quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Quarta Forte: Carne X Espírito

Existe um ditado cristão que diz: Corpo e Espirito estão em um constante combate. As condições são igualitárias, e o embate segue em constante equilíbrio. O que determina, o vencedor e a quantidade de alimento que cada um absorve, e quem fornece esta alimentação, somos nós. 

Podemos alimentar nosso Espirito que almeja desesperadamente à Deus, e com isso enfraquecermos nossa carne; ou podemos fazer exatamente o contrário, alimentando nossa carne que deseja o mundo e com isso enfraquecer nosso espirito. De certa forma, este foi o tema central da mensagem que ouvimos na QUARTA FORTE deste dia 22/10/2014, através da instrumentalidade do cantor e preletor Benê Wanderley, que após uma leitura realizada em Gálatas 5, trouxe uma revelação divina sobre esta constante batalha que travamos em nosso interior, onde carne e espírito, desejo e vocação se engalfinham em busca de domínios sobre nossas ações.

Nestes versos, escritos por Paulo para a igreja da Gálacia, o apóstolo não somente examina as diferenças gerais do modo de vida destes dois tipos de homens ao enfatizar que a carne e o espírito estão em conflito, como também inclui uma lista com as obras e frutos produzidos a partir da inclinação para um dos lados. Inicialmente falaremos apenas das obras da carne (do grego – SARX) que são oriundos de uma natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, que infelizmente continuam no cristão mesmo após sua conversão, tornando-se o arqui-inimigo de seu Espírito (Romanos 8:6-13). Aqueles que se deixam controlar por tais impulsos carnais não poderão entrar no Reino de Deus. Exatamente por este motivo, tal natureza carnal precisa ser resistida e mortificada, o que só será possível mediante uma intensa batalha espiritual que o crente trava contra seus próprios instintos pela força do Espírito Santo.  São listadas ao todo, dezesseis obras da carne. Para uma melhor compreensão, nomearemos cada uma dessas obras com o termo original em grego e então discorreremos sobre como elas se desenvolvem na prática.

1-) PORNÉIA: Trata se de imoralidades sexuais em todas as suas variantes. As expressões pornéia e moichéia são geralmente traduzidas para o português como “prostituição” (I Coríntios 5:1).
2-) AKATHARSIA: Refere-se a todo tipo de impurezas, tais como pecados sexuais, atos pecaminosos, maus pensamentos e desejos do coração (Efésios 5:3).
3-) ASELGIA: Refere-se a quem expõem sua sensualidade ao ponto de perder o referencial de “vergonha” e decência, seguindo suas próprias paixões e desejos. É também chamado de lascívia (II Coríntios 12:21)
4-) EIDOLATRIA: É a adoração de espíritos, pessoas ou coisas e também a confiança exacerbada em gente, instituições ou objetos como se tivessem autoridade igual ao superior a Deus e sua Palavra, o que comumente chamamos de idolatria (Colossenses 3:5).   
5-) PHARMAKÉIA: Trata-se de toda sorte de feitiçaria, espiritismo, magia negra, adoração de demônios e o uso de substâncias e matérias em rituais obscuros (Apocalipse 9:21, 18:23)
6-) ECTHRA: São as inimizades extremas que geram forte antipatia e consequentemente produzem intenções e até ações hostis (I Coríntios 6:7).
7-) ERIS: São brigas, porfias, oposição, lutas por superioridade (Romanos 1:29)
8-) ZELOS: Refere-se a sentimentos revanchistas que buscam sempre a competição (emulação), ressentimento, infelicidade gerada pelo sucesso do outro (I Coríntios 3:3).
9-) THUMOS: Embora traduzido por iras, devemos lembrar que a “ira” em si não é pecado (Efésios 4:26), pois até mesmo Deus se ira (Romanos 1:80). O pecado está nas atitudes tomadas em razão da ira, e é exatamente esta fúria que irrompe da ira através de palavras ou ações violentas que caracterizam esta obra carnal (Colossenses 3:8).
10-) ERITHÉIA: São batalhas e pelejas movidas pela ambição, pela ganância e pela cobiça do poder (Filipenses 1:16-17)
11-) DICHOSTASIA: Divisões de um grupo em sub-grupos, dissensões que acabam  formando conluios egoístas que destroem a unidade de uma comunidade ou organização (I Coríntios 11:19).
12-) HAIRESIS: São heresias que se caracterizam quando alguém introduz na congregação ensinos sistemáticos sem respaldo na Palavra de Deus, criando inverdades doutrinarias e confusões teológicas (Romanos 16:17).
13-) FTHONOS: É a antipatia ressentida contra outra uma pessoa que possui algo que não temos e queremos. É popularmente chamada de inveja (Atos 5:17).
14-) PHONOS: Refere-se a matar o próximo por perversidade, homicídio, assassinato (Apocalipse 22:15).
15-) METHE: Trata-se do descontrole das faculdades físicas e mentais por consumo de bebida embriagante. Esta obra da carne conhecida como bebedice, é apenas o estopim para outras atividades carnais de maior periculosidade, podendo gerar gravíssimas consequências (Efésios 5:18).
16-) KOMOS: Trata-se dos excessos aos quais podemos nos expor. É possível por exemplo, num momento de descontração, se  extrapolar os limites da diversão sadia e nos descontrolarmos numa festa em relação a comida e a bebida, pondo em risco o templo do Espírito. Embora a tradução mais conhecida para esta palavra em nossa língua seja “glutonaria” (ato de se comer em excesso), ela também se refere às extravagâncias desenfreadas na pratica sexual, no uso de entorpecentes e atividades ilícitas em geral (I Coríntios 6:12).

