Material Didático
Revista
Jovens e Adultos nº 102 - Editora Betel
Aprendendo
com as Gerações Passadas - Lição 12
Comentarista: Pr. Manoel Luiz Prates
Comentários Adicionais
Pb.
Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene
Wanderley
Texto Áureo
Salmos 100:5
Porque o
Senhor é bom, e eterna, a sua misericórdia; e a sua verdade estende-se de
geração a geração.
Verdade Aplicada
Uma vez
salvos e iluminados pela verdade da cruz, as cargas hereditárias não nos
impedem de sermos novas criaturas em Cristo.
Texto de Referência
Mateus 1.1-6
Livro da
geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
Abraão
gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos;
E Judá
gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá, e Perez gerou a Esrom, e Esrom gerou a Arão.
E Arão
gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom;
E Salmom
gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou, de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé;
E Jessé
gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.
Introdução
Através da
genealogia de Jesus Cristo, dúvidas e problemas acerca de nossa natureza humana
podem ser claramente explicados, bem como também vemos a manifestação da graça
do Eterno Deus.
A linhagem de um Rei
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Mateus escreveu para uma audiência
hebraica, por isso fez questão de destacar a genealogia de Jesus e o
cumprimento das profecias do Velho Testamento, que comprovavam o fato de Cristo
ser o tão esperado Messias. Mateus é enfático ao indicar a linhagem real de
Jesus, identificando-o como o “Filho de Davi” que ocuparia para sempre o trono
de Israel (Mateus 9:27; 21:9). Ao contrário de outros evangelistas,
Mateus não ocupa seu tempo em explicações sobre costumes judaicos, o que nos dá a
certeza que seu público alvo conhecia bem todos estes ritos. Emprega
constantemente as terminologias judaicas “Reino dos Céus” e “Pai Celestial”,
realçando o papel de Jesus como Filho de Davi. Mateus se mostra determinado a
comprovar que em Cristo se cumpriam as profecias concernentes ao Messias
Prometido desde os tempos antigos. Para isso, o evangelista faz 29 referências
ao Antigo Testamento, sendo que em 13 delas, ressalta que o acontecimento “se deu para que se
cumprisse o que fora dito pelos profetas”.
Com isso, Mateus pode ser
considerado o Evangelho da transição, ou seja, uma ponte que liga o Antigo ao
Novo Testamento, tornando sua localização dentro da Bíblia muito mais simbólica
e estratégica. Não era fácil ser
cristão vivendo entre os judeus. Quando Jesus começou a ministrar na Galileia,
colocou em polvorosa o judaísmo, com uma mensagem que ia de encontro a pontos
salientes do sistema político-religioso dos judeus. Numa sociedade machista,
Jesus agregava mulheres ao seu círculo privilegiado de discípulos. Para a
milenar lei do “olho por olho”, Cristo apresentou uma alternativa nada
ortodoxa: “amar seus inimigos”. Jesus fez amizade com publicanos e foi amigável
com mulheres pecadoras, e com isso, “afrontou” a poderosa classe farisaica,
pilar da religião predominante em Israel. Incompreendidos pelos religiosos e
temidos pelos políticos, os cristãos se tornaram uma seita controversa, gerando
uma “curiosidade temorosa” em boa parte da população.
Mateus escreveu seu evangelho exatamente para “eliminar” as dúvidas existentes sobre a pessoa de Jesus, e tornar pública a história que os líderes religiosos tentavam esconder. A introdução de seu livro apresenta Jesus como “filho de Davi”, traçando uma linha linear da genealogia de Jesus, passando por 42 gerações, até o patriarca Abraão. Com isso, deixa claro que Cristo é por direito o REI DOS JUDEUS, o ocupante definitivo do Trono de Davi (II Samuel 7:12).
