quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

EBD - Jesus renova as esperanças de João Batista



Texto Áureo
Isaías 59:19
Então, temerão o nome do SENHOR desde o poente, e a sua glória desde o nascente do sol; vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a sua bandeira.

Verdade Aplicada
O Evangelho nos conduzirá a uma vida eterna e pacífica ao lado daquele que um dia veremos face a face.


Textos de Referência
Mateus 11.2-5, 11

E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos, a dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.


Uma voz no deserto

O último registro histórico do Velho Testamento é a morte de Esdras. A partir deste momento o Cânon Sagrado faz uma pausa de quatro séculos, ciclo de tempo conhecido como “Período Intertestamentário” ou “Anos de Silêncio”. Ao longo de quatrocentos anos, o Criador se manteve calado, e nenhuma palavra profética foi manifestada. Deus esteve em silêncio por um longo tempo, mas nunca se omitiu. Sua mão se continuou ativa no curso dos acontecimentos, preparando o mundo para o maior de todos os eventos, a chegada do Emanuel. Dia após dia, cumpriram se a risca as visões do profeta Daniel, e o povo judeu sentia se aproximar a chegada do “Salvador” prometido. Sob o domínio Medo-Persa, os israelitas tiveram liberdade de culto assegurada e puderam retornar para casa após setenta anos de exílio. Também foi dado aos repatriados as condições necessárias para a reconstrução do templo, dos muros e das cidades, e com isso a “promessa” estava em casa, afinal, o Messias deveria nascer em Belém, na região da Galileia (Isaías 9:1-6 / Miquéias 7:5). Em 333 AC, Alexandre derrotou o rei Dario, e a Grécia ascendeu ao posto de maior nação da terra, subjulgando inclusive, os judeus. Discípulo de Aristóteles, instruído em filosofia e política grega, Alexandre – O Grande, exigiu que a cultura grega fosse promovida por todo território por ele conquistado, cerca de ¼ do mundo até então conhecido. Assim, diversas nações aderiram o idioma grego como segunda língua oficial, e pela primeira vez os livros do Velho Testamento foram traduzidos do hebraico, dando origem a “Septuaginta”.

Embora fosse um fervoroso disseminador da cultura grega, Alexandre não interferiu na religiosidade judaica, o que assegurou plena liberdade de culto aos israelitas. Passada apenas uma década, o imperador grego faleceu, e seu reino foi dividido entre seus quatro principais generais. Em decorrência de sua posição geográfica, a Judeia ficou a mercê de interesses políticos, primeiro sendo subjulgada por Antígono, depois por Ptolomeu I e Ptolomeu II, até cair nas mãos dos selêucidas. Esta foi uma época de grande dor aos israelitas, já que o imperador Antíoco Epifânio, invadiu Jerusalém assassinado muitos judeus. Ele saqueou o templo, e profanou o santuário oferecendo um animal imundo como holocausto. Os direitos civis e a liberdade religiosa dos judeus foram suspensos, os sacrifícios diários foram proibidos e um altar ao deus Júpiter foi erigido. A opressão sofrida gerou nos judeus um clamor nacional por um libertador, exteriorizada na revolta dos macabeus, que liderada por Judas, terminou com a reconquista de Jerusalém no ano 164 AC.

A Judéia seria mai uma vez conquistada por uma nação estrangeira em 63 AC, quando Pompeu de Roma conquistou toda a palestina e entregou seu controle a Cesar. Com uma ideologia pacifista chamada de “PAX ROMANA”, Roma estabilizou diversos conflitos ao redor do mundo e pavimentou um sistema de estradas que facilitava o transito entre as cidades. Em 31 AC, Herodes foi declarado rei dos judeus e ordenou o recenseamento, obrigando todo homem adulto a voltar para sua terra natal. Assim, um certo “José”, descendente da tribo de Judá, teria de retornar para Belém. Deus esteve por quatrocentos anos preparando o mundo para a chegada de Jesus, e agora o cenário estava pronto. Antes, porém, um mensageiro deveria ser enviado, uma voz que clamaria no deserto preparando o caminho do Senhor e aplainado a estrada para Deus (Isaías 40:3). Por séculos, os profetas estiveram extintos, mas agora o maior de todos eles havia chegado, e o seu nome era João (Mateus 11:11).


