E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém
vos engane; Porque
muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos. E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos
assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra
reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
Mateus 24:4-8
A Possível Origem do Ebola
O início da atual epidemia
de ebola e das mortes de mais de 4 mil pessoas por causa da doença pode ter se
dado em uma vila na Guiné, no leste da África, quando uma criança comeu
morcegos. A criança de dois anos, apelidada de infante zero, vivia no vilarejo
de Gueckedou, uma região em que a carne deste animal é consumida
frequentemente. A família deste paciente disse ter caçado duas espécies de
morcego conhecidas por hospedar o vírus. A criança morreu em dezembro de 2013. É muito comum o consumo de
carne defumada de animais selvagens em países africanos, problema é que alguns
desses animais podem transmitir sérias doenças, como no caso dos morcegos, que são
hospedeiros ideais por oferecerem grande resistência ao vírus. Por meio de suas
fezes ou mesmo de algumas frutas que tocaram, eles podem infectar animais como
chimpanzés e gorilas. Mas ainda não se sabe exatamente como o ebola é
transmitido de animais para humanos. Segundo Johnathan Ball, virologista da
Universidade de Nottingham, frequentemente há uma "espécie
intermediária" no processo, apesar de também haver evidências de que se
possa pegar ebola diretamente de morcegos. "Mas é difícil para o vírus
saltar a barreira das espécies até os humanos. O vírus teria que primeiramente
ganhar acesso via sangue, contaminando células, para se replicar". A
maioria dos consumidores da carne de animais selvagens já compra o produto
cozido ou defumado. O risco é muito maior para quem manuseia o material cru.A
atual epidemia de ebola mostra que, embora as chances de infecção sejam raras,
elas são possíveis. E sempre vale lembrar que a doença tem origem animal. Apesar
disso, a disseminação do vírus, do infante zero até agora, teria sido causada
por contatos humanos.
Atuação do Vírus
O Ebola é um vírus que
provoca uma doença violenta e altamente letal. Mas, na verdade, não é o vírus
que mata as pessoas infectadas. Ao invés de atacar o sistema imunológico, como
o vírus da AIDS, o Ebola age de maneira mais sutil e inteligente, fazendo com
que o próprio organismo se destrua. A maior parte das mortes ocorre por queda
na pressão arterial resultante da perda de sangue. A reação do sistema
imunológico chega a ser tão intensa que torna as veias frágeis, o que provoca
as hemorragias e sangramentos pelos poros. Isso ocorre porque o corpo só recebe
o "alerta" quando a infecção já se encontra em nível avançado. Segundo
uma reportagem do The New York Times, uma gota de sangue de um paciente com
Ebola pode conter cerca de 10 bilhões de partículas do vírus. A mesma
quantidade de sangue em pacientes com HIV, por exemplo, carrega entre 5 mil e
100 mil partículas de vírus, enquanto em pessoas com Hepatite C não tratadas o
volume varia entre 5 milhões e 20 milhões.
O Ebola também é
prodigioso em termos de sobrevivência. Embora não se espalhe pelo ar, sendo as
principais formas de transmissão são por meio de fluidos corporais de pacientes
que já desenvolveram os sintomas, o vírus não precisa de muito esforço para
encontrar a vítima. Ele pode sobreviver por horas em superfícies secas, como
maçanetas de portas, ou dias, se estiver em contato com algum fluido corporal,
como a saliva. Depois disso, basta alguém coçar o nariz ou o olho para ser
infectado. O vírus também conta com um comportamento nobre e fundamental do ser
humano para se espalhar: a necessidade de tocar e permanecer próximos aos
doentes, por isso que médicos, enfermeiros e parentes próximos são as
principais vítimas de contágio. "O mecanismo que o Ebola explora é
extremamente insidioso. O vírus ataca o cuidado e o amor, sobrepondo-se às mais
profundas e distintivas virtudes humanas", afirma Benjamin Slate,
professor de Filosofia e Estudos Ambientais da Universidade do Colorado. E tem
outra: é possível que o vírus esteja se modificando para uma versão ainda mais
perigosa. De acordo com um dos cientistas-chefe do Instituto Nacional de
Alergologia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), Peter Jahrling,
testes recentes feitos com pacientes da Libéria mostram que a quantidade de
partículas de vírus no sangue aumentou, o que eleva também o risco de contágio.
Quando o organismo percebe
um agente patogênico, uma proteína alerta as células saudáveis do corpo sobre o
invasor, preparando a "resistência". A mensagem é enviada diretamente
ao centro de comando da célula por uma "via de emergência", que
libera o interferon, agente que irá
combater os corpos estranhos. Mas isso não funciona com o Ebola. O vírus
'hackeia' esse sistema de comunicações ao anexar uma outra proteína, que
aumenta o volume da primeira. Com isso, o mensageiro torna-se irreconhecível e
não pode entrar nas células, fazendo com que o sistema imunológico ignore o problema.
Sem ameaças, o vírus fica livre para agir e se reproduzir.
O Ebola ataca órgãos e
células, matando-as por dentro e provocando o rompimento das membranas,
lançando novas partículas no sangue. A essa altura, quando os sintomas já são
evidentes, o sistema imunológico passa a agir, porém sem coordenação, já que a
comunicação entre o sistema e as células continua comprometida. Para conter a
infecção em seu nível mais avançado, as defesas acabam destruindo também o
próprio organismo. Isso ocorre porque essa sequência de eventos gera uma "tempestade de citocina", ou
seja, a produção exacerbada de proteínas para combater o vírus, entre elas uma
chamada interferona. O problema é
que, em um organismo infectado com o Ebola, não há um 'comando' para cessar a
geração dessas proteínas. Com isso a pessoa tem febre alta, acúmulo de fluidos,
células mortas e sangramentos.
Segundo a Organização
Mundial da Saúde, 70% dos pacientes infectados com Ebola morrem. Entretanto, há
sobreviventes mesmo entre pessoas na África que não têm condições de pagar pelo
tratamento. Segundo o NY Times, boa parte dos infectados simplesmente são
enviados de volta para casa para morrerem.
Sintomas da Doença
De acordo com o Ministério
da Saúde, a doença provocada pelo vírus Ebola é caracterizada por febre súbita,
fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta. Em
seguida, a pessoa apresenta sintomas mais severos, como vômitos, diarréia,
disfunção hepática, erupções na pele, insuficiência renal e hemorragias, tanto
internas quanto externas. O período entre a infecção e os primeiros sintomas
varia de 1 até 21 dias. Apenas após o período de incubação é que a doença passa
a ser contagiosa.
Tratamento
Como não há tratamento nem
vacina específica, a única maneira de manter o paciente vivo é combatendo os
sintomas. São injetados fluidos intravenosos para que os órgãos continuem
funcionando e repor a perda ocasionada pela doença, ventiladores pulmonares,
ingestão de líquidos e medicamentos para manter a pressão sanguínea. Esse tratamento
aumenta as chances, mas não garantem a sobrevivência. Por outro lado, poucas
pessoas no mundo podem bancar essas chances a mais. Nos Estados Unidos, o
tratamento custa cerca de US$ 1 mil por hora. Ainda não há medicamento ou
vacina aprovada para combater o Ebola.
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