quinta-feira, 16 de março de 2017

EBD - Os antepassados de Jesus Cristo revelam a presença da Graça de Deus


Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 102 - Editora Betel
Aprendendo com as Gerações Passadas - Lição 12
Comentarista: Pr. Manoel Luiz Prates












Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene Wanderley













Texto Áureo
Salmos 100:5
Porque o Senhor é bom, e eterna, a sua misericórdia; e a sua verdade estende-se de geração a geração.

Verdade Aplicada
Uma vez salvos e iluminados pela verdade da cruz, as cargas hereditárias não nos impedem de sermos novas criaturas em Cristo.

Texto de Referência
Mateus 1.1-6

Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos;
E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá, e Perez gerou a Esrom, e Esrom gerou a Arão.
E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom;
E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou, de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé;
E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.


Introdução

Através da genealogia de Jesus Cristo, dúvidas e problemas acerca de nossa natureza humana podem ser claramente explicados, bem como também vemos a manifestação da graça do Eterno Deus.


A linhagem de um Rei
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Mateus escreveu para uma audiência hebraica, por isso fez questão de destacar a genealogia de Jesus e o cumprimento das profecias do Velho Testamento, que comprovavam o fato de Cristo ser o tão esperado Messias. Mateus é enfático ao indicar a linhagem real de Jesus, identificando-o como o “Filho de Davi” que ocuparia para sempre o trono de Israel (Mateus 9:27; 21:9). Ao contrário de outros evangelistas, Mateus não ocupa seu tempo em explicações sobre costumes judaicos, o que nos dá a certeza que seu público alvo conhecia bem todos estes ritos. Emprega constantemente as terminologias judaicas “Reino dos Céus” e “Pai Celestial”, realçando o papel de Jesus como Filho de Davi. Mateus se mostra determinado a comprovar que em Cristo se cumpriam as profecias concernentes ao Messias Prometido desde os tempos antigos. Para isso, o evangelista faz 29 referências ao Antigo Testamento, sendo que em 13 delas, ressalta que o acontecimento “se deu para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas”. 

Com isso, Mateus pode ser considerado o Evangelho da transição, ou seja, uma ponte que liga o Antigo ao Novo Testamento, tornando sua localização dentro da Bíblia muito mais simbólica e estratégica. Não era fácil ser cristão vivendo entre os judeus. Quando Jesus começou a ministrar na Galileia, colocou em polvorosa o judaísmo, com uma mensagem que ia de encontro a pontos salientes do sistema político-religioso dos judeus. Numa sociedade machista, Jesus agregava mulheres ao seu círculo privilegiado de discípulos. Para a milenar lei do “olho por olho”, Cristo apresentou uma alternativa nada ortodoxa: “amar seus inimigos”. Jesus fez amizade com publicanos e foi amigável com mulheres pecadoras, e com isso, “afrontou” a poderosa classe farisaica, pilar da religião predominante em Israel. Incompreendidos pelos religiosos e temidos pelos políticos, os cristãos se tornaram uma seita controversa, gerando uma “curiosidade temorosa” em boa parte da população.

Mateus escreveu seu evangelho exatamente para “eliminar” as dúvidas existentes sobre a pessoa de Jesus, e tornar pública a história que os líderes religiosos tentavam esconder. A introdução de seu livro apresenta Jesus como “filho de Davi”, traçando uma linha linear da genealogia de Jesus, passando por 42 gerações, até o patriarca Abraão. Com isso, deixa claro que Cristo é por direito o REI DOS JUDEUS, o ocupante definitivo do Trono de Davi (II Samuel 7:12). 

Seguindo a visão agregadora de Jesus, Mateus surpreende seus leitores listando em sua genealogia não apenas o nome dos patriarcas de cada família, mas também inserindo nela algumas mulheres notáveis: Raabe,  Rute, Bete-Seba e Maria. Algo lindo a ser notado em meio ao emaranhado de nomes relacionados em Mateus 1:2-16, é notar que entre figuras históricas e heróis nacionais (Isaque, Jacó, Judá, Davi, Salomão, Josafá, Ezequias, Josias e Zorobabel), aparecem também alguns nomes improváveis para a árvore genealógica de um “Messias”. Raabe foi uma meretriz (Hebreus 11:31), Rute era moabita (povo abominado por Deus em decorrência de suas perversidades - Hebreus 23:3), Salomão era filho de um casal adúltero (Davi e Bete-Seba), Manassés e Amom foram reis de grande depravação moral, e Jeconias era portador de uma maldição sobre sua descendência (Jeremias 22:30). Mesmo assim, o Cristo emerge triunfante desta geração, provando que nele reside o poder de suplantar toda maldição e apagar todos os pecados.


