quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

EBD: Fidelidade na aplicação dos talentos


Texto Áureo
Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.
Eclesiastes 9:10

Verdade Aplicada
O Senhor não tem nenhum servo desocupado ou inábil. Ele deu talentos a cada um conforme sua capacidade, que devem ser aplicados com sabedoria.

Textos de Referência
Mateus 25:16-19

E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos.
Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou também outros dois.
Mas o que recebera um foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor.
E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.


A Parábola dos Talentos

No início de seu ministério, Jesus utilizava elementos bem literais em seus sermões, fazendo uma analogia pratica entre itens do cotidiano e a verdade sobre o Reino dos Céus (a ferpa no olho, a casa sobre a montanha e os pássaros). Porém, com a recusa dos judaizantes em aceitar sua mensagem, ele lança mão de um recurso literário muito comum entre os judeus e passa a ensinar por parábolas. Basicamente, uma parábola trata de uma história terrena com um significado espiritual, e para se ter o total entendimento da mesma, é necessário que o ouvinte esteja disposto e apto para buscar a verdade além das palavras. Assim, aqueles que de fato desejavam compreender profundamente a mensagem de Cristo, eram instruídos com doutrinas eternas detalhadas com riqueza, mas para os que “ouviam por ouvir”, aquelas “histórias” não passavam de fábulas esquecíveis. O ser questionado por seus discípulos sobre este novo método de ensino, o próprio Jesus explicou – “Por essa razão eu lhes falo por parábolas: Porque vendo, eles não vêem e, ouvindo, não ouvem nem entendem. Neles se cumpre a profecia de Isaías: ‘Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão. Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e converter-se, e eu os curaria’. Mas, felizes são os olhos de vocês, porque vêem; e os ouvidos de vocês, porque ouvem” (Mateus 13:10-17).

Umas das mais famosas parábolas contadas por Jesus, aos ouvidos incautos pode parecer apenas uma publicidade bancaria para atrair investidores, mas na verdade nos revela muito sobre a grande responsabilidade que repousa em nosso ministério individual. Um homem muito rico chamou alguns de seus funcionários e lhes confiou uma quantia em dinheiro, a uns mais e a outros menos. Todos foram orientados a administrarem bem a verba recebida enquanto ele estivesse ausente do país. Quando retornou, seus funcionários foram convocados para a prestação de contas. O primeiro, que recebera cinco talentos informou ao seu senhor que havia investido aquela quantia, e com muito trabalho dobrou o capital. O senhorio ficou tão entusiasmado com este resultado, que decidiu recompensar o seu empregado, repassando para ele os dez talentos acumulados. O mesmo aconteceu com o segundo funcionário, que por sua vez, havia transformado em quatro, os dois talentos recebidos. Mas quando o terceiro empregado se apresentou, tinha nas mãos apenas o talento que inicialmente lhe fora entregue. Ele explicou que em decorrência de ter recebido menos que os demais, preferiu não correr riscos, e assim escondeu o seu talento, pra devolve-lo intacto. A ira daquele “homem duro que ceifava onde não se semeava e ajuntava onde não espalhava”, se acendeu contra seu servo, e então, esbravejou: - "Servo mau e negligente, quanto prejuízo você me deu... Se ao menos tivesse depositado meu dinheiro em um banco!" -  Então aquele homem ordenou que seu servo improdutivo fosse expulso de suas terras.

