quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Cartas Vivas



A palavra grega “ekklesia”, que na língua portuguesa se traduz por “IGREJA”, etimologicamente significa “alguém que é chamado para fora”. Ela é formada de uma preposição - “ek” (fora) - e de um verbo - “kaleo” (chamar), logo, é transliterada por “chamar para fora”, mas também pode ser entendida como “assembleia" ou ainda "assembleia dos santos".  Ekklesia, no sentido prático, designava uma convocação de homens para a guerra. Jesus escolheu este termo para identificar a organização que estava implantando na Terra antes de sua ascensão aos céus, usando-a pela primeira vez em sua conversa com Pedro registrada no texto de Mateus 16:18.

Neste contexto teológico, “Ekklesia ou Igreja” trata-se de um grupo específico que ao receber o chamado do Evangelho de Cristo (chamado este que é universal), abandonam suas velhas práticas, renunciam a si mesmos, tomam a cruz sobre os ombros e passam a seguir Cristo, tendo seu modo de agir, pensar e viver, lapidados de acordo com os ensinamentos de Jesus. São pessoas que embora vivam no mundo, do mundo não são mais; pois vivem a vida baseados na fé do Cristo encarnado. Viviam num círculo vicioso de pecados e longe da vontade divina, mas foram “chamados para fora” e agora fazem parte do Reino de Deus.

Já nos primeiros dias da Igreja como “instituição”, alguns parâmetros foram estabelecidos sobre como deveria ser sua postura em relação ao próprio Cristo e aos homens. Primeiramente, eles foram obedientes a ordenança de Jesus para ficaram em Jerusalém até serem revestidos de poder. Este fato se sucedeu cerca de dez dias após a ascensão do Messias, quando o Espírito Santo foi derramado sobre os 120 remanescentes que perseveravam em oração. Lucas nos dá detalhes deste importante evento em Atos 2:1-4, e ainda revela que através de um único sermão, quase três mil almas se converteram naquele dia (Atos 2:41).

O crescimento da Igreja era assombroso, mas a essência do cristianismo se mantinha inalterada. Antigos e novos cristãos viviam em perfeita e ampla união, praticando com perseverança os ensinamentos apostólicos. Havia na alma de cada crente grande senso de temor e respeito. A comunhão era cultivada de uma forma onde todos pudessem assentar fraternalmente  numa única mesma mesa e realizar a mesma oração.

Os apóstolos pregavam com grande autoridade e poder sobre o “Cristo Ressuscitado”, realizando muitos prodígios e sinais no nome de Jesus. Entre eles não havia gente necessitada, pois os que possuíam mais, vendiam suas propriedades e bens, depositando os valores aos pés dos apóstolos, para que fosse distribuído entre os que mais precisavam.  Este com certeza é “o” modelo a ser seguido pelas igrejas de qualquer época e em qualquer lugar, mas que infelizmente, o tempo aliado ao egoísmo humano, tem conseguido corromper.

O grande desejo de Cristo para sua Igreja, é que ela seja um diferencial neste mundo que jaz no maligno, um farol para guiar os perdidos rumo a um porto seguro, uma luz intensa e incessante em meio as trevas. Somos uma carta viva (e aberta), escrita pelo próprio Deus e enviada aos homens para testificar sobre Jesus, assim como agiam os primeiros cristãos, cuja atividade, foi brilhantemente resumida por Lucas: Todos os dias continuavam a reunir-se no pátio do templo.  Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos (Atos 2:46-47).

Ultimamente, a Igreja vive dias difíceis, pois estamos passando por um momento dramático e angustiante. Alguns acontecimentos se abateram sobre o Corpo de Cristo e alteraram seu conceito diante da sociedade. Sua visão ficou ofuscada, sua missão comprometida, sua unidade abalada e sua comunhão fragmentada. É bem certo que enfrentamos crises em várias dimensões, porém, a área mais atingida é a da fidelidade.  Atualmente, percebe-se que a Igreja enfrenta crise em várias áreas e os princípios mais prejudicados são: a unidade, a comunhão e a ética.

