Pb. Miquéias Daniel Gomes
Lembro-me que quando criança ficava encantado com tudo o que se
referia a celebração do Natal. As
decorações temáticas, as luzes cintilantes, a troca dos presentes (que
em nossa família eram poucos, humildes e muito significativos). Porem
algumas de minhas lembranças mais queridas me remetem aos cultos natalinos que
enchiam nossa igreja na véspera do Natal. Esses cultos eram repletos de
surpresas especiais e a participação da congregação era maciça. Haviam cantatas,
jograis, peças teatrais, apresentações particulares... Tudo lindo... Tudo muito
festivo e significativo.
Pois bem, o tempo passou, eu cresci e as coisas mudaram. Aprendi
muito, evolui um pouco e reneguei minhas coisas de menino... E o Natal perdeu
muito de seu esplendor... O Natal simplesmente deixou de ser... Natalino...
Que pena!
Assim como eu, muitos cristãos deixaram de lado a empolgação com o
Natal. Com exceção de algumas poucas igrejas que ainda se mobilizam para
celebrarem esta data reunidos (parabéns a vocês, nunca
percam isto), a maioria de nossos cultos natalinos já não tem o mesmo
apelo de antigamente... As apresentações são frias e assistidas sempre por meia
dúzia de pessoas, dais quais, a metade não vêem a hora de irem para a casa
e na maioria das vezes esses “cultos natalinos” mal fazem menção a data ou se
quer presenteiam aos fieis com algo palatável que os faça sentir empolgação com
o real sentido do Natal.
Cadê nossa empolgação natalina? Cadê nossa nostalgia? O
que aconteceu com o Natal Protestante?
A resposta é dura e bem pragmática... Descobrimos que o Natal é uma
festa pagã! Descobrimos a grande verdade e o Natal perdeu seu
significado e sentido.
Mas será esta realmente a verdade absoluta?
Nos primeiros séculos do cristianismo, de fato não se tem registro
de celebrações natalinas, até que a igreja romana decide escolher uma data
simbólica para a comemoração do “Aniversario de Jesus”. Tomou-se o
caminho mais fácil, a fim de unir o útil ao agradável e escolheu-se uma data já
significativa para os povos pagãos a quem queriam evangelizar, o dia 25 de
Dezembro.
Próximo a essa data, o hemisfério norte vive o solstício de inverno
e algumas civilizações europeias utilizavam o vigésimo quinto dia do mês para a
realização da Saturnália, uma celebração
para a divindade pagã chamada Mitra, representada pelo
sol, num rito denominado “natalis invicti”, com a finalidade de
prestar tributo à “Natividade do Sol Invencível”, para que
o inverno não se prolongasse demais.
Isso é um fato histórico e não há como negar, assim como
é inegável os enxertos forçados que se agregaram a data; o pinheiro
de natal, as velas, os enfeites extravagantes e a transformação progressiva do bispo
turco "Nicolau" na figura do atual “Papai Noel”, ou ainda o abuso comercial da
troca quase obrigatória de presentes, subvertendo as tradicionais “lembranças”
trocadas nas culturas existentes oito séculos antes de Cristo, como
por exemplo, simples e simbólicos raminhos de oliveira.
Jesus de fato, não deve ter nascido em dezembro, uma vez que o
pequeno bebê provavelmente morreria congelado no frio inverno palestino, uma
vez que a estrebaria não fornecia aquecimento adequado e seus pais não
dispunham de recursos para mantê-lo devidamente protegido das baixas
temperaturas.
Entretanto, deixando toda essa cansativa pragmática de lado, hoje é
véspera de Natal, e nesta noite celebrarei com minha família. Estaremos todos
reunidos e unidos, trocaremos presentes e cearemos. Não para homenagear o sol
ou alguma divindade pagã. Não celebraremos ao solstício, mas com certeza
traremos a memória o maior evento da história, o nascimento do Emanuel, o Deus
presente entre nós...
É inegável que nesta data, as pessoas se tornam um pouco melhores.
Nos tornamos mais sensíveis, generosos e emotivos, mais suscetíveis a pedir e
dar perdão. Visitamos parentes distantes, sentimos saudades dos amigos, somos cordiais
com quem não conhecemos, trocamos elogios, abraços e carinhos, é uma época em
que tendemos a pensar nas pessoas que nos cercam antes de pensarmos em nós mesmos... Tudo isso baseados no grande ato
de amor demonstrado numa estrebaria de Belém, nunca num rito pagão praticamente
obsoleto e perdido nos séculos.
Deixamos um pouco de lado a vaidade legalista e acadêmica que nos
faz querer ser o diferencial da história, e lembremos que o cristianismo é uma
religião baseada em fé, e fé pura em Cristo Jesus, fé que ele nasceu, fé que só
ele pode transformar a vida do homem e isso independe da data de seu
nascimento. Posso sem medo afirmar que o fato de que se apenas a lembrança de
seu nascimento tão presente nesta data é capaz de mudar a forma de
agir e pensar da maioria das pessoas seja a prova real e definitiva
que o menino Deus é realmente poderoso, capaz de
suplantar toda e qualquer divindade pagã, pois dele é toda a glória
e para ele se destina todo louvor e qualquer celebração realmente significativa!
Um excelente e nostálgico Natal. Natal do menino Deus, o
único digno de toda adoração, o verdadeiro SOL... DA JUSTIÇA!
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