A importância da genealogia

A genealogia para um judeu sempre foi considerada de vital importância, porque sem uma árvore genealógica eles não poderiam provar que faziam parte de determinada tribo e não teriam direito de possuir qualquer herança. Mateus apresenta tanto a linhagem humana de Jesus (Mateus 1:1-17), quanto a divina (Mateus 1:18-25). A intenção de Mateus era comprovar que Jesus pertencia à linhagem de Davi e Abraão, portanto, era o Messias predito nas Escrituras. Outro fato importante é que Mateus apresenta a singularidade do nascimento de Jesus Cristo, isto é, a forma como foi gerado pelo Espírito Santo (Mateus 1:18). Ele deixa claro que José não “gerou” Jesus, foi apenas o marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo (Mateus 1:16). A genealogia apresentada por Mateus é um documento que atesta a veracidade de Cristo como Messias. Através dela, Mateus revela a origem de Cristo dentro da história de Israel: Jesus, filho de Davi (Mateus 1:1).

Não era fácil apenas dizer que se pertencia a alguma linhagem em particular, era necessário provar. Em sua soberana providência, o nosso Deus tanto governou, quanto prevaleceu sobre os acontecimentos históricos, e os fez tudo isso a fim de realizar Seu grande propósito: cumprir Sua Palavra, apresentando para a humanidade um salvador, Seu Filho Jesus Cristo: “E dará à luz um filho, e chamarás o seu nome Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados” (Mateus 1:21). É importante observar que Mateus está interessado, primeiro e principalmente, em mostrar que Jesus Cristo era o Messias, descendente direto da casa real de Davi e da posteridade do patriarca Abraão, a quem as promessas divinas foram primeiro dadas.

Os personagens escolhidos pelo Espírito Santo para compor a lista dos familiares de Jesus Cristo são sem dúvida, muito intrigantes (Mateus 1:1-17). A lista apresenta vários tipos de casos e, de forma detalhada, Mateus vai relatando, com riqueza, seus nomes e seus feitos. A Bíblia nada omite acerca de falhas ou deslizes, mesmo sendo eles pertencentes à família do Ungido. Todos os personagens aparecem nessa tão importante genealogia unicamente pela graça de Deus.

Ao olhar para a genealogia de jesus Cristo, a primeira coisa que poderíamos imaginar é que a lista não seria de pessoas tão pecadora como as encontradas aqui. É importante fazer uma comparação com os familiares que também temos, porque o Eterno Deus não se envergonhou de apresentar os descendentes do grande Rei. Por que temos o receio de apresentar certas pessoas de nossas famílias? (Salmo 86:5).

Para entender melhor a questão genealógica, vejamos algumas teorias que buscam explicar os desvarios do coração humano (Provérbios 4:23). A teoria geneticista diz que herdamos de nossos pais vívios, doenças, loucuras, e a qualquer hora isso se manifestará porque está no nosso sangue. A psicologia afirma que as relações domésticas são essenciais na configuração das personalidades e desenvolvimento de cada indivíduo. Já a sociologia afirma que por ser o homem um ser social, seu comportamento é influenciado pelas relações. Essas teorias possuem suas fundamentações, mas, de fato, nenhuma delas pode entender o que se passa no coração humano (Salmo 73:26). Somente Deus conhece o interior do homem.

Ao ler uma genealogia, precisamos sempre nos perguntar a razão de tais nomes estarem ali registrados. Deus tem propósitos e sempre está querendo nos ensinar algo nesses casos (Deuteronômio 29:29). Não estamos falando da família de uma pessoa comum, estamos falando de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. Nessa lista, foram colocados todos os tipos de pessoas, para nos mostrar que a graça de Deus se estende a todos.