João Batista, 
preparador de caminhos

João Batista não foi isento de ser tomado pela incredulidade, pela dúvida e pelo medo. Sua prisão e seus últimos instantes de vida revelam que todos nós podemos oscilar diante de uma grande provação. A verdade pregada por João o levou para a prisão e, no cárcere, as esperanças de vida do profeta estavam por terminar (Lucas 3;19-20). Sabendo que o tempo se findava, João envia seus discípulos a perguntar se Jesus era ou não o Messias (Mateus 11:2-3). João não era um homem qualquer. Ele nasceu com a missão de preparar o caminho do Senhor e para isso teve que viver uma vida diferente, solitária e consagrada nos desertos de Israel (Isaías 40:3 / João 1:23 / Lucas 1:76; 3:4). Durante toda a sua vida, João foi preparado espiritualmente para anunciar a salvação através do Messias e identifica-lo em sua chegada, para depois sair de cena e deixar que Jesus realizasse sua Missão (Lucas 1:80 / 19.10). Preparar o palco para que alguém possa brilhar não é tarefa fácil. João nasceu, viveu e morreu somente para esse fim. Jesus afirmou que entre os nascidos de mulher não houve homem igual a João Batista, isso devido a sua responsabilidade profética e submissão à vontade de Deus (Mateus 11:11). João Batista é a voz do deserto clamando (Isaías 40:3). Malaquias disse que João haveria de preparar “o caminho diante” do Senhor (Malaquias 3:1-2). O preparo espiritual de João Batista começa a sua obra identificando-se “Eu não sou o Cristo” (João 1:20). Ele foi a voz que preparou o caminho do rei (João 1:23). Um anjo resumiu a obra de João: “Ira adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (Lucas 1:17). 

Durante quatrocentos anos, a voz profética esteve interrompida e João fez com que essa voz renascesse outra vez. A mensagem de João era dura e denunciava intrepidamente o mal em qualquer lugar que o encontrasse (Mateus 3:1-10). Se o rei Herodes pecava, contraindo um casamento ilegal e pecaminoso, João o reprovava. Se os saduceus e os fariseus, dirigentes da ortodoxia religiosa daquela época, estavam afundados em um formalismo ritualista, João os censurava. Se as pessoas comuns viviam afastadas de Deus, João lhes anunciava o arrependimento. João era uma luz acesa que denunciava a escuridão; uma cana agitada pelo vento do Espírito (Mateus 5:14; 11.8). Onde estivesse o mal, João Batista intrepidamente o denunciava. O preparo para a vinda do Reino de Deus foi feito por meio da proclamação de advertência e da necessidade de arrependimento. João advertiu os fariseus e os saduceus (Mateus 3:10). Multidões escutavam o apelo de João (Mateus 3:2). Os que atendiam ao chamado e se arrependiam se tornavam um povo preparado para produzir “frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3:8). Muitos foram batizados por João no rio Jordão. Uma geração de víboras rejeitou a mensagem, ao passo que outros permitiram que o mensageiro de Deus os preparasse.

João apontava para além de si mesmo. Ele anunciava alguém maior que ele. João desfrutava de uma grande reputação e sua influência era enorme. Entretanto, dizia que não era digno sequer de desatar as sandálias daquele que havia de vir após ele, o que era o dever de um escravo (Mateus 3:11). A atitude de João era negar-se a si mesmo e não atribuir a si mesmo glória. Sua única importância, tal como ele a entendia, era servir de indicador, isto é, anunciar a vinda daquele que havia de vir (João 1:19-23). João não somente era uma luz que iluminava o mal, uma voz que reprovava o pecado, mas, além disso, um sinal indicador do caminho para Deus.  João Batista não desejava que os homens se fixassem nele. Seu objetivo era prepara-los para receber aquele que o havia nomeado. A mensagem pregada por João portava consigo uma apresentação positiva das exigências morais de Deus. Ela não somente denunciava a conduta dos homens por seus pecados e agravos, mas os convocava a fazer o que era correto. Sua mensagem desafiava os homens a ser o que deviam ser. Era uma voz que chamava os homens as coisas mais elevadas. Embora parecesse dura, sua mensagem era eficaz e muitos saíram da cidade para se batizar no deserto (Mateus 3:5- 6).


