “olhos”. Por mais que choremos aqui na terra, Deus tem nos preparado um lugar onde não existe sofrimento e nem dor, um céu onde não espaço para tristeza... E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas (Apocalipse 21:4).  No céu, lágrimas são peças de museu... relíquias de um passado do qual não nos lembraremos mais.



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