Biografias do Passado
Comentário Adicional
Pb. Bene Wanderley

Este é tipo de comentário que me causa grande apreensão. Já li o evangelho de Mateus por diversas vezes, mas, confesso que a genealogia apresentada pelo evangelista nunca me despertou inquietação. Porém, a lição aqui estudada nos propõe uma reflexão intimista sobre este emaranhado de nomes, o que nos leva a descoberta de quão profundo é este assunto. Ele nos levará a entender com mais clareza o caráter do próprio Deus, e uma compreensão de como Ele pode alcançar os seus propósitos usando as mais variadas formas de revelar sua maravilhosa graça. É bom relembrar que a graça de Deus é um favor imerecido; é produto do mais puro amor de Deus para com todos os homens. A graça é dom de Deus. O homem, por mais que se esforce, não conseguirá mensurar o tamanho e o valor da graça de Deus. Todo esforço é inútil em querer explicar o favor divino.

Ao olharmos para os antepassados de Jesus, nos deparamos com uma lista de nomes improváveis. Temos ali pessoas com históricos dos mais terríveis e indesejáveis. Podemos dizer que realmente Deus tira água da rocha. Como já diz o ditado, “quem te viu e quem te vê”.  É surpreendente para nós, que temos uma mente pequena e impotente, aceitar que o Deus santo, justo, leal e poderoso, fosse capaz de salvar a humanidade levantando alguém especial numa casta de antepassados com históricos tão negros. Isso só vem a consolidar que Deus escolhe a quem ele quer, e faz o que lhe apraz, de forma que seus desígnios sejam estabelecidos.

Ao lermos a genealogia de Jesus, somos surpreendidos com os nomes que formam a árvore genealógica do Messias. Vamos destacar aqui alguns dos antepassados de Jesus:

Salomão o grande rei de Israel. Seu reinado foi um dos mais prósperos da nação, pacífico, cheio de riquezas, fartura e afamado por toda terra. A glória de Salomão se expandiu de uma a outra extremidade, e nenhum outro reino de Israel se igualou à tão grandioso sucesso. Nos primeiros anos de seu reinado, ele se dedicou a buscar ao Senhor Deus e o agradar. A construção do templo foi de uma grandeza jamais vista em toda a história. Além da sua sabedoria, suas riquezas ultrapassou os limites imagináveis. Com tudo, a história não termina como imaginamos. O mesmo homem que recebeu honrarias e poder por sua fé e determinação, foi o mesmo que negou sua fé, se rendeu a idolatria e morreu enredado em pecados.

Roboão, filho de Salomão que reinou logo após sua morte. Foi também um tempo difícil para o povo. Esse rei foi um insensato que deixou de ouvir conselhos dos conselheiros de seu pai e passou a ouvir jovens incapazes de enxergar um palmo a frente. Aventureiros incoerentes, sem misericórdia, sem empatia pelo ao sofrimento do povo. No reinado de Salomão, o povo fora duramente explorado com impostos. O jugo era pesado, e com a morte dele, se pensou que um tempo de refrigério viria. Esta era a proposta dos velhos conselheiros de Salomão, mas, Roboão não quis ouvi-los e tomou a decisão de ouvir os conselhos dos filhos de belial, trazendo um jugo ainda pior para o povo.

Raabe, a prostituta do muro. Todos já sabem dá história dessa mulher que apesar de ter uma vida dissoluta foi a porta de saída para os hebreus que foram espiar a terra prometida. Rute, a moabita que preferiu seguir sua sogra que fora peregrinar em terras estrangeiras.

Cada biografia dos antepassados de Jesus tem muito a nos ensinar sobre a graça e a misericórdia de Deus. Compreender a genealogia de Jesus será um aprendizado de muita importância para nós. Mas, acima de tudo, o que mais me chama a atenção, é exatamente o derramar da graça. Veja que Deus não limitou seu poder trabalhando em favor das almas renegadas. O plano perfeito para salvar o homem imperfeito. Outro ponto importante é justamente entender que Deus não vê como o homem vê, e não faz acepção de pessoas.


Deus gerou graça em 
meio a desgraça

As teorias expostas no tópico anterior tentam explicar como os seres humanos são influenciados, se transformam e agem. Porém, o controle de todas as coisas está nas mãos de Deus. A genealogia começa com Abraão, o pai da fé, que mentiu a Faraó, rei do Egito, para não morrer por causa da beleza de Sarai, sua esposa, quando descia ao Egito (Gêneses 12:11-13). Anos mais tarde, numa situação parecida, Isaque, seu filho, mente do mesmo jeito, dizendo que Rebeca é sua irmã (Gêneses 26:6-9). Nessa família estabelece uma cultura de mentira, que se perpetua na casa de Jacó, que enganou seu pai pela bênção da primogenitura (Gêneses 27:18-20). Os filhos de Jacó, movidos pela inveja, vendem seu irmão José como escravo e mentem, dizendo que havia sido comido por um animal selvagem (Gêneses 37:31-33).

