quinta-feira, 7 de julho de 2016

EBD - Jesus, o Rei da Glória entre nós.


Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 100 - Editora Betel
Mateus  - Lição 02
Comentarista: Bp. Manuel Ferreira

Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene Wanderley


Texto Áureo
Salmos 24.10
Quem é este Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória. (Selá.)

Verdade Aplicada
O nascimento de Jesus marcou um novo início na experiência humana, pois foi a manifestação viva do plano da redenção.

Textos de Referência
Mateus 1:21-25

E dará à luz um filho, e chamarás o seu nome JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: - Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL. Que traduzido é: Deus conosco.
E José, despertando do sonho, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher, e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus.


Vamos falar de Jesus?
Comentário Adicional
Pb. Bene Wanderley

Não existe melhor assunto para o cristão do que o Evangelho de Jesus. Logo, este trimestre chega trazendo para nós um tema muito relevante, que trará luz à nossas mentes a cerca da vinda do Messias esperado, sob ópticas e perspectivas que por vezes ignoramos. O Evangelho de Mateus é um manancial de informações mui preciosas sobre a vida e o ministério de Jesus, o Nazareno. Os judeus aguardavam o momento de sua chegada com grande expectativa, esperando um rei que os livraria do jugo romano, um guerreiro furioso que inflamaria toda a nação judaica contra o império inimigo, um homem tão destemido, que sozinho, teria forças para expulsar os opressores. Mas eles estavam equivocados em suas interpretações. Quem iluminou o céu escuro da humanidade com seu nascimento foi o menino Jesus, filho de um carpinteiro e de uma dona de casa, nascido numa humilde manjedoura em Belém da Judéia, uma cidadezinha que ficava na parte montanhosa de Judá. O Salvador já estava no mundo, e quase ninguém havia percebido. Mateus traz à memória do povo as profecias antigas acerca do Messias, e aponta veemente para Jesus Cristo como aquele de quem as profecias falavam. O seu livro tem um propósito definido, que é mostrar ao povo judeu que Jesus, “o carpinteiro” é na verdade, o Rei da Glória.

Mateus procura logo de início demonstrar a identidade real de Jesus, esmiuçando a sua genealogia. O propósito principal de uma genealogia é mostrar a origem de um indivíduo e o caminho de sua família até eras mais remotas e desconhecidas na atualidade. Assim, o evangelista deixou claro para os seus leitores que, de fato, Jesus Cristo era o “Rei” tão esperado. Sabendo que os judeus exigiriam “provas” de que Jesus era de fato quem dizia ser; Mateus recorreu ao Antigo Testamento, amarrando fatos públicos da vida de Jesus com as profecias antigas, e assim, sacramentou de uma vez a questão. Ao dar provas concretas da identidade de Jesus, inclusive listando seus nobres antepassados, Mateus prosseguiu com seu relato adornado de detalhes ricos e minuciosos sobre o nascimento de Jesus; trazendo ao conhecimento dos seus leitores, nuances sobre a vida de seus pais terrenos, e a condição social em que se encontrava a futura família do Messias.

Maria sua mãe estava desposada com José. Jovem de boa índole e moral elevada, achou- se grávida pelo Espírito Santo. Quando José tomou ciência dessa situação tentou deixar Maria em segredo, mas logo, sendo visitado por um anjo em sonhos, resolveu receber Maria como sua mulher. Um ato de grande abnegação pessoal.  A lição a seguir, nos levará a campos de conhecimentos fantásticos, como por exemplo, a singularidade numérica da genealogia de Jesus, que fará muitos de nós alargarmos nossos conhecimentos, esclarecendo muitas dúvidas de pontos ainda nebulosos para a grande massa, pois numa simples leitura, passam despercebidos. Aperte o cinto para mais esta viagem as cidades da Galileia, e aproveite cada instante sem moderação.


