Filho de Edmond e Elizabeth Carey,
William Carey nasceu em uma humilde cabana em agosto de 1761, na pequena vila
de Paulerspury, em Northamptonshire, na Inglaterra. Filho mais velho dos cinco,
já morando na cidade de Piddington, aos 14 anos, William aprendeu a arte de
sapateiro. Foi o primeiro missionário protestante da Inglaterra. Terminou sua
vida dedicada a Deus como professor de sânscrito, pashto, bengali e marathi no
Colégio Fort William de Calcutá (Índia). Calcula-se que Carey traduziu a Bíblia
para idiomas que são falados por 30% da humanidade: hoje cerca de 2 bilhões de
habitantes.
Apesar de
nascer em um lar anglicano, sua primeira identificação com a fé genuína, foi
através de seu companheiro de trabalho, John Warr, ex-anglicano. Como disse seu
biógrafo George Smith, famoso membro do Conselho da Sociedade Geográfica
Escocesa e autor de vários livros: “William
Carey…nascido no meio de uma região obscura da Inglaterra…numa cidade
esquecida…tinha tudo para ter o clássico destino do trabalhador inglês daquela
época: 5 centavos de pagamento por semana de trabalho e a velhice no asilo de
pobres e na doença depois de velho”. Mas por que esse prestigiado cientista
resolveu escrever sobrem um humilde sapateiro que havia estudado não mais que
alguns poucos anos numa escola pública?
Carey pegou uma doença quando criança
e por isso não conseguia trabalhar como agricultor, pois o sol lhe fazia muito
mal. Mesmo assim, durante dois anos ele trabalhou no campo de dia e de noite
seu pai testemunhava a dor terrível que seu filho sentia na pele, passando as
noites em agonia. Então, quando Carey tinha 14 anos de idade, o seu pai resolveu
que seria melhor que ele aprendesse o ofício de sapateiro. Sobre seu oficio, o
biógrafo de William Carey escreveu: “Como
Annianus, um pobre sapateiro desprezado pelo mundo, mas grande aos olhos de
Deus, que honrou a igreja e se tornou o famoso bispo da cidade de Comana (perto
da atual cidade de Guksun, Turquia) um missionário e mártir. Como os dois
irmãos missionários Crispin da cidade de Soissons (França), como Hans Sachs o
sapateiro de Nurembergue e amigo de Lutero e aquele outro sapateiro alemão,
Boehme, cuja teosofia explicada por William Law se tornou o elo da corrente que
influenciou John Wesley e Whitefield, Samuel Johnson e Coleridge…e também foi o
elo que levou William Carey para Cristo! ”.
Em 1779, aos 18 anos, nasceu de novo,
quando ainda estava identificado com a igreja oficial da Inglaterra, e uniu-se
a uma pequena igreja batista. Logo começou a se preparar para pregar.
Saturou-se de conhecimentos tornando-se poliglota, dominando o latim, grego,
hebraico, italiano, francês e holandês, além de diversas ciências. Assim, aos
poucos, entendeu que o mundo era bem maior do que as Ilhas Britânicas e sentiu,
como todo o crente verdadeiro deve sentir, a perdição de uma humanidade sem um
Salvador. Sua mãe escreveu para uma amiga:
“Eu frequentemente acordava de madrugada com o som da sua voz (de William
Carey) estudando, tão dedicado que ele sempre foi desde criança para adquirir
conhecimento. O que ele começava a fazer, sempre terminava; nenhum obstáculo
parecia desencorajar sua mente”. E ele era um garoto sociável também. Sua
irmã Mary (carinhosamente chamada de Polly), escreveu: “Ele era um dos mais ativos nas brincadeiras da escola (pública) e seus
colegas o adoravam”.
Em junho de 1781, casou-se com a
jovem Dorothy Placket, da qual teve cinco filhos. No ano de 1775, foi atingido
pelo avivamento trazido pelas mensagens de John Wesley e George Whitefield.