Seguindo a visão agregadora de Jesus, Mateus surpreende seus leitores listando em sua genealogia não apenas o nome dos patriarcas de cada família, mas também inserindo nela algumas mulheres notáveis: Raabe, Rute, Bete-Seba e Maria. Algo lindo a ser notado em meio ao emaranhado de nomes relacionados em Mateus 1:2-16, é notar que entre figuras históricas e heróis nacionais (Isaque, Jacó, Judá, Davi, Salomão, Josafá, Ezequias, Josias e Zorobabel), aparecem também alguns nomes improváveis para a árvore genealógica de um “Messias”. Raabe foi uma meretriz (Hebreus 11:31), Rute era moabita (povo abominado por Deus em decorrência de suas perversidades - Hebreus 23:3), Salomão era filho de um casal adúltero (Davi e Bete-Seba), Manassés e Amom foram reis de grande depravação moral, e Jeconias era portador de uma maldição sobre sua descendência (Jeremias 22:30). Mesmo assim, o Cristo emerge triunfante desta geração, provando que nele reside o poder de suplantar toda maldição e apagar todos os pecados.
Mateus escreveu seu evangelho exatamente para “eliminar” as dúvidas existentes sobre a pessoa de Jesus, e tornar pública a história que os líderes religiosos tentavam esconder. A introdução de seu livro apresenta Jesus como “filho de Davi”, traçando uma linha linear da genealogia de Jesus, passando por 42 gerações, até o patriarca Abraão. Com isso, deixa claro que Cristo é por direito o REI DOS JUDEUS, o ocupante definitivo do Trono de Davi (II Samuel 7:12).
Seguindo a visão agregadora de Jesus, Mateus surpreende seus leitores listando em sua genealogia não apenas o nome dos patriarcas de cada família, mas também inserindo nela algumas mulheres notáveis: Raabe, Rute, Bete-Seba e Maria. Algo lindo a ser notado em meio ao emaranhado de nomes relacionados em Mateus 1:2-16, é notar que entre figuras históricas e heróis nacionais (Isaque, Jacó, Judá, Davi, Salomão, Josafá, Ezequias, Josias e Zorobabel), aparecem também alguns nomes improváveis para a árvore genealógica de um “Messias”. Raabe foi uma meretriz (Hebreus 11:31), Rute era moabita (povo abominado por Deus em decorrência de suas perversidades - Hebreus 23:3), Salomão era filho de um casal adúltero (Davi e Bete-Seba), Manassés e Amom foram reis de grande depravação moral, e Jeconias era portador de uma maldição sobre sua descendência (Jeremias 22:30). Mesmo assim, o Cristo emerge triunfante desta geração, provando que nele reside o poder de suplantar toda maldição e apagar todos os pecados.
A importância da genealogia
A
genealogia para um judeu sempre foi considerada de vital importância, porque
sem uma árvore genealógica eles não poderiam provar que faziam parte de
determinada tribo e não teriam direito de possuir qualquer herança. Mateus
apresenta tanto a linhagem humana de Jesus (Mateus 1:1-17), quanto a divina (Mateus
1:18-25). A intenção de Mateus era comprovar que Jesus pertencia à linhagem de
Davi e Abraão, portanto, era o Messias predito nas Escrituras. Outro fato
importante é que Mateus apresenta a singularidade do nascimento de Jesus
Cristo, isto é, a forma como foi gerado pelo Espírito Santo (Mateus 1:18). Ele
deixa claro que José não “gerou” Jesus, foi apenas o marido de Maria, da qual
nasceu Jesus, que se chama o Cristo (Mateus 1:16). A genealogia apresentada por
Mateus é um documento que atesta a veracidade de Cristo como Messias. Através
dela, Mateus revela a origem de Cristo dentro da história de Israel: Jesus,
filho de Davi (Mateus 1:1).
Não era fácil
apenas dizer que se pertencia a alguma linhagem em particular, era necessário
provar. Em sua soberana providência, o nosso Deus tanto governou, quanto
prevaleceu sobre os acontecimentos históricos, e os fez tudo isso a fim de
realizar Seu grande propósito: cumprir Sua Palavra, apresentando para a humanidade
um salvador, Seu Filho Jesus Cristo: “E dará à luz um filho, e chamarás o seu
nome Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados” (Mateus 1:21). É
importante observar que Mateus está interessado, primeiro e principalmente, em
mostrar que Jesus Cristo era o Messias, descendente direto da casa real de Davi
e da posteridade do patriarca Abraão, a quem as promessas divinas foram
primeiro dadas.
