sexta-feira, 15 de julho de 2016

As duas pulgas


No mundo de hoje, tudo muda muito rapidamente. A notícia é instantânea, a tecnologia de ontem já é obsoleta e o amanhã é pensado no hoje. E se o mundo muda, mudamos também. Cada vez somos mais exigidos, cobrados e profissionalizados. É preciso acompanhar as mudanças ou ficamos pra trás e nos tornamos obsoletos. Porém, não podemos no esquecer que Deus nos fez com características próprias e imutáveis, e nos colocou em lugares estratégicos para seus planos. Neste caso, querer mudar para agradar ao mundo é um mal negocio.

Conta- se a história de duas pulgas que conversavam sobre suas próprias limitações, buscando uma forma de aprimorar suas características, quando uma delas concluiu: – Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência, quando somos percebidas pelo cachorro, é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas. E então,  elas contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia de vôo e saíram voando.

Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra: – – Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente.  E elas contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes ensinou a técnica do chega-suga-voa.

Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga explicou por quê: Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.  E um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen.

Resolvido, mas por poucos minutos. Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar. Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha:

Ué, vocês estão enormes! Fizeram plásticas?

– Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.

– E por que é que estão com cara de famintas?

– Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar. E você?

– Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.

Era verdade. A pulguinha estava viçosa e bem alimentada. Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer: – Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em uma reengenharia?

– Quem disse que não? Pensei, sim! E fui conversar com a minha avó, que tinha a resposta na ponta da língua.

– E o quê ela disse?

– Não mude nada. Apenas sente no cocuruto do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança.

Moral da história: Algumas coisas funcionam bem melhor quando não interferimos para mudar. Não estrague o que Deus criou com perfeição.


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