A genealogia do Rei

Falar da manifestação do Rei da Glória entre nós é reviver as profecias, a história e o sentimento divino narrados por Mateus nos capítulos 1 e 2. Veremos como o nascimento como o nascimento de Jesus nos mostra a fidelidade e providência divina. Ao iniciar seu evangelho, Mateus procura demonstrar a identidade real do Senhor Jesus. Embora a Igreja fosse formada de judeus e gentios, ele, porém, tinha em mente os judeus. Eles eram mais exigentes por causa da das profecias veterotestamentárias. Eis o motivo de Mateus deixar registrada a genealogia do Senhor Jesus. A genealogia tem como finalidade mostrar a origem de um indivíduo. Para os gentios isso não é um assunto tão interessante, mas para os judeus era uma maneira de começar uma leitura. O objetivo é mostrar que Jesus, o Messias, tem origens que correspondem às profecias (II Samuel 7:16 / Isaías 9-7 / Jeremias 23:5). Do contrário, seria um falso messias e não precisaria ser temido nem honrado como tal. Muitos desprezaram a Jesus, taxando-o de mero carpinteiro, filho de José, um simples carpinteiro (Mateus 13:55). A genealogia em si mesmo já é curiosa para um judeu. Nenhum escritor que se dirigisse aos gentios iniciaria com uma genealogia, dessa maneira procedeu Marcos em seu evangelho. Embora Lucas também tenha apresentado uma genealogia, ela só aparece a partir de Lucas 3:23, visto que ele tinha em mente um público de fala grega, um público greco-judaico. Herodes o Grande, era desprezado pelos judeus pelo fato de ter ascendência idumeia e não ser judeu. Para amenizar sua situação, casou-se com Mariane, filha do sumo-sacerdote de sua época.

A genealogia apresentada por Mateus não era apenas importante, mas também curiosa. A primeira curiosidade reside no fato de provar que Jesus é descendente de Davi e de Abraão. Como a promessa se referia a linhagem específica de Davi, então cumpria Mateus prová-la. Ora, no sistema hebraico não havia números, mas as letras tinham a equivalência numérica, como por exemplo, nos algarismos romanos. Davi era escrito dwd, apenas consoantes, então a letra d = 4 e a w = 6, e o d = 4, o que dá um total de 14. Dessa maneira, Mateus faz três jogos de 14 gerações, por causa da importância também simbólica que os judeus dão. Mateus se esforçava não apenas para comunicar um fato de maneira simples. Em virtude do valor do fato em si, ele se esforçou para se comunicar com os seus leitores de maneira criativa e até mesmo, artística. Ele fez isso exatamente mostrando a genealogia de uma forma que pudesse ser decorada mediante um jogo numérico, pois naquela época quase não havia livros. O apóstolo Mateus fez a obra de Deus não de qualquer maneira, mas com esmero, o que é uma grande lição para todos nós.

Era uma coisa incomum constar mulheres nas genealogias judaicas. Contudo, isso não significa que matriarcas importantes como Sara, Rebeca, Raquel, Leia e outras não fossem mencionadas. É claro que elas eram lembradas nas conversações domésticas e nas sinagogas. Mas Mateus menciona cinco mulheres: Tamar (Mateus 1:3); Raabe e Rute (Mateus 1:5); a mulher de Urias, o heteu, cujo nome é Bate-Seba (Mateus 1:6); e finalmente Maria, a mãe de Jesus. O mais extraordinário é que, além de serem mencionadas, algumas estão associadas a lembranças pecaminosas: Tamar seduziu o sogro; Raabe tinha sido prostituta em Jericó; Rute não era judia, mas uma moabita convertida. Através delas, constatamos a eloquente misericórdia de Deus. Mateus realiza aqui uma a quebra intencional de paradigma, pois em via de regra, mulheres não constavam em genealogias. Normalmente, elas eram tidas como coisas, parte da propriedade de um homem. Daí se pode perceber tanto a misericórdia divina demonstrada no fato delas participarem na ascendência do Senhor Jesus, quanto também a evidência tangível de que, quando alguém conhece a Deus de verdade, Deus não leva em conta seu passado pecaminoso. Porém, surpreendentemente, ele torna alguém útil a si no plano da redenção.


