segunda-feira, 29 de junho de 2015

A depressão é reflexo de pecado?

A depressão é considerada por muitos especialistas da área da saúde como o mal do século. Essa condição psicológica afeta a pessoa como um todo – corpo, alma e espírito; e pode ser resumida como uma tristeza que não acaba mais. É uma doença que ataca tão ardilosamente, que a maioria dos que sofrem dela nem percebem que estão doentes. Na verdade, a cada 10 pessoas que procuram ajuda médica por causas diversas, pelo menos uma delas preenche os requisitos para o diagnóstico de depressão. A depressão tem um início vagaroso, mas evolui continuamente para quadros que variam de intensidade e duração. Nos casos mais simples, a pessoa pode curar-se por conta própria em até quatro semanas. Passado esse período sem haver melhora, os especialistas recomendam atenção e tratamento, porque a depressão prolongada pode levar a suicídio e mortes por causas naturais. Homens e mulheres de Deus também são vulneráveis à depressão, e existem vários exemplos bíblicos disso. Embora a depressão "apareça" em alguns textos bíblico, como nos Salmos 42, 43, 69, 88 e 102; e em alguns personagens bíblicos, como Moisés, Jó, Elias, Jeremias, Jonas e toda a nação de Israel; ela não é um termo muito discutido na Bíblia, por não ser um vocábulo bíblico. Trata-se de um termo clínico, muito utilizado pela psicologia moderna, que se refere ao estado emocional de baixa atividade psicomotora que ocorre, quando o individuo sofre perdas ou declínio de poder.

Existem muitos equívocos em relação à depressão, o primeiro (e mais grave) é achar que esta doença psicossomática é decorrente apenas de pecado. A depressão de Davi foi sim oriunda de um ato pecaminoso (II Samuel 1 e 12), mas em contrapartida, o profeta Elias sofreu deste mal devido as perseguições que lhe foram impostas por Jezabel. Diante desta ameaça, o profeta do Senhor deixou de ver as coisas a partir do ângulo de Deus e acabou se isolando até mesmo de seus amigos, e é certo que a ausência de pessoas que influenciem, positivamente, e a presença de outras que o fazem negativamente pode levar qualquer pessoa à depressão. Elias também ficou exausto, emocionalmente abalado, estressado, e por fim se entregou à autocomiseração, colocando-se como uma vítima do sistema (I Reis 19:9-10). Jó mergulhou em uma crise depressiva por causa das calamidades que se abateram sobre sua vida (Jó 3), e um dos livros bíblicos é uma narrativa integral do desabafo depressivo do profeta Jeremias (Lamentações). Em seus registros sobre o assunto, a Bíblia, não enfatiza o problema da depressão em si, mas a fé em Deus e a certeza de que com Ele poderemos vencer toda e qualquer adversidade que a vida nos reserva.

A depressão somente é resultante de pecado quando essa é decorrente de escolhas erradas. É possível também que o distanciamento de Deus contribua para o agravamento do quadro. A opção pela ira e amargura, ao invés do perdão, pode contribuir para a depressão.  A depressão pode ser pecaminosa quando for usada para manipular as pessoas, bem como culpar Deus e outros pela infelicidade. Na grande maioria dos casos a depressão precisa ser tratada por especialistas, e nada há de pecado nisso, pois as condições físicas podem influenciar na depressão. Há situações que a depressão pode ser tratada com eficácia por um psicólogo ou psiquiatra, mesmo ainda existindo muito preconceito no meio evangélico a esse respeito. Infelizmente isso acontece porque alguns cristãos confundem depressão com falta de espiritualidade, se esquecendo que muitos fatores físicos contribuem para a depressão, tais como: desequilíbrio hormonal; medicamentos; doenças crônicas; temperamento melancólico; alimentação inadequada e vulnerabilidade genética. A Igreja bem como os familiares da pessoa deprimida deve compreender a situação e ter o cuidado para não fazer julgamentos inapropriados, afinal, até mesmo um cristão dedicado, pode sim ficar deprimido, o que não significa que a pessoa perdeu a comunhão com Deus.

O mundo no qual nos encontramos é deprimente, por isso não é incomum as pessoas irem da euforia e hiperatividade para a tristeza. Elias ficou decepcionado, inclusive com Deus, e isso intensificou sua depressão. A própria Igreja pode contribuir com esse quadro, já que ambientes eclesiásticos marcados pela competitividade, isolamento e ostentação favorecem a depressão. Isso porque esta enfermidade distorce a realidade e as pessoas ficam emocionalmente abaladas, pois não conseguem alcançar os padrões exigidos pelo contexto. A ansiedade, aliada à depressão, pode aumentar o problema, por isso, é preciso aprender a depender cada vez mais de Deus, e menos das condições materiais. Precisamos aprender a relaxar e encontrar refrigério em Deus, Ele nos dará força suficiente para a restauração, pois o período da depressão é mais susceptível aos ataques de Satanás, e o inimigo se aproveita quando estamos fracos e debilitados.

A depressão tem cura, mas inspira certos cuidados.  O tratamento da depressão inclui, além de seus aspectos espirituais, acompanhamento psicológico, remédios e mudanças nos hábitos de vida. Diversos estudos comprovaram que a prática regular de exercícios é uma maneira natural e saudável para prevenir e combater a depressão.  

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