A Igreja que supera as crises de unidade, comunhão e ética, e tudo aquilo que compromete sua missão, certamente possui características de uma Igreja fiel, que vence as influências mundanas. Um exemplo marcante de Igreja frutífera são os cristãos tessalonicenses Eles levaram a grande comissão de Cristo a sério (Mateus 28:18-20). Serviram de exemplo para outros cristãos, pois difundiam o Evangelho por onde quer que fossem (I Tessalonicenses 1.7-8). Levaram o Evangelho para toda a cidade, e, muito além de suas fronteiras físicas, para a região da Macedônia até a região da Acaia. Certamente esses cristãos discipulavam outros crentes e evangelizavam os incrédulos. Sem dúvida, outras igrejas foram fundadas graças à propagação do Evangelho que brotou daqueles irmãos.

A Igreja é um enorme celeiro e um grande depositário de vocações, talentos, recursos e potenciais. Neste sentido, seu papel deve ser o de orientar os membros para o serviço à sociedade. Refletindo o nosso chamado para sermos sal e luz. Temos de avançar na questão da solidariedade através da conscientização. Como no sentido original da palavra “igreja”, precisamos recuperar a nossa vocação histórica de agentes de transformação e esperança.

O testemunho social da Igreja deve invadir as feiras e praças da cidade, o ambiente de trabalho, a escola, a universidade, entre outros. A fé cristã não cabe entre quatro paredes. Quando seguimos a Cristo devemos contextualizar a verdade, refletindo a imagem de Deus no serviço, na proclamação, na compaixão e no amor (João 13:15; I Pedro 2:21).

Segundo o escritor cristão Richard Mayhue, salvo a igreja de Jerusalém, nenhuma outra igreja esteve tão intimamente ligada à expansão missionária quanto a de Antioquia (Atos 13:1-4). Ele aponta alguns princípios básicos e eternos que contribuíram para o sucesso da referida igreja. Primeiramente, a partida de Paulo e Barnabé foi motivada e direcionada pelo espírito Santo (Atos 13:2), isto é, estava de acordo com o chamado e vontade de Deus, e não de homens. Em segundo lugar, a igreja confiou os dois obreiros a Deus e os encarregou de promover a expansão do Evangelho, ou seja, foram enviados pelo Espírito Santo e pela igreja local. Entendemos aqui que Paulo e Barnabé estavam debaixo de cobertura espiritual (Atos 13:3).

Outro ponto a ser observado é que a igreja cedeu de boa vontade seus melhores homens, Paulo e Barnabé, em obediência à orientação do Senhor (Atos 13:4). Ela não foi mesquinha nem individualista em reter ou limitar a obra de Deus na vida dos seus servos e permitiu que o processo no campo missionário tivesse continuidade. Ela não tentou, de forma egoísta, segurá-los para si. Sendo assim, é preciso que a igreja atual reflita e repense sua recente prática missionária. O nosso Mestre já direcionou o caminho a ser trilhado e não podemos pensar em missões de forma diferente.

Missões, que inclui o evangelismo local e às nações (Atos 1:8), não é o título, nem cargo. É trabalho sério. Desse modo, sempre debaixo da orientação do Espírito Santo, urge para pregarmos a Palavra a todo o mundo (Marcos 16:15), a tempo e fora de tempo (II Timóteo 4:2).

Temos que conhecer quem é Jesus. Você tem que conhecê-lo e permitir que Ele perdoe seu pecado e que derrame amor de deus em seu coração. Então você poderá perguntar a Ele: “Senhor. O que quer que eu faça?”. Não pense que Cristo imporá uma lista enorme de coisas que não pode fazer. Quando se caminha com Cristo, você pode fazer o que quiser, pois Cristo fará você querer a vontade de Deus. E hoje a vontade de Deus para a Igreja é que estendamos nossa mão para o próximo.

A Bíblia nos ensina que temos de nos tornar pessoas que se importam com os outros. Nossa prioridade é para com os membros do Corpo de Cristo, particularmente com a Igreja Perseguida. Quando nos dirigimos a eles, nós os encontramos abertos para receber o amor de Deus, a única resposta à perseguição. A batalha não será ganha com tanques ou com armas no campo de batalha. A batalha real será travada por aqueles que estão cheios do Espírito Santo de Deus. Pessoas que se disponham a ir e proclamar Jesus Cristo. Que levem a Palavra de Deus. 


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