O deserto, o rio e a prisão

Predito por Isaías com 700 anos de antecedência, e posteriormente confirmado por Malaquias, o nascimento de João foi sem dúvidas, a realização de um grande milagre. Seus pais já estavam em idade bastante avançada quando um anjo apareceu para Zacarias enquanto este oferecia incenso no templo, e o anunciou que ele finalmente seria pai, e que seu filho seria o precursor do Messias. O velho sacerdote foi tão impactado pela visão angelical, que acabou perdendo a fala.   Zacarias era sacerdote e sua esposa Isabel pertencia a sociedade das “Filhas de Arão”, também provindas de linhagem sacerdotal. Durante a miraculosa gestação, Isabel se hospedou na casa de Maria, com a qual tinha parentesco, e que também já estava gestante de Jesus.  No encontro, enquanto as mães eram visitadas pelo Espírito Santos, João se agitou no ventre, como se já reconhecesse seu “primo” como o prometido Salvador. Na interpretação de estudiosos do evangelho de Lucas, João (cujo nome fora indicado pelo anjo), foi nazireu de nascimento. O voto dos nazireus os restringia de beber vinhos ou qualquer outra bebida forte, também deveriam deixar o cabelo crescer e não deveriam aparar a barba. João, porém, escolheu um caminho ainda mais asceta, vivendo de forma resignada. Após a morte de seus pais, João iniciou seu ministério público na Judéia, conclamando os judeus ao arrependimento, pois deveriam estar preparados para a chegada do Messias. Sua figura era pitoresca, mas a mensagem que trazia era ainda mais impactante. João passou a habitar no deserto, se alimentando exclusivamente de gafanhotos e mel silvestre. Suas vestes eram feitas de pele de camelo e cingidas por um cinto de couro.

 - Raça de Víboras – Exclamava ele a seus ouvintes. – Quem ensinou vocês a fugirem da ira que está chegando? Com esta indagação inquietante, João iniciava seus discursos cada vez mais populares. Sua pregação era toda centralizada num chamado para a produção de “frutos de arrependimento”. João se identificava como sendo a “voz que clamaria no deserto” anunciada pelos profetas. João ensinava seus discípulos a não se apegarem ao fato de serem filhos de Abraão, pois até mesmo das pedras, Deus poderia constituir uma nova família. Segundo ele, o machado já estava posto na raiz para cortar toda árvore infrutífera e lançá-la ao fogo. Porém, este discurso duro e incisivo convergia rapidamente para uma mensagem de fé e esperança: - Eu batizo vocês com água para arrependimento, mas depois de mim virá alguém, e Ele vos batizará com Espírito Santo e com fogo. E eu não sou digno nem mesmo de amarrar seus sapatos (Mateus 3:7-11). Apesar da enorme humildade de João, foi Jesus quem o procurou para também ser batizado. Centenas de pessoas procuram João diariamente para descer as águas batismais, após confissão de pecados. O batismo era um rito já praticado no judaísmo, porém João encontrou no gesto de submergir uma pessoa em águas, uma forma de externar arrependimento e realizar uma confissão pública de fé, fosse o candidato judeu ou gentil. Com isso, recebeu o título pelo qual é até hoje lembrado: “João, o Batista”. Embora Jesus não precisa passar por este procedimento, fez questão que João o batizasse, afim de cumprirem a justiça de Deus. Durante a cerimônia, João viu os céus abertos e o Espírito repousar sobre Jesus em forma de pomba, enquanto a voz de Deus bradava: - Este é meu filho, e nele tenho prazer. Após ser tentado no deserto, Jesus retornou a Betânia para iniciar seu ministério público, e ao avistá-lo, João testificou dizendo – Aí está o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:36).