No sentido pragmático, o talento desta história refere-se a uma medida de massa utilizada pelo comércio da época para medir ouro e prata, sendo que cada talento pesava 32,3 Kg. Mas com ela, Jesus queria transmitir aos seus seguidores uma profunda mensagem espiritual. Todos somos servos, e recebemos de nosso Senhor “talentos” que devem ser “empregados” para que haja expansão de seu Reino. Alguns, em decorrência de sua capacidade pessoal, recebem mais do que outros, entretanto “todos” são agraciados com  um “capital de giro”. Muitas vezes nos acomodamos por achar que comparado aos demais, nosso talento é pequeno e indigno de ser trabalhado. Mas você já parou para pensar no valor de um único talento? Primeiro vamos analisar o lado pratico da questão. Considerando que atualmente cada 100 gramas de prata custam R$ 220,00 e cada grama de ouro vale RS 111,00; então aquele servo teria recebido em valores modernos cerca de R$ 71.000,00, caso o talento fosse de prata, e sendo ele de ouro, esse valor subiria para... R$ 3.585.300... São mais de três milhões e meio de reais! Dá pra esconder um valor destes?  Porém, jamais se deslumbre com valores estratosféricos, pois espiritualmente falando, é preciso fazer com que esses números se multipliquem cada vez mais, já que no dia da prestação de contas, a quem muito foi “dado” também muito será “cobrado”. Deus é mui generoso e investe em cada um de nós, mas no acerto de contas, Ele será austero e implacável, e a pergunta que ecoará pela eternidade é: O que fizestes dos talentos que te dei?

A parábola dos talentos nos arremete para a responsabilidade nos negócios do Reino. O talento representa a oportunidade e o aproveitamento de nossa capacidade no desenvolvimento do Reino de Deus (Mateus 25:14-30). Ao contar essa parábola, Jesus prepara os discípulos para o momento em que eles terão que trabalhar em sua ausência física, e fazendo-os saber que ao retornar Ele pedirá conta.


O Princípio da Motivação

No Reino de Deus não basta fazer, mas também o porquê fazer. Conforme Provérbios 16:2, Deus observa e conhece os princípios de todas as ações. Ele sabe com precisão as intenções do coração.  Percebe-se que nada na parábola é irrelevante. Os valores dos talentos nos levam a compreender a importância das habilidades dadas por Deus, tanto naturais como espirituais, com as quais podemos servir aos homens e glorificar a Deus, dando assim continuidade ao Seu Reino. Nenhum homem tem qualquer coisa de sua autoria, exceto seus pecados (Romanos 3:23). Assim sendo, o valor inestimável de nossas capacidades deve nos motivar a maximizar nossos esforços no Reino de Deus, procurando em cada ação e reação dar o nosso melhor (Eclesiastes 9:10). Não há nada mais grandioso nessa terra do que o Reino que Jesus implantou. Nada merece mais a nossa atenção (Mateus 6:33). Servir no Reino de Deus é um dos maiores privilégios que o homem pode ter, pois atrai a atenção até mesmo de anjos (I Pedro 1:12). A partir do momento em que o homem se engaja na excelência da obra de cristo, tudo mais se torna pueril (Filipenses 3:7-80. Não merecíamos participar do planejamento divino, mas por Sua condescendência fazemos parte desse grande projeto. Fomos chamados pela graça de Deus (Gálatas 1:15); engajamos em Seu Reino pela graça (I Coríntios 15:10); contribuímos em Seu Reino pela graça (II Coríntios 8:1-4). Portanto, nada merecemos, mas Deus nos abarcou em Sua obra e, por conseguinte, não deve ser vista como uma obrigação ou constrangimento, pelo contrário, deve ser encarada como um privilégio.

As implicações da desenvoltura de nossos talentos são as mais diversas, vai desde causar mudanças temporais na vida das pessoas, até mesmo a conduzi-las à salvação eterna de suas almas, e isso não tem preço (Salmos 49:8). O apóstolo Paulo tinha como motivação maior do seu ministério o bem-estar da Igreja e, nesse sentido ele não media esforços e sacrifícios (II Coríntios 12:15; Atos 20:24). Não devemos esquecer que somos resultados do que os outros fizeram. Aqueles que se habilitam a trabalhar no Reino que Jesus implantou se envolvem com pessoas procurando melhorar suas vidas, mas a mentalidade do servo inútil é marcada pela indiferença com o bem-estar dos outros. A aplicação dos talentos permite que o melhor homem se torne um homem ainda melhor (Jó 42:5-6). Portanto devemos dar o nosso melhor para que o que é bom fique ainda melhor. O talento, originalmente uma unidade de peso, que passou a ser uma unidade monetária, representava seis mil denários. Um denário equivalia ao trabalho de um dia, portanto um talento valia o trabalho de um indivíduo por mais ou menos 18 a 19 anos. Posteriormente o talento passou a indicar as habilidades ou dons naturais. Cada talento recebido é passível de melhorias. Eles podem e devem ser aperfeiçoados, e desse modo, as pessoas com quem convivemos também são favorecidas. Com os talentos em exercício, estaremos contribuindo para o desenvolvimento de seres humanos mais integro, colaborando para famílias coesas e cooperando para uma sociedade melhor.