Os
personagens escolhidos pelo Espírito Santo para compor a lista dos familiares
de Jesus Cristo são sem dúvida, muito intrigantes (Mateus 1:1-17). A lista
apresenta vários tipos de casos e, de forma detalhada, Mateus vai relatando,
com riqueza, seus nomes e seus feitos. A Bíblia nada omite acerca de falhas ou
deslizes, mesmo sendo eles pertencentes à família do Ungido. Todos os
personagens aparecem nessa tão importante genealogia unicamente pela graça de
Deus.
Ao olhar para
a genealogia de jesus Cristo, a primeira coisa que poderíamos imaginar é que a
lista não seria de pessoas tão pecadora como as encontradas aqui. É importante
fazer uma comparação com os familiares que também temos, porque o Eterno Deus
não se envergonhou de apresentar os descendentes do grande Rei. Por que temos o
receio de apresentar certas pessoas de nossas famílias? (Salmo 86:5).
Para
entender melhor a questão genealógica, vejamos algumas teorias que buscam
explicar os desvarios do coração humano (Provérbios 4:23). A teoria geneticista
diz que herdamos de nossos pais vívios, doenças, loucuras, e a qualquer hora
isso se manifestará porque está no nosso sangue. A psicologia afirma que as
relações domésticas são essenciais na configuração das personalidades e
desenvolvimento de cada indivíduo. Já a sociologia afirma que por ser o homem
um ser social, seu comportamento é influenciado pelas relações. Essas teorias
possuem suas fundamentações, mas, de fato, nenhuma delas pode entender o que se
passa no coração humano (Salmo 73:26). Somente Deus conhece o interior do
homem.
Ao ler uma
genealogia, precisamos sempre nos perguntar a razão de tais nomes estarem ali
registrados. Deus tem propósitos e sempre está querendo nos ensinar algo nesses
casos (Deuteronômio 29:29). Não estamos falando da família de uma pessoa comum,
estamos falando de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. Nessa lista, foram
colocados todos os tipos de pessoas, para nos mostrar que a graça de Deus se
estende a todos.
Biografias do Passado
Comentário Adicional
Pb. Bene Wanderley
Este é
tipo de comentário que me causa grande apreensão. Já li o evangelho de Mateus
por diversas vezes, mas, confesso que a genealogia apresentada pelo evangelista
nunca me despertou inquietação. Porém, a lição aqui estudada nos propõe uma
reflexão intimista sobre este emaranhado de nomes, o que nos leva a descoberta
de quão profundo é este assunto. Ele nos levará a entender com mais clareza o
caráter do próprio Deus, e uma compreensão de como Ele pode alcançar os seus
propósitos usando as mais variadas formas de revelar sua maravilhosa graça. É
bom relembrar que a graça de Deus é um favor imerecido; é produto do mais puro
amor de Deus para com todos os homens. A graça é dom de Deus. O homem, por mais
que se esforce, não conseguirá mensurar o tamanho e o valor da graça de Deus.
Todo esforço é inútil em querer explicar o favor divino.
Ao
olharmos para os antepassados de Jesus, nos deparamos com uma lista de nomes
improváveis. Temos ali pessoas com históricos dos mais terríveis e indesejáveis.
Podemos dizer que realmente Deus tira água da rocha. Como já diz o ditado,
“quem te viu e quem te vê”. É
surpreendente para nós, que temos uma mente pequena e impotente, aceitar que o
Deus santo, justo, leal e poderoso, fosse capaz de salvar a humanidade
levantando alguém especial numa casta de antepassados com históricos tão
negros. Isso só vem a consolidar que Deus escolhe a quem ele quer, e faz o que
lhe apraz, de forma que seus desígnios sejam estabelecidos.
