O anúncio daquela gravides não foi motivo de festa e alegria, afinal
aquela gestação era fruto de um erro, de uma aventura extra conjugal, de uma
noite de prazer paga com dinheiro, sem vínculos de ternura ou amor.
E assim
nasceu Jefté, filho de uma prostituta, persona indesejada mesmo dentro da casa
de seu pai. Gileade tinha muitos filhos com sua esposa legítima, e estes não se
sentiam confortáveis com a presença de seu meio irmão, e assim que tiveram
oportunidade, expulsaram o indesejável de suas terras. Rejeitado pela sua própria família, deserdado e desprovido de bens, Jefté
procura refúgio na cidade de Tobe, e ali encontra a companhia de homens
renegados como ele. Junto com seus novos aliados, Jefté forma um bando de
mercenários, e seu forte instinto de liderança não demora a aparecer. Inicialmente,
todos olham para aqueles homens com olhos assustados, a presença do bando em
qualquer cidade causa repulsa e pavor, sendo eles imediatamente rejeitados pela
sociedade. Porém, sob as ordens de Jefté, o grupo demostra valor e coragem,
ganhando o respeito até mesmo de seus familiares.
Tal reviravolta se dá porque Israel mas uma vez fora subjugada por um
inimigo, e durante alguns anos, padeceu o flagelo imposto pelos amonitas e
filisteus. Os líderes do povo viram no bando de Jefté sua única possibilidade
de defesa, e intercederam para que seu irmão rejeitado, liderasse a resistência
contra o invasor.
- Jefté, sua liderança fez com que homens desprezados se tornassem em um
grande exército... Por favor... Venha e nos lidere contra os amonitas.
- Por que eu? Vocês não me expulsaram de casa, me renegaram e tiraram de
mim meus direitos? Agora vocês vêm a mim e pedem socorro? Sou útil apenas em
tempos de aflição?
O valor pessoal de Jefté
era maior que sua história natural de desamparo familiar. O destino empurrava
Jefté para o caos, ele porém, prevalecia pela coragem e vontade de ser feliz. Então
o Espírito do Senhor se apossou dele. Primeiramente ele tentou um acordo de paz
para evitar a guerra, mas mediante a recusa de seus inimigos, ele atravessou
Gileade e Manassés, passou por Mispá de Gileade, e daí avançou contra os
amonitas. Israel venceu a guerra e a sua participação foi decisiva, até que o
nomearam juiz da nação. E Jefté, cujo nome significa "Deus Abre"
entrou para o rol dos juízes de modo louvável. Deus de fato, abriu caminhos e
deu oportunidades a esse guerreiro que soube ser diplomata e militar. Julgou
Israel por seis anos, e foi honradamente sepultado em uma das cidades de seu
pai.
A enfermidade da alma que iremos estudar nesta lição é o sentimento de rejeição. Embora tenha o nome parecido, não se trata de medo da rejeição, assunto que já estudamos anteriormente. No caso do sentimento de rejeição, o indivíduo pensa que não é valorizado pelas pessoas com quem se relaciona. A partir daí, torna-se extremamente carente e se contenta com o mínimo que alguém lhe ofereça para se sentir bem. Porém, em alguns momentos, essa pessoa pode se tornar perigosa já que é capaz de fazer qualquer coisa para ser notado. A rejeição é uma enfermidade que começa como uma semente que é plantada em nossa vida por meio de vários acontecimentos. Ela atinge a todos, já que em algum momento de nossa vida fomos rejeitados, pois ninguém atravessa esta existência escapando totalmente da rejeição. Temos porém que identificar a causa deste mal que pode estar enraizado no abuso, na vergonha, na culpa, e assim extirpa-lo de nossas vidas, e assim não viver sentindo-se rejeitado por todos, para não desenvolver outros problemas ainda maiores. Por intermédio de Jesus podemos ser livre do poder da rejeição!
A maioria de nós não lida bem com rejeição, especialmente naqueles
momentos em que estamos mais vulneráveis. Todos nós passamos por isso; seja na
família, quando não temos a atenção que necessitamos, ou entre amigos, em
consequência de estarmos vivendo a vida Cristã. A palavra rejeição significa
ser descartado; ser desprezado como não tendo nenhum mérito. É como ouvir
alguém falar: "Eu não quero você... você não tem valor; Você não serve pra
ser meu amigo! Você não é certo"! O que acontece para uma pessoa nessa
situação é muito triste. Deus não nos criou para sermos rejeitados. Ele nos
criou para sermos aceitos, amados e apreciados.