Contexto histórico da Natividade
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

O último registro histórico do Velho Testamento é a morte de Esdras. A partir deste momento o Cânon Sagrado faz uma pausa de quatro séculos, ciclo de tempo conhecido como “Período Intertestamentário” ou “Anos de Silêncio”. Ao longo de quatrocentos anos, YAHWEH se manteve calado, e nenhuma palavra profética foi manifestada. Deus esteve em silêncio por um longo tempo, mas nunca se omitiu. Sua mão se continuou ativa no curso dos acontecimentos, preparando o mundo para o maior de todos os eventos, a chegada do Emanuel. Dia após dia, cumpriram se a risca as visões do profeta Daniel, e o povo judeu sentia se aproximar a chegada do “Salvador” prometido. Sob o domínio Medo-Persa, os israelitas tiveram liberdade de culto assegurada e puderam retornar para casa após setenta anos de exílio na Babilônia. Também foram dadas aos repatriados as condições necessárias para a reconstrução do templo, dos muros e das cidades, e com isso a “promessa” estava em casa, afinal, o Messias deveria nascer em Belém, na região da Galileia (Isaías 9:1-6 / Miquéias 7:5), e posteriormente seria apresentado no Templo de Jerusalém. Em 333 AC, Alexandre derrotou o rei Dario, e a Grécia ascendeu ao posto de maior nação da terra, subjugando inclusive, os judeus. Discípulo de Aristóteles, instruído em filosofia e política grega, Alexandre – O Grande, exigiu que a cultura grega fosse promovida por todo território por ele conquistado, cerca de ¼ do mundo até então conhecido. Assim, diversas nações aderiram o idioma grego como segunda língua oficial, e pela primeira vez os livros do Velho Testamento foram traduzidos do hebraico, dando origem a “Septuaginta”.

Embora fosse um fervoroso disseminador da cultura grega, Alexandre não interferiu na religiosidade judaica, o que assegurou plena liberdade de culto aos israelitas. Passada apenas uma década, o imperador grego faleceu, e seu reino foi dividido entre seus quatro principais generais. Em decorrência de sua posição geográfica, a Judéia ficou à mercê de interesses políticos, primeiro sendo subjugada por Antígono, depois por Ptolomeu I e Ptolomeu II, até cair nas mãos dos selêucidas. Esta foi uma época de grande dor aos israelitas, já que o imperador Antíoco Epifânio, invadiu Jerusalém assassinado muitos judeus. Ele saqueou o templo, e profanou o santuário oferecendo um animal imundo como holocausto. Os direitos civis e a liberdade religiosa dos judeus foram suspensos, os sacrifícios diários foram proibidos e um altar ao deus Júpiter foi erigido. A opressão sofrida gerou nos judeus um clamor nacional por um libertador, exteriorizada na revolta dos macabeus, que liderada por Judas, terminou com a reconquista de Jerusalém no ano 164 AC.

A Judéia seria mais uma vez conquistada por uma nação estrangeira em 63 AC, quando Pompeu de Roma conquistou toda a palestina e entregou seu controle a Cesar. Com uma ideologia pacifista chamada de “PAX ROMANA”, Roma estabilizou diversos conflitos ao redor do mundo e pavimentou um sistema de estradas que facilitava o transito entre as cidades. Em 31 AC, Herodes foi declarado rei dos judeus e ordenou o recenseamento, obrigando todo homem adulto a voltar para sua terra natal. Assim, certo “José”, descendente da tribo de Judá, se viu obrigado a retornar para Belém em justamente no ultimo mês de gestação de sua esposa, “Maria”.

Deus esteve por quatrocentos anos preparando o mundo para a chegada de Jesus, e agora o cenário estava pronto. Antes, porém, um mensageiro deveria ser enviado, uma voz que clamaria no deserto preparando o caminho do Senhor e aplainado a estrada para Deus (Isaías 40:3). Por séculos, os profetas estiveram extintos, mas Deus volta a se manifestar exatamente para anunciar o nascimento do maior deles, e o seu nome era João (Mateus 11:11). Logo em seguida, por intermédio de um anjo, Deus revelaria a uma jovem chamada Maria que ela daria à luz ao Salvador do Mundo. José, com quem também ela estava desposada, também recebe uma visita sobrenatural. A próxima manifestação visível de Deus seria exatamente na noite do nascimento de Jesus, quando anjos aparecerem nos céus, louvando e anunciando a chegada do menino salvador.