Uma cultura de mentira e de engano se perpetuou nas relações familiares daquelas pessoas, gerando crise, separações, desenganos e muitas amarguras. Jesus Cristo nunca mentiu. Ele sempre foi e será verdadeiro. Ele é a Verdade. Esse tipo de influência, Jesus jamais herdou de Seus antepassados. Assim como nosso Senhor Jesus Cristo, nós também podemos quebrar os padrões comportamentos ruins de nossos antepassados (Salmo 91:10).

A genealogia de Jesus Cristo apresenta o perfil de várias famílias (Gêneses 38:15-19; Mateus 1.5a). No episódio de Judá e Tamar, poderíamos pensar no relato de um casal feliz. Mas se trata de um caso incestuoso entre um sogro e uma nora. Temos também a história de Raabe, uma prostituta que habitava em Jericó, a cidade vencida por Josué. Ela fez uma aliança com Deus e casou com Salmom. Dessa relação nasce Boaz (Mateus 1:5), que é o pai de Jesse, que é o pai do Rei Davi. Do qual Jesus é descendente direto. No caso de Tamar, a decisão foi vergonhosa: na de Raabe, transformadora. Na ênfase descrita por Mateus, observamos que nossas escolhas determinam nosso amanhã (Deuteronomio 30:19-20).

Tamar foi enganada por Judá seu sogro, e armou um esquema para garantir descendência, o que resultava em posses, porque, sendo viúva e sem filhos, não tinha direito a herança. Tamar errou por praticar incesto e Judá por prostituir-se (Gêneses 38:13-26). Essa genealogia está repleta de graça, onde faz refulgir com maior força a pessoa perfeita de Jesus, nosso Senhor e Cristo. Como nomes de mulheres normalmente não apareciam em genealogias judaicas. Mateus quis desarmar os críticos judeus sobre o nascimento de Jesus. Rute era moabita, Raabe, prostituta, e Tamar praticou incesto.

O relato da genealogia de Jesus apresenta alguns reis que cometeram atos abomináveis na história do povo hebreu. Até mesmo o rei Davi, homem segundo o coração de Deus, adulterou e, para omitir seu pecado com Bate-Seba, ordenou que Urias (marido de Bate-Seba) fosse colocado à frente da batalha, precipitando, assim, sua morte (II Samuel 11:15-18). Dessa relação, nasce um filho e Mateus enfatiza: “e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias” (Mateus 1:6b). Embora sendo o rei mais sábio entre os homens, Salomão deixou-se enredar por suas muitas alianças e casamentos. Suas mulheres infectaram a nação com seus ídolos (I Reis 11:1-5).

Não são poucas as vezes que reclamamos de nossos familiares e que não os aceitamos por seus deslizes de caráter. A genealogia do Filho de Deus nos ensina a compreender a graça e que podemos ser diferentes de nossos ancestrais, assim como Jesus Cristo o foi. De Salomão nasceu Roboão, que, levado pela influência de seus amigos, corrompeu a nação e dividiu o reino (Mateus 1:7; II Crônicas 12:1-16).


Maldições Familiares
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Podemos, mesmo abraçando o Evangelho de Cristo, ainda carregar algum tipo de maldição? A primeira coisa que precisamos fazer antes de responder esta pergunta, é entender o que de fato é uma maldição. O dicionário de língua portuguesa Aurélio, define a palavra maldição nos seguintes termos:  "Ato ou efeito de amaldiçoar ou maldizer". Maldizer: "praguejar contra; amaldiçoar". Maldito: "Diz-se daquele ou daquilo a que se lançou maldição". O Dicionário Teológico diz que maldição é “uma praga que se arroga a alguém ou locuções previamente formadas encerrando desgraças e insucessos". Já a Bíblia On-line define o termo como “chamamento de mal, sofrimento ou desgraça sobre alguém” e salienta: os que quebram a Lei estão debaixo de maldição (Gênesis 27.12; Romanos 3.14). Por estas definições entendemos que a maldição pode ser originada por palavras perniciosas, atitudes pecaminosas e pela desobediência. Hoje, muito se tem falado sobre um certo tipo de "maldição", que infelizmente tem se tornado o nicho publicitário e comercial de algumas igrejas, e a essência da mensagem de muitos escritores e pregadores ritualistas renomados: Maldições Hereditárias.