Muitas pessoas de todas as partes do mundo
sofrem a dor da rejeição. E um segmento surpreendentemente grande da sociedade
e da igreja têm experimentado vez ou outra esse sofrimento, tornando a rejeição em uma das feridas emocionais mais
comuns. A sensação de ser rejeitado assemelha-se a ser jogado na lata do lixo
da vida, é algo que machuca e deixa marcas que perseguem o indivíduo ao longo
dos anos, condenando-o a um estado permanente de medo, tristeza e isolamento (Gênesis
3.9-10).
O sentimento de rejeição pode ter origens em diversas situações:
convivência familiar, escola, amizades, trabalho e relação amorosa; existindo muitas causas que podem
disparar este sentimento: abuso (incluindo abuso físico, verbal, sexual e
emocional), conflitos no lar, adoção, abandono, infidelidade no casamento,
divórcio, rejeição de colegas, etc. Todas estas situações são dramáticas e desencadeam
muitas conseqüências desagradáveis. Basicamente, a rejeição nasce em situações de decepção (especialmente com
pessoas valiosas para nós) nas quais nos sentimos desvalorizados, injustiçados,
como se não se importassem com nossos sentimentos nem reconhecessem nossos
esforços. Enfim, a raiz do sentimento de rejeição está na
frustração de nossas expectativas sobre os outros.
Muitas pessoas sofrem com sentimento de rejeição originados durante a
infância, por situações como, por exemplo, o favoritismo (real ou imaginário)
de um dos pais ou dos dois, por um filho, em detrimento de outro. Se
exacerbado, esses sentimentos podem causar insegurança e carência afetiva e
ainda podem ser reforçados ao longo do desenvolvimento do sujeito (Gênesis
37.3). Assim, os sentimentos de rejeição acompanham a pessoa em seus
relacionamentos interpessoais, ela sente dificuldade em sentir-se amada, aceita
e valorizada. É importante ressaltar que o ponto crucial para a origem do
sentimento de rejeição é a “interpretação” que a pessoa faz de estar sendo
rejeitada (exemplo do irmão mais velho do filho pródigo) e não necessariamente,
ela estar realmente sendo preterida (exemplo dos filhos de Jacó). Não se pode
pensar que somos rejeitados por todas as pessoas, isso não é verdade, pois
existem aqueles que se agrada de nós da maneira que somos.
É claro que cada pessoa reage de forma distinta e peculiar aos elementos
que constituíram sua história (Juízes 11.1-6). A rejeição possui múltiplas
faces e a pessoa que se sente rejeitada, por exemplo, pode
canalizar o sentimento em duas direções distintas: uma interna e outra externa.
Rejeição internalizada: Embora nem toda pessoa tímida ou introvertida tenha
histórico de rejeição, há pessoas que internalizam o sentimento de rejeição e
de não aceitação, gerando diversos outros sentimentos, como culpa e baixa
autoestima. Outras consequências possíveis são timidez, complexo de
inferioridade e dificuldade de se expressar ou expor sua opinião, gerando
sofrimento para a pessoa (Jó 32.6).
Rejeição externalizada: Entretanto, o sentimento de rejeição também pode ser
externalizado. Nesse caso, a pessoa canaliza agressividade para fora, como um
mecanismo de defesa. Isto é, para defender-se da carência afetiva causada pela
rejeição, a pessoa adota comportamento agressivo e arredio, justamente como
estratégia para não mostrar sua fragilidade. Muitos são os exemplos de pessoas
agressivas, soberbas, maledicentes ou aproveitadoras que, na realidade,
encontraram nessas atitudes que humilham, agridem ou tiram vantagem do outro
uma forma de lidar com seus próprios sentimentos de rejeição.
Pensar que ninguém gosta da gente é estratégia do inimigo querendo nos
afastar da comunhão e nos deixar isolado. É verdade que ninguém consegue
agradar a todos, mas importante é saber que temos disponível o que
verdadeiramente precisamos: o amor de Jesus Cristo. De fato, sua opinião a
nosso respeito é o que realmente conta e nos conforta. Procedimentos de práticas e ações desagradáveis na
tentativa de “superar o sentimento de rejeição” não irá solucionar o problema,
ao contrário, agravará mais ainda a situação. O que realmente precisamos é nos
achegar a Deus, que "está perto dos que sofrem e salva os de espírito
abatido" (Salmo 34:18). O sofrimento pode ser bom quando nos faz pedir a
ajuda de Deus, e o nosso coração recebe a cura que Ele quer promover em nossas
vidas.
Jefté era rejeitado e aparentemente destinado a ser infeliz. Ele era um
homem valoroso, filho de um cidadão influente, porém sua mãe era prostituta.