Ao lermos
a genealogia de Jesus, somos surpreendidos com os nomes que formam a árvore
genealógica do Messias. Vamos destacar aqui alguns dos antepassados de Jesus:
Salomão o
grande rei de Israel. Seu reinado foi um dos mais prósperos da nação, pacífico,
cheio de riquezas, fartura e afamado por toda terra. A glória de Salomão se
expandiu de uma a outra extremidade, e nenhum outro reino de Israel se igualou
à tão grandioso sucesso. Nos primeiros anos de seu reinado, ele se dedicou a
buscar ao Senhor Deus e o agradar. A construção do templo foi de uma grandeza
jamais vista em toda a história. Além da sua sabedoria, suas riquezas
ultrapassou os limites imagináveis. Com tudo, a história não termina como
imaginamos. O mesmo homem que recebeu honrarias e poder por sua fé e
determinação, foi o mesmo que negou sua fé, se rendeu a idolatria e morreu
enredado em pecados.
Roboão,
filho de Salomão que reinou logo após sua morte. Foi também um tempo difícil
para o povo. Esse rei foi um insensato que deixou de ouvir conselhos dos
conselheiros de seu pai e passou a ouvir jovens incapazes de enxergar um palmo a
frente. Aventureiros incoerentes, sem misericórdia, sem empatia pelo ao
sofrimento do povo. No reinado de Salomão, o povo fora duramente explorado com
impostos. O jugo era pesado, e com a morte dele, se pensou que um tempo de
refrigério viria. Esta era a proposta dos velhos conselheiros de Salomão, mas,
Roboão não quis ouvi-los e tomou a decisão de ouvir os conselhos dos filhos de
belial, trazendo um jugo ainda pior para o povo.
Raabe, a
prostituta do muro. Todos já sabem dá história dessa mulher que apesar de ter
uma vida dissoluta foi a porta de saída para os hebreus que foram espiar a
terra prometida. Rute, a moabita que preferiu seguir sua sogra que fora
peregrinar em terras estrangeiras.
Cada
biografia dos antepassados de Jesus tem muito a nos ensinar sobre a graça e a
misericórdia de Deus. Compreender a genealogia de Jesus será um aprendizado de
muita importância para nós. Mas, acima de tudo, o que mais me chama a atenção,
é exatamente o derramar da graça. Veja que Deus não limitou seu poder
trabalhando em favor das almas renegadas. O plano perfeito para salvar o homem
imperfeito. Outro ponto importante é justamente entender que Deus não vê como o
homem vê, e não faz acepção de pessoas.
Deus gerou graça em
meio a desgraça
As teorias
expostas no tópico anterior tentam explicar como os seres humanos são
influenciados, se transformam e agem. Porém, o controle de todas as coisas está
nas mãos de Deus. A genealogia começa com Abraão, o pai da fé, que mentiu a
Faraó, rei do Egito, para não morrer por causa da beleza de Sarai, sua esposa,
quando descia ao Egito (Gêneses 12:11-13). Anos mais tarde, numa situação
parecida, Isaque, seu filho, mente do mesmo jeito, dizendo que Rebeca é sua
irmã (Gêneses 26:6-9). Nessa família estabelece uma cultura de mentira, que se
perpetua na casa de Jacó, que enganou seu pai pela bênção da primogenitura (Gêneses
27:18-20). Os filhos de Jacó, movidos pela inveja, vendem seu irmão José como
escravo e mentem, dizendo que havia sido comido por um animal selvagem (Gêneses
37:31-33).
Uma cultura de
mentira e de engano se perpetuou nas relações familiares daquelas pessoas,
gerando crise, separações, desenganos e muitas amarguras. Jesus Cristo nunca
mentiu. Ele sempre foi e será verdadeiro. Ele é a Verdade. Esse tipo de
influência, Jesus jamais herdou de Seus antepassados. Assim como nosso Senhor
Jesus Cristo, nós também podemos quebrar os padrões comportamentos ruins de
nossos antepassados (Salmo 91:10).
