segunda-feira, 24 de abril de 2017

Como passar o Jordão?


Mais do que um rio, o Jordão se transformou numa fonte de lições espirituais e inspirações poéticas. Diversos eventos de impacto histórico e teológico tiveram este rio como cenário. Basta dizer, que ali, Jesus foi batizado por João. 

Por três vezes o Jordão se abriu para que alguém passasse por ele em terra seca. Em suas águas barrentas, Namaã foi curado de sua lepra (II Reis 5:1-13). Nele, Elias realizou seu último milagre, e Elizeu iniciou seu ciclo de obras portentosas (II Reis 2:8-14). O Jordão data ciclos, marcando começos e recomeços.  

Este caudaloso rio de águas escuras origina-se de quatro rios menores, sendo que a maioria das cabeceiras estão no monte Hermom, sendo eles, Barreight, Hasbani, Ledam e Banias. Atualmente, as nascentes destes rios estão localizadas em três países diferente: Israel, Síria e Líbano. Ele corta todo território israelita, além de passar pela Jordânia e por parte da Palestina, até desaguar no Mar Morto. 

Embora o Jordão seja até os dias de hoje, o principal rio de Israel, nos dias de Josué, sua imponência era muito maior. Marcava a divisa entre os territórios de Moabe, local onde os hebreus montaram seu último grande acampamento sob a liderança de Moisés, e as campinas de Canaã. Seu volume vigoroso de águas doces, trazia grande fertilidade até mesmo para as regiões desérticas. O Jordão era uma benção para quem já estava estabelecido as suas margens, mas, atravessa-lo a pé, era um desafio gigantesco.

O Jordão pode, até hoje ser, dividido em três partes distintas. O primeiro trecho tem cerca de 11 quilômetros e marca a junção de seus quatro afluentes. Neste ponto ele atravessa uma área pantanosa até alcançar o território de Meron. Neste trecho, a profundidade máxima é de apenas quatro metros. Os próximos 20 quilômetros (entre Meron e o Mar da Galiléia) é chamado de Jordão Superior. Como a geografia da região apresenta um declive acentuado de 225 metros, o Jordão vai se tornando cada vez mais caudaloso e com elevado poder de erosão. A correnteza neste ponto, é praticamente intransponível. 

O terceiro trecho é chamado de Jordão Inferior, e cobre 117 quilômetros em linha reta, entre o Mar da Galileia e o Mar Morto. Com um declive ainda mais acentuado de 200 metros, neste ponto o rio desce vertiginosamente, formando belíssimas cascatas. Neste ponto, a profundidade já alcança 35 metros. E este, era exatamente o trecho por onde Israel teria que passar.

Quando Deus ordenou travessia do Jordão, o rio estava em plena cheia, resultando em correnteza extremamente forte, e alta profundidade. Sem pontes ou embarcações, seria impossível para uma única pessoa atravessar o rio a nado, quanto mais para uma nação inteira, incluindo crianças, idosos e rebanhos de animais. Seria necessário um milagre. 

O nome original do Jordão é “Iarden”, que significa “declive” ou “o que desce”. Embora a nomenclatura se refira as condições geográficas do rio, também apresenta uma bela simbologia sobre os elementos necessários para o agir de Deus. Humildade e quebrantamento.

É preciso, literalmente, descer do pedestal do hedonismo e se sujeitar humildemente a vontade do Senhor. Josué sabia disto, e seguiu a risca todas as ordenanças do Deus de Israel (Josué 4:4-7). 

Namaã, precisou vencer seus preconceitos e se despir de seu orgulho antes de entrar no Jordão e ser curado de sua lepra. O Jordão se abriu para Elias porque o profeta estava seguindo a orientação do Senhor, para na margem oposta, ser levado aos céus em um redemoinho de fogo. Elizeu atravessou o Jordão porque precisava continuar o mistério profético iniciado por Elias. Jesus desceu ao Jordão afim de ser batizado, para que se cumprisse a Justiça de Deus (Mateus 3:15).

Espiritualmente falando, não se pode passar o Jordão sem primeiro se sujeitar a vontade do Senhor e obedecer seus mandamentos. A travessia do Jordão, é basicamente, um milagre gerado pela obediência.


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