Acredita-se que João tenha tido cerca de trinta discípulos, os quais orientou a seguir Jesus. Entre eles, dois se destacaram entre os doze apóstolos: João e André. Quando Herodes se casou com a própria cunhada Herodides, esposa de seu irmão Felipe, João Batista, criticou publicamente os pecados da casa real, causando desconforto no palácio. Embora a consciência cauterizada de Herodes Antipas I pouco se importasse com as repercussões das palavras do profeta, acabou decretando sua prisão para acalmar os “ânimos” da casa. João Batista foi preso em Peréia, acusado de incitar uma rebelião e levado a fortaleza de Macaeros, onde permaneceu encarcerado por dez meses, até ser condenado a morte.  


A prisão de João Batista

A prisão silencia a voz profética de João e surge uma grande dúvida em sua mente: Jesus é o Messias que havia de vir ou esperamos outro? João sabia que iria morrer e envia seus discípulos até Jesus para ter a certeza de que não lutou em vão. Quando Jesus apareceu no Jordão, João disse: “Eis o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (João 1:29). Logo em seguida, atestou: “eu não o conhecia, mas o que me mandou batizar com água, esse me disse: sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com Espírito Santo” (João 1:32-33). Ele declara diante de todos que recebera de Deus um sinal para conhecer Jesus e não batizar o Messias errado. E, por fim, conclui: “E eu vi e tenho testificado que este é o Filho de Deus” (João 1:34). Pelo valor da pergunta feita em Mateus 11:3, podemos sentir a profunda escuridão que se apossava da alma de João naquele momento. Essa pergunta pôs à prova tudo o que havia vivido até então. Para quem havia testificado a respeito do Messias, essa pergunta mostra como as convicções de profeta sucumbiram diante da provação. Nem mesmo João Batista esteve isento de ser vencido pelo medo e pela incredulidade. O que fazer quando a dúvida e a incredulidade se apossam de nossas mentes nos momentos críticos de nossas vidas? O mesmo que fez João Batista. Ele temeu estar errado e desejou que Jesus lhe confirmasse se havia cumprido ou não sua missão. Para sua alegria, Jesus lhe deu uma resposta positiva e ele se foi com a certeza de que não havia falhado, nem tampouco trabalhado em vão (I Coríntios 15:58).

Quando Jesus foi informado acerca do questionamento de João, não forneceu resposta direta, nem tentou convencê-lo de sua divindade, Ele simplesmente respondeu com milagres e falou para os discípulos informa-lo acerca de tudo o que estava realizando (Mateus 11:4-5). Jesus sabia que João corria o perigo de ser vencido pela dor da incerteza. Sabia que mesmo sendo um homem de nível elevado de unção, João ainda estava sujeito a todos os sentimentos e paixões que são comuns a todos nós (Hebreus 4:15 / Tiago 5:17). A resposta de Jesus foi sobrenatural e é assim que Ele nos responde em tempos de grandes aflições (Jó 37:5). Jesus respondeu de maneira bem diferente do que nós responderíamos e do que esperaríamos dEle. Sua resposta consistiu menos de palavras do que obras. Ele mandou os discípulos olhar e ver o que estava acontecendo. Os dois discípulos de João viram todas essas coisas acontecendo diante de seus olhos. Mencionando tudo isso, Jesus deixou claro que Ele representava tudo o que havia sido profetizado acerca do Messias.

O medo, a vergonha e a timidez são reações do pecado adâmico que se refletem em todos nós, seres humanos (Gêneses 3:8-10). Segundo os psicólogos, essas reações geralmente afloram nas horas de angústias e intensas dificuldades. O medo pode gerar dúvida; e a dúvida, a incredulidade; e quando esta penetra, distorce toda a verdade das coisas espirituais (Hebreus 11:6). Não estamos falando da vida de um homem devotado, que viveu todo tempo em consagração, aguardando o momento certo de se revelar e cumprir sua missão. João sabia que Jesus era o Cristo, mas a prisão e a certeza da morte foram tão fortes que ele buscou ter a certeza de que não havia apresentado ao mundo um homem errado (João 1:29). Talvez, imaginemos que isto só acontece com quem não está firme na Palavra de Deus ou não cultiva uma vida de fé e oração. Mas, até mesmo um homem como João Batista viveu esse momento, o que não nos isenta de sentir o mesmo. As tragédias da vida podem minar a nossa fé e devemos estar atentos a isso, pois muitos grandes homens de Deus já passaram por essa oscilação. Enquanto estivermos nesse mundo, devemos estar vigilantes (João 16:33 / I Pedro 5:9).


