segunda-feira, 28 de março de 2016

Qual a função da "ALMA"?



O homem é um ser tridimensional dotado por corpo, alma e espírito.

O “corpo” é a parte externa, corruptível e mortal. Foi originada no pó da terra, lugar para onde deve regressar posteriormente (Eclesiastes 12:7). Perecível e finita, esta carcaça é composta basicamente por água e uma vasta gama de elementos químicos, que apesar de sua preciosidade em vida, deixa de ter qualquer valor quando passa pelo processo da morte, deteriorando-se até retornar ao nada.

Já o “espírito do homem” é sua parte eternal. Foi confiada a ele por Deus ainda no Jardim, e será requerida pelo Criador assim que deixar o corpo para traz. É nossa ligação direta com o mundo espiritual, e está sempre inquieto por Deus, já que por essência, se opõem aos desejos carnais.

Se corpo e espírito são contrapontos de uma batalha épica dentro do homem, a “alma” é o fiel da balança, decidindo quem será o grande vencedor.

O livro do Gêneses nos conta que após ter formado o homem do pó da terra, Deus soprou o fôlego de vida em suas narinas (espírito), e ele se tornou “alma vivente”. É exatamente em nossa alma que estão centralizadas as emoções, os sentimentos, os desejos e o intelecto.

A alma é o epicentro de nossa vontade, e também de nossa personalidade. Nela é forjado nosso caráter, estabelecida nossa postura e definida nossas inclinações. A alma pode ser ambígua, funcionando tanto quanto uma ancora para corpo (Lucas 12:19-20) ou uma alavanca para nosso espírito (Salmo 42:1).

A alma está em constante ebulição, intempestiva e imprevisível. Uma prova desta verdade pode ser constatada nas páginas do livro dos Salmos. Em primeiro lugar, precisamos compreender que este compilado de cânticos e poemas são oriundos dos sentimentos e anseios de seus compositores. Por isso, quando iniciamos sua leitura, é como se embarcássemos em uma verdadeira “montanha russa emocional”, num sobe e desce frenético de emoções e sentimentos.  Se um verso expressa toda a confiança do salmista em Deus, outro logo ali na frente, o mesmo parece depressivo e derrotista. 

Por exemplo, o Salmo 4:3 é radiante em felicidade, dizendo que na presença de Deus os justos se regozijam e folgam em alegria e o Salmo 116:3, expressa uma angustia profunda, já que o salmista se sente “amarrado com cordas de morte, apoderado pelas angustias do inferno, vivendo em aperto e tristeza”. Paradoxal? Nem tanto. Os Salmos são reflexos da alma humana, cheia de sombras e suscetível as intempéries da vida. Nossa verdade absoluta muda ao sabor das circunstâncias e acabamos influenciados por elementos externos e seculares. Nossa fé por vezes se mostra oscilante, o ânimo se torna dobre e mãos esforçadas insistem em fraquejar.

Nossa alma é pega neste “cabo de guerra” entre carne e espírito, e dependendo de quem estiver exercendo maior força, mudamos os discursos e as ações. Jesus é o ponto de equilíbrio para nossa alma. Ele nos assiste nas alegrias e nos conforta nas tristezas. Os salmistas, embora estivessem vivendo situações adversas uns dos outros, tinham sempre um ponto em comum. Na caverna de Adulão, privado de todo conforto e passando necessidade, Davi traz a memória o “pastor que sustenta suas ovelhas” (Salmo 23:1). Um Asafe cujo corpo está desfalecido, testifica que o seu coração é fortalecido pelo Senhor (Salmo 73:26). Os filhos de Coré, constantemente assombrados por erros do passado, se regozijam na bondade Deus que tem sido escudo sobre eles (Salmo 84:11). Um Moisés calejado pelos anos no deserto solta a voz para exaltar ao Senhor que “cuida do pobre e do necessitado” (Salmo 40:17).

Deus é o único que pode acalentar a alma, fazendo a sossegar mesmo em tempos de aflição: - Amo ao SENHOR, porque ele ouviu a minha voz e a minha súplica. Porque inclinou a mim os seus ouvidos; portanto, o invocarei enquanto viver. Os cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; encontrei aperto e tristeza. Então invoquei o nome do Senhor, dizendo: Ó Senhor, livra a minha alma. Piedoso é o Senhor e justo; o nosso Deus tem misericórdia. O Senhor guarda aos símplices; fui abatido, mas ele me livrou. Volta, minha alma, para o teu repouso, pois o Senhor te fez bem (Salmo 116:1-7).

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