A concepção e nascimento do Rei

Há muito tempo que a descendência de Davi saíra do governo de Israel. Esse fato por si só contraria o plano da redenção. Tanto os governantes de sua linhagem quanto o próprio povo se afastaram de Deus terrivelmente. Mas tal coisa não seria um obstáculo absoluto para a concepção e nascimento do Salvador. Mateus faz-nos conhecer um pouco de quem era Maria e isso é muito importante. Maria era uma virgem, no grego “parthenos”, que significa alguém que nunca teve relação sexual, mas também virgem núbil. Quer dizer, virgem com idade para casar-se. Quando o Salvador foi gerado no ventre de Maria, ela era uma jovem noiva com José, mas conservava-se pura. Assim como José era um homem justo e temente a Deus, Maria também era. Foi nessa condição que ela se tornou mãe do prometido Salvador. O Messias prometido não seria gerado no ventre de uma moça e rapaz que não temessem a Deus. Aqui se nota a importância da pureza de um casal diante de Deus. José faz parte da linhagem direta de Davi, mas era também um homem temente e reto diante de Deus. Maria de igual forma era uma moça piedosa e reservada para o casamento. Enfatize para os alunos que o Salvador jamais nasceria numa família pagã ou desestruturada.

Este foi um fato polêmico para José, pois sua noiva estava grávida! E agora? De alguma forma, José notou e soube que sua noiva prometida estava gestante. Isso foi embaraçoso para ele, pois ele não era o responsável, logo não queria assumir aquela paternidade. Por outro lado, gostava da moça e não queria expô-la publicamente. A saída que ele encontrou foi deixá-la de modo discreto. Quando, porém, ele chegou a essa conclusão, Deus interviu por meio de um anjo, dizendo-lhe: “Não temas receber Maria... o que nela está gerado é do Espírito Santo”. Além disso, disse-lhe ainda que seu nome seria Jesus, porque Ele salvaria o seu povo de seus pecados. José era um piedoso homem de Deus. Ele tanto procurou conservar uma vida pura como também obedeceu prontamente às ordens de Deus através do Seu anjo. Dá para perceber que ele teve momentos embaraçosos pelo fato de sua noiva estar gestante, não sendo o responsável direto. Todavia, ela ficou grávida pelo fato dele ser da linhagem de Davi. Dessa maneira, as profecias se cumpriram porque chegou o tempo. E tanto ele quanto Maria levariam consigo o encargo de cuidar e proteger o menino Deus assim que nascesse.

Jesus nasce no tempo do rei Herodes, o Grande, em Belém da Judéia. Por que o menino Salvador haveria de nascer na cidade de Belém? Na verdade, a palavra Belém vem do hebraico e significa “Casa do Pão”. Belém é o mesmo lugar que morou Rute, a moabita que se casou com Boaz e gerou a Obede, que gerou a Jesse, pai do rei Davi. Deus escolheu Belém para o nascimento do menino Messias. Observe que José não residia lá, porém, por causa do censo de César Augusto, o Verbo Eterno em Belém se manifestou, vindo a nascer numa manjedoura por falta de lugar na estalagem. Mateus omite o local de origem de onde se deslocaram José e Maria para Belém, todavia as profecias acerca do menino Deus se cumpririam, como de fato se cumpriram. O decreto de César obrigava que os homens fossem à sua cidade natal para se alistarem. Dessa maneira, José teve de ir a Belém, levando consigo a Maria. Ao chegarem lá, não conseguiram lugar adequado numa hospedaria por já estar lotada. Quando estas lotavam, os hóspedes acomodavam-se no estábulo da hospedaria e foi assim que Jesus nasceu, cumprindo a profecia acerca do lugar de Seu nascimento.


