segunda-feira, 6 de julho de 2015

O amor é multiforme?

O apóstolo Paulo, recebeu péssimas notícias relativas a igreja estabelecida na cidade de Corinto. Aparentemente tudo ia bem... O culto era barulhento e cheio da manifestação dos dons espirituais. Aquela, sem dúvida, era a mais carismática congregação de seu tempo.  Porém, bastava um rápido olhar crítico para notar que por de traz de tanta espiritualidade, se escondia uma igreja problemática e a beira da falência espiritual. Facções partidárias pulverizavam a unidade da igreja, causando segregações sociais e ideológicas dentro da congregação, pondo em xeque até mesmo a liderança paulina. A mensagem pregada por um, logo era desmentida por outro, e este desatino começou as extrapolar as paredes do templo, já que muitos irmãos estavam levando suas divergências eclesiásticas para os tribunais seculares. No trato com as pessoas, a balança sempre pendia suave para uma classe específica, enquanto outros eram tratados com maior rigor, mesmo em ofensas menos graves.  Paulo então escreve sua mais ácida e verborrágica epístola: Povo invejoso, rancoroso, encrenqueiro e cheio de mágoas...  Eu queria lhes falar com se fala com crentes espirituais, mas infelizmente não posso fazer isso, pois vocês ainda são carnais... Não homens de Deus... Apenas meninos em Cristo (I Coríntios 3: 1-3).

Em cada verso seguinte, Paulo os instrui a serem complacentes uns para com os outros. Explica que a igreja é de Deus e não de homens, mas que todos têm funções especiais dentro dela, já que a mesma é como um corpo composto de vários membros. Ele orienta aos casais para que se amem e se respeitem, ensina que é preferível ser prejudicado do que levar outro irmão ao litígio, que o culto deve ser realizado com decência e ordem e o exercício dos dons precisa ser praticado em obediência e zelo. Após apontar os principais erros daquela igreja e indicar as ações corretivas para cada desvio ali existente, o apostolo apresenta aos corintos, a solução definitiva para todas as mazelas presentes ou futuras... “Eu vou mostrar a vocês um caminho muito mais excelente” (I Coríntios 12:31)

Ainda que se possa falar todos os idiomas da terra e conhecer a linguagem do céu... Ainda que se possua todos os dons e se tenha fé o suficiente para mover montanhas... Se não houver amor, tudo não passa de um sino fazendo barulho... Mesmo que se doe todo o dinheiro para os pobres, ou que ainda a própria vida seja ofertada por alguém... Se não for por amor... Tudo terá sido feito em vão... O amor é bondoso, gentil, paciente, humilde, complacente, abnegado... Ele não busca interesses próprios, não se ofende, não se irrita, não se envaidece, não faz julgamentos e cria intrigas... Na verdade ele tudo crê, tudo espera e tudo suporta, sem jamais se extinguir... Tudo o que valorizamos hoje, amanhã perderá seu valor... O belo se tornará feio... O que está cheio se esvaziará.... As coisas finitas encontraram seu fim... E as imperfeições desapareceram diante da perfeição divina... Neste dia, quando todos se apresentarem diante de Deus e justificativas humanas já não surtirem efeito, quando as mentiras deixarem de existir, quando as partes se tornarem um todo, quando não houverem mais segredos e mistérios a serem revelados, neste dia, apenas três coisas ainda terão significância: Fé... Esperança... Amor... E dos três, o mais excelente é o Amor!

Diferente da lógica do mundo (I Coríntios 1:27- 28), o amor, um dos princípios do Reino de Deus, norteou todas as decisões e atitudes de Jesus. Sendo Ele nosso Mestre por excelência, aprendemos que esse preceito deve fundamentar nossas ações e decisões em todos os aspectos da nossa vida (Mateus 22:37). Sendo o amor a base, nossa fidelidade só terá valor se estiver embasada nele. É o que estudaremos nessa lição. O amor é uma virtude pura e inspirada por Deus, de entrega, de dedicação, sem a obrigação da reciprocidade. O amor genuíno não exige nada em troca. É dessa forma que somos amados por Deus.  Ah, o amor... Tudo crê, tudo espera, tudo suporta e jamais acaba. O amor é a base de tudo o que é bom, louvável, justo, puro sincero, humilde, virtuoso e agradável, devendo portanto, ser sentido, vivido e trazido a memória constantemente (Filipenses 4:8). Nele se resume e se encerra todos os mandamentos da lei, seja ela divina ou humana; pois uma vez que ele seja exercido em plenitude, extingue-se completamente a necessidade de qualquer outro tipo de parâmetro moral (Mateus 7:34-40).

Existe no KOINÉ (linguagem grega popular usada na redação do Novo Testamento) várias palavras que são traduzidas pelo vocábulo “amor” em textos de língua portuguesa, tais como EROS (amor romântico), PHILOS (amizade ou amor fraternal) e STORGE (amor familiar). Mas quando se trata do amor de Deus, por Deus ou para Deus a palavra usada é ÁGAPE (também traduzida por caridade em versões mais tradicionais da Bíblia). Este é um amor de total entrega, uma doação sem a preocupação de retribuição ou retorno. É o amor na sua forma mais elevada e profunda (João 3:16), pois é altruísta, sacrificial, paciente, benigno, capaz de amar até mesmo os próprios desafetos. Podemos afirmar que tal amor é a base de todo relacionamento perfeito no céu e na terra. Não é sem motivo que o batismo no Espírito Santo é muitas vezes relatado e chamado de batismo de amor, pois é um empuxe que nos impulsiona a um novo relacionamento com Deus e com o próximo.

Do amor saem as vertentes que enobrecem o ser humano: bondade, gentileza, presteza, lealdade, fidelidade, benignidade, honestidade, sinceridade e é claro, a capacidade de perdoar. Aliás, o PERDÃO é um requisito tão essencial ao cristão, que a falta dele se torna um empecilho para o recebimento do próprio perdão divino e consequentemente neutraliza o poder da Graça e compromete completamente nossa salvação (Mateus 6:15). Por outro lado, é impossível perdoar sem primeiro desenvolver o amor e ele só pode ser desenvolvido a partir de uma fonte específica: O amor do próprio Deus.
 
Talvez a vida não te de motivos para amar. Talvez sua igreja, sua família ou o seu cônjuge não te dê motivos para desenvolver o amor, pois você se vê cercado de intrigas, mentiras e quebra de confiança. As pessoas te desprezam, ignoram, perseguem e criticam... Você não tem a obrigação (e nem motivos) para amá-las... Por outro lado, Deus te ama tanto que nem mesmo a profundeza do mar ou as alturas dos céus são suficientes para mensurar tamanho sentimento; e uma vez que somos imergidos neste amor, temos tanto dele em nós que a única forma de não sermos “sufocados” por ele é dá-lo a todos que de alguma forma fazem parte de nossas vidas, mesmo que não haja nenhum merecimento.  Em um de seus textos devocionais, o escritor Max Lucado discorre sobre o amor de Deus agindo em nós: - “Aqueles que deviam ter lhe amado não fizeram. Aqueles que poderiam ter-lhe amado não queriam. Você foi deixado no hospital, abandonado no altar. Deixado com uma cama vazia, deixado com um coração quebrado. Deixado com sua dúvida, “Será que alguém me ama”? Por favor escute a resposta do céu. Enquanto você o observe na cruz, ouça Deus assegurar, “Eu lhe amo”. - Desfrute plenamente do amor de Deus. É ele que proporcionara a você a capacidade de desenvolver um amor genuíno, capaz de sustentar sobre si, toda a estrutura necessária para uma vida de fé e esperança!

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