No Espírito de Elias

Após sua prisão, João Batista nunca mais pregaria em público novamente. Enquanto Herodes o mantinha encarcerado para “evitar” tumultos entre o povo, Herodides tinha planos bem mais aterradores. Durante um banquete de aniversário, quando o rei já estava sob o efeito do vinho, aquela mulher perversa fez com que sua filha Salomé (sobrinha de Herodes), adentrasse ao salão e dançasse sensualmente para o tetrarca. Inebriado com a beleza da moça, Herodes prometeu em público, que daria para ela qualquer presente que pedisse. Devidamente instruída por sua mãe, Salomé pediu ao rei que a presenteasse com a cabeça de João Batista numa bandeja de prata. Mesmo a contragosto, Herodes cumpriu com sua palavra e ordenou a execução de João. A morte não silenciou a mensagem do Batista, pois o sucesso de seu ministério é evidenciado na obra do próprio Cristo, de quem fora escolhido por Deus como antecessor. João morreu em paz, absolutamente convencido que em Jesus, toda a sua vida havia valido muito a pena. Quanto a ele, o próprio Cristo testificou que entre todos os homens já nascidos, ninguém era maior que João Batista (Mateus 11:11). João foi o último profeta da Antiga Aliança, e se destaca numa galeria onde figuram nomes como Isaías, Ezequiel, Daniel e Jeremias, exatamente porque foi o único que presenciou em loco o pleno cumprimento das profecias messiânicas. Além disto, João participou ativamente do ministério de Cristo, batizando-o no Jordão e até mesmo compartilhando discípulos. Em João, se encerra o ministério profético do Antigo Pacto, e a profecia passa a existir como dom.

Uma das características mais interessante do ministério de João Batista, é que nas palavras do anjo que anunciou seu nascimento, ele viria no “espírito de Elias”. Muitos especulavam que João Batista era na verdade o profeta Elias reencarnado, assim como alguns acreditavam que Jeremias era a reencarnação de Moisés. Porém, a interpretação correta da expressão “no espírito de Elias”, seria algo como, “na virtude de Elias”, ou ainda, “no mesmo propósito de Elias”. Ambos tiveram ministérios muito parecidos, se vestiam de forma similar, e denunciaram os pecados da família real, enfrentando severa perseguição por causa de suas mensagens impetuosas.  Porém, a maior semelhança entre os dois profetas é exatamente o legado de avivamento deixado.

Elias viveu num tempo de idolatria generalizada, e conclamou os israelitas a se arrependerem de seus maus caminhos e se voltarem para Deus. João Batista nasceu numa época de religiosidade apostatada, e incitou os judeus ao pleno arrependimento, afim de receberem o Cristo que estava por vir. Podemos dizer que após Elias, o mundo nunca mais foi o mesmo, e uma nova revolução espiritual foi provocada em escala mundial através da mensagem de João, dividindo a história em duas partes. Ambos foram chamados para trazer os filhos de volta para a casa do pai, e através deles, corações foram convertidos e o Senhor encontrou morada entre os homens (Lucas 1:17). Os dois ministérios terminaram de forma similar, com os profetas sendo levados ao céu, embora o transporte usado por Elias tenha sido um redemoinho de fogo, enquanto o  de João Batista foi lamina do carrasco. Em ambos os casos, os profetas nos deixaram, mas por meio deles, Deus permaneceu entre os homens.


