domingo, 1 de março de 2015

Tigres e Morangos (Palavra Pastoral - Março 2015)


Conta-se a história de um monge, que ao atravessar certo caminho, deparou-se com um tigre. Ele começou a correr desesperadamente para escapar da fera, até que chegou na beira de um precipício, sobre o qual havia um cipó balançando. Não pensou duas vezes, agarrou-se nele e foi descendo apressadamente.

Mas o cipó era curto, e quando ainda faltavam uns vinte metros para o chão, percebeu que lá embaixo, pedras pontiagudas aguardavam sua queda. O monge estava numa situação de total desespero. Se subisse, seria devorado pelo tigre que o espreitava, se insistisse na descida, fatalmente seria despedaçado pelas rochas afiadas. Enquanto fervilhava em pensamentos sobre o que fazer, ele voltou sua atenção para a encosta do penhasco e avistou um morangueiro. Projetou o seu corpo para tomar impulso, e após algumas tentativas conseguiu apanhar alguns frutos. 

O monge então, com os olhos cerrados, degustou sua colheita, e mesmo estando preso entre o tigre e o abismo, naquele momento sua mente só conseguia pensar em uma coisa: “Estes são os morangos mais deliciosos que já comi em toda a minha vida!”

Quantas vezes, nesta longa e árdua jornada chamada vida, somos perseguidos pelas “feras” que rondam nosso passado, e tentando fugir das mesmas, somos levados a um abismo desconhecido chamado futuro, no qual a única certeza que temos, é a que existem pedras pontiagudas ao fundo. O herói da nossa história vem para mostrar que nossa primeira (e imediata) atitude deve ser agarrar-se a qualquer fio de esperança, por mais débil que possa parecer. Depois, já entrelaçado com essa “esperança”, simplesmente saborear os frutos doces que o dia de hoje, também chamado de “PRESENTE” tem a nos oferecer.

Como cristãos, frequentemente nossa boca é invadida pelo gosto amargo do fel de nosso passado, ou pelo sabor rançoso encontrado no medo do futuro; mas Cristo vem pela manhã, e te traz doces e saborosos frutos, colhidos ainda no hoje. Não se prive o banquete. Como a história do monge termina é um grande mistério, que nunca saberemos. E nem precisamos. O que realmente importa é aprender a apreciar intensamente o dia de hoje, mesmo sob a pressão avassaladora do ontem e a ameaça velada do amanhã.
 

E então? O que tem te atormentado? Serão os fantasmas do passado que surgem inesperadamente cobrando antigas dividas já pagas ou serão os monstros existentes no futuro, e que amedrontam antes mesmo de chegarem? 

Seu tempo é o “HOJE”, seu lugar é o “AQUI” e seu momento é o “AGORA”. O ontem já não tem conserto, então considere-o consertado. O amanhã pertence a Deus, então, convença-se que ele está em excelentes mãos. 

O Hoje é inteiramente seu, como um valioso presente que se ganha apenas uma vez na vida. Então faça-o valer a pena! Viva mais, perdoe mais, ore mais... Coma hoje os frutos que são oferecidos a você pelo próprio Deus. O mesmo Deus que no ontem plantou a árvore e no amanhã, cuidará para que ela frutifique outra vez.

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