A dogmática virgindade de Maria
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Um dos temas mais debatidos de toda a história humana é, sem duvidas, a concepção virginal de Jesus. Segundo o relato das Escrituras, Maria concebeu à Jesus sem ter tido relações sexuais com nenhum homem, sendo sua gravidez um ato divino efetuado pela obra do Espírito Santo. Muitas mulheres israelitas almejavam portar em seu ventre a “SEMENTE” prometida desde o Éden, mas foi Maria, uma moça humilde da Judeia, que achou graças diante do Senhor para trazer ao mundo o seu Salvador. Maria estava desposada com um carpinteiro local chamado José, quando recebeu a notícia de sua bem aventurança. Numa época de casamentos arranjados, “estar desposado” correspondia a “estar casado, mas não morar junto”. Assim, Maria e José ainda não tinham mantido relações sexuais. Sabendo da gravidez de sua “noiva”, José cogitou a possibilidade de fugir para não “expor” Maria ao vitupério público, porém, também foi visitado por um anjo que lhe revelou a verdade sobre a miraculosa gestação (Mateus 1:20-21). Segundo o relato de Mateus, José não apenas aceitou com gratidão a gestação de Maria, como também não manteve com ela qualquer relação sexual (mesmo após se casamento), “até o nascimento de seu filho primogênito” (Mateus 1:25). Se Jesus foi o “primeiro filho” do casal, fica entendido que Maria e José viveram uma vida conjugal plena, e constituíram posteriormente uma grande família. Na verdade, encontramos ao longo do Novo Testamento, o nome de pelo menos quatro irmãos consanguíneos de Jesus (Tiago, Simão, José e Judas), além de referências a algumas irmãs não citadas nominalmente (Mateus 13:55 /  Marcos 6:3 / João 2:12)

Eusébio de Cesárea defendia a ideia de que os irmãos de Jesus na verdade eram primos de Cristo em primeiro grau por parte de pai, filhos de Alceu Cleofas. O exegeta alemão Josef Blinzer, sugeriu que os irmãos de Jesus, eram na verdade, filhos de outra mulher homônima, prima de Maria. O livro apócrifo de Tiago, menciona que José já tinha filhos antes de se casar com Maria, e estes seriam os “meio-irmãos” de Jesus. A verdade é que este assunto se tornou um grande tabu dentro de diversos segmentos do cristianismo em decorrência do Concílio de Lateranense, que em meados do século VII, dogmatizou a virgindade de Maria, concebendo sua imagem de “santa e imaculada”, portadora de uma virgindade perpétua. Mas embora a ideia de Maria ter gerado outros filhos além de Jesus ser rejeitada por  cristãos católicos, ortodoxos e muçulmanos, até mesmo Ariano, influente bispo de Milão, já defendia que os “votos sagrados do casamento são superiores aos votos de castidade”. Assim, não faria sentido Maria e José viverem uma vida de privações conjugais. Além disso, o termo grego usado pelos evangelistas quando se referiam aos irmãos de Jesus é “ADELFOS”. Etimologicamente falando, “adelfos ou adelfoi” refere-se a “parentes co-uterinos", ou seja, “irmãos gerados no mesmo útero”. Este termo foi usado 346 vezes no Novo Testamento, sempre se referindo a “irmãos de sangue”, enquanto relações de parentesco mais distantes (como primos), são identificadas pela palavra ANEPSIS.

Então, a questão mais interessante não é “se” Maria teve outros filhos além de Jesus, mas sim “quem” são eles. Pelo registro de Lucas 2:7, percebe-se que os irmãos de Jesus não se engajaram em seu ministério pelas cidades da Galileia. Aparentemente, demonstravam inclusive, incredulidade quanto ao fato do “irmão mais velho” ser o Messias prometido. Posteriormente, esta situação se reverteu, já que o Livro de Atos lista os irmãos de Jesus entre os líderes da igreja primitiva, exercendo grande influência até mesmo junto aos discípulos originais. Tiago, inclusive, exerceu seu pastorado junto à igreja de Jerusalém, e Judas, era respeitado pelos apóstolos como um sábio conselheiro (I Coríntios 1:19 / Galatas 1:9). A beleza deste fato é que Jesus trouxe a Salvação para dentro de sua própria casa, mas nunca concedeu privilégios a seus familiares. Todos eles precisaram também reconhecer que Jesus Cristo era o Salvador do Mundo, e entregar suas vidas a Ele, sendo todos transformados pelo poder do Evangelho. Maria foi a primeira a entender esta verdade, e isto em nada tem a ver com os dogmas estabelecidos sobre sua vida conjugal. Ela reconheceu desde cedo que, embora fosse a mais “agraciada entre as mulheres”, também era uma alma carente de salvação, que encontraria em Cristo o caminho de volta para Deus . É dela uma das mais importantes mensagens já pregadas sobre Jesus: - Fazei o que ele vos disser. (João 2:5).