O cumprimento de uma missão

Quando as expectativas não acontecem de acordo com os planos, a frustração tenta se apossar e criar uma brecha para que o inimigo bombardeie a mente com pensamentos que contrariem os credos. Entre a promessa e o cumprimento está a provação; e ela é inevitável (Mateus 6:34). Precisamos estar preparados para surpresas. Porque existem provações tão, difíceis que poderão abalar os alicerces de nossas vidas. A meta de Satanás é plantar uma semente de dúvida em nossa vida. João estava solitário e foi minado naquele cárcere. Por um momento, João se esqueceu de quem era e dos sinais que Deus lhe havia revelado (João 1:32-34). Quando estamos vulneráveis, somos alvos fáceis nas mãos do inimigo e ele não respeita pessoas ou lugares santos, sua meta é adulterar a verdade que recebemos de Deus. Devemos lutar por nossas convicções, mesmo que tudo diga o contrário (Romanos 4:18). Por essa razão, devemos estar sempre atentos e lutar para que a nossa fé não desfaleça (Salmo 77:3 / Jonas 2:7). Comunique a eles que João teve uma resposta diferente de sua pergunta e o relatório trazido pelos discípulos fortaleceu novamente a sua fé (Mateus 11:4-5). O que deve sempre prevalecer em nossas vidas é o que Deus disse e nunca o que pensamos (Provérbios 16:1). Nossa fé deve ser comparada aos alicerces de uma casa, pois, quanto maior o alicerce, maior será a capacidade de suportar (Mateus 7:24-25).

O cumprimento de uma missão poderá envolver sofrimento e morte (João 16:33). Temos muitos exemplos como: Jó, José, Daniel e seus três amigos, e muitos heróis da fé (Hebreus 11:37). Todos eles venceram, mas andaram por caminhos que jamais imaginariam. Servir a Deus e andar em conformidade com a verdade pode ser uma missão suicida. João hoje está na glória, mas aqui terminou o ministério com a cabeça em uma bandeja (Mc 6.7-29). Talvez João pudesse pensar que Jesus o salvasse sobrenaturalmente da prisão, mas isso não aconteceu. João terminou seu ministério, mas pagou um preço altíssimo pela verdade que anunciava. João Batista veio com a disposição e o poder de Elias (Lucas 1:17). Em nenhum lugar isso é mais claro do que na descrição de Lucas 3:18-19. O preparo para o reino espiritual que estava por vir exigia uma obra de escavação. Os vales tinham de ser preenchidos e os montes rebaixados. Assim como Elias fez o que pôde para tirar a idolatria, o assassínio e a desonestidade (I Reis 18:19), também João opôs-se aos pecados da nação e os desmascarou.

Quando Deus compra uma vida, já sabe até o seu último pecado. Deus não compra ninguém enganado (Jeremias 17:10). Deus vê o futuro, conhece nosso amanhã. Somos tolos em ficar prostrados pensando que tudo acabou. O diabo tem surrado muitas vidas com setas de culpa, pondo dúvidas nos corações e desestimulando a sua fé (Mateus 13:19). Deus não pode ser enganado, nem tampouco compra uma mercadoria sem saber seu conteúdo e valor. Deus espera que nos coloquemos de pé e caminhemos em Sua direção (Mateus 11:28). A Onisciência de Deus, descrita de forma clara e precisa no Salmo 139, deve interferir em nossa maneira de viver, nosso modo de ser, pensar, andar, agir e falar. Ele nos conhece e nos ama.


Conclusão

Seja qual for o problema, jamais esqueçamos que foi Ele quem nos formou e conhece nos mínimos detalhes (Salmos 139:14-16). Um fabricante dá a garantia de um produto porque conhece os defeitos. João recorreu ao fabricante, reclamou sua garantia e Jesus não o decepcionou com a resposta (Mateus 11:5).



Participe da EBD deste domingo, 06/12/2015, e descubra você também os segredos para uma vida de fé e atitudes

Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 97 - Editora Betel
Comentarista: Pr. José Fernandes Correia Noleto
Maturidade Espiritual 
Lição 10

Comentários Adicionais (em azul):
Pb. Miquéias Daniel Gomes




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