A
genealogia de Jesus Cristo apresenta o perfil de várias famílias (Gêneses 38:15-19;
Mateus 1.5a). No episódio de Judá e Tamar, poderíamos pensar no relato de um
casal feliz. Mas se trata de um caso incestuoso entre um sogro e uma nora.
Temos também a história de Raabe, uma prostituta que habitava em Jericó, a
cidade vencida por Josué. Ela fez uma aliança com Deus e casou com Salmom.
Dessa relação nasce Boaz (Mateus 1:5), que é o pai de Jesse, que é o pai do Rei
Davi. Do qual Jesus é descendente direto. No caso de Tamar, a decisão foi
vergonhosa: na de Raabe, transformadora. Na ênfase descrita por Mateus,
observamos que nossas escolhas determinam nosso amanhã (Deuteronomio 30:19-20).
Tamar foi
enganada por Judá seu sogro, e armou um esquema para garantir descendência, o
que resultava em posses, porque, sendo viúva e sem filhos, não tinha direito a
herança. Tamar errou por praticar incesto e Judá por prostituir-se (Gêneses 38:13-26).
Essa genealogia está repleta de graça, onde faz refulgir com maior força a
pessoa perfeita de Jesus, nosso Senhor e Cristo. Como nomes de mulheres
normalmente não apareciam em genealogias judaicas. Mateus quis desarmar os
críticos judeus sobre o nascimento de Jesus. Rute era moabita, Raabe,
prostituta, e Tamar praticou incesto.
O relato
da genealogia de Jesus apresenta alguns reis que cometeram atos abomináveis na
história do povo hebreu. Até mesmo o rei Davi, homem segundo o coração de Deus,
adulterou e, para omitir seu pecado com Bate-Seba, ordenou que Urias (marido de
Bate-Seba) fosse colocado à frente da batalha, precipitando, assim, sua morte
(II Samuel 11:15-18). Dessa relação, nasce um filho e Mateus enfatiza: “e o rei
Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias” (Mateus 1:6b). Embora sendo o
rei mais sábio entre os homens, Salomão deixou-se enredar por suas muitas
alianças e casamentos. Suas mulheres infectaram a nação com seus ídolos (I Reis
11:1-5).
Não são poucas
as vezes que reclamamos de nossos familiares e que não os aceitamos por seus
deslizes de caráter. A genealogia do Filho de Deus nos ensina a compreender a
graça e que podemos ser diferentes de nossos ancestrais, assim como Jesus
Cristo o foi. De Salomão nasceu Roboão, que, levado pela influência de seus
amigos, corrompeu a nação e dividiu o reino (Mateus 1:7; II Crônicas 12:1-16).
Maldições Familiares
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Podemos, mesmo abraçando o Evangelho de Cristo,
ainda carregar algum tipo de maldição? A primeira coisa que
precisamos fazer antes de responder esta pergunta, é entender o que de fato é
uma maldição. O dicionário de língua portuguesa Aurélio, define a palavra
maldição nos seguintes termos: "Ato ou efeito de amaldiçoar ou
maldizer". Maldizer: "praguejar contra; amaldiçoar". Maldito:
"Diz-se daquele ou daquilo a que se lançou maldição". O Dicionário
Teológico diz que maldição é “uma praga
que se arroga a alguém ou locuções previamente formadas encerrando desgraças e
insucessos". Já a Bíblia On-line define o termo como “chamamento de
mal, sofrimento ou desgraça sobre alguém” e salienta: os que quebram a Lei
estão debaixo de maldição (Gênesis 27.12; Romanos 3.14). Por estas definições entendemos que a maldição pode
ser originada por palavras perniciosas, atitudes pecaminosas e pela
desobediência. Hoje, muito se tem falado sobre um certo tipo de
"maldição", que infelizmente tem se tornado o nicho publicitário e
comercial de algumas igrejas, e a essência da mensagem de muitos escritores e
pregadores ritualistas renomados: Maldições Hereditárias.
