segunda-feira, 25 de julho de 2016

É pecado jogar?


A palavra “JOGO” vem do latim “JOCUS”, que significa “divertimento” ou “brincadeira”. O ato de “jogar” pode ser entendido como uma atividade física ou intelectual que integra um sistema de regras e define um indivíduo (ou um grupo) vencedor e outro perdedor.  Em resumo, para que exista um vencedor, alguém precisa perder. O problema é que os seres humanos têm imensa dificuldade em lidar com perdas. Então, algo que lhe deveria ser “divertido” e “prazeroso”, por vezes, se torna motivo de dor e pesar.

Escavações arqueológicas já descobriram em diversas partes do mundo, um tipo de dado quadrado feito com pedaços de ossos de carneiro ou veado, usado numa espécie de jogo bem primitivo. O mesmo objeto aparece em pinturas encontradas nas tumbas egípcias que remontam a mais de 35.000 anos. Artefatos gregos também têm gravuras de homens arremessando pedaços de ossos para dentro de círculos. Já na idade média, os cruzados europeus desenvolveram diversos jogos envolvendo “dados”, chamados pelos árabes de AL ZAHR, de onde se acredita, tenha derivado a expressão “JOGOS DE AZAR”.  A grande verdade é todas as civilizações desenvolveram seus próprios jogos, propiciando a seus indivíduos, entretenimento e desenvolvendo um senso de competição amigável. Porém, o oportunismo e a ambição, modificaram drasticamente o comportamento de muitos “jogadores”.

A intenção por traz dos jogos passou de “divertimento” para obtenção de “lucro”. E infelizmente, onde o dinheiro impera, o mal alastra suas raízes (I Timóteo 6:10).

Neste contexto, o jogo pode ser definido como arriscar dinheiro na tentativa de multiplicá-lo em algo que é contra as probabilidades. E se a Bíblia não faz menções explícitas ao ato de “se jogar”, ela é incisiva na questão do desperdício de dinheiro. Quem investe seu capital em jogos de azar ou bilhetes de loteria, tem ínfimas possibilidades de retorno, e perde a chance de usar seu dinheiro para algo mais proveitoso.

Mas não se esqueça que também desperdiçamos nosso dinheiro quando assistimos a um filme medíocre no cinema, realizamos um passeio desagradável, quando pagamos por mais do que podemos comer, realizamos uma compra maior que nossa demanda ou adquirimos um produto desnecessário.

Em suma, o cristão precisa ser criterioso antes de investir o dinheiro que por Deus lhe é confiado, exercendo com zelo a mordomia de suas finanças. O desejo que ficar rico instantaneamente ou ganhar muito dinheiro sem fazer esforço é o combustível das grandes jogatinas e das apostas mais arriscadas, e esta sim, é uma motivação anti-bíblica (Gêneses 3:19).

Aliás, o vício nasce exatamente da necessidade de se recuperar aquilo que se perdeu, e com isso, ganhos irrisórios parecem justificar perdas astronômicas em mesas de pôquer, máquinas caça níqueis, bingos e roletas. Uma verdadeira avalanche de dívidas em decorrência de uma utopia que poderia ter sido evitada se a aposta inicial não fosse feita. Mas existem outros meios de perder dinheiro com jogos sem ao menos se dar conta dos prejuízos.

O primeiro jogo desenvolvido para computador foi criado em 1958, nos Estados Unidos, mas somente na década de 70, esta “diversão eletrônica” se tornou realmente popular, com o sucesso comercial do Atari. Nesta época, surgem também os ARCADES com fichas (fliperamas), que se tornam febre entre os jovens. Especialistas já questionavam a influência deste tipo de jogo sobre seus usuários.

Nos anos 80, o vídeo game explode em vendas, entrando em muitos lares ao redor do mundo. Em meados de 1996, os consoles caseiros e os computadores já tinham hardware superior aos arcades. Os PCs com placas de vídeo 3D e os jogos via internet/lan decretaram o fim de uma era. Atualmente, com inúmeras plataformas (muito caras) lançando anualmente centenas de títulos no mercado (igualmente caros), a indústria de jogos faturou cerca de U$$ 75.000.000.000 no último ano.

Gráficos realistas, jogabilidade on line, roteiros cinematográficos e muita violência explícita, são alguns dos motivos que atraem um número cada vez maior de ávidos consumidores tencionados a investirem cada vez mais dinheiro em novas tecnologias. Cientes deste mercado voraz, diariamente são lançados jogos para todo tipo de aparelho eletrônico, inclusive os disponibilizados dentro das redes sociais.

Obviamente, a Bíblia não condena o “vídeo game”, até porque se trata de uma invenção do século XX. Porém, a Palavra de Deus se mostra atemporal quando nos aconselha a fugir de tudo que possa ser danoso a nossa índole, fé, moral e caráter (I Tessalonicenses 5:22). Quem faz uso desta tecnologia para divertimento, precisa ser extremamente disciplinado.

Proibir qualquer tipo de jogo ao cristão é um autoritarismo desmedido que não se sustenta em bases bíblicas. Por outro lado, não impor limites e criar parâmetros, é ser omisso com um perigo real e danoso (I Coríntios 6:12).

É preciso entender que um “jogo” é absolutamente trivial e descartável diante de outras atividades com os quais estamos compromissados, seja com Deus, com nossa família ou com a igreja. 

Colaboração: Pb. Miquéias Daniel Gomes

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