O Rei infante achado e perseguido

Mateus fala de magos à procura de Jesus para adorá-lo e presenteá-lo, mas quem eram aqueles magos? Os magos não devem ser confundidos com aqueles adivinhos dos tempos de Daniel ou os trapaceiros e encantadores dos Atos dos Apóstolos. Eles eram homens sábios, tementes a Deus e esperavam o Messias. Não se sabe quantos foram os magos. Certo é que eles chegaram a Jerusalém em busca do menino rei. Em Jerusalém, no palácio de Herodes, eles disseram que tinham visto no Oriente a estrela que indicava o nascimento do menino, Rei dos judeus, e, portanto, estavam ali para adorá-lo. Tal afirmativa deixou Herodes perturbado. Tanto que ele se viu obrigado a fazer alguma coisa. Ao saírem do palácio, reavistaram a estrela e, por fim, chegaram a Belém, onde o menino estava e o adoraram, presenteando-lhe. Este fato confirma uma vez mais que Deus nada faz sem antes avisar aos Seus servos. Os magos eram sábios e tementes a Deus, mas que jamais saberemos quantos foram os que se deslocaram por causa da estrela do Oriente; segundo, os magos souberam que o Salvador nascera, mas desconheciam o local profético do nascimento, que era em Belém; terceiro, os sacerdotes e escribas tinham o conhecimento da profecia do local do nascimento, mas não sabiam que o Salvador havia nascido; quarto, a estrela foi um fenômeno celestial que não se pode saber o que exatamente foi, se foi um planeta, asteróide ou anjo.

A chegada dos magos, junto com a notícia de que nascera o Rei dos judeus, agitou fortemente a Herodes e os de Jerusalém (Mateus 2:4). Herodes a princípio conteve-se, mostrando interesse em saber do menino para posterior adoração. Os magos, porem, nada perceberam do doentio ciúme de Herodes da sua própria governança e de sua real intenção. Certo é que, ao perceber que os magos não lhe retornaram com as notícias, Herodes ordenou o infanticídio de todos os meninos de dois anos para baixo em Belém. Ele é um exemplo de como o ciúme pode chegar a um nível extremo. Devemos evitar este tipo de sentimento. Herodes não era judeu, ele chegou ao trono com muito esforço e através de inúmeras manobras junto aos sacerdotes de sua época e com o apoio dos romanos. Os judeus intimamente o desprezavam apesar de suas obras e política. Dessa maneira, ele tornou-se ciumento e vingativo até a sua morte. Para quem mandou matar Mariane, sua esposa, por ciúme; e seus dois filhos por suspeita de conspiração, matar os infantes de Belém não seria uma tarefa difícil.

Herodes, homem sanguinário, trazia sobre sí o sangue de muitos e até da própria família. Isso representava uma séria ameaça à vida do menino e aos planos de Deus. Mas José foi sobrenaturalmente ordenado por meio de um anjo a que fugisse para o Egito e levasse consigo a Maria e o menino. Dessa maneira, Jesus foi protegido da ira de Herodes quando ocorreu o infanticídio. José só retornou após a morte de Herodes por expressa orientação divina, indo morar em Nazaré. Deus não teme assumir riscos em suas atitudes e planos, pois, do contrário, não permitiria que os magos erroneamente chegassem a Jerusalém, ao palácio de Herodes. Isso foi o que ocasionou indiretamente o infanticídio em Belém, após a fuga de José com a família. Por isso devemos confiar sempre na sabedoria divina.