A maldição
hereditária - segundo os que a defendem - surge em decorrência de um trabalho
de feitiçaria ou de qualquer outra ação maligna lançada contra a vítima. Uma
pessoa em sofrimento pode ter sido consagrada, antes ou depois do seu
nascimento, às entidades demoníacas. Uma palavra má pode ter sido lançada sobre
a vida de uma família, que nunca prosperará e será vítima de enfermidades e
angústias. O ponto mais vertiginoso deste conceito, é que mesmo uma pessoa
que já tenha tido um encontro com Jesus, seja fiel à Deus e esteja certo de sua
salvação, pode ainda manter consigo maldições que se propagam em sua árvore
genealógica, mesmo que sequer conheça a origem ou a causa. Aliás, por esta
lógica, o próprio Jesus teria nascido sob a égide de diversas maldiçoes que
permearam seus antepassados.
Porém, é muito difícil conciliar a chamada
"Teologia da Maldição Hereditária" com a Palavra de Deus. Os que defendem
a existência de crentes amaldiçoados por maldições provindas de antepassados,
admitem que é possível estarmos de posse de uma herança maldita, por nós
desconhecida, e difícil de ser detectada no tempo e no espaço. O remédio seria
QUEBRAR, ANULAR, AMARRAR, REPREENDER essa maldição. Feito isso, o crente ou não
crente estaria leve, liberto e livre de todo peso. Nem ele nem os seus
descendentes sofreriam mais os danos desse mal. Entretanto, se aceitarmos a
ideia que mesmo após nosso encontro com Cristo, ainda estamos atados por uma
maldição herdada geneticamente, então diminuímos drasticamente, ou até mesmo
neutralizamos o poder de Jesus em nossa vida, assumindo que sua obra redentora
por nós e o poder que emana do seu sangue são insuficientes para quebrar uma
maldição, sendo necessário uma intervenção humana “especializada e
ritualística” para que a libertação o aconteça; e isto foge completamente do
que é bíblico.
“É evidente que diante de Deus ninguém é justificado
pela lei, pois o justo viverá pela fé. A lei não é baseada na fé; pelo
contrário, quem pratica estas coisas por ela viverá. Cristo nos redimiu da
maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar” (Gálatas 3:11-13). "Portanto, agora nenhuma condenação há para os
que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o
Espírito" (Romanos 8.1).
Essa
teoria anti-bíblica tem a maldição como uma entidade em si mesma que precisa
apenas que alguém desencadeie o processo inicial, que é um pecado cometido por
uma pessoa num passado remoto ou recente; depois disso, passa a agir com total
independência e não leva em conta a responsabilidade pessoal. A maldição,
segundo a doutrina em questão, opera cegamente atingindo qualquer um ao seu
alcance; vai se transmitindo indefinidamente através do tempo, até que um
especialista em quebra de maldições a identifica e interrompa seu ciclo. Já em outras circunstâncias parece ser uma energia maligna
operacionalizada por demônios, que são chamados de "espíritos
familiares"; sendo que esta maldição tem que ser quebrada pela intervenção
humana num ritual que difere de especialista para especialista.
De fato,
não há real base bíblica e teológica para as definições e práticas da maldição
hereditária. Quando os defensores dessa heresia usam versículos da Bíblia,
utilizam textos que falam do poder das palavras, e de maldições, mas tirando-os
do contexto, manipulando-os e adulterando o sentido da Palavra de Deus, e, para
apoiar a sua doutrina insustentável biblicamente, usam um grande número de supostos
relatos testemunhais, com interpretações subjetivas e falaciosas. O fato é que
os textos usados por estes “especialistas” não dão respaldo à teoria humanista
e mística da maldição hereditária da família, defendida por eles e por muitos
outros.
A verdadeira
maldição atinge as pessoas
sem temor a Deus, sem entrega à Cristo e sem vida no altar, pois estes sim,
estão condenadas à morte eterna. Sem Cristo a maldição nunca acaba, mas quando
Jesus entra na vida do homem, lança por terra toda e qualquer maldição: - "Portanto, se alguém
está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez
novo" (2 Coríntios 5.17).