Portanto, seu nascimento não estava nos planos de seus pais. Ainda no ventre de
sua mãe, já carregava o estigma de ser filho ilegítimo e nada poderia mudar esse
fato. Mesmo antes de nascer já fora rejeitado e embora o feto não seja
capaz de falar ou pensar e ainda não tenha sido totalmente formado, segundo
estudiosos, já é capaz de perceber os sentimentos e expectativas que seus pais
nutrem em relação a ele. Durante a gravidez, mãe e filho compartilham, não
apenas do mesmo alimento e do mesmo ar, mas de sensações, desgostos e
sobressaltos comuns.
Além de ser rejeitado pelos pais e pela sociedade antes mesmo do seu
nascimento, Jefté enfrentou mais um momento difícil. Quando era jovenzinho, foi
expulso por seus irmãos mais novos, e os moradores da cidade, movido pelo
preconceito, apoiaram tal decisão. Ninguém moveu uma palha em seu favor. Na
vida de Jefté, aos traumas antigos somavam-se os novos. Era rejeição sobre
rejeição, empurrando-o na direção perigosa de uma vida dominada pela revolta,
levando-o a uma fuga para a cidade de Tobe. Várias pessoas, ao sentirem-se
rejeitadas, abandonam a família, os amigos e a igreja, passando a frequentar
lugares perigosos e deprimentes, achando em seu interior que não merecem coisas
boas, e foi exatamente assim que se sucedeu na vida de Jefté.
Os sucessivos golpes haviam transformado Jefté num homem revoltado. Ele
enveredou pelo caminho da marginalidade e
formou um bando com outros tão amargurados quanto ele. Os que sofrem de sentimento de rejeição geralmente têm um comportamento
negativo em relação à autoridade e costumam se revoltar contra alguém que lhes
tenta impor algum limite, pois entendem isso como sendo mais um ato de rejeição
a seu respeito. Em nenhum momento, Caim aceitou que o Senhor tinha rejeitado a
sua oferta, porque suas obras eram más, mas entendeu que estava sendo rejeitado,
irando-se fortemente, não reconhecendo a autoridade do Senhor em sua vida. Em
nossas igrejas, quase sempre nos deparamos com pessoas que agem dessa forma,
não aceitando a autoridade dos pastores e líderes (Gênesis 4:1-8).
A rejeição é uma das armas
favoritas que Satanás usa contra as pessoas. Por exemplo, uma mãe pode transmitir a falta de aceitação para a
criança que ainda está em seu ventre. Seria como se estivesse dizendo: “Eu não
te quero, você veio para atrapalhar a minha vida”. Se a gravidez trouxe
humilhação ou vergonha, de algum modo estes sentimentos passam para o filho. O mais maravilhoso na história da vida de Jefté é que sua situação mudou
radicalmente. De um fora da lei, tornou-se um herói nacional e juiz de Israel.
E ainda com direito a fazer parte da seleta “Galeria da Fé” (Hebreus 11:32).
Nosso Deus é aquele que joga por terra todas as previsões, diagnósticos,
prognósticos e expectativas humanas. E assim como Jefté todos que se sentem
rejeitados podem modificar a sua situação com a ajuda divina.
O sentimento de rejeição tende a aflorar em momentos em que nos sentimos
confrontados com alguma situação que nos faça sentir preteridos ou
menosprezados em relação a algo ou a alguma pessoa. Esse sentimento tem
afligido muitos cristãos. Alguns têm até mesmo esquecido de que são filhos de
Deus e que nada os poderá afastar do grande amor que o Senhor expressou por
eles (Romanos 8. 39). Esses irmãos tentam, de todas as maneiras, serem notados,
e buscam o reconhecimento, muitas vezes, com atitudes que prejudicam a outros e
visam à glória humana, esquecendo-se de que quem nos glorifica e exalta é o
Senhor. Não é o lugar que faz a pessoa, mas a pessoa curada
que faz seu lugar. Do mesmo modo, viver dentro de uma igreja não nos tornará
saudáveis se nossos problemas existenciais não forem encarados, reconhecidos e
resolvidos.
Em alguns casos, o sentimento de rejeição pode se tornar uma arma
perigosa, visto que o indivíduo, por se achar rejeitado, pode entrar em disputa
contra aquele que ele pensa que o rejeitou. No entanto, nem sempre a disputa é
maldosa: ao se colocar em disputa com alguém, o indivíduo pode não estar
querendo, conscientemente, prejudicar alguma pessoa, mas sim apresentando um
sintoma de sentimento de rejeição, tentando ser notado a qualquer preço. Assim,
o sujeito acaba por ferir sentimentos de algumas pessoas que estão à sua volta
e que são prejudicadas por seus atos (Lucas 15:28-31). A oração e a leitura da Palavra de Deus são o caminho para superar todos
os sentimentos que causa males na vida de alguém, devemos abrir o coração e
deixar Deus trabalhar em nossa vida e moldar nossos sentimentos e atitudes,
somente assim, a pessoa é liberta e torna-se equilibrada.