O Princípio da Gratidão

A Edificação da Igreja é um tema recorrente no Novo Testamento (I Corintos 3:9 /  II Coríntios 10:15 / Efésios 2:21, 3:17, 4:12-16  /  Colossenses 2:7), e pode ser entendida como um processo constante pelo qual Deus mantém ativa e produtiva sua igreja na Terra. Evidentemente, cabe a nós (humanos) cuidarmos dos aspectos práticos e materiais da obra tais como templos, equipamentos, suprimentos em geral; sendo que todos estes elementos são viabilizados através dos dízimos, ofertas e com uma gestão eficiente. Mas a igreja também tem necessidades espirituais e precisa ser gerida por um ser espiritual (O Espírito Santo). Essa “capacitação sobrenatural” é a forma que Deus trabalha em sua igreja buscando o fortalecimento e o aperfeiçoamento de todos os que estão em Cristo. O cristão precisa ter a consciência de que é proveniente do pó da terra. Assim sendo, somos vasos de barro na mão do oleiro e é necessário que estes vasos estejam desembocados para que o Espírito Santo os encha com o óleo precioso da unção. O apóstolo Paulo nos advertiu em II Coríntios 4:7 que a excelência do poder que há em nós vem e é de Deus, e ele deposita seus tesouros dentro de vasos comuns. Uma vez que o crente entende que ser cheio do Espírito é uma dádiva concedida e não um mérito conquistado, ele estará apto a exercer com dignidade as atribuições que o Espírito lhe conceder.  A fim de capacitar a IGREJA para a grande obra à ela destinada, o Espírito “presenteia” indivíduos com “poderes” sobrenaturais e os capacita a realizar “obras” além da capacidade ou compreensão humana. Esse poder concedido não visa engrandecimento de pessoas, mas sim contribuir para o crescimento e fortalecimento da comunidade, edificando o Corpo de Cristo. A essa capacitação que os “membros” da Igreja recebem, chamamos numa forma geral, de “DONS ESPIRITUAIS”, ou neste contexto, TALENTOS .

Através de seu Espírito, Deus distribuiu entre seus servos esses “equipamentos espirituais” que otimizam o trabalho do Espírito Santo entre nós. Paulo usa quatro termos gregos distintos para descrever tais “ferramentas” que são entregues a Igreja para potencializar o cumprimento do “IDE” de Jesus:

Pneumatikon e Charismata; ambos traduzidos por DONS (Espirituais).
Diakoniai, traduzido por MINISTÉRIOS.
Energermáton, traduzido por OPERAÇÕES.