A vontade soberana de Deus
Como em
todas as famílias, encontramos na família de Jesus gente de todo o tipo, e com
os mais variados problemas. Cuidado com a ideia de que existam famílias
perfeitas, isso pode nos levar a desvalorizar nossos familiares. A visita do
anjo Gabriel modificou todos os projetos humanos de Maria. Mesmo assim, ela
confiou que os planos do Senhor eram mais excelentes que os seus (Isaías 55:8-9;
Efésios 3:20). Crer e aceitar isso desencadeou e ativou em sua vida o projeto
para qual o Senhor a criou. Maria, em total respeito e obediência, simplesmente
se submeteu: “Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim
segundo a tua palavra. E o anjo se ausentou dela” (Lucas 1:38). Assim como
Maria, devemos confiar nos planos que o Senhor designou para as nossas vidas.
Embora muitos
dos antepassados de Jesus Cristo fossem problemáticos, Maria não se deixou
impregnar pelo pessimismo nem pelas sombras de uma possível hereditariedade.
Existem pessoas que se esquecem de serem felizes porque receiam acontecer em
suas vidas o mesmo que aconteceu com seus pais. Maria não olhou para os
fantasmas do passado. Ela apenas abraçou a oportunidade de um futuro maravilhoso
(Lucas 1:38). Vale ressaltar que a graça de Deus não é hereditária. É preciso
algo mais do que apenas bom exemplo e bons conselhos para que alguém se torne
filho de Deus. Aqueles que nascem do Alto não nascem do sangue, nem da vontade
da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (João 1:13). Os pais tementes ao
Senhor devem orar, dia e noite, e apresentar o plano de salvação para que os
seus filhos nasçam do Espírito.
Quando o
Senhor Deus nos escolhe, Ele espera que tenhamos a mesma atitude de Maria. Se
em nossos vínculos familiares existem pessoas praticantes de ocultismo,
práticas malignas e condenáveis e que eventualmente possam ter lançado palavras
de maldição contra nós, isso deve ser motivo de oração, não de preocupação.
Isso não nos impede de vencer e seguir adiante. Não interessa as relações
interpessoais que se estabeleceram em nossas famílias no passado. Elas não
podem anular a promessa para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8:1). Se
Jesus venceu, nós também podemos vencer (João 16:33). Quem está em Cristo é
nova criatura (II Coríntios 5:17).
Em nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo, todas as barreiras foram derrubadas. Em Sua
infinita sabedoria, o Eterno Deus inclui em Seus propósitos, e incorpora em Seu
plano para a história, pessoas imperfeitas e cheias de pecado (Mateus 9:13). A
genealogia do nosso Mestre nos mostra a amplitude universal do amor de Deus (João
3:16).
Somos
seres humanos imperfeitos, mas contamos com o Espírito Santo para nos ensinar todas
as coisas e nos lembrar tudo aquilo que Jesus Cristo nos admoestou (João 14:26).
Tudo se fez novo em nós a partir do momento em que recebemos o Senhor em nossas
vidas (II Coríntios 5:17). Não podemos permitir que influências externas sejam
mais poderosas que as internas, afinal, Deus habita em nós através do Espírito
Santo (João 14:17). Nascemos à semelhança de Adão, mas fomos resgatados por
Jesus Cristo. Sendo assim, o que deve sempre prevalecer nos regenerados é a
semelhança com aquele que os gerou (I Coríntios 15:48-49; II Pedro 1:3-4).
Sendo filhos
de Deus, devemos crescer à sua semelhança. Esse é o projeto final da nossa
salvação: tornarmo-nos semelhantes àquele que nos gerou (I João 3:1-3).
Entendendo essas coisas, não devemos nos importar com quem foram os nossos
antepassados.
Conclusão
As teorias
que tratam acerca da vida humana e seus mais variados problemas de existência,
não passam de meras teorias. Embora possuam suas fundamentações, o fator
determinante para a transformação de uma vida está em Jesus Cristo. NEle tudo
converge, nEle tudo é possível.
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