segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Quem era de fato o sogro de Moisés?



Êxodo 2:15 registra um dos mais melancólicos momentos da vida de Moisés. Sem ter para onde ir e não podendo retornar para o lugar que sempre chamou de lar, ele caminha vagarosamente pelas áreas quentes do deserto, até ser vencido pelo cansaço. Então, imerso em seus pensamentos, senta-se junto a um poço de águas construído na terra de Midiã. O que fazer agora? O que será do amanhã? Enquanto Moisés reflete sobre seu passado e divaga pesarosamente sobre o futuro, percebe a aproximação de algumas mulheres, que se achegam ao poço afim de abeberar os seus rebanhos. Por alguns minutos Moisés observa o trabalho das moças, até que um grupo de pastores salientes também se aproximam do poço e usando de força bruta, tentam levar vantagem sobre as meninas. Moisés, um “gentleman inveterado" toma partido e decide intervir na situação. Primeiro ele usa seu treinamento militar para dar um “sacode” nos pastores abelhudos, e depois, sua finesse para se voluntariar a terminar o serviço das pastorinhas.

As meninas retornam para casa mais rápido do que é usual, e são questionadas pelo pai sobre a rapidez do trabalho. Elas cotam sobre o ataque sofrido e como um egípcio desconhecido afugentou os agressores e concluiu em tempo recorde as atividades do dia. O patriarca demostra interesse em conhecer o gentil bem feitor, e desta forma, Moisés é convidado a visitar a aldeia dos midianitas. A empatia entre ambos é quase instantânea, e Jetro convida Moisés apara permanecer com eles por mais tempo. Os dias se tornariam meses, e os meses anos... Naquele lugar, Moisés encontraria o refúgio que tanto buscava, vivendo uma calmaria jamais experimentada, longe da monarquia egípcia e distante do sofrimento israelita. Em Midiã, o outrora “príncipe” se tornaria um pacato pastor de ovelhas, pai de dois filhos, casado com Zípora (uma das pastoras que ajudou no poço), tendo o próprio Jetro por sogro.

Jetro exercia em Midiã um tipo de liderança tribal religiosa, sendo identificado como um sacerdote de elevada consideração. No seu aclamado livro “Histórias dos Hebreus”, o historiador Flavio Josefo comenta sobre “um sacerdote chamado Reuel, ou Jetro, muito estimado entre os seus, que louvou a gratidão das filhas e mandou chamar Moisés, dando lhe sua filha Zípora por esposa”. Provavelmente, “Jetro” era uma nomenclatura para fins religiosos, já que em outras referências ele é identificado como Reuel, em contextos que indicam ser este seu nome “civil” (Êxodo 2:18).

O fato é que Jetro se tornou um amigo pessoal e conselheiro de seu genro, cujas palavras influenciavam positivamente as decisões de Moisés. Jetro tinha sete filhas que cuidavam de seus rebanhos antes da chegada de Moisés, e o pentateuco ainda faz menção a pelo menos um de seus filhos. Este homem chamado Hobabe teria herdado o patriarcado de seu pai, se tornando um honrado líder de seu povo, e que mais tarde também foi um importante aliado de Moisés, ajudando os israelitas na conquista de Canaã (Números 10:20-33). Jetro por sua vez, ajudou Moisés a entender os desígnios do Todo Poderoso e aceitar a missão de libertar os israelitas - Então foi Moisés, e voltou para Jetro, seu sogro, e disse-lhe: Eu irei agora, e tornarei a meus irmãos, que estão no Egito, para ver se ainda vivem. Disse, pois, Jetro a Moisés: Vai em paz (Êxodo 4:18).

Ainda no caminho para Egito, Moisés optou por enviar sua esposa e filhos de volta a Midiã para preserva-los em segurança. Com os hebreus já livres da servidão e em marcha rumo a terra da promessa, Jetro decidiu promover o reencontro de Moisés com sua família.

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