Segundo o moderno dicionário da língua portuguesa “Michaelis”, DOM (do latim DONU), pode significar: 1 - Dádiva, presente.  2 - Merecimento, mérito. 3 - Dote natural; talento, prenda, aptidão, faculdade, capacidade, habilidade especial. 4 - Bem que se goza, considerado como uma concessão da Providência. 5 - Bem espiritual proporcionado por Deus; graça, mercê.  Embora existam muitas definições para esta palavra em nossa língua, sendo que algumas delas conotam sentido de merecimento ou méritos, na versão inglesa da Bíblia “King James”, o termo usado para traduzir do grego a palavra CHARISMATA (dom) é “spiritual gifts”, que literalmente significa “presentes espirituais”. Dons Espirituais em nada tem a haver com capacitação natural, aptidão física ou intelectual. Não pode ser conseguido mediante esforço meramente humano ou formação acadêmica. É algo concedido, dado, que só pode ser recebido por um indivíduo através da ação do Espírito Santo em sua vida. Isso não implica em dizer que os dons serão dados ao revés, de forma irracional. Dons são concedidos mediante a necessidade da Igreja e são agraciados com os mesmos, pessoas que cultivem o desejo de recebê-los, busque-os em oração e se posicionem debaixo da vontade do Senhor, dando lugar ao agir do Santo Espírito, pois Paulo aconselha que a igreja procure com zelo os Dons Espirituais (I Coríntios 14:1). É buscando em perseverança e oração continua, disponibilizando sua vida ao Senhor, que o cristão estará apto a exercer com responsabilidade os dons recebidos. Não podemos ignorar, porém, que os dons naturais de uma pessoa também são dados por Deus e devem ser usados para louvor e glória de seu nome, assim como toda a capacitação secular do homem, deve ser colocada a serviço do Senhor, em humildade e sempiterna gratidão.


Princípio da Responsabilidade

Todos nós temos capacidades e oportunidades diferentes, mas também temos algo em comum: a responsabilidade de permanecer fiel a Deus e à Sua Palavra.  O Senhor não dá talentos indiscriminadamente, mas dá a cada um segundo suas capacidades (I Coríntios 12:7). É manifesto na parábola que, na distribuição de talentos, o mesmo não foi dado a todos, cada um recebeu conforme sua envergadura (Mateus 25:15). O Senhor não comete erros na atribuição de tarefas, tampouco pedirá conta além dos potenciais de cada um. Ele tão somente requer fidelidade (I Coríntios 4:2). Em cada lugar, posição ou situação em que a providência divina nos colocar, nossa fidelidade estará sendo posta à prova (Romanos 14:12). Somos responsáveis diante de Deus por todas as nossas capacidades, quer sejam pessoais, produtivas, cognitivas ou relacionais. Podemos ser tentados a pensar que os talentos a nós confiados são para nosso próprio benefício e alegria, mas a verdade é que a parábola nos leva a compreender que os talentos são para alegria e “enriquecimento” do Senhor (Mateus 25:20-23). O Mestre nos confia uma parcela de Suas riquezas não para gastarmos com nós mesmos, nem para enterrarmos, mas para “negociarmos” com ela. Aprendemos que o uso correto dos talentos a nós creditados fará ampliá-los. O caminho certo para aumentar nossas capacidades em Cristo é o exercício dos talentos que Ele nos deu. Sementes amontoadas e trancadas em um celeiro não se multiplicam (Eclesiastes 11:1) Façamos dos desdobramentos de nossos talentos uma espécie de investimento e, como todo investimento, os benefícios advindos desse alastramento do bem serão obtidos no amanhã (Colossenses 3:23- 24).

Nenhum homem jamais alcançou lugares ou resultados elevados sem que tenha empregado sabiamente seu tempo. O estudante que aplica bem o seu tempo, o atleta que valoriza cada minuto e o agricultor que prepara o terreno no tempo adequado são mais bem-sucedidos. Isso não pode e nem deve ser diferente na vida do servo de Deus. Qualquer dia que se passe sem abraçar novas compreensões ou sem aproveitar as oportunidades, incorrerá em perdas irreparáveis. Provérbios 10.4 lança uma luz para quem objetiva alcançar êxito no que empreende fazer: “O que trabalha com mão remissa empobrece, mas a mão dos diligentes vem a enriquecer-se”. O trabalho no Senhor não pode esperar, pois afluirá consequências eternas em dar ou não valor ao tempo. Paulo, ao advertir os cristãos de Éfeso e de Colossos sobre a necessidade de remir o tempo, nos faz compreender que o tempo tem seu “preço” (Efésios 5:16 / Colossenses 4:5). Ou seja, “remir o tempo” pode significar “comprar” o tempo, ser o dono dele. Portanto, quem se engaja nos “negócios” do Reino de Deus deve aproveitar as oportunidades, pois o Senhor não tem servos desocupados.