Apesar de ter sido batizado quando criança, William Carey sentiu a necessidade
de confessar sua fé publicamente. Sendo assim, foi batizado nas águas no dia 5
de outubro de 1783, pelo pastor John Ryland. Em 1787, foi consagrado e começou
a pregar sobre a necessidade missionária no mundo, e não só na Inglaterra. Como
os membros de sua congregação eram pobres, Carey teve por necessidade continuar
trabalhando para ganhar o seu sustento. Carey trabalhou como sapateiro 12 anos
de sua vida (até os 28 anos de idade), e tinha que andar 13 quilômetros só de
ida até a cidade de Northampton carregando seus sapatos para vendê-los. E mais:
ele ainda encontrava tempo para cuidar do jardim da casa de sua mãe, e todos na
cidade diziam que ficou sendo o mais bonito jardim da região. William Carey
deveria estar muito fatigado. Mesmo assim, alguns anos mais tarde, quando
William Carey era pastor na cidade de Moulton, produzia seus sapatos de noite,
dava aulas na escola da cidade de Moulton de dia e nos fins de semana pregava
na igreja local.
Na sua pequena oficina de sapateiro,
Carey pendurou um mapa mundial feito pelas suas próprias mãos. Neste mapa, ele
incluíra todas as informações disponíveis: população, flora, fauna,
características dos indígenas, etc. Enquanto trabalhava, olhava para ele,
orava, sonhava e agia!
Foi assim que sentiu mais e mais a chamada de Deus em sua vida. A denominação
que Carey pertencia achava-se em grande decadência espiritual. Quando quis
introduzir o assunto de missões numa sessão de ministros, foi repreendido pelo venerável
presidente John Ryland, que lhe disse: “Jovem
assente-se. Quando Deus resolver converter os pagãos, fá-lo-á sem a sua e a
minha ajuda. ” Carey continuou a sua propaganda pró-missões estrangeiras, e
tomando Isaías 54.2 como texto, pregava sobre o tema: “Esperai grandes
coisas de Deus; praticai proezas para Deus. ”
O resultado foi que um grupo de doze
pastores batistas, reunidos na casa da Ir. Wallis, formaram a Sociedade
Missionária Batista, no dia 2 de outubro de 1792. Carey se ofereceu para ser o
primeiro missionário. Através do testemunho do Dr. Thomas, um missionário e
médico que trabalhou por vários anos em Bengala (Bangladesh), na Índia, William
Carey recebeu confirmação de sua chamada no dia 10 de janeiro de 1793. Apesar
de Carey ter certeza de sua chamada, sua esposa recusou deixar a Inglaterra.
Isto muito doeu em seu coração. Foi decidido, no entanto, que seu filho mais
velho, Felix, o acompanharia à Índia. Além deste fator, outro problema que
parecia insolúvel, era a proibição de qualquer missionário na Índia. Sob tais
circunstâncias era inútil pedir licença para entrar, mas mesmo assim,
conseguiram embarcar sem o documento no dia 4 de abril de 1793. Ao esperar na
ilha de Wight por outro navio que os levaria à Índia, o comandante recusou
levá-los sem a permissão necessária. Com lágrimas nos olhos e o coração apertado,
William Carey, viu o navio partir e ele ficar. Sua jornada missionária para
Índia parecia terminar ali. Porém, Deus tinha todas
as coisas sobre controle.
Ao regressar à Londres, a sociedade
missionária conseguiu granjear dinheiro e comprar as passagens em um navio
dinamarquês. Uma vez mais, Carey rogou à sua esposa que o acompanhasse. Ela
ainda persistia na recusa e ao despedir-se pela segunda vez disse: - “Se eu possuísse
o mundo inteiro, daria alegremente tudo pelo privilégio de levar-te e os nossos
filhos comigo; mas o sentido do meu dever com Deus sobrepuja todas as outras
considerações. Não posso
voltar para trás sem incorrer em culpa a minha alma. ” Ao se preparar para
partir, um dos seus amigos e companheiros de viagem conversou com Dorothy,
esposa de William Carey, e milagrosamente ela decidiu acompanhá-lo. Que alegria
não foi para ele ver sua esposa e filhos com as malas prontas a lhe acompanhar. Agora ele compreendia a razão de que Deus não tinha permitido
que ele viajasse no primeiro navio. Deus comoveu o coração do comandante do
navio que permitiu a toda família viajar sem pagar as passagens. Finalmente, no
dia 13 de junho de 1793, a bordo do navio Kron Princesa Maria, William Carey
deixou a Inglaterra e nunca mais voltou, partindo para a Índia com sua família,
onde, em condições dificílimas e de oposição, trabalhou durante 41 anos.