A maldição hereditária - segundo os que a defendem - surge em decorrência de um trabalho de feitiçaria ou de qualquer outra ação maligna lançada contra a vítima. Uma pessoa em sofrimento pode ter sido consagrada, antes ou depois do seu nascimento, às entidades demoníacas. Uma palavra má pode ter sido lançada sobre a vida de uma família, que nunca prosperará e será vítima de enfermidades e angústias. O ponto mais vertiginoso deste conceito, é que mesmo uma pessoa que já tenha tido um encontro com Jesus, seja fiel à Deus e esteja certo de sua salvação, pode ainda manter consigo maldições que se propagam em sua árvore genealógica, mesmo que sequer conheça a origem ou a causa. Aliás, por esta lógica, o próprio Jesus teria nascido sob a égide de diversas maldiçoes que permearam seus antepassados.

Porém, é muito difícil conciliar a chamada "Teologia da Maldição Hereditária" com a Palavra de Deus. Os que defendem a existência de crentes amaldiçoados por maldições provindas de antepassados, admitem que é possível estarmos de posse de uma herança maldita, por nós desconhecida, e difícil de ser detectada no tempo e no espaço. O remédio seria QUEBRAR, ANULAR, AMARRAR, REPREENDER essa maldição. Feito isso, o crente ou não crente estaria leve, liberto e livre de todo peso. Nem ele nem os seus descendentes sofreriam mais os danos desse mal. Entretanto, se aceitarmos a ideia que mesmo após nosso encontro com Cristo, ainda estamos atados por uma maldição herdada geneticamente, então diminuímos drasticamente, ou até mesmo neutralizamos o poder de Jesus em nossa vida, assumindo que sua obra redentora por nós e o poder que emana do seu sangue são insuficientes para quebrar uma maldição, sendo necessário uma intervenção humana “especializada e ritualística” para que a libertação o aconteça; e isto foge completamente do que é bíblico.

“É evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela lei, pois o justo viverá pela fé. A lei não é baseada na fé; pelo contrário, quem pratica estas coisas por ela viverá. Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar” (Gálatas 3:11-13). "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito" (Romanos 8.1).

Essa teoria anti-bíblica tem a maldição como uma entidade em si mesma que precisa apenas que alguém desencadeie o processo inicial, que é um pecado cometido por uma pessoa num passado remoto ou recente; depois disso, passa a agir com total independência e não leva em conta a responsabilidade pessoal. A maldição, segundo a doutrina em questão, opera cegamente atingindo qualquer um ao seu alcance; vai se transmitindo indefinidamente através do tempo, até que um especialista em quebra de maldições a identifica e interrompa seu ciclo. Já em outras circunstâncias parece ser uma energia maligna operacionalizada por demônios, que são chamados de "espíritos familiares"; sendo que esta maldição tem que ser quebrada pela intervenção humana num ritual que difere de especialista para especialista. 

De fato, não há real base bíblica e teológica para as definições e práticas da maldição hereditária. Quando os defensores dessa heresia usam versículos da Bíblia, utilizam textos que falam do poder das palavras, e de maldições, mas tirando-os do contexto, manipulando-os e adulterando o sentido da Palavra de Deus, e, para apoiar a sua doutrina insustentável biblicamente, usam um grande número de supostos relatos testemunhais, com interpretações subjetivas e falaciosas. O fato é que os textos usados por estes “especialistas” não dão respaldo à teoria humanista e mística da maldição hereditária da família, defendida por eles e por muitos outros.

A verdadeira maldição atinge as pessoas sem temor a Deus, sem entrega à Cristo e sem vida no altar, pois estes sim, estão condenadas à morte eterna. Sem Cristo a maldição nunca acaba, mas quando Jesus entra na vida do homem, lança por terra toda e qualquer maldição:  - "Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo" (2 Coríntios 5.17).


