sábado, 1 de abril de 2017

Entre ovos, coelhos e chocolate (Palavra Pastoral - Abril 2017)


Em 1993, uma professora do ensino fundamental, solicitou a sua classe, que todos escrevessem uma redação sobre a Páscoa. Enquanto corrigia os textos, observou que as temáticas abordadas se repetiam sistematicamente: almoço, chocolate, coelhos e ovos de páscoa. Tudo conforme o planejado.

Porém, havia naquela classe um aluno evangélico, frequentador de Escola Bíblica, e que basicamente se alfabetizou nas páginas das Sagradas Escrituras. Ele escreveu uma redação baseado em suas próprias convicções e na sua forma de interpretar a Bíblia. Falou sobre a noite em que os israelitas saíram do Egito, e celebraram a primeira Páscoa.

Explicou que a celebração envolvia a morte de um cordeiro novo, que sua carne deveria ser servida assada, tendo como acompanhamento pão sem fermento e ervas amargas. Também deu grande ênfase ao sangue do cordeiro degolado, que deveria ser aspergido sobre os umbrais das portas.

Concluiu sua redação dizendo que a Páscoa em nada tinha a ver com ovos de chocolate e coelhos, mas sim, com sacrifícios e libertação.

A professora ficou estarrecida. Uma criança de oito anos não deveria ter uma visão mórbida sobre uma celebração tão “inocente” e pueril. Ela, então, chamou os pais na escola, para descobrir qual era o “problema” daquele menino.

Eu estava lá. Era o pai. A criança que escreveu aquela redação, coincidentemente, é hoje o nosso editor.

Mais que uma festa social, a Páscoa é uma celebração espiritual. E isso, incomoda o mundo. Soa estranho. Mórbido. Anormal.

O verdadeiro sentido da Páscoa é celebrar a liberdade de um povo, que viu Deus mover céus e terra a seu favor. É a maior festa nacional de Israel. Uma tradição milenar (Êxodo 12:1-14).

Na semana de sua morte, Jesus reuniu seus discípulos para a celebração de uma “páscoa” antecipada. Cristo surpreendeu a todos quando trocou os elementos da mesa, apresentando o “pão” como seu corpo que seria repartido pela humanidade, e o “vinho”, símbolo de seu sangue que seria derramado por todos nós. Estava estabelecida a NOVA ALIANÇA.

Desde então, Jesus é a nossa verdadeira Páscoa. O cordeiro assado na cruz, cujo sangue foi aspergido em nossa vida.

Não sou embaixador da lei “oito ou oitenta”. Se em 2017, você quiser aproveitar a Páscoa e me presentear com chocolate, não se acanhe. Eu aprecio muito esta deliciosa mistura de cacau e leite. Vou degustá-lo demoradamente, como todo bom chocolate merece.

Mas, não passará disto. Apenas chocolate.

O problema, é que nossas crianças crescem ouvindo musiquinhas sobre coelhos botadores de ovos achocolatados, a mídia associa a Páscoa com o consumo obrigatório de chocolates e o mundo se embriaga de excessos.

Como cristãos, podemos sim comprar ovos coloridos e trufados que enchem a casa de sabor no domingo de Páscoa, mas, nunca poderemos esquecer da essência desta comemoração.

Primeiro, Deus elaborou um plano para nossa Salvação. Escolheu um povo para si e o libertou da servidão. Pela fé, fazemos parte deste povo, que recebeu como presente de Páscoa, não um coelho saltitante, mas sim, uma ovelha que se entregou a morte por nós.

Aproveite sem moderação deste cordeiro pascal.

Cristo, nossa verdadeira Páscoa.

Mãozinhas para cima. Aspirja o sangue. Feliz Páscoa!


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