Durante sua viagem, aprendeu suficiente o idioma bengali, e ao desembarcar, já
comunicava com o povo. Carey é um exemplo de objetividade: alguns missionários
pensam que só aprender o inglês lhe abre as portas do mundo. Mas para alcançar
o coração do povo, é necessário falar o idioma do país.
Durante 7 anos, William Carey pregou
na Índia no idioma Bengali. Ele tinha traduzido ao bengali todo o Novo
Testamento. Ele pregava diariamente. Sete anos de pregação e nenhum convertido.
Nenhum batizado..., Mas Carey era teimoso, ele tinha fé, ele acreditava em sua
missão. Finalmente, no dia 25 de novembro de1800, um hindu chamado Falhar se
ofereceu para o batismo, e depois de batizado, voltou para sua terra natal.
William Carey continuou. E no último domingo do ano de 1800, o Sr. Krishna
Chandra Pal se ofereceu para o batismo. E logo depois toda sua família se
batizou. Eles foram os primeiros cristãos do norte da Índia da história, ao que
se sabe. E mais: Chandra Pal tinha 35 anos de idade e depois se tornou o
primeiro missionário cristão na cidade de Calcutá e na região de assam. Foi
também o primeiro compositor de hinos cristãos no idioma bengali.
O biógrafo de William Carey o chama
de “o Wyclif do oriente” tal a importância desse missionário para o
cristianismo na Índia, onde também é forte o trabalho missionário de católicos
e os resquícios das missões das igrejas orientais em séculos passados. Dois
missionários se juntaram à William Carey em 1799: William Ward e Joshua
Marshman. Juntos eles fundaram 26 igrejas, 126 escolas com 10.000 alunos,
traduziram as Escrituras em 44 línguas, produziram gramáticas e dicionários,
organizaram a primeira missão médica na Índia, seminários, escola para meninas,
e o jornal na língua Bengali. Além disso, William Carey foi responsável pela
erradicação do costume “suttee”, o qual queimava a viúva juntamente com o corpo
do finado marido numa fogueira; vários experimentos agriculturais; fundação da
Sociedade de Agricultura e Horticultura na Índia em 1820; primeira imprensa,
fábrica de papel e motor à vapor na Índia; e a tradução da Bíblia em Sânscrito,
Bengali, Marati, Telegu e nos idiomas dos Siques (Sikhs).
Calcula-se que William Carey traduziu
a Bíblia para a terça parte dos habitantes do mundo, em números de hoje, cerca
de 2 bilhões de pessoas que falam esses idiomas. Alguns missionários, em 1855,
ao apresentarem o Evangelho no Afeganistão, acharam que a única versão que esse
povo entendia era o Pashto, feita na cidade de Sarampore por Carey. Durante
mais de trinta anos, William Carey foi professor de línguas orientais no
Colégio de Fort Williams. Fundou, também, o Serampore College para ensinar os
obreiros. Sob a sua direção, o colégio prosperou, preenchendo um grande vácuo
na evangelização do país. Os seus esforços, inspiraram a fundação de outras
missões, dentre elas: a Associação Missionária de Londres, em 1795; a
Associação Missionária da Holanda, em 1797; a Associação Missionária Americana,
em 1810; e a União Missionária Batista Americana, em 1814.
Na manhã de 9 de junho de 1834, a
Índia disse adeus ao grande Pai das Missões, e os Céus disseram bem-vindo a um
servo fiel! Carey morreu com 73 anos, respeitado por todo o mundo, como o pai
de um grande movimento missionário. Quando chegou à Índia décadas antes, os
ingleses negaram-lhe permissão para desembarcar. Ao morrer, porém, o
governo mandou içar as bandeiras a meia haste em honra de um herói que fizera
mais para a Índia do que todos os generais britânicos.
Fonte: Loucos de Deus
Fonte: Loucos de Deus
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