Na perícope do texto da parábola percebemos que não nos é permitido viver apenas contemplando o Reino, mas devemos instrumentalizar nosso corpo. Se vivermos ativamente aplicando nossas competências, as abstrações tornar-se-ão concreções. Deus nos concede tempo e habilidades e espera que usemos para benefício da humanidade e progresso de Seu Reino. Tanto os homens com habilidades comuns, como os com habilidades extraordinárias têm as mesmas oportunidades e serão avaliados e recompensados conforme suas competências (Jó 34:10-12). O nosso receio e acomodação poderão acarretar em censura e ainda impedir a nossa admissão no Reino de Deus (Mateus 25:24-25).


Princípio da Mordomia

Quando Deus presenteia seus filhos com dons e talentos especiais, cabe ao presenteado desenvolve-lo em amor e zelo, buscando constantemente aperfeiçoá-lo. Presentes não são dados e depois tomados, logo podemos concluir que os “dons/presentes” são sim irrevogáveis, o que não impede que o portador faça mal uso dele ou o torne inativo em sua vida. Romanos 11:29 diz que os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento, ou seja, uma vez que o dom é entregue a alguém não há devolução ou troca, e ele estará sob total responsabilidade de seu portador.  Imagine agora que em seu aniversário alguém lhe presenteie com um “Bonsai” (pequena árvore doméstica de origem japonesa). Uma vez dada a você, aquela frágil árvore estará completamente em suas mãos, sujeita a sua vontade. Se for plantada, adubada, regada e podada com regularidade, ela irá se desenvolver-se tornando um lindo ornamento que trará benefícios a todo o ambiente. Mas se você não cuidar dela corretamente, ela irá murchar secar e morrer. Porem mesmo morta dentro de seu vaso, aquela planta continuará a ser sua.  Assim acontece com os Dons dados pelo Espírito. A partir do momento em que somos presenteados com eles, passamos a ser responsáveis pela produtividade ou pela inércia dos mesmos.

Agora imagine que se ao invés de te presentear com o Bonsai, aquela pessoa o tivesse “presenteado” com a “confiança” de que você cuidaria muito bem dele durante uma longa viagem que tivesse que fazer. Quando ele retornasse e fosse requerer de volta sua preciosa arvorezinha, como ela estaria?  Viva e radiante ou murcha e desfalecida? Devemos ter consciência que tudo o que temos é de Deus. Dele vem e para ele volta. O nome deste princípio é “mordomia”, e consiste no manejo responsável dos recursos do reino de Deus que foram confiados a uma pessoa. O termo “mordomo” vem do grego “oikos” / “oikonómos” e se refere a quem administra uma propriedade ou bens que são seus. O Novo Testamento evidencia que somos “mordomos” e “despenseiros” de Cristo (Lucas 12:42 / I Coríntios 4:1 / Tito 1:7 / I Pedro 4:10). A chave que abre as portas deste ministério (e todas as bênçãos inerentes a ele) é ser fiel. O termo “FIDELIDADE” vem do latim “fidelis”, e faz alusão a atitude de quem é leal, honesto, confiável e verdadeiro nos compromissos que assume, sendo constante em sua conduta. Numa definição mais pragmática, podemos dizer que a FIDELIDADE é uma observância rigorosa e exata da verdade, ou ainda, firmeza e lealdade. 

Escrevendo aos crentes em Roma, Paulo os aconselha que o ministério individual seja desenvolvido com zelo não remisso e fervor de espírito.  Remisso é ser negligente, tardio para fazer e vagaroso. Todos devemos ser zelosos nos diversos aspectos da nossa vida e tal zelo deve ser redobrado ao lidarmos com a obra do Senhor (Romanos 12:1-12). Uma vez que nossos talentos estão disponibilizados para a obra do Senhor com fidelidade e zelo, então sentiremos queimar no amago de nosso ser, aquilo que o apóstolo chamou de Fervor de Espírito. John Wesley, renomado pregador britânico conhecido como “o tição tirado do fogo” (referência ao fato de ter sido salvo de um incêndio em sua infância), sentia a chama do Espírito queimar tão forte em seu coração que declarou: “Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejam senão a Deus, e eu abalarei o mundo!” Com tal fervor de espírito, John Wesley foi o estopim que causou uma explosão de avivamento na Europa entre os séculos XVII e XVIII. Ainda hoje o Espírito procura homens dispostos a serem capacitados com fervor capaz de incendiar o mundo.