A vontade soberana de Deus

Como em todas as famílias, encontramos na família de Jesus gente de todo o tipo, e com os mais variados problemas. Cuidado com a ideia de que existam famílias perfeitas, isso pode nos levar a desvalorizar nossos familiares. A visita do anjo Gabriel modificou todos os projetos humanos de Maria. Mesmo assim, ela confiou que os planos do Senhor eram mais excelentes que os seus (Isaías 55:8-9; Efésios 3:20). Crer e aceitar isso desencadeou e ativou em sua vida o projeto para qual o Senhor a criou. Maria, em total respeito e obediência, simplesmente se submeteu: “Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo se ausentou dela” (Lucas 1:38). Assim como Maria, devemos confiar nos planos que o Senhor designou para as nossas vidas.

Embora muitos dos antepassados de Jesus Cristo fossem problemáticos, Maria não se deixou impregnar pelo pessimismo nem pelas sombras de uma possível hereditariedade. Existem pessoas que se esquecem de serem felizes porque receiam acontecer em suas vidas o mesmo que aconteceu com seus pais. Maria não olhou para os fantasmas do passado. Ela apenas abraçou a oportunidade de um futuro maravilhoso (Lucas 1:38). Vale ressaltar que a graça de Deus não é hereditária. É preciso algo mais do que apenas bom exemplo e bons conselhos para que alguém se torne filho de Deus. Aqueles que nascem do Alto não nascem do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (João 1:13). Os pais tementes ao Senhor devem orar, dia e noite, e apresentar o plano de salvação para que os seus filhos nasçam do Espírito.

Quando o Senhor Deus nos escolhe, Ele espera que tenhamos a mesma atitude de Maria. Se em nossos vínculos familiares existem pessoas praticantes de ocultismo, práticas malignas e condenáveis e que eventualmente possam ter lançado palavras de maldição contra nós, isso deve ser motivo de oração, não de preocupação. Isso não nos impede de vencer e seguir adiante. Não interessa as relações interpessoais que se estabeleceram em nossas famílias no passado. Elas não podem anular a promessa para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8:1). Se Jesus venceu, nós também podemos vencer (João 16:33). Quem está em Cristo é nova criatura (II Coríntios 5:17).

Em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, todas as barreiras foram derrubadas. Em Sua infinita sabedoria, o Eterno Deus inclui em Seus propósitos, e incorpora em Seu plano para a história, pessoas imperfeitas e cheias de pecado (Mateus 9:13). A genealogia do nosso Mestre nos mostra a amplitude universal do amor de Deus (João 3:16).

Somos seres humanos imperfeitos, mas contamos com o Espírito Santo para nos ensinar todas as coisas e nos lembrar tudo aquilo que Jesus Cristo nos admoestou (João 14:26). Tudo se fez novo em nós a partir do momento em que recebemos o Senhor em nossas vidas (II Coríntios 5:17). Não podemos permitir que influências externas sejam mais poderosas que as internas, afinal, Deus habita em nós através do Espírito Santo (João 14:17). Nascemos à semelhança de Adão, mas fomos resgatados por Jesus Cristo. Sendo assim, o que deve sempre prevalecer nos regenerados é a semelhança com aquele que os gerou (I Coríntios 15:48-49; II Pedro 1:3-4).

Sendo filhos de Deus, devemos crescer à sua semelhança. Esse é o projeto final da nossa salvação: tornarmo-nos semelhantes àquele que nos gerou (I João 3:1-3). Entendendo essas coisas, não devemos nos importar com quem foram os nossos antepassados.

Conclusão

As teorias que tratam acerca da vida humana e seus mais variados problemas de existência, não passam de meras teorias. Embora possuam suas fundamentações, o fator determinante para a transformação de uma vida está em Jesus Cristo. NEle tudo converge, nEle tudo é possível.



Em sua infinita bondade e misericórdia, Deus criou um plano de salvação para a humanidade e cada geração desempenha seu papel para que este plano se torne conhecido em seu tempo. Quando uma geração não cumpre o seu propósito, os prejuízos são incalculáveis. Devemos ser espelhos para as próximas gerações, isto é, através das nossas atitudes anunciar as grandezas do Senhor, mostrando a necessidade constante de termos um relacionamento íntimo e profundo com Deus. Para uma maior compreensão desta verdade, participe neste domingo, 19 de março de 2017, da Escola Bíblica Dominical. 

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