sexta-feira, 1 de maio de 2015

Amor Sacrificial (Palavra Pastoral - Maio 2015)



Fui criado num ambiente de extrema pobreza, numa vila muito humilde, de gente simples, porém batalhadora. Neste tipo de lugar, a gente cresce ouvindo muita coisa, e algumas dessas palavras nos acompanham pelo resto da vida

Ali, vivendo minha infância num meio que as vezes chegava a ser um pouco hostil, presenciei algumas cenas marcantes e estoquei em meus ouvidos uma série de vocábulos indigestos, pois quanto maior a pobreza, maior também é a tendência para decepções, e esta realidade fica explicitada nos personagens, nos lugares e no enredo da história de nossa vida.

Porém, tenho guardado com muito carinho, a frase expressa por diversas vezes, por dezenas de mulheres de minha vila:

“Desde que pari, nunca barriga enchi”

Esta frase, oriunda em parte da pobreza que limita as regalias da vida, traz em seu bojo a essência do amor sacrificial tão latente na maternidade. Geralmente era citada quando uma mãe estava se alimentando e seu filho se achegava querendo aquele alimento, ou pedindo alguma coisa que demandasse urgência de atenção. A mãe, solicita, deixava de lado sua própria necessidade alimentícia para atender ao seu filho, dando a ele sua refeição, ou deixando o prato para traz, enquanto priorizava seu rebento. Então vinha a frase já citada: “Desde que pari, nunca barriga enchi”.

Deus realmente estava inspirado quando criou as mães, pois não existe no planeta uma criatura tão excepcional.

Desde os primeiros dias de gestação, a ligação com o feto, ou melhor, a sintonia com seu filho já é espetacular. Ainda ali, já aflora um amor que supera a tudo e a todos. Não importa o frio, a fome, o sono ou a dor, a mãe está integralmente presente, protegendo, acalentando e abençoando aquele ser indefeso, que ela defende com unhas e dentes.

Esse amor só faz aumentar e nunca cessa, inda que os seus “bebes” cresçam e se casem, pois os filhos são presentes a elas entregue por Deus, e jamais lhes serão tirados, nem mesmo pela morte. Amor que excede o fim.

Sendo assim, neste mês dedicado as mães (deveriam ser todos os doze), quero expressar minha gratidão a vocês, guerreiras que protegem suas proles com nobreza de alma, fervor de espírito e se preciso for, com a própria vida. Recebam meus parabéns, e meu abraço especial.

Já não posso abraçar a minha mãezinha (Senhor, a abrace por mim), então em minha carência pelo afago de mamãe, me permitam, com todo respeito, ser envolto no abraço de cada mãe desta igreja.

Mãozinhas para cima... Feliz dia das mães!  

 
 (Em memória de Leonilda Gomes)




Nenhum comentário:

Postar um comentário