O apóstolo Paulo foi bastante severo ao afirmar que aquele que participa dessas atividades iníquas, perderá sua salvação e não terá parte do Reino de Deus (Gálatas 5:21, I Coríntios 6:9). Que possamos eliminar de nossas vidas qualquer vestígio de tais obras, nos enraizando na videira que é Cristo, afim de produzir frutos dignos de arrependimentos, e tudo começa no verdadeiro amor, para com Deus e com o próximo.
O amor é a base da nossa pregação, é o lema de nossa cruzada celeste, a motivação de nosso serviço e a coluna cervical dos frutos espirituais; pois ao contrário das obras da carne que se manifestam em grande variedade; existe apenas um tipo de Fruto do Espírito. Este fruto pode ser descrito como uma tangerina com nove gomos ou um belo cacho com nove uvas muito viçosas, sendo esta uma condição irrevogável e sem concessões. Um fruto com apenas oito gomos ou um cacho com apenas oito uvas, logo é um fruto defeituoso, produzido por uma árvore de qualidade duvidosa.  Uma árvore que produza frutos incompletos será desqualificada, desarraigada e lançada ao fogo. Assim, a avaliação de nosso caráter para fins de juízo ou galardão se dará pelo minucioso exame dos frutos que produzimos ao longo de nossas vidas.

Mas como deve saber se um fruto produzido apresenta uma qualidade perfeita? Ora, como já falado, este fruto só será completo e de qualidade inquestionável se for constituído por novo elementos essenciais para nosso desenvolvimento espiritual: ÁGAPE (Amor ou Caridade), CHARA (Alegria ou Gozo), EIRENE (Paz) MAKROTHUMIA (Longanimidade),  CHESTOTES (Benignidade),  AGATHOUSE (Bondade), PISTIS (Fidelidade ou Fé), PRAUTES (Mansidão), EGKRATEIA (Domínio Próprio). 

Somos constituídos de corpo, alma e espírito. Deus deseja operar nestas três esferas de nossa vida (pensamentos, vontades e ações), mas para que isso aconteça, precisamos entregar esse “pacote” a ele. Para podermos doa-lo ao Senhor, primeiro precisamos ter controle sobre ele e para tal se faz necessário um amortizamento da carne, um refinamento de alma e uma constante renovação espiritual. Se tudo isto acontecer, então o homem consegue perseverar em oração, jejuar, meditar na Bíblia e assim encontrar os meios (e a força necessária) para manter seus impulsos e instintos em stand by.


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