domingo, 6 de março de 2016

Serpentes no Deserto


Inspirado na ministração do Pr. Wilson Gomes no Culto da Família realizado em 06/03/2016. Para maior compreensão do texto, é aconselhável as seguintes leituras bíblicas: Números 21 e João 3.

Após atravessar o Mar Vermelho, Miriã, a irmã mais velha de Moisés, liderou os israelitas numa grande festa de júbilo e celebração. Poucas horas antes, seus corações estavam tomados pelo medo, enquanto se viam encurralados em Pi Hairote, impotentes diante do oceano e indefesos contra o exército de Faraó, sem perspectivas ou esperanças. Mas agora, o mar era um obstáculo vencido e as ondas traziam para a margem os corpos desfalecidos dos egípcios, que a esta altura já não apresentavam qualquer perigo.

Haviam sim motivos para comemorar, mas o que Israel não sabia é que aquele era apenas o primeiro passo de uma jornada longa e difícil, que se estenderia por quatro décadas. Para chegar ali, eles tiveram que atravessar muitos metros por entre as águas, mas agora haveriam centenas de quilômetros sob a areia escaldante do deserto. O Egito, derrotado e humilhado, daria lugar a dezenas de povos bárbaros e nações agressivas entre Israel e a terra da promessa. Tudo até ali, era na verdade uma preparação para coisas ainda maiores, batalhas mais acirradas e momentos de imensa tensão.

A verdade é que antes do mar, todo trabalho fora feito por Deus e os hebreus assistiram ao próprio livramento de camarote.  Foi Ele quem escolheu e preparou Moisés, e também quem enviou as pragas sobre o Egito. Foram as mãos do GRANDE EU SOU que abriram as águas do mar e decretaram a ruína do exército inimigo. Deus tomou aquela questão como uma causa pessoal, enquanto seu povo apenas aguardava o momento da vitória. (Êxodo 14:10-20).

Mas o deserto lhes reservava suas próprias batalhas e Israel precisava estar pronto para isso. O livramento com mão forte, a escapada maravilhosa e a celebração incontida, eram lições valiosas sobre o quão comprometido Deus é com seus escolhidos,  mas não garantia imunidade contra dias de angustia e provações ainda maiores.

A peregrinação de Israel pelo deserto rumo à terra prometida, nos dá a exata dimensão do cuidado que Deus tem pelo seu povo. Durante quarenta anos, quando sua nação amada esteve mais exposta a toda sorte de perigo e privação, foi sua intervenção divina que providenciou abrigo, alimentação e vestimenta. Muitos são os milagres registrados no Pentateuco, dos quais podemos destacar a presença visível da glória de Deus, os sinais portentosos manifestado contra os inimigos de Israel, a abertura do mar vermelho, roupas e sapatos que não envelheciam; a nuvem que proporcionava sombra e frescor durante o dia e se incendiava a noite para produzir luz e calor, água saindo de rocha e banquete de carne em pleno deserto. Entretanto, o milagre que melhor evidência o mecanismo da provisão divina, é exatamente o Maná. 

Uma das características mais impressionantes do Maná, é que ele provia a quantia das necessidades nutricionais da pessoa com tanta precisão, que depois do consumo, o corpo não precisava gerar resíduos, o que contribuía em muito para a o bem estar sanitário daquela gente. O Maná também era dado em provisão diária, e não era permitido a estocagem do mesmo, pois quando guardado, se deteriorava em menos de 24 horas (exceção feita na passagem da sexta para o sábado). Assim, ninguém se alimentava de “pão amanhecido”, e a cada dia, uma nova provisão era derramada sobre o arraial, provando o cuidado diário de Deus com o seu povo. 

Infelizmente este fato fez com que alguns dos israelitas ficassem um tanto enjoados com o chamado "pão do céu", chegando ao cumulo de o renomear com a alcunha “pão vil”. Os israelitas ainda sentiam na boca o gosto das iguarias egípcias, e então desprezaram a provisão divina, murmurando contra Deus e Moisés. Eles se lembravam do Egito, com sua comida farta e água fresca, mas se esqueciam do ardor na pele e as marcas do chicote nas costas. Eles banalizaram o sagrado e tripudiaram sobre a bondade e as bênçãos de Deus.

Quem semeia ingratidão, colhe frutos de desaprovação. Deus retirou dos israelitas sua proteção, e uma praga de serpentes mortíferas tomou conta do arraial. Naquele dia de aflição, grande foi a quantidade de pessoas que morreram no deserto, agonizando sobre o maná, desprezado sobre o solo.

Foi o clamor de um amigo que aplacou a fúria de Deus. Divinamente orientado, Moisés forjou uma serpente de bronze e a pôs numa haste no meio do arraial.  Aquela figura (um tipo de Cristo, levantado sobre nós na cruz do Calvário), não impedia que os israelitas fossem picados pela serpente, mas se a vítima olhasse para peça de metal, não era tocada pela morte.

Ainda hoje, temos seguido o exemplo dos israelitas, murmurando contra o Senhor e sendo constantemente ingrato ao nosso Deus. Esse comportamento abre nossa vida ao ataque astuto e sorrateiro da mais perigosa serpente. Diariamente somos envenenados mortalmente pelo pecado, sumariamente condenados a morte, por  nossas inúmeras iniquidades.

Mesmo assim, num olhar sincero e arrependido para a cruz do Salvador, é possível encontrar cura para a alma e perdão para os pecados. Jesus Cristo é o antídoto para o veneno que nos condena à morte! 


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