A rejeição é um dos males emocionais mais comuns em nossa sociedade.
Vivemos num mundo agitado, desumano, materialista e consumista, que trata os
indivíduos como se fossem mercadorias. Ainda que todos rejeitem uma pessoa, ou
não percebam seu valor, Deus valoriza o homem criado à sua imagem e semelhança
e não desiste dele, pois acredita em seu potencial e tem projetos maravilhosos
para sua vida. O
próprio Cristo não desfrutou de aceitação ou aprovação dos homens quando esteve
na Terra. É importante ressaltar
que Jesus sabe o que é ser rejeitado por todos os homens e até mesmo sabe o que
é sentir-se abandonado por seu Pai (Mateus 27.46). Ele
enfrentou todas essas coisas e muito mais para que pudesse nos libertar da
rejeição.
Quando a pessoa se afasta e isola-se, poderá ocorrer uma evolução para um
quadro de depressão, que poderá levá-lo (a) a uma prostração total em relação à
vida. O sentimento de rejeição no crente deve ser combatido com oração e
comunhão com Deus e a igreja. É de grande importância a participação dos irmãos de fé no aconselhamento
aos crentes que manifestam atitudes derivadas de sentimento de rejeição.
Paralelamente, pode ser necessário encaminhá-los a um profissional competente,
para que se possa ter um diagnóstico preciso. Dessa forma, ficará mais fácil
para o indivíduo fortalecer a sua comunhão com Deus.
No mundo somos frequentemente rejeitados, ao
menos que façamos tudo perfeitamente. Como nenhum de nós tem a habilidade de
ser perfeito, somos feridos e precisamos lidar com a rejeição. O sentimento de rejeição pode ser provocado por
diversos motivos, dos quais muitos, sequer foram citados aqui. Contudo nenhum
deles é suficiente para vencer o poder de Deus na vida do servo fiel, que tem
certeza das promessas de Jesus. Graças
a Deus, temos também a certeza que Jesus nos ama, e por Ele, jamais seremos rejeitados
(João 6:37). Embora possamos ter experimentado a rejeição por outros e mesmo
que ainda hoje as pessoas possam rejeitar-nos ocasionalmente, o poder da
rejeição não consegue mais operar em nós ! A
rejeição pode estar aí, mas não irá nos afetar, pois cremos apenas no
que Deus diz e em nada mais.
Através do profeta Isaías, o Senhor nos dá a certeza de que nunca se
esquecerá do seu povo. O profeta usa a figura da mãe para exemplificar a
profundidade do amor de Deus em relação aos que são seus (Isaáas 49.15). Jamais
seremos esquecidos ou desamparados. Assim, não há razão para nos sentirmos
rejeitados. O caminho para a cura está em crermos que Deus se importa conosco,
apesar das nossas imperfeições, Ele nos ama profundamente. Antes de sermos
concebidos no ventre materno, fomos gerados no coração de Deus.
Texto Áureo
E o Senhor, Deus de Israel, deu a Seom com todo o seu povo na mão de
Israel, e os feriram; e Israel tomou por herança toda a terra dos amorreus que
habitavam naquela terra.
Juízes 11.21
Verdade Aplicada
Por mais que não nos sintamos valorizados ou amados, devemos lembrar que
o Amor do Nosso Pai e Sua Graça nos alcança diariamente.
Textos de Referência
Juízes 11:5-8
Aconteceu, pois, que, como os filhos de Amom pelejassem contra Israel,
foram os anciãos de Gileade buscar Jefté na terra de Tobe.
E disseram a Jefté: Vem e sê-nos por cabeça, para que combatamos contra
os filhos de Amom.
Porém Jefté disse aos anciãos de Gileade: Porventura, não me aborrecestes
a mim e não me repelistes da casa de meu pai? Por que, pois, agora viestes a
mim, quando estais em aperto?
E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: Por isso mesmo tornamos a ti,
para que venhas conosco, e combatas contra os filhos de Amom, e nos sejas por
cabeça sobre todos os moradores de Gileade.
Para conhecer mais profundamente as causas e os sintomas do Sentimento de
Rejeição, e as formas de enfrenta-lo, participe
neste domingo (15/05/2014) da Escola Bíblica Dominical.
Fontes:
Revista Jovens e Adultos nº 91 - Enfermidades da Alma : Editora Betel
Blog da EBD - www.ebd316.com
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