Do oriente: Uma longa jornada
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Pouco sabemos sobre os sábios homens do oriente citados por Mateus. A noite em que Jesus chegou ao mundo passou despercebida até mesmo por homens fervorosos e espirituais, mas não por estes homens gentílicos que identificaram na imensidão dos céus, o sinal dado a humanidade indicando o nascimento do Menino Deus. A tradição insinua que três nobres oriundos do leste partiram numa jornada espiritual para adorar o “Rei dos Judeus” e os identifica como Gaspar, Baltazar e Belchior. Em sua obra “Excerpta at Colletanea”, o monge inglês Beda (673-735) descreveu Belchior como um velho de setenta, originário de Ur dos Caldeus. Gaspar seria um jovem de 20 anos, proveniente de uma região montanhosa junto ao Mar Cáspio, e Baltasar seria um mouro de aproximadamente 40 anos, natural da região que hoje conhecemos por Golfo Pérsico. A grande verdade é que não temos nenhum registro no Cânon Sagrado sobre a identidade destes homens ou a região específica de onde vieram. Mateus apenas relata que passado algum tempo do nascimento de Jesus, alguns viajantes vindos do oriente chegaram até Jerusalém à procura do novo Rei dos Judeus. Segundo eles, o nascimento do novo monarca os havia sido noticiado pelo brilho de uma estrela específica, e que desejavam ardentemente adorá-lo.

Ao saber do acontecido, Herodes ficou extremamente preocupado, e convocou seus sacerdotes e escribas para pesquisarem sobre o estranho evento narrado pelos viajantes. Eles então se depararam com a profecia de Miquéias 5:2: - E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo Israel. Herodes informou aos viajantes a possível localização do “rei nascido” e solicitou que caso o mesmo fosse encontrado, ele gostaria de saber a localização para também o adorar. Na verdade, o perverso rei intentava em seu coração eliminar aquela potencial ameaça ao seu trono. Seguindo a estrela, aqueles homens rumaram para a cidade de Belém. Quando os sábios do oriente finalmente encontraram Jesus, Ele já estava em casa, envolto em panos e sendo embalado por Maria. Entraram com muita reverência na humilde residência da família, e diante do menino, se prostraram e o adoraram. Depois abriram seus tesouros e ofertaram a Jesus presentes caríssimos: ouro, mirra e incenso fino. Divinamente informados sobre o plano de Herodes, não regressaram a Jerusalém.

Aqueles homens peregrinaram por muitos meses antes de encontrar Jesus. Uma viajem longa, cara, perigosa e estafante. Mesmo assim, eles nunca pararam de procurá-lo, confiando que os céus os guiariam até seu destino. Quando encontraram Jesus, o pequeno já deveria ter aproximadamente 24 meses de vida, afinal, ao perceber que os mesmos não voltariam, Herodes mandou matar todos os meninos de até dois anos de idade. Se por um lado, a persistência daqueles homens é louvável, mas uma vez a provisão divina se mostra perfeita. Maria e José não tinham posses, e agora, alertados por um anjo, deveriam fugir ao Egito para proteger o menino. A família ficaria exilada naquele país por alguns anos, e toda a estadia, bem como o custo da viagem, foram financiados involuntariamente pelos nobres do oriente, através de suas ofertas voluntárias ao menino. Após a morte do rei, José conduziu sua família de volta para Israel, e sabendo que Arquelau (filho de Herodes) reinava na Judéia, a família optou por residir na Galileia, escolhendo como nova morada a cidade de Nazaré.


Conclusão

O Filho de Deus nasceu de uma virgem núbil. Ele foi necessitado de proteção como qualquer ser humano. Deus, para preservá-lo, guardou-o até que chegasse a cruz, cumprindo totalmente o Seu plano de redenção. Devemos saber e crer sem vacilar que Deus cumprirá tudo quanto disse e nada frustrará os Seus planos.



A imagem que Mateus nos apresenta de Jesus é a de um homem que nasceu para ser Rei. Sua intenção é mostrar o senhorio de Jesus Cristo e que, com toda autenticidade, o Reino, o poder e a glória são dEle. Mateus entrelaça o Antigo Testamento ao Novo, com a preocupação de revelar aos judeus: que em Jesus se cumpriram todas as palavras do profeta, que Ele é o Rei por excelência e o Messias de Seu povo. Para saber mais sobre as profundas verdades existentes em cada linha deste evangelho, participe neste domingo, 10 de Julho de 2016, da Escola Bíblica Dominical.




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