domingo, 28 de agosto de 2016

Sobrevivendo ao Naufrágio



Livremente inspirado na ministração do Pb. Pedro Antonio Gabriel, no Culto da Família realizado em  28 de agosto de 2016.

Saulo era um proeminente fariseu, nascido na cidade de Tarso (Ásia Menor), onde hoje se localiza o sul da Turquia. Membro destacado do sinédrio e mestre da lei instruído aos pés de Gamaliel, desde muito cedo tomou parte dos rituais e costumes judaicos, já que sua família descendia da tribo de Benjamim (embora tenha herdado de seu pai o título de cidadão romano). Zeloso pela lei mosaica e defensor irredutível da religião judaizante, Saulo viu no crescente da “seita dos nazarenos” uma ameaça real aos preceitos que acreditava.

Motivado pelo precedente aberto com a morte de Estevão e valendo-se de seu prestígio junto a elite religiosa de seu tempo, Saulo conseguiu a autorização de perseguir, prender e até matar os cristãos, alegando que os mesmos blasfemavam contra a lei e contra Deus. Porém, esta iniciativa bárbara, partiu de um coração determinado a defender sua fé até as últimas consequentes, e, portanto, Saulo empenhava-se virtuosamente em sua missão, certo que estava realizando um trabalho para o próprio Deus, eliminando da terra uma ideologia perniciosa e herética.

Saulo descobriu que um grande contingente de cristão estava atuando na cidade de Damasco, e imediatamente solicitou permissão para intervir ali. Porém, no meio do caminho, Ele teve sua vida transformada por um encontro glorioso, já que o próprio Cristo lhe interceptou. O jovem rabino avistou uma luz tão intensa, que não apenas o fez cair de seu cavalo, como também cegou seus olhos. Do meio do clarão, ouviu uma voz que lhe questionou: - Saulo, Saulo... Por que estás me perseguindo? Ele, atônito e assustado procurou imediatamente saber quem lhe falava, e a resposta que ouviu o surpreendeu grandiosamente: - Eu sou Jesus.... Aquele que você persegue!

Assim que tomou conhecimento que o Jesus dos cristãos, era o Deus que tanto amava, Saulo sujeitou sua vida a vontade de seu Senhor, seguindo passa a passo cada ordenança recebida. Por três dias continuou cego, sendo acolhido na casa de um cristão chamado Judas. Manteve-se em jejum e oração, até que Ananias foi enviado para lhe impor as mãos, e neste mesmo instante, além de recuperar sua visão, Saulo foi batizado com o Espirito Santo. Imediatamente começou a pregar o mesmo evangelho que tanto buscou destruir. Isso causou uma grande turbulência na cidade, e o perseguidor passou a ser perseguido, tendo que fugir de Damasco.

Apenas três anos depois de sua conversão ele voltaria a Jerusalém por indicação de Barnabé, sendo discipulado por Pedro e Tiago, o irmão de Jesus. Retornou a sua cidade natal, onde permaneceu pregando naquela região, até que Barnabé o convidou para trabalhar com ele na igreja de Antioquia. Ao todo, ele realizou três viagens com propósitos missionários, onde fundou grande parte das igrejas neo testamentárias, sendo que seus escritos para algumas delas estão no canon sagrado.

Levar a palavra de Jesus ao máximo de pessoas possível se tornou o lema e o objetivo da vida de Paulo, que não media esforços para alcançar as almas nas regiões mais longínquas da terra. Nos anos em que atuou como missionário, Paulo enfrentou todo tipo de afronta e perseguição, experimentou privações extremas, vivenciou desprezo, solidão e escárnio. Em II Coríntios 11:23-28, um breve resumo de suas agruras é realizado durante a defesa de seu apostolado ante a caluniadores: São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudezAlém das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. 

Em tudo, porém, Paulo se sentia fortalecido em Deus e combatia o bom combate da fé. Depois de ser preso em Jerusalém, Paulo abriu mão de sua liberdade pela chance de pregar em Roma, um antigo desejo seu, mesmo que para isso, tivesse que chegar ali algemado como um prisioneiro.