Princípio das consequências

É certo que haverá o momento da prestação de contas, na qual cada indivíduo será recompensado ou punido, conforme agiu em relação aos talentos confiados. Os homens têm oportunidades e cada um pode agir de modo muito diferente em relação a elas.  Embora possamos perder nossa capacidade de obedecer, Deus jamais perde a habilidade e o direito de comandar e exigir fidelidade de Seus servos (Salmo 82:1). O nosso comparecimento diante de Deus para prestação de contas não é uma possibilidade, mas uma certeza (Mateus 25:19). O Senhor há de trazer à tona todas as oportunidades aproveitadas ou perdidas. Cada “centavo” de talento será cobrado. O anonimato, a insignificância, a fraqueza, a imaturidade e outras desculpas, tantas vezes usadas como álibi para não assumir responsabilidades aqui, não nos manterão fora da apreciação divina. Portanto, a inevitabilidade do julgamento deve servir como incentivo para nossa diligência na aplicabilidade dos talentos que nos foram confiados. A severa repreensão do Senhor ao servo descuidado (Mateus 25:26) é uma evidência de que Deus julgará as pessoas não apenas por fazerem o mal, mas também por não fazerem o bem. Deixar de fazer o bem é uma das facetas do mal (Tiago 4:17). A maldade do servo repreendido é demonstrada, não só por sua infidelidade, mas também por suas desculpas falsas e caluniosas (Mateus 25:24). É notório que o acerto de contas não haverá como reivindicar a justiça, pois a própria justiça é quem condena. No dia do julgamento, a distinção entre o bem e o mal será rigorosamente desenhada, pois todos os véus e disfarces serão arrancados (Malaquias 3:18). “Senhor, Senhor”, naquele dia, será um grito de desespero vazio, já que não haverá mais oportunidade de remissão, pois a condenação já estará decretada (Mateus 7:21-23; 25:11-12).

Compreende-se pelo texto que os servos zelosos perceberam suas responsabilidades e logo começaram a aplicar os seus talentos. O desfecho não poderia ser diferente: a aprovação foi imediata (Mateus 25:21-23). Ser admitido à presença do Senhor e participar de Sua alegria é uma honra além da nossa compreensão. Esse reconhecimento de “bom” e “fiel” também pode referir-se à conduta e ao caráter. A cooperação entre a fé e as obras ocasionará o aperfeiçoamento do indivíduo que se habilita a servir no Reino de Deus (Tiago 2:22-26). Cada ser humano imbuído da fé em Jesus que canalizar suas habilidades em fazer o bem incondicionalmente, receberá aprovação e será recompensado (Mateus 25:34). O futuro só é incógnito para quem não se adequar ao Evangelho, pois para quem se amoldar a ele e se entregar aos afazeres do Reino, haverá recompensas.
 
Aprendemos nessa parábola que trabalhando para Deus cresceremos fortes nEle. O futuro para quem se adequar ao Evangelho e se entregar ao serviço do Reino será de recompensas, pois ouvirá do próprio Jesus Cristo: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor” (Mateus 25:21). 

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Para conhecer os princípios e passos para uma jornada cristã íntegra e frutífera através da FIDELIDADE, venha participar neste domingo, (01/03/2015),  da Escola Bíblica Dominical.

Material Base:
Revista Jovens e Adultos nº 94  - Editora Betel
Fidelidade - Lição 9
Comentarista: Pr. Wilmar Leite de Amorim

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Pb. Miquéias Daniel Gomes



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