No final de sua terceira viagem missionária, enquanto retornava para casa, Paulo visitou seu amigo Felipe e ali recebeu do profeta Ágabo um alerta dizendo que se voltasse a Jerusalém seria preso. Ansioso por concluir sua tarefa missionária, o apóstolo dos gentios continuou sua jornada, alegando que estava pronto para morrer por Cristo. Como predito, Paulo viveria naquela cidade o mais desafiador momento de seu ministério, enfrentando uma série de acusações que culminaram em seu linchamento público, onde só não morreu em decorrência da intervenção da guarda romana.

Foi levado aos líderes da religião judaica para responder pelas acusações que pesavam contra ele, onde se mostrou brilhante na própria defesa. Percebendo a fragilidade do sinédrio, fez valer sua cidadania romana e apelou para ser julgado em Roma. Com isto, além de um julgamento neutro, ainda teria a oportunidade de evangelizar a capital do império, onde ainda não havia estado como cristão.

A burocracia fez com que Paulo ficasse em Cesária por alguns meses, sob escolta de soldados romanos, tendo audiências e sendo sabatinado por todo tipo de autoridade, entre eles, Claudio Lísias , Félix e Festo, sem nunca renunciar sua fé ou mudar uma vírgula de sua mensagem. Depois de muitas indas e vindas, noites na prisão e incessantes interrogatórios, finalmente Paulo é absolvido pelo rei Herodes Agripa II, mas ao invés de desfrutar da liberdade concedida, opta por seguir prisioneiro, embarcando numa viagem cheia de contratempos pelo Mar Mediterrâneo.

Aproveitando-se da calma momentânea das águas, a tribulação se lança ao mar rapidamente, e tudo parecia estar indo muito bem, até que a embarcação foi apanhada pela fúria do tufão “Euro-Aquilão” vindo do nordeste de Creta. Com o navio sendo açoitado pelas ondas e arrastado sem direção pelo vento, logo a tripulação percebe que a embarcação não é párea para a natureza. Afim de aliviar o peso do barco, eles começam a se desfazer das cargas, e para não ficarem ao sabor dos ventos, se livraram da armação do velame do navio. Durante dias nenhum daqueles homens viu o sol e nem as estrelas, e desencorajados, deixaram de se alimentar, perdendo por completa as esperanças. Paulo descobriu que os tripulantes do navio tramavam abandonar o barco em um bote, deixando os “prisioneiros” para traz. Imediatamente comunicou o fato a Júlio, que tomou medidas disciplinares para que todos trabalhassem em conjunto. No 14º dia de tormenta, Paulo insistiu para que todos se alimentassem, pois, o navio se perderia, mas as pessoas seriam salvas (Atos 27:21-26).

Após a refeição, os homens avistaram uma praia, e se livrando do resto da comida para aliviar a embarcação, tentaram levar o já fragilizado barco rumo a terra seca. Porém, no meio do caminho, o navio se chocou com um recife, encravando a quilha na areia. Com o impacto, a embarcação se desfragmentou, sendo varrida pelas ondas. Como era usual entre a guarda romana, os soldados decidiram assassinar seus prisioneiros para que não houvesse fuga, porém, Paulo intercedeu. Júlio então ordenou que todos se agarrassem em alguma parte dos destroços, para que pudessem chegar a praia nadando.


Para surpresa geral, todos alcançaram a terra firme com vida. Nestas situações, muitos se perguntam o porquê Deus tira nossos pés do navio e põem em nossas mãos apenas uma parte dos destroços. Simples... É que o “NAVIO” afunda, mas os “DESTROÇOS” não. São eles que te levarão até a praia. Deus tem seus meios de trabalhar e não cabe a nós entende-los, mas sim vive-lo. Se houver naufrágio, se agarre ao destroço, nade como nunca e siga o fluxo das águas... Deus conhece a geografia do mar, e sempre haverá uma praia por perto. a grande lição que tiramos dos naufrágios de Paulo, é que independentemente das condições do mar, ou do meio utilizado, ele tinha plena certeza que Deus o levaria em segurança até o outro lado, afinal, tudo lhe era possível, naquele que o fortalecia (Filipenses 4:13).

Salvos do naufrágio, todos chegaram a Ilha de Malta, onde Paulo foi picado por um serpente venenosa. Os moradores do local esperavam que ele morresse envenenado, mas para espanto de todos, ele permaneceu vivo, e ainda passou a pregar e orar por toda a ilha